sábado, 15 de maio de 2010

CABALA: manual de instrução da vida - (Luciana Giammarino)


Quando recebi um telefonema da BONS FLUIDOS num final de tarde corrido me dando duas semanas para aprender os passos básicos da Cabala e contar sobre minha experiência nesta matéria, aceitei o desafio sem medo. Confesso que, até então, não sabia praticamente nada sobre o assunto. A não ser que a cantora pop Madonna era adepta. Imaginava ser apenas mais uma entre tantas técnicas esotéricas que pretendem tornar o dia a dia mais fácil. Cheguei a pensar que tivesse a ver com atrair dinheiro, amor ou boas energias. Nada contra essas ferramentas, pois, pessoalmente, até faço uso de algumas delas de vez em quando, mas essa não é a natureza da Cabala. Foi o que descobri logo que comecei minha busca por informações com fontes realmente entendedoras desse conhecimento.

Cabala – ou Kabbalah, em hebraico – é uma sabedoria que explica a origem espiritual do mundo, do ser humano e de tudo o que existe, nos ajuda a entender as leis que regem o Universo e contém as respostas para nossos questionamentos. Ao ouvir essa definição da professora de Cabala Jane Ribeiro, de São Paulo, mas que dá cursos sobre o assunto em todo o Brasil, senti que estava prestes a conhecer uma espécie de “manual de instrução” da vida. Aquele que tanto procuramos, especialmente em momentos difíceis, quando nos questionamos: O que eu estou fazendo aqui? Qual é o sentido de tudo isso? Por que comigo? Fora as clássicas perguntas que nos fazemos desde crianças e que também movem os filósofos ao longo dos séculos: De onde viemos? Para onde vamos? Qual é o propósito da vida? Deus existe? Por que algumas pessoas são ricas e outras pobres? Qual é a minha missão? Para Jane, a Cabala é o caminho daqueles que querem resgatar a felicidade. “Todos nós temos em comum o desejo de ser feliz. No entanto, se não conhecemos as regras do jogo, agimos por tentativa e erro e acabamos sofrendo”, me disse a professora. Apesar de existir desde a criação do mundo, esse conhecimento ficou restrito a alguns cabalistas, por séculos.

INSPIRAÇÃO DIVINA
Segundo a tradição judaica, Abraão, o Patriarca dos hebreus, teria sido o primeiro ser humano a receber de Deus a sabedoria da Cabala. O rabino israelense Joseph Saltoun, que hoje vive no Canadá e veio recentemente a São Paulo, me contou que Abraão foi a primeira pessoa a trazer ao planeta Terra a consciência de que o mundo físico estaria conectado a uma dimensão espiritual. Apesar de seu conhecimento ter sido transmitido, por muito tempo, oralmente, o pai do povo hebreu deixou algumas informações escritas, em hebraico, que ficaram conhecidas como Sefer Yetzirah, ou O Livro da Formação. Esse documento reunia todas as chaves, ou códigos de acesso à sabedoria divina. Ainda que lêssemos a tradução mais conhecida desse material, em inglês, do autor Aryeh Kaplan, sozinhas não seríamos capazes de compreender exatamente o que todas aquelas palavras querem dizer. Cada termo utilizado para se referir à Cabala é um código, desvendado por cabalistas e transmitido pelos professores a quem se interessar por estudá-lo. Isso porque a Cabala fala de uma dimensão espiritual que as palavras humanas, tão limitadas, não seriam capazes de explicar literalmente.

Na medida em que essa sabedoria foi passada adiante, sofreu algumas variações de interpretação que levaram o estudo da Cabala a se ramificar em diferentes vertentes. Às vezes, há divergências de entendimento entre pessoas que seguem uma mesma linha. Quando quis saber qual era a verdadeira Cabala ou a mais ensinada atualmente, Jane Ribeiro me tranquilizou: não há uma linha mais famosa e nem mesmo uma que seja “mais correta”. A diferença entre elas está na metodologia de ensino e na linhagem dos mestres seguidos pelo professor. O que me deixou aliviada foi ouvir de todos os meus entrevistados que “a verdade é uma só”, ou seja, todas as linhas estão falando sobre o mesmo “manual de instruções”, que é divino, único e está além de qualquer interpretação humana. Portanto, cabe a cada estudante de Cabala observar se o método de seu professor faz sentido para si.

Jane Ribeiro, o rabino Joseph e a coordenadora do grupo de estudos de Mística Judaica da Comunidade Shalom, em São Paulo, Rachel Reichhardt, seguem os ensinamentos dos discípulos de Isaac Luria, um cabalista que viveu no século 16 e deu origem à linha luriânica. Já naquela época, ele tentou mudar a percepção de que a Cabala deveria ser restrita. Sua intenção era abrir esse conhecimento para todos, o que só aconteceu centenas de anos mais tarde. No início do século 20, foi construída a primeira escola de Cabala, em Jerusalém, pelo rabino Yehuda Ashlag e, há mais de trinta anos, The Kabbalah Centre é dirigido pelo rabino Philip Berg e sua mulher, que se dedicam a disseminar essa sabedoria ao mundo.

Nem sempre foi assim. Muitos cabalistas foram duramente perseguidos ao longo da história, pelo fato de contrariarem os interesses das classes dominantes. Rachel Reichhardt me contou que, por muitos séculos, também se considerou que apenas homens, judeus, com mais de 40 anos, casados e com filhos poderiam estudar Cabala. Para a tradição judaica, somente aqueles que tivessem os pés no chão, com uma série de preocupações relativas a este mundo físico, seriam capazes de fazer uma conexão com a verdade do universo espiritual. As mulheres teriam uma tendência maior de se perder nesse conhecimento e deixar de se importar com as questões do mundo material. E esse não seria o propósito divino, já que os humanos são seres físicos e precisam aprender com essa experiência terrena. Hoje, qualquer pessoa, independentemente de sexo, nacionalidade, etnia ou religião, e mesmo sem conhecer hebraico, pode não somente aprender Cabala, como também ser preparada por um rabino cabalista para se tornar um professor. Por isso mesmo, algumas escolas têm, inclusive, aulas de Cabala especiais para crianças.

Enquanto ouvia todas essas informações práticas, minha ansiedade apenas aumentava. Mal podia esperar para saber, finalmente, como o mundo funciona e o que os seres humanos estão fazendo aqui. É claro que não obtive todas as respostas, mas a maneira como a Cabala explica a origem do mundo e a missão dos seres humanos mexeu comigo. Ainda que nada disso faça sentido para muita gente, não dá para negar que é, ao menos, uma bela história.

COMO TUDO COMEÇOU
A explicação da origem do Universo se resume a dois personagens: a Luz e o Recipiente. Num dado momento, a Luz, que é puro amor infinito, sentiu vontade de compartilhar todo aquele amor e criou o Recipiente, apenas para receber o que ela tinha a oferecer, numa união perfeita. Só que, um dia, de tanto receber amor, o Recipiente começou a absorver as características da própria Luz e também sentiu necessidade de compartilhar. Como a Luz não podia receber do Reci- piente, este começou a se sentir inferior e, usando de seu livre arbítrio, se separou da Luz e criou o seu próprio mundo, finito. Para a Cabala, esse é o instante que os cientistas definem como Big Bang, a criação do Universo a partir de uma gigante concentração de matéria e energia em um único ponto.

Para a Cabala, os seres humanos são descendentes diretos do Recipiente e, portanto, essencialmente recebedores. Isso explica a imensa dificuldade de doar e compartilhar e o desejo de sempre receber. Basta observar as crianças. Antes de elas aprenderem a dividir com os amigos, são naturalmente egoístas e querem tudo para si. Faz parte da essência humana.

No fundo, não há nada de errado com o fato de desejarmos bens materiais e não-materiais. A grande questão é o propósito com que pedimos e o que fazemos com o que conquistamos. Nosso grande desafio no mundo da matéria é aprender a transformar o egoísmo extremo em que vivemos hoje – e que gera uma série de conflitos internos e externos – num ato de receber para compartilhar amor, alegria, bondade, tempo, saúde e conhecimento. Exatamente como desejava o Recipiente, no momento em que se separou da Luz.

DA TEORIA À PRÁTICA
A sabedoria da Cabala é ampla e vai muito além da explicação sobre a criação do mundo e do ser humano, envolvendo mais uma infinidade de assuntos que não caberiam nem em uma edição inteira da BONS FLUIDOS dedicada ao tema. Isso sem falar nas diversas ferramentas que nos ajudam a adquirir mais consciência sobre as questões divinas, tais como a astrologia e a numerologia cabalísticas, as meditações baseadas em mantras e letras hebraicas.

O encantamento de quem estuda Cabala é algo, no mínimo, curioso. As pessoas que entrevistei foram unânimes em dizer que, depois que entraram em contato com esse conhecimento, assumiram uma nova postura diante da vida e passaram a agir de maneira mais consciente, evitando fazer tudo no automático, como estamos acostumados. Eu poderia resumir todas as exclamações que ouvi em três benefícios principais: 1. a Cabala nos dá um sentimento de pertença ao Universo e nos ajuda a entender que somos parte de um todo maior. Portanto, tudo o que fazemos influencia essa totalidade; 2. tudo no Universo é uma questão de causa e efeito, o que nos estimula a assumir a responsabilidade sobre nossa própria vida, em vez de permanecermos com o costumeiro discurso de vítimas do mundo; 3. quando compartilhamos de coração aberto, a sensação não é a de que estamos perdendo o que temos, mas de que multiplicamos a alegria e o prazer da troca.

Se o que você leu aqui despertou seu interesse pelo assunto, o melhor é procurar por um curso básico de Cabala. Normalmente, eles são divididos em módulos e trabalham alguns aspectos de cada vez. As aulas costumam ser semanais ou mensais, mas não há regras para isso. Se preferir, comece assistindo a uma palestra ou lendo um livro. Para aprender Cabala, não é preciso ter nenhum outro conhecimento prévio e nem mesmo crença religiosa. Jane Ribeiro apenas alerta para que nos livremos de qualquer preconceito antes de iniciarmos a busca por essa sabedoria. É que, enquanto as religiões mostram apenas um ângulo para se entender as questões relacionadas aos seres humanos e restringem a verdade a uma única interpretação, a Cabala nos mostra que todos os ângulos fazem parte da mesma sabedoria divina. Ah! Uma última dica, não tenha pressa em desvendar todos os mistérios do Universo. Quanto tempo alguém demora para estudar a Cabala? Foi exatamente isso que perguntei à Rachel Reichhardt. Ela me respondeu com outra pergunta: Quantos anos você vai viver?

Fonte: Revista Bons Fluidos; dezembro 2009
http://bonsfluidos.abril.com.br/livre/edicoes/0129/04/01.shtml

2 comentários:

Anônimo disse...

Faça da felicidade seu escudo sempre rsrsrsrs sabia que amo vc kkkkkk e por isso estou mto feliz ....
Super 4 meu grande Hai deste silva e gaivota ,que acabou de ler sua matéria e gostei mais lembre-se as luzes tem varias cores e vc é um grande Arco Iris viu .....^^^^^Voa gaivota .rogerfrade@hotmail.com

Anônimo disse...

Faça da felicidade seu escudo sempre rsrsrsrs sabia que amo vc kkkkkk e por isso estou mto feliz ....
Super 4 meu grande Hai deste silva e gaivota ,que acabou de ler sua matéria e gostei mais lembre-se as luzes tem varias cores e vc é um grande Arco Iris viu .....^^^^^Voa gaivota .rogerfrade@hotmail.com