quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Meditacao - (Swami Dayananda Saraswati)

Hoje em dia, quando se diz que vai chover no final de semana, as pessoas dizem: “Oh! Más notícias”. Porém, se as chuvas não vierem nunca, você não terá um mau final de semana: terá um mau ano, sem água na torneira. Isso é um condicionamento. É assim que olhamos as coisas. Se isso sou eu, eu sou um sujeito tolo. As nuvens são nuvens, o que há de errado com elas? Cada uma delas está fazendo o seu papel. As leis meteorológicas funcionam: se a atmosfera estiver preparada, a chuva ocorrerá. Se você quer evitar a chuva, faça alguma coisa: pulverize alguma coisa nas nuvens que as faça desaparecer. Mas do que serve ficar reclamando? Se você acha que isso é uma coisa pequena, as coisas pequenas é que nos fazem. A vida é uma seqüência de coisas pequenas. Coisas grandes só raramente ocorrem. E quando elas ocorrem, você não está lá! Nós somos condicionados e reagimos às situações como autômatos. As pessoas dos meios de comunicação também são autômatos. E eles dizem exatamente como devemos proceder.

Meditação é somente você ser a pessoa que você é. Você é dotado de um corpo, de sentidos e de uma mente, que tem memórias, emoções e conhecimentos, e é consciente de todos eles. Você é uma pessoa. Uma pessoa se torna uma personalidade por causa dos medos, ansiedades e muitos outros problemas. Raivas, invejas, inseguranças, tudo isso faz de uma pessoa uma personalidade. Tudo isso é criado por você mesmo. Na meditação você reduz todas as situações a simples fatos. Quando você aceita as situações, elas se tornam simples fatos para você. Quando rejeita as situações, você se torna uma personalidade. O fato é que você é uma pessoa com um corpo, sentidos, uma mente e fora, como objeto de seus sentidos, está o mundo. Quando você apenas vê fatos, você é uma pessoa que não exige nem necessita de coisa alguma. Quando você é uma pessoa que exige ou necessita de alguma coisa, nesse momento está interagindo com o mundo. Quando apenas aprecia o mundo, você é somente você mesmo, e o mundo é como ele é. Você não está exercendo papéis (1). O problema é que cada papel acumula resíduos. Portanto, você tem que neutralizar e remover esses resíduos, para você ser o que é e as coisas serem o que elas são. No processo da meditação os resíduos devidos aos papéis são neutralizados. Meditação é ser independente de papéis. Esse estado de não fazer papéis não é desconhecido para você. Quando olha para as estrelas de noite no céu, que tipo de pessoa você é? É uma pessoa que exige alguma coisa? É uma pessoa com raiva? “Que céu inútil!”. Você diz isso? Você é uma pessoa que quer que o céu seja diferente? Se for, seu problema é mais sério do que eu possa resolver (eu aceito minhas limitações...). Se o céu e as estrelas não evocam em você uma pessoa exigente, então você descobre que é uma pessoa não exigente e apreciativa. Você pode ser essa pessoa em relação a qualquer situação, porque qualquer situação é um fato tanto quanto o céu e as estrelas o são. Da mesma forma como você vê o céu e as estrelas, deve ver as nuvens e a chuva, os vales e as montanhas, os rios e os riachos, os lagos e as lagoas, uma árvore, um inseto ou uma flor. Isso deve ser uma atitude muito natural de sua parte. Se você aprecia essa bela pessoa, que é não exigente e apreciativa, você deve ser essa mesma pessoa em relação às pessoas e às coisas que lhe incomodam. Isso é meditação. Isso põe as coisas como elas são e você como você é. Vamos fazer isso agora.


Meditação conduzida por Swami Dayananda Saraswati

OM...

Sente de forma relaxada.
O relaxamento não é uma coisa física.
Você não faz nada para relaxar.
As pessoas ficam tensas para relaxar,
mas relaxar é somente uma atitude.

Você tem um encontro com você mesmo.
Não necessita de um amigo.
Não necessita de nenhuma fachada,
de nenhum fingimento,
e muito menos de nenhuma tensão.
Você vai ser apenas você mesmo.

Você não é
nem marido nem esposa,
nem mãe nem pai,
nem doutor nem filho,
nem tio nem primo,
nem vizinho nem amigo,
nem empregado nem empregador...
Você é somente uma pessoa.

Você não é
nem pobre nem rico,
nem velho nem moço,
você é somente uma pessoa.
E, portanto, apenas relaxe.

Assim como você está,
sem nenhuma mudança de sua parte,
você pode descobrir a você mesmo
como uma pessoa que é livre,
que é simples
e que não é uma personalidade.

Visualize mentalmente o céu, à noite,
limpo, claro, e as estrelas.
Ao ver o céu e as estrelas,
você se vê em relação a eles
como uma pessoa que não está exigindo nada.
Você não deseja que o céu seja diferente,
ou que as estrelas sejam diferentes.

Veja você mesmo como é, o que você é.
Não vê que é uma pessoa simples,
consciente e apreciativa...
Isso é o que você é.
Você pode ser essa pessoa em relação a qualquer situação.

Se essa pessoa deseja, ela é criativa.
Se essa pessoa delibera, questiona,
o questionamento em si é fascinante.

É essa pessoa que se torna amorosa em relação a alguém.
Se esse alguém merece compaixão,
o amor se torna compaixão,
porque essa pessoa não está condicionada por gostos e aversões.

Essa é uma pessoa simples, amorosa,
que se torna compassiva, compreensiva, prestativa, generosa,
e naturalmente de acordo com a situação.

Em meditação, tudo o que você faz
é reduzir os fatos aos fatos.

Você é uma pessoa consciente, apreciativa
em relação ao céu e às estrelas.

Da mesma forma pense sobre o Sol,
seja um Sol quente ou um Sol poente.
Você não tem reclamação a fazer pelo que ele é.
Seja o Sol de verão, seja o de inverno,
aceite o Sol como ele é.
Se não suportar o calor, vá para um lugar fresco,
mas aceite o Sol como ele é.

Da mesma forma em relação aos vários planetas,
você não tem reclamação a fazer.
Júpiter, Mercúrio, Marte, Vênus, Saturno...
Tome esses planetas como eles são.

Visualize um grupo de nuvens.
Você é apenas uma pessoa
que aprecia o fato de que há nuvens.
Agora está chovendo.
Aceite a chuva como ela ocorre.

Olhe para a Terra.
O fato de ser um globo não incomoda você.
Por ela estar inclinada a se mover ao redor do Sol,
você não tem reclamação a fazer.

Por ter oceanos e continentes,
por ter montanhas e vales,
por ter rios e riachos,
por ter lagos e lagoas
e por ter florestas e desertos,
você não tem reclamação a fazer.

Na Terra existem plantas, árvores e trepadeiras,
flores e frutos, hortaliças e legumes.
Alguns você pode gostar, outros não.
Veja aqueles de que não gosta como simples vegetais.
Aquelas frutas de que você não gosta, tome-as como simples frutas.

Se você tem uma casa com um gramado,
a grama é o que você deseja,
e as outras plantas você chama de ervas daninhas.
Você tem raiva delas.
Mas não, não são ervas daninhas. São apenas plantas.

Se você criasse capim, a grama seria erva daninha.
Se você quiser, pode removê-las,
mas que não haja raiva de sua parte.
Tome-as como elas são.

Da mesma forma em relação aos animais.
Os animais selvagens e domésticos,
os carnívoros e os herbívoros,
as diversas variedades de animais,
incluindo os insetos,
tome-os todos como eles são.
Se você despreza algum deles,
se você não gosta de algum deles,
traga esse animal à sua mente.
Olhe para ele. Tome-o como ele é.
Você não pode ter raiva de um mosquito ou mosca.
Eles são como são.
São feitos para agir como agem.

Faça o que deve ser feito para evitá-los,
para mantê-los longe,
e até mesmo para eliminá-los,
se são prejudiciais à sua saúde,
mas não tenha raiva.
Tome-os como eles são.

Da mesma forma, olhe para a humanidade.
Que variedade de seres humanos nós vemos!
Há diferentes raças: a mongólica, a negra,
a branca, a mestiça, como temos aqui...
Cada raça tem traços peculiares.
Tome-as todas como elas são.
Olhe as maneiras de vestir e os modos de vida,
as comidas e os hábitos de comer,
as formas de música e de dança,
as várias línguas e dialetos,
as diferentes religiões e seus conceitos de Deus,
as formas de oração e culto, mesmo as cerimônias estranhas,
e tome-as todas como elas são.
Se você quiser, se estiver convencido
de que elas podem ser melhoradas de alguma forma,
então faça o que deve ser feito,
mas tome-as todas como elas são.
Elimine totalmente de sua cabeça as zombarias étnicas.

Olhe para o seu próprio país e as diferentes pessoas.
Tome-as todas como elas são.
Os brancos, os mulatos, os negros...
Tome-os todos como eles são.
Se você pode ajudar uma determinada comunidade,
faça o que puder para ajudar para melhorar sua saúde e bem-estar,
mas tome-os como eles são.

Tome as pessoas como elas são.
Se você não gosta ou despreza alguém pela sua cor, etc.,
traga essa pessoa à sua mente.
Veja essa pessoa como ela é,
sem desprezo, sem desgosto,
e apenas aprecie a pessoa como ela é.
Você tem que se descondicionar.
Tem que ser uma pessoa, não uma personalidade.
Você não é uma personalidade, é uma pessoa.

O governo, tome-o como ele é.
Não tenha raiva pela sua política.
Se quiser, tente modificar o governo.
Não tem nenhum sentido reclamar consigo mesmo e não fazer nada.
As pessoas que comandam o governo também são como você.
Elas fazem o que podem.
Se são incapazes... bem, são incapazes.
Se você é capaz, faça alguma coisa.
Se você acha que alguma política melhor pode ser iniciada,
faça o que puder.
Pelo menos escreva uma carta para o seu jornal.
Tudo o que eu digo é: aja! Faça o que puder!
Mas não deixe que eles criem em você a reação
de raiva, frustração e desespero.

As pessoas com quem você trabalha,
tome-as todas elas como são.
Se há uma pessoa ou pessoas que lhe perturbam,
que lhe fazem ficar com raiva...
bem, tome essas pessoas como elas são.
Se você não é compreendido por elas ou não as compreende,
tente se fazer entender ou tente compreendê-las.
Lembre-se de que cada um tem uma mente,
e cada um segue os ditames de sua mente.
Você pode reprogramar a pessoa, pode mudar a pessoa,
mas você pode não ter a habilidade para fazer isso.
Portanto, tome as pessoas como elas são e faça o que puder.
Cada um tem suas limitações, cada um tem suas virtudes.
Se acha que é impossível trabalhar nesse lugar,
procure outro emprego, mas aceite as pessoas como elas são.

Olhe para seus pais.
Seu pai, aceite essa pessoa como ela é.
Sua mãe, aceite essa pessoa como ela é.
Suas limitações, suas virtudes,
tome-as todas como elas são.
Por trás de suas exigências existe sempre um amor.
Um amor que deseja,
que deseja que você seja grande, que seja alguma coisa.
Eles têm um ideal de você:
que você seja grande à sua própria imagem.
Bem, eles são humanos. Portanto, aprecie o seu amor.
Você descobrirá que não tem nada contra eles, mas é grato a eles.
Pelo menos há pessoas na vida que se preocupam com o seu bem-estar.
Tome-os como eles são.
Se pode comunicar-se com eles, comunique-se.
Se quiser que haja alguma mudança em seus valores,
por favor tente mudá-los,
mas tome-os como eles são.

Olhe para seu parceiro na sua vida,
tome essa pessoa como ela é.
Sua aparência, sua capacidade, suas habilidades,
suas emoções, seu conhecimento, sua história...
Tome essa pessoa como ela é.
Aqui está uma pessoa com quem você partilha a sua vida.
Não é importante que você a tome como ela é?
Pode haver uma vida feliz se a pessoa não é
tomada como ela é?

Quando você exige, você não compreende.
Quando rejeita, também não compreende.
Tome a pessoa como ela é, e descobrirá
que você tem todo o amor para compreender.
Nessa aceitação você descobrirá
que tem uma atmosfera de amor
na qual todas as mudanças,
e mudanças miraculosas, são possíveis.

Seus filhos, olhe para eles como pessoas independentes.
Eles não são como suas mãos e pernas. Não são parte de você.
Cada um é uma pessoa independente,
com corpo, mente e alma.
Portanto, olhe para eles como pessoas independentes
que estão crescendo sob seu amor, cuidado e orientação.
Tome-os como eles são e faça o que deve ser feito.

Tome o seu físico como ele é.
A altura do corpo, não há nada de errado nela.
O peso do corpo, não há nada de errado nele.
Se você quer reduzí-lo, faça alguma coisa para isso,
mas aceite o corpo como ele é.
A cor do corpo,
homem ou mulher,
jovem ou velho,
tome o corpo como ele é.
Não existe o que pode ser chamado de corpo bonito ou feio.
Existe apenas um corpo vivo ou um corpo morto.
E você tem um corpo vivo.
Se ele não é saudável, faça-o saudável.
Faça o que puder, mas não existe um corpo feio.
Aceite isso. Aceite o corpo como ele é.
Seja feliz, pois você tem um corpo vivo.

Aceite a mente. Seus humores, suas mudanças,
suas raivas, invejas e ciúmes...
apenas aceite a mente como ela é.

Seu conhecimento, suas limitações... aceite-as.
Aprenda. Continue aprendendo.

Suas memórias, tome-as como elas são.
Que não haja nenhuma memória passada que lhe incomode.
Traga todas as memórias desagradáveis,
uma depois da outra, e olhe-as de frente.
Então, aceite a sua ignorância e continue aprendendo.

Você é consciente da ignorância, das memórias, do conhecimento,
da mente e de seus condicionamentos,
dos sentidos, do corpo, do mundo...
Essas palavras são o mundo para você agora.
Você está frente ao mundo das palavras.
Essas palavras são ouvidas em você, consciência.
Essas palavras não perturbam a você, consciência.
Você não vê que é uma pessoa simples e consciente,
ou uma pessoa que é simplesmente consciência.
Livre da culpa é você, consciência.
Livre de mágoa é você, consciência.
Não vê que é uma pessoa que é simplesmente consciência?
Não vê que consciência e silêncio são idênticos?
Não vê que as palavras que ouve agora
não perturbam a consciência e muito menos o silêncio?

Você é, na verdade, o silêncio.
Esteja a mente pensando ou não, você é silêncio.
Isso é diferente de um silêncio
que é uma trégua entre duas agitações.
Você é silêncio porque é consciência.

OM... OM... OM...

Quando escuta esse som você é consciência, silêncio.
Quando não escuta esse som, você é consciência, silêncio.

OM... OM... OM...

Essa meditação na vida diária

Todos os dias, antes de ir para a cama, faça essa meditação. Ela neutralizará os problemas do dia. Também poderá começar o dia com ela, se tiver tempo. Mas tenha certeza de terminar o dia com essa meditação. Dessa forma, não haverá resíduos. Os problemas do dia serão neutralizados antes de você ir para a cama. Você irá para a cama como uma pessoa, não como uma personalidade. Levantar-se-á como uma pessoa, não uma personalidade.


(1) Referência aos diversos papéis que a pessoa tem na sociedade: pai, filho, amigo, empregado, patrão, etc. (Nota do Tradutor)

O texto acima pode usar-se como modelo de elocução. Você estuda a técnica e grava a sua própria voz, lendo pausadamente.

Outra opção é fazer pequenos grupos de meditação com seus amigos, onde cada um pode usar os textos como orientação para dar a prática para os outros.

Se você for professor de Yoga, poderá igualmente usar essa prática nas suas aulas, tomando o cuidado de escolher a técnica mais adequada para cada pessoa ou grupo.
O que busca ardentemente fora, está dentro;
A luz que tanto procuras, encontra-se no escuro dos olhos fechados;
O que desejas ouvir, ressoa no silêncio;
A tristeza está na alegria;
Assim como a alegria na tristeza.
A plenitude está além delas.
(Tales Nunes)

quarta-feira, 29 de outubro de 2008

Sonâmbulo - (Céu )

Numa espécie de limbo, sonâmbulo anda feito pêndulo
Ora pende dormindo, ora pende contra o tempo
E faz deste inimigo atrasado, correndo,
justifica um vazio interno, imenso

Fugas mentais ocupam os pensamentos
E se torna incapaz de ocupar a si mesmo
Tvs, cines, jornais, químicas não me tento
Bloquear os canais
Domesticar seus anseios

Que é bom desconfiar dos bons elementos (4x)

Feito histórias de moebius, vão tirar sua visão
E te dar olhos passivos adequados a um padrão

Exercicio de Vedanta - (Hermogenes)

Ensina Ádi Shankaracharya, o sábio advaita, que somos, todos os seres, uma única e mesma Essência Real, e que devemos vivenciar esse postulado, pois somente a realização transformará a simples afirmação intelectual e imortal e libertadora Verdade. Quando tal ocorrer, teremos aberto a nós mesmos a porta da Unidade, que é o Absoluto Ser (Sat), Consciência Pura (Chit) e Absoluta Beatitude (Ananda). Teremos, assim, atingido o objetivo último da existência, que é realizar-nos, a nós mesmos, fundindo-nos no Todo, sumindo no Uno.

Acho-me sentado sob a árvore, tendo em torno de mim um universo inebriante de sensações. É a voz da criançada a brincar lá fora. É um motor que está rosnando, numa moto à distância. O farfalhar da acácia tangida de vento quase consegue abafar a música de mau gosto que sai de um rádio, numa casa distante. Há alegria no pipilar de alguns poucos passarinhos. Meu mundo sonoro é, portanto, variado, confuso, espontâneo e pouco harmônico. E ele atrai meus ouvidos.

Vejo rosas vermelhas e jasmins exibindo brancura. O cheiro do ar é bom. O vento faz tudo mover. O Sol, um pouco embuçado de névoa incerta, ainda consegue semear incertas sombras no chão. O vento continua buliçoso e brinca com os ramos das árvores, fazendo-os dançar. As sombras dos ramos também dançam, mas em silêncio. A dança é geral. É dança verde, imprevisível, fresca e bonita. Todo jardim é um balé sob a regência do vento.

A gatinha branca, sem saber que se arrisca a ser mencionada, com sua placidez limpa, habitual, entra em cena a lamber-se solene, emprestando uma boa dose de graça ao quadro de que faço parte.

O chão é canteiro de vida. Grama aqui. Terra escura estrumada, ali adiante. As bonitas me atraem a atenção por serem pequenas manchas escarlates bem nítidas. Há ainda florezinhas – umas brancas, outras amarelas. São miúdas, ínfimas, perdidas e anônimas em sua banalidade. Só um poeta ou um místico lhes daria atenção. Só a custo vou descobri-las. Há também matinho vagabundo e ignorado, sem brilho, sem história...

Naquele pequeno pedaço da Realidade, que é meu jardim, tento fazer um exercício vedantino: sentir-me unido, idêntico a todos os seres e impressões que o povoam e movimentam. Quero sentir-me entremeando e sustentando a existência de tudo. Quero sentir o Absoluto que está em mim e que é o mesmo em tudo. Quero tornar-me o jardim. Quero fundir-me com ele e confundir-me com todos os esses seres, com todas as variadas formas, que, sem pedir licença, me invadem pelas janelas dos sentidos.

Começo com o tornar-me as montanhas azuladas e me sinto engrandecido e nobre. Torno-me rosa, e sem dificuldade o faço. Rosa perfumada, exuberante, dadivosa, colorida... Sou cedro, agapanto, cravina, jasmim... E por que não a florzinha miúda, pobre e perdida no escuro do canteiro?... Chego a gozar a tranqüilidade horizontal da grama. Sou acácia dançarina... Sinto-me colibri, doidinho, de flor em flor. Sou andorinha sem compromissos, rasgando espaços... Sinto-me em cada criança gritando e correndo na estrada, brincando de pegar... Agrada-me sentir-me vento buliçoso, vento-menino, mexendo com as plantas... Olho o céu e gozo ser céu... É fácil identificar-me com a gatinha de olhos amarelos a explorar os canteiros. Não faz mal tornar-me areia, barro, humo, cimento, parede, cal, pedra... Gozo o sentimento de perenidade mineral do chão.

Vejo agora alguma coisa que a cadela deixou na grama. Repugnante e fétido, atrai somente a atenção da moscaria igualmente repugnante. É um acidente que perturba a beleza de toda aquela manhã no jardim ensolarado.

Não consigo ser mosca...

Não tenho jeito de tornar-me aquilo...

Há um desafio a meu espírito vedantino.

Tenho de ser equânime e não me negar a identificar-me com algo.

Se o Real Ser assume todos os aspectos, não somente os belos, mas também os feios; se o Absoluto está em tudo, seja qual for a sua aparência; se eu quero sentir o Real e a Ele unir-me; se meu objetivo é transcender o Reino das aparências e imergir no Absoluto, como rejeitar aquilo, pondo-o fora do que busco Ser?!...

Tornar-me aquilo, mesmo sendo manifestação do Uno Sem Segundo, francamente me enoja...

É nessas cogitações que percebo que há muito minha atenção não desgrudou daquilo. Agora são as moscas e eu que pousamos sobre aquilo nosso interesse... e, assim, já não tenho dificuldade em estar no inseto que todos acham repelente...

Continuo meditando. Não posso excluir do Todo aquela sua parte repelente. Repelente para quem?!

Para mim.

E quem é esse mim que tem a audácia de excluir algo que integra o Todo? Aquilo é uma aparência do Todo. E eu, que julgo, que penso, que valorizo, não serei também uma outra aparência?

E que tal um esforço para ultrapassar a cortina das aparências, o reino do ilusório?...

Vale tentar.

Prossigo a meditação. Tento descobrir a infinitude do Todo, o indivisível do Absoluto, a Eternidade do Uno... sob a muralha daquele aparente nojento. A primeira grande alegria foi deixar de ver aquilo e perceber fascinado o maravilhoso quimismo a processar-se sob a regência do Sol que incide, do ar que circunda, da terra que recebe e que dá... Vejo daquilo desprender-se não mais a fedentina, mas algo precioso, que penetra a areia e vai ser bebido pelas muitas boquinhas nas múltiplas radículas da grama e das grandes árvores, e aquilo vira seiva, seiva subindo, se transformando em rosa, produzindo fragrância, rosa enfeitando altares... É o milagre da Vida Perpétua...

Continuei esquecido de tudo mais e vi usinas febris e fecundas no coração dos átomos... No reino dos átomos não há repugnantes. Assisti extasiado a um drama de vibrante dinamismo no infinitamente pequeno, naquilo e em mim...

E cheguei àquele acontecimento divino em que a matéria some... Mergulhei corajoso no universo das energias puras...

Mas, distante, deslumbrou-me a eclosão do pensamento puro, que nasceu da morte da energia...

Depois, o milagre maior: o pensamento cessou... Parei de pensar...

Passei a Ser...

E...


(Extraído do livro Yoga, Caminho para Deus)

O verdadeiro e o relativo - (Swami Dayananda Saraswati)



Há palavras nas diferentes línguas que descrevem a realidade. Palavras que se referem ao real e ao falso. Esses são adjetivos. Por exemplo, você pode dizer “isto é falso”.

Qualquer coisa que vá contra um fato provado pode considerar-se falsa. Num tempo, quando o sol “saía” pelo horizonte, e a terra era plana, os pensadores eram os teólogos. Quando apareceu em cena o astrónomo Giordano Bruno e começou a questionar essas afirmações, e a dizer que a terra era esférica, ele foi excomungado e queimado vivo.

Quando alguém se coloca contra um fato provado que comprovadamente é falso, pode estar colocando-se contra o mundo, o que não significa que todo o mundo esteja certo.

Temos três palavras que revelam a nossa compreensão da realidade: 1) verdadeiro, 2) falso, 3) inexistente. Um círculo quadrado não existe, pertence à terceira categoria. Se você olhar para essas coisas não existentes, verá que elas são combinacoes de duas coisas que de fato existem: o coelho existe, os chifres existem, mas um coelho chifrudo não existe.

Podemos concluir então, que estas palavras sejam importantes. Tudo o que fazemos na vida está baseado na nossa compreensão do que é verdadeiro e do que é falso. Há aspectos na realidade que são mais importantes que outros, desde o nosso ponto de vista. Portanto, toda a nossa vida, tudo o que fazemos, está em função daquilo que é importante para nós.


A pulseira e o ouro


Existe, no entanto, uma confusão entre aquilo que é importante e aquilo que não é. Por exemplo, eis um colar feito de ouro. Demos a esse colar uma mente humana. Agora, o colar é consciente de si mesmo. Ele sabe que é um colar. Se você também der uma mente humana a uma pulseira, ela se verá como alguém diferente do colar. A pulseira está com um problema, pois percebe que está definhando. A pulseira está angustiada, pois está ficando cada vez mais fina. A cada vez que a dona dela lava as mãos, a pulseira vai se arranhando e desgastando.

A pulseira começa a pensar: “eu não quero ser mais uma pulseira. Gostaria de ser um colar”. Preste atenção. Estou falando de você. Eu pergunto para a pulseira: “você está feliz?” Ela responde: “nem queira saber. Eu gostaria de ser aquele colar. Ele sempre tem luz boa, está sempre em evidência. Eu estou coberta o tempo todo pela roupa. Não apareço. Meu trabalho é aparecer bonita, mas eu não apareço. Estou sempre coberta. Que vida é essa? Eu queria mesmo era ser um colar”.

Aí você pergunta para o colar, e descobre que ele tem o mesmo problema: ele quer ser um anel. Quer ser algo diferente do que é. Esse é um problema da psicologia humana. A psicologia tem esse problema, mas não tem uma resposta para ele.

O problema é o ponto de partida: a visão da realidade está equivocada. O detalhe é que não existen pulseiras, colares ou anéis. Só existe ouro, sob formas diferentes.

Quando você vende essas jóias, o comprador paga pelo ouro, não pelo trabalho, nem pela forma. Só pelo peso do ouro. O ouro é a verdade da jóia. Você não pode dizer que ele seja inexistente. Tampouco pode dizer que seja falso. É satyam, é verdadeiro.

Qual é a realidade? A pulseira não tem peso, separado do peso do ouro com que ela está feita. Qual é a realidade, então? A realidade é que a pulseira é ouro. A pulseira não está no ouro, ou sobre o ouro. A realidade da pulseira é ouro.



O pote e a argila


É como o pote. O peso do pote é o peso da argila. A textura do pote é a textura da argila. O pote não está na argila. O pote é a argila. Se o pote é argila, a argila deve ser pote. É aí que está o problema. É aí que o Ved€nta vem para dar um sentido para a sua vida.

A argila é argila. Na sua compreensão da argila, a forma não é uma parte dela. É por isso que você reconhece a argila, independentemente da forma que ela assuma. Você reconhece a argila na forma de pó, na forma de formigueiro, na forma dos diversos potes, pois ela transcende a forma.

Portanto, pode ser um pote, um formigueiro, um brinquedo ou a forma que for. Por causa de que a sua compreensão da argila transcende a forma, e porque você compreeendeu que a argila transcende todas as formas, você é capaz de reconhecer a argila, independentemente da forma que esta assuma.

Se a pulseira precisa se livrar do seu problema de ser uma pulseira, é só lembrar que ela é ouro. Se a pulseira soubesse que é ouro, seus problemas acabariam. A essência da pulseira é o ouro, que transcende todas as formas. Quantos ouros existem? Só um. Esse único ouro transcende todas as formas.

O fato da pulseira resolver seu conflito com a forma, não resolve o problema do anel nem do colar. Todas e cada uma das jóias precisam compreender isso.



O verdadeiro e o relativo


O pote não é não existente. Não é tucham. Entretanto, ele tampouco é satyam, tampouco é verdadeiro. A verdade do pote é a argila. Todos os problemas são reais. Pedem soluções práticas.

A realidade do pote é que ele não é satyam. Satyam é a argila, e somente ela. O pote não é falso nem não existente. O que é o pote, então? O que é o seu corpo? Maya. Asat significa não existente. Nossa mente precisa se segurar nas categorias que ela cria para se sentir segura, pois não consegue aceitar os fatos.

Explique a doçura, por exemplo. Ela é inexplicável. É ausência de rotulação em termos de verdadeiro/falso/não existente.

O fato é que o pote segura a água, mesmo sem ser satyam. Cada palavra tem sua importância. Não há nada aqui livrado ao azar. Nossa compreensão da realidade precisa de uma palavra. Que nossa compreensão precisa de um ajuste torna-se claro quando dizemos pulseira, colar, anel. Quando você diz pote de argila, ou pulseira de ouro, o “de ouro” torna-se o adjetivo da pulseira. Um adjetivo que o diferencia das demais pulseiras. Assim surge a dualidade. Existem diferentes pulseiras. Eu vivo a minha vida a partir da minha própria compreensão da realidade.

A verdade é que o ouro é satyam. O ouro é a realidade. A pulseira depende da existência do ouro. A palavra, assim, revela a nossa compreensão da realidade. A pulseira não é satyam. Como vou acomodar esta visão? De que jeito usarei as palavras? Se eu estiver confundido, para mim, satyam pode tornar-se um adjetivo.

Para conseguir acomodar esta visão em palavras, preciso de palavras que a revelem corretamente. Qual é o status da pulseira? Se não é satyam, e não é tucham, é o que? Se não tem substância real, é o que? A palavra pote tem significado. Esse significado está associado com uma substância? Chamemos o status da pulseira de mithyam, um objeto cuja existência depende da presença de outro.

Cada palavra revela sua compreensão da realidade. É preciso usar as palavras com cuidado. O que eu ensino não se presta a manipulações nem ao uso leviano das palavras.


Extrato de uma palestra proferida por Pujya Swamiji no Ashram de Rishikesh, Índia, em março de 2007, anotada e traduzida por Pedro Kupfer. Evetuais equivocações devem ser creditadas ao tradutor.

OM - A LIBERTAÇÃO PELO YOGA - (video)



Se - (Hermogenes)

Se, ao final desta existência,
Alguma ansiedade me restar
E conseguir me perturbar;
Se eu me debater aflito
No conflito, na discórdia...

Se ainda ocultar verdades
Para ocultar-me,
Para ofuscar-me com fantasias por mim criadas...

Se restar abatimento e revolta
Pelo que não consegui
Possuir, fazer, dizer e mesmo ser...

Se eu retiver um pouco mais
Do pouco que é necessário
E persistir indiferente ao grande pranto do mundo...
Se algum ressentimento,

Algum ferimento
Impedir-me do imenso alívio
Que é o irrestritamente perdoar,

E, mais ainda,
Se ainda não souber sinceramente orar
Por quem me agrediu e injustiçou...

Se continuar a mediocremente
Denunciar o cisco no olho do outro
Sem conseguir vencer a treva e a trave
Em meu próprio...

Se seguir protestando
Reclamando, contestando,
Exigindo que o mundo mude
Sem qualquer esforço para mudar eu...

Se, indigente da incondicional alegria interior,
Em queixas, ais e lamúrias,
Persistir e buscar consolo, conforto, simpatia
Para a minha ainda imperiosa angústia...

Se, ainda incapaz
para a beatitude das almas santas,
precisar dos prazeres medíocres que o mundo vende...

Se insistir ainda que o mundo silencie
Para que possa embeber-me de silêncio,
Sem saber realizá-lo em mim...

Se minha fortaleza e segurança
São ainda construídas com os materiais
Grosseiros e frágeis
Que o mundo empresta,
E eu neles ainda acredito...

Se, imprudente e cegamente,
Continuar desejando
Adquirir,
Multiplicar,
E reter
Valores, coisas, pessoas, posições, ideologias,
Na ânsia de ser feliz...

Se, ainda presa do grande embuste,
Insistir e persistir iludido
Com a importância que me dou...

Se, ao fim de meus dias,
Continuar
Sem escutar, sem entender, sem atender,
Sem realizar o Cristo, que,
Dentro de mim,
Eu Sou,
Terei me perdido na multidão abortada
Dos perdulários dos divinos talentos, Os talentos que a Vida
A todos confia,
E serei um fraco a mais,
Um traidor da própria vida,
Da Vida que investe em mim,
Que de mim espera
E que se vê frustrada
Diante de meu fim.

Se tudo isto acontecer
Terei parasitado a Vida
E inutilmente ocupado
O tempo
E o espaço
De Deus.
Terei meramente sido vencido
Pelo fim,
Sem ter atingido a Meta.


“Deus me livre de ser normal”!

quarta-feira, 22 de outubro de 2008

QUEM SERIA VOCÊ SEM ESSES PENSAMENTOS TODOS? - (Satyaprem)

Contos e Koans Zen

Um praticante Zen foi ter com Bankei e fez-lhe esta pergunta, aflito:
"Mestre, Eu tenho um temperamento irrascível. Sou às vezes muito agitado e agressivo e acabo criando discussões e ofendendo outras pessoas. Como posso curar isso?"
"Tu possuis algo muito estranho," replicou Bankei. "Mostra-me como é esse comportamento."
"Bem... eu não posso mostrá-lo exactamente agora, mestre," disse o outro, um pouco confuso.
"E quando o mostrarás para mim?" perguntou Bankei.
"Não sei... é que isso sempre surge de forma inesperada," replicou o estudante.
"Então," concluiu Bankei, "essa coisa não faz parte da tua natureza verdadeira. Se assim fosse, tu poderias mostrá-la sempre que desejasses. Quando tu nasceste não a tinhas, e teus pais não a passaram para ti. Portanto, reconhece que ela não existe."

Fluir da vida ... - (Sri Nisargadatta Maharaj)


"O amor diz: “Eu sou tudo”.
A sabedoria diz: “Eu sou nada”.
Entre os dois, minha vida flui."

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Mensagem de Amor - Fonte: site do Uni-Yoga

Deixa-me falar a ti como gostaria de fazê-lo sempre, se as barreiras culturais mo permitissem. Deixa-me começar pedindo-te algo deveras difícil. Mas... faze-o por mim. Peço-te que transcendas o ego.
Não pela vida toda. Só para ler estas minhas palavras. Outras que leste ou que lerás, podem ter sido ditadas pela minha personalidade humana e, por isso, talvez não tenha conseguido tocar teu coração. Afinal, somos Humanos. Seres Humanos têm muita dificuldade de expressar amor e tolerância. Homens não sabem abrir-se totalmente, francamente. Homens não sabem dar-se globalmente e receber a outrem com plenitude. Gostam é de disputar e, se não há motivo, criam algum.
Assim, esquece que és um Ente Humano, esquece que és Homem ou Mulher. Esquece que o sou também. Só assim poderás receber esta mensagem, pois ela é de amor, de mim a ti.
Quem te fala não tem ego. Ama-o com intensidade. Experimenta um pouco deste sentimento sutil e inegoísta. O Ser Humano precisa de afeto. Embora, às vezes, hostil, suplica desesperadamente por esse afeto.
Já, com a tua ajuda, não é um Homem que ouves. É uma voz, só. Uma vibração anônima e indistinta que paira no espaço e vai, sem polaridade ao teu coração para tocá-lo lá no fundo. Para dar-te carinho e compreensão. Sente comigo! Vibra comigo!
Sente — como eu — os olhos úmidos de emoção. Sente o meu amor, pois eu o sinto por ti, sinceramente.
Tenta livrar-te dos tabus e condicionamentos culturais, solta as amarras e... permite a ti mesmo amar um pouco. Verás como é gratificante esse sentimento. Como é repousante e suave. Como refaz as energias para suportar as agruras e vicissitudes do dia-a-dia.
Experimenta, pelo menos uma vez, sentir um amor intenso, arrebatador e inegoísta. Sente-o comigo.
Ama profunda e sinceramente, sem reservas, sem receios, sem preconceitos.
Nada temas: também o sinto por ti e não me acanho de dizê-lo. Ouve:
— Eu te amo intensamente. Amo tua Alma e sei que ela é luminosa como a aurora; amo teu Corpo e creio com convicção que ele é puro e sem mácula.
Aceita-me! Olha: ofereço-te meu coração que palpita de paixão desinteressada por ti, cujo calor tenta te transmitir uma mensagem de amor incondicional.
Descontrai teus sentimentos antes que se atrofiem. Deixa que teu peito palpite e que teus olhos sorriam de inefável regozijo.
Sente a ternura da criança que te sorri: ama-a de todo o coração. Aspira a meiguice da flor que te agradece o amor total que tu sentes por ela (tu o sentes, não é?)
Não te envergonhes de apiedar-te daquele mendigo ancião ou de respeitar os vassalos da tua casa. Abre-te a mim como eu me abro a ti. Sente-me como te sinto a ti. Sinto-te, Criatura, e me identifico contigo. Sou uno com tua Alma a ponto de sentir-te a carne, pois, ó Ente Puríssimo, vejo o Todo em ti.

Love & compassion - Mooji

O Amor e a compaixão sendo transmitidos pelas palavras e presença desse Mestre ...
Que todos sintam e sejam esse Amor!





Gratidão eterna,
Amor eterno!

quinta-feira, 16 de outubro de 2008

O Definitivo e o Inexprimível - (Osho)


O estado da não-mente é o estado do divino. Deus não é um pensamento mas a experiência de estar sem pensamentos. Ele não é um conteúdo na mente; ele é a explosão quando a mente fica sem conteúdo. Este não é um objeto que você possa ver; é a própria capacidade de ver. Não é o que é visto senão aquele que vê. Ele não é como as nuvens que se jutam no céu, mas o próprio céu quando não há nenhuma nuvem. Ele é esse céu vazio.

Quando a consciência não estiver indo para algum objeto externo, quando não houver nada para ver, nada para pensar, somente vacuidade ao redor, assim você recai em si mesmo. Não há para onde ir - a pessoa relaxa na própria fonte do ser, e essa fonte é Deus.

Seu ser interior é simplesmente o céu interior. O céu é vazio, mas é esse céu vazio que contém todas as coisas, toda a existência, o Sol, a Lua, as estrelas, a Terra, os planetas. É o céu vazio que dá espaço para tudo que é. É esse céu vazio que é a base de tudo que existe. Coisas vêm e vão e o céu permanece o mesmo.

Exatamente da mesma maneira, você tem um céu interior; esse também é vazio. Nuvens vêm e vão, planetas nascem e desaparecem, estrelas surgem e morrem, e o céu interior permanece o mesmo, intocado, imaculado. Chamamos esse céu interior de sakshin, a testemunha – e esse é todo o objetivo da meditação.

Vá para dentro, desfrute o céu interior. Lembre-se, o que quer que você possa ver, você não é isso. Se puder ver pensamentos, então você não é pensamento; se puder ver seus sentimentos, então você não é seus sentimentos; se puder ver seus sonhos, desejos, memórias, imaginações, projeções, então você não é nenhum deles. Prossiga eliminando tudo que você possa ver. Desse modo, um dia, o momento especial chega, o momento mais significante na vida de uma pessoa, quando nada resta para ser rejeitado. Tudo que foi visto desaparece e somente aquele que vê está ali. Este observador é o céu vazio.

Conhecer isso é não ter o que temer, e conhecer isso é estar repleto de amor. Conhecer isso é ser Deus, é ser imortal.

terça-feira, 14 de outubro de 2008

Antes do começo ... - (Papaji)



Namaskar,

Antes do começo você é pura Consciência.
Você é a totalidade do Amor no Amor e o vazio do Alerta.
Você é a Existência e a Paz além da Paz.
Você é a tela onde tudo é projetado.
Você é a Luz do Conhecimento.

Aquele que deu o conceito de criação ao criador.
Esqueça-se daquilo que puder ser esquecido e reconheça a si mesmo
como aquilo que não pode ser esquecido.

Você é o substrato onde tudo se move... deixe que se mova.
Você é Agora, você é o Agora.
Que “eu” existe que possa estar fora desse Agora?
Você é a Verdade e somente a Verdade é.

Você é Inatividade.
Atividade é o seu reflexo, a sua Brincadeira, o seu mundo.
O Sol é Inatividade, os espelhos são atividades.

Você é este precioso Momento, a Presença em Si,
qualquer brisa que te toque santificará até mesmo demônios.

Você é Aquele que está Consciente
da Consciência de objetos e idéias.
Você é aquele que é até mesmo mais Silencioso que o Alerta.
Você é a Vida que precede o conceito de vida.
A sua natureza é o Silêncio
e não é alcançável, É desde sempre.

“Espaço” foi sua primeira noção
e você tomou Sat-chit-ananda* como sua primeira forma.
O mundo é a sua mente
e Tudo brota do seu Coração.

Aqui e Agora é o seu coração.
Como Amor você aceita a caverna desse Coração
de onde todo tempo e espaço surgem.

Você é o Interior que não está nem dentro nem fora.
A mente não chegando a lugar algum está Dentro,
nenhuma parede está Dentro.
Você é a Existência em todos os átomos,
conheça isso e você será Felicidade.

Você é o Vazio, a Substância Suprema:
remover o Vazio do Vazio deixa apenas o Vazio, pois não há nada além Dele.
Tudo surge, dança ao redor e retorna a Isso.
Assim como o Oceano se torna uma onda para dançar
assim você é esse Vazio dançante!
Nada está fora desse Vazio e portanto Ele é a Totalidade.
O Vazio está entre o é e o não é.
Para ser Livre você precisa da firme convicção
de que você é esse Substrato, essa Paz, esse Vazio.

Você é aquilo onde todos os acontecimentos acontecem.
O que acontece, deve acontecer; assim, permaneça indiferente como Paz.
Seja Pacífico e essa Paz se espalhará.
O que surge da Paz é Paz
e o que surge da confusão é confusão.
Então Seja a Paz e dê isso ao Universo.
É tudo o que você deve fazer.
Mesmo pensar “eu sou Paz” perturba essa Paz.
Então apenas fique quieto; Seja como você é.

Você é “Sendo”, não “tendo Sido”,
não “seria”, mas “Sendo”.
Você é a Atemporalidade na qual nenhuma morte pode entrar
pois onde não há nenhum tempo, não há nenhuma morte.
Essa Atemporalidade é Agora e Isso é Ser.

O Ser está sempre brilhando. EU SOU é a Luz do Ser.
Esse Diamante não pode se esconder e não pode nunca ser escondido.
Quando não há mente, a face brilha de Beleza e Inocência.
Apenas simplesmente fique sossegado; apenas seja o que você é.


Sri H. W. L. Poonja (Papaji)






*Sat-chit-ananda:
Sat: O aspecto transcendental do Princípio Último em atividade.
Chit: Consciência Universal.
Ananda: Êxtase.



Formam uma trindade: existência, consciência e êxtase.

Gayatri Mantra




ॐ भूर्भुवस्व: | तत् सवितूर्वरेण्यम् | भर्गो देवस्य धीमहि | धियो यो न: प्रचोदयात्


OM BHUR BHUVAH SVAH

TAT SAVITUR VARENYAM

BHARGO DEVASYA DHIMAHI

DHIYO YONAH PRACHODAYAT




O Gayatri Mantra é o mais poderoso mantra dos Vedas. É devotado à deusa Gayatri (Mãe dos Vedas) e foi criado para receber as vibrações solares que nos trazem vigor e entusiasmo. Recomenda-se que ele seja cantado pela manhã, durante ou um pouco após o nascer do sol.

Nunca abandonem o Gayatri; vocês podem deixar ou ignorar qualquer outro mantra, mas vocês deveriam recitar o Gayatri pelo menos algumas vezes durante o dia. Ele os protegerá dos perigos onde quer que vocês estejam – viajando, trabalhando ou em casa. Os ocidentais investigaram as vibrações produzidas por este mantra e descobriram que quando ele é recitado com a pronúncia correta, como estabelecido nos Vedas, a atmosfera ao redor torna-se visivelmente iluminada. Assim, o resplendor de Brahma descerá sobre vocês, animará os seus intelectos e iluminará o seu caminho quando este mantra for entoado. Gayatri é a Mãe, a força que anima toda a vida. Portanto, dele não se descuide nunca." (SAI BABA)



BENEFÍCIOS DO MANTRA GAYATRI

O mantra Gayatri traz a sabedoria divina para aqueles o entoam com devoção e constância. A sabedoria e a direção divina são coisas muito importantes para pedirmos a Deus. Todos os problemas, sofrimentos, doenças, miséria, todas as barreiras, podem ser vencidas ao conquistarmos a sabedoria que é com certeza, divina. A sabedoria está no plano espiritual e este mantra é uma das mais fantásticas chaves para conquistar este poder.

Este mantra utiliza o poder do chakra da garganta para ativar o chakra da coroa. Esse efeito, nos traz mais do que sabedoria, traz-nos a capacidades de atuarmos mais como Alfa e menos como Ômega.

Se almejamos a ascensão nesta vida, precisamos atuar como Alfa, levando o fogo transmutador de Deus Pai, à todos os lugares onde estivermos.

Estamos habituados a querer, querer e querer o tempo todo. A energia ômega busca sempre receber e a Alfa, dar.

A Terra está poluída demais e atuar como ômega o tempo todo é algo muito ruim, perigoso e negativo. Este mantra nos ajuda a deixar de ser um buraco negro que a tudo busca dominar e controlar, para sermos um SOL que a tudo ilumina e dá a vida contínua.

Só há um meio de nos tornarmos Alfa como o Sol, e é sendo ômega para sua energia. Precisamos nos ligar nesta energia solar e enchermo-nos dela, a ponto de explodirmos nossa luz etérea, para todos os lados, iluminando todos ao nosso redor.

O mantra Gayatri Significa: "Imploramos ao grande e adorado Surya, pela manifestação em nossas vidas do fogo da vontade divina, o fogo da iluminação cristica, que consome toda a ignorância. Meditamos nesta Luz de inspiração cósmica, que vêm de Deus, para que possamos seguir o caminho correto do nosso plano divino, com o grande despertar da nossa consciência no Grande Um.”
Assim como o Sol acaba com a escuridão, também o mantra Gayatri destrói a ignorância. Este mantra magnetiza o poder e a radiação do Sol para a vida terrena, para nos livrar de nossos pecados e revelar a Suprema Luz do EU SOU O QUE EU SOU em nossas vidas.


Seja agora mais um SOL a iluminar esta Terra tão sofrida, e você verá a diferença que fará a todos os que o rodeiam.

sexta-feira, 10 de outubro de 2008

Alem da ganancia


Sempre que as pessoas se tornam gananciosas, elas ficam bem apressadas, e tentam encontrar meios de ir mais rápido. Estão sempre correndo pois acreditam que a vida está se esgotando. São essas as pessoas que dizem, "tempo é dinheiro."
Tempo é dinheiro? Dinheiro é muito limitado; o tempo é ilimitado. Tempo não é dinheiro, tempo é a eternidade. Sempre foi e sempre será. E você sempre esteve aqui e sempre estará aqui.
Então abandone a ambição e não se incomode com o resultado. Às vezes acontece que, devido a sua impaciência, você perde muitas coisas.


O homem fica completo se estiver em sintonia com o universo; caso contrário estará vazio, completamente vazio. E dessa vacuidade procede a ganância. A ganância serve para preencher esse vazio – com dinheiro, com casas, com mobília, com amigos, com amantes, com qualquer coisa – pois ninguém pode viver vazio. Isso é horrível, é uma vida fantasma. Se você estiver vazio e nada houver dentro de você, fica impossível viver.
Para ter a sensação de plenitude, só há dois caminhos; ou você entra em sintonia com o universo... Assim você fica preenchido pelo todo, com todas as flores e estrelas. Elas estão dentro de você assim como estão fora de você. Essa é a verdadeira plenitude. Mas se não fizer isso – e milhões de pessoas não estão fazendo isso – então o mais fácil é preencher o vazio com qualquer porcaria.
Ambição simplesmente significa que você está sentindo um vazio profundo e você quer preenchê-lo com o que for possível, não importa o que seja. E uma vez que você compreende isso, então você nada mais tem a ver com a ambição. Você tem algo a ver com vir para uma comunhão com o todo, assim a vacuidade interior desaparece. E com isso, toda ganância desaparece.
Mas há pessoas loucas por todo o mundo, e elas estão colecionando coisas para preencher a vacuidade delas. Há quem esteja acumulando dinheiro embora nunca o utilize. Há os que comem compulsivamente; e ainda que não sintam fome continuam a engolir. Sabem que isso irá criar sofrimento, que ficarão doentes, mas não conseguem parar. Essa comilança também é uma forma de preenchimento.
Portanto, pode haver muitas maneiras de preencher o vazio, embora este nunca seja preenchido – permanece vazio, e você permanece miserável, pois nunca há o bastante. Mais é necessário, e esse mais e a exigência por mais é infinita.
Você precisa entender a vacuidade que você está tentando preencher, e faça a pergunta, “Porque estou vazio? A existência é tão plena, porque me sinto vazio? Talvez tenha perdido o rumo – não esteja mais movendo-me na mesma direção, não seja mais existencial. Essa é a causa da minha vacuidade.”
Então siga a existência.
Relaxe, e aproxime-se da existência em silêncio e paz, em meditação. E um dia você irá perceber que estará pleno – abundante, transbordante – de alegria, de êxtase, de bem-aventurança. Você estará tão pleno desses sentimentos que poderá distribuí-los para o mundo inteiro e ainda assim não se sentirá cansado.
Nesse dia, pela primeira vez você não terá qualquer ambição – por dinheiro, por comida, ou por qualquer outra coisa.
Você viverá naturalmente, e encontrará tudo que você precisar.

Amar significa abandonar fronteiras territoriais - (Osho)


Essa linha invisível precisa desaparecer, daí surgir o medo, porque essa é nossa herança animal. Por isso, quando você está em um estado amoroso da mente, você vai além da herança animal. Pela primeira vez você se torna humano, realmente humano.

Se você realmente deseja viver uma vida rica, preenchida, imensamente vibrante, não há outra maneira, exceto abandonar as fronteiras. A única maneira é estabelecer cada vez mais contato com as pessoas. Permita que mais e mais pessoas invadam o seu ser, permita que mais e mais pessoas entrem em você.

Podemos nos machucar - esse é o medo -, mas é um risco que precisa ser assumido, vale a pena. Se você se proteger por toda a sua vida e ninguém tiver permissão de estar próximo a você, qual é o sentido de estar vivo? Você estará morto antes de morrer. Você absolutamente não viverá. Seria como se você nunca tivesse existido, porque não há outra vida além do convívio. Assim, é preciso correr o risco.

Todos os seres humanos são como você. Essencialmente o coração humano é o mesmo. Portanto, permita que as pessoas se aproximem. Se você permitir, elas permitirão que você se aproxime delas. Quando essas fronteiras deixam de existir, o amor acontece.

quinta-feira, 9 de outubro de 2008

IN LAKE’CH – EU SOU O OUTRO VOCÊ

“Sejas humilde, se queres adquirir a Sabedoria. Sejas mais humilde ainda, quando houveres te assenhoreado da Sabedoria. Sejas como o Oceano que recebe todos os rios e riachos. A imensa calma do Oceano permanece inalterada; ele não os sente. Refreia teu eu inferior com o teu Eu Divino. Refreia teu Eu Divino com o Eterno”.
(H.P. Blavatsky – A Voz do Silêncio)

Barco Vazio - Chuang Tsé

"Quem dirige os outros, acaba confuso.
E quem se deixa dirigir, vive triste.
O ideal é não desejarmos influenciar os outros
Nem nos deixarmos influenciar por eles.
E viver com o Tao, na terra do grande Vazio.

Mesmo que tenha muito mau feitio,
um homem que atravessa um rio num barco
não se zanga se um barco vazio colidir com o seu.
Mas, se nesse barco estiver alguém,
Vai-lhe gritar que vire o leme.
E gritará outra vez se o grito não for ouvido
E começará a praguejar.

Porque há alguém dentro do barco.
Se o barco estivesse vazio,
Não gritaria nem ficaria zangado.

Se conseguirmos esvaziar o nosso barco,
Ao atravessar o rio do mundo,
Ninguém se nos oporá.
Ninguém nos tentará fazer mal."

terça-feira, 7 de outubro de 2008

Caetano Veloso - Canto de um povo de um lugar

Sathya Sai Baba (1° Discurso do Mahashivaratri - A Grande Noite de Shiva - Local: Prashanti Nilayam - Data: 12/03/02)

Manifestações do Eu Superior Divino!
Nunca dêem espaço para os sentimentos de "eu" e "meu". Primeiro, conheçam a si mesmos. Perguntem a si mesmos: "Quem sou eu?" Uma vez que saibam quem verdadeiramente são, irão perceber a unidade de todos. Uma vez que percebam que são a personificação do Eu Superior, irão verificar que todos os outros também são a personificação d’Ele. Entretanto, em sua vida diária, é difícil reconhecer essa igualdade baseada na profissão.
O que é espiritualidade? Eliminar as qualidades animais e elevar-se ao nível do Divino constitui a verdadeira espiritualidade. Espiritualidade (Adhyatmikam) refere-se a eterno (Adhi) e Eu Superior (Atmã). Portanto, a verdadeira espiritualidade é aquela que se relaciona ao Eu Superior eterno. Reconhecer o fato de que Eu e vocês somos um é a verdadeira espiritualidade. Quando Dharmaraja ofereceu a Krishna a primeira oferenda (Agratambulam), o perverso Sisupala sentiu que Krishna não a merecia. Ele ofendeu incansavelmente Krishna e disse: "Você pensa que merece essa honra porque roubou os sáris das pastorinhas quando elas estavam tomando banho ou Você pensa que merece isso porque brincou com elas? Pare com esse auto-engrandecimento e cale-se!” (Poema em télugu). Krishna, sorridente, respondeu: "Sim, você está certo, você fala verdadeiramente". Dharmaraja sentiu-se profundamente ofendido e caiu aos pés de Krishna e disse: "Ó Senhor! Como Você continua a sorrir em face dessa dura critica? Você pode estar sorrindo, mas eu estou derramando lágrimas de sofrimento." Então Krishna respondeu: "Dharmaraja, o elogio ou a culpa relacionam-se ao corpo, não ao Eu Superior. Por que alguém deve se sentir deprimido quando é criticado e enaltecido quando elogiado? De fato, criticamos nosso próprio corpo porque ele dá espaço para várias doenças e nos faz sofrer. Portanto, entenda que qualquer um que criticar seu corpo, está, de fato, prestando-lhe um favor". Dharmaraja ficou imensamente satisfeito com a resposta de Krishna e disse: "Porque há poucos mestres como este, as pessoas são afligidas pela ignorância". E sobre Duryodhana? Ele não era um ignorante. Mas, a despeito de seu conhecimento de tudo (sobre o certo e o errado), ele caiu no caminho da ignorância. Ele também pediu a Dharmaraja para manter sua boca fechada.
O que é silêncio? Vocês nunca devem falar mal dos outros. “A contenda não surge do silêncio”. Cumprimentem aqueles que os ofendem. Não devolvam ofensa com ofensa. Se agirem do mesmo modo que seu oponente, como poderão se tornar maiores? Enquanto dizem que o outro está agindo de modo errado, vocês estarão certos se agirem do mesmo modo? Nunca ajam dessa maneira. Deixem aqueles que cometem a ofensa continuar seu comportamento ofensivo. Vocês nunca devem reagir. Anseiem pelo bem de todos. Nossa oração diária é “Que todos os seres do mundo sejam felizes!” Quando todos estão felizes, vocês estão incluídos. Nós oramos para o bem, a riqueza e a saúde de todos. Nunca desejem a má sorte de qualquer pessoa. Não há lugar para o ódio nesse mundo. Todos são amigos. Se vocês persistirem nesse caminho, desejando o bem para todos, orando por sua prosperidade, vocês se tornam um ideal para o mundo inteiro. Vocês nasceram nesse mundo apenas para esse ideal. Há um propósito por trás da criação de cada indivíduo. É por isso que Deus os criou. E para isso, vocês foram presenteados com a capacidade de amar. Ajam de acordo com sua consciência. Consagrem Deus em cada ação de vocês.

A forma continua mudando, mas o espírito permanece inalterado - (Sathya Sai Baba)

"Suponha que haja um prato, um copo e uma colher feitos de prata. Seus nomes e suas formas são diferentes, mas a prata é comum a todos eles. Os nomes e as formas mudam, mas a prata permanece inalterada. Do mesmo modo, uma criança torna-se um rapaz, depois um homem e, mais tarde, um idoso. A forma continua mudando, mas o espírito permanece inalterado. Não deposite sua fé no corpo, que muda constantemente. O corpo é como uma bolha de água; a mente é como um macaco louco. Não siga o corpo, não siga a mente. Siga a consciência. A consciência é o Atma (Ser Superior). Tenha fé total no Atma. Você está destinado a enfrentar problemas se confiar no corpo, na mente e nos sentidos. No entanto, enquanto viver neste mundo, você precisa cumprir seus deveres usando seu corpo e sua mente como instrumentos."

"Santifique todos os membros do corpo por meio da atividade altruísta. Mas não é fácil praticá-la, porque há sempre algum interesse pessoal em qualquer coisa que o homem faça. O interesse pessoal também é necessário, mas ele deveria ter certos limites. Deus é o oceano da bem-aventurança. A quantidade de água que você pode pegar do oceano depende do tamanho da sua vasilha. Se quiser conseguir mais bem-aventurança do oceano da bem-aventurança - ou seja, Deus -, você precisa aumentar o tamanho do recipiente, o que significa cultivar o amor expansivo. Amor expansivo é vida e amor limitado é morte. Nutra o amor em você e o compartilhe com os outros. Tudo que você fizer, faça para satisfazer Deus. Somente então você encontrará realização em seu trabalho. Todas as suas ações deveriam ser benéficas aos outros. Somente então você pode obter a amizade de Deus."

sexta-feira, 3 de outubro de 2008

O MESTRE É UM ESPELHO VAZIO - (Osho)


"Eu sou quem quer que você pense que eu sou, porque isso depende de você.
Se você olhar para mim num vazio total, eu serei de uma maneira.
Se olhar para mim com idéias na mente, essas idéias vão me colorir.
Se se aproximar de mim com preconceito, então serei de outra maneira.
Eu sou apenas um espelho. A sua face será refletida nele.
Assim, depende da maneira como me olha.
Eu desapareci completamente; portanto, não posso impor a você quem sou.
Nada tenho para impor.
Existe apenas um vácuo, um espelho.
Agora você tem completa liberdade.
Se quiser realmente saber quem sou, você precisa estar tão absolutamente vazio quanto eu.
Desse modo, dois espelhos estarão um diante do outro, e só o vazio será refletido.
Um vazio infinito será refletido: dois espelhos se olhando.
Mas se existir em você alguma idéia, então você verá sua própria idéia em mim."

Reconhecimento - "O mestre, o jardineiro e o hóspede"


O anseio da mente é de ser extraordinária. O ego tem sede e fome para que reconheçam que você é alguém. Alguém que realizará esse sonho através da riqueza, ou alguém que realizará o sonho através do poder, ou da política. Pode ser alguém que realizará o sonho através de milagres, de truques, não importa, pois o sonho permanece o mesmo: "É insuportável ser ninguém."

E este é o milagre, quando você aceita sua nulidade, quando você se torna tão comum quanto todos os outros, quando você não quer mais nenhum reconhecimento, quando puder existir como se não existisse. Estar ausente é o milagre.

Essa história é linda, uma das anedotas mais belas do Zen. Bankei é um dos Mestres supremos. Mas também era um homem comum.

Certo dia, Bankei estava trabalhando em seu jardim. Um buscador apareceu, um homem em busca de um Mestre, aproximou-se e perguntou a Bankei, “Jardineiro, onde está o Mestre?”

Bankei sorriu e disse, “Espere. Passe por essa porta, e lá dentro você achará o Mestre.”

Então o homem deu a volta e entrou. Encontrou Bankei sentado num trono, o mesmo homem que ele viu cuidando do jardim. O jovem perguntou, “Você está brincando? Desça desse trono. Isso é sacrilégio! você não tem respeito pelo Mestre.”

Bankei desceu, sentou-se no chão, e disse, “Assim você torna as coisas difíceis. Agora você não irá encontrar o mestre aqui, pois eu sou o mestre.”

Era difícil para esse homem entender que um grande mestre podia trabalhar no jardim, podia ser uma pessoa comum. Ele foi embora, pois não podia acreditar que aquele homem era o mestre, ele não entendeu.

Todos temem ser ninguém. Somente pessoas raras e extraordinárias não temem ser ninguém – um Gautama Buddha, um Bankei. Um ninguém não é um fenômeno comum; é uma das grandes experiências da vida – o fato de que você é, mas ainda assim não é. Que você é pura existência sem nome, sem endereço, sem fronteiras. Nem pecador nem santo, nem inferior nem superior, apenas um silêncio.

Pessoas estão com medo disso porque toda a personalidade delas terá então desaparecido; nome, fama, respeitabilidade, tudo se vai; daí, o medo. Mas a morte vai tirá-las de você de qualquer forma. Aqueles que são sensatos permitem que essas coisas caiam por si mesmo. Assim nada resta para a morte levar. Depois todos os medos desaparecem, pois a morte não pode acontecer a você; já que nada terá restado para ela. A morte não pode matar um ninguém.

Uma vez que você sente essa anulação do ser, você se torna imortal. A experiência de anular o seu ser, de ser ninguém, é o sentido exato do nirvana, do nada, do silêncio absoluto e imperturbável, sem ego, sem personalidade, sem nenhuma hipocrisia. Apenas silêncio - e a sinfonia dos insetos no meio da noite.

Você está aqui de certa forma, e ainda assim não está.

Você está aqui devido a velha associação com o corpo, mas olhe para dentro e verá que não está. E esse insight, essa percepção, onde há puro silêncio e puro estado-de-ser, isso é sua realidade, que a morte não pode destruir. Essa é sua eternidade, sua imortalidade.

Não há nada a temer. Não há nada a perder. E se você acha que perdeu algo – nome, respeitabilidade, fama – estes são sem valor. Estes são brinquedos de crianças, não servem para pessoas maduras. É hora de você amadurecer, hora de você apenas ser.

Seu ser-alguém é tão pequeno. Quanto mais alguém você for, menor é; quanto mais ninguém você for, maior você é. Seja absolutamente ninguém, e você será um com a própria existência.

Brincadeira - (Taro da Transformacao - Osho)


O desafio de Krishna à Arjuna

"Sua mente brinca infinitamente - tudo é como um sonho em um quarto vazio. Ao meditar, você deve olhar para a mente e vê-la fazendo suas travessuras, como uma criança brincando e saltitando pelo puro excesso de energia. É só isso: pensamentos pulando, saltitando, brincando, apenas um jogo, você não deve levar isso à sério. Mesmo se houver algum pensamento ruim, não se sinta culpado. Ou, se houver um grande pensamento, um pensamento muito bom - se você desejar servir à humanidade e transformar o mundo inteiro, trazer o paraíso à terra - não deixe que seu ego seja tomado por ele, não pense que você se tornou grandioso. É apenas sua mente brincando. Algumas vezes ela desce, outras ela sobe, nada mais que energia em excesso tomando muitas formas e faces.

A dimensão da brincadeira deve ser estendida a toda sua vida. Seja o que for que esteja fazendo, esteja presente nesta atividade tão completamente que seu objetivo se torne irrelevante. O objetivo será atingido, tem que ser, mas não deve estar presente em sua mente. Você está brincando, divertindo-se.
É isso que Krishna quis dizer - durante o Mahabharata, a grande guerra cujas crônicas estão no Gita - quando ele disse a seu discípulo Arjuna que deixasse o futuro nas mãos do divino: "O resultado de sua atividade está nas mãos do divino, você simplesmente faz." Este "Simplesmente fazer" se torna uma brincadeira. Foi por isso que Arjuna teve dificuldade em compreender, quando ele diz que, se é apenas uma brincadeira, então por que matar, por que lutar? Mas toda a vida de Krishna é somente uma brincadeira, você não encontrará outro homem que tenha sido tão pouco sério. Toda sua vida é uma brincadeira, um jogo, uma peça. Ele está aproveitando tudo intensamente mas não está preocupado com o resultado. O que irá acontecer é irrelevante.
É difícil para Arjuna entender Krishna porque Arjuna é uma pessoa calculista, que pensa em termos de resultado final. No início do Gita, ele diz: "Tudo isso me parece absurdo. Em ambos os lados meus amigos e parentes estão prontos para lutar. Não importa quem vença, será uma perda porque minha família, meus parentes, meus amigos terão sido destruídos. Mesmo que eu vença, de nada valerá, pois para quem irei mostrar minha vitória? As vitórias fazem sentido porque os amigos e parentes poderão desfrutá-las. Mas, se não houver ninguém, será uma vitoria sobre corpos mortos. Quem irá apreciá-la? Quem irá dizer 'Arjuna, seus feitos foram grandiosos'? Então não importa se eu vencer ou for derrotado, me parece absurdo. Não há sentido nisso." Ele deseja renunciar. Ele é absolutamente sério, e qualquer um que seja calculista será tão sério quanto ele.
O que ocorre no Gita é algo singular. A guerra é a mais séria das coisas. Não se pode brincar a respeito dela, porque há vidas em jogo, milhões de vidas em jogo, e não há como brincar com isso. Ainda assim, Krishna insiste que é preciso ser brincalhão. Não sobre o que irá acontecer no final, apenas esteja aqui e agora. Seja apenas um guerreiro, brincando. Não se preocupe com o resultado porque ele está nas mãos do divino. E não se trata nem mesmo de questionar se o resultado está nas mãos do divino ou não - a questão é que não deve estar nas suas mãos, o peso não deve recair sobre você. Se você carregar esse peso, então não poderá viver em meditação."

A arte da entrega - (Osho)


“... A mente está sempre em conflito com uma coisa ou outra; ela precisa de conflito para existir. Ela só consegue existir no conflito e através do conflito. Ela é uma guerra constante, ela é violência. Ou ela briga com os outros ou começa a brigar consigo mesma, mas uma coisa é certa, ela não consegue existir sem briga. Isso é a sua própria respiração.
No momento em que você pára de brigar, a mente começa a desaparecer naturalmente, e o desaparecimento da mente é o aparecimento de Deus. O desaparecimento da mente é o desaparecimento de você enquanto entidade separada do todo. Então o todo toma posse de você, você fica inundado pelo todo. E essa experiência de estar inundado pelo todo é a busca. Chame isso de satori, samadhi, iluminação, realização, libertação, salvação – estas são somente palavras, elas apenas descrevem aspectos da experiência. Na verdade, nenhuma palavra consegue descrever a experiência, ela está além das palavras! Ela é um sabor, um gosto.
Nós podemos nomear um sabor, mas não conseguimos descrevê-lo. Por exemplo, baunilha: você pode nomear, mas não consegue descrever. É uma experiência e o nome é apenas um indicador. O mesmo acontece com o samadhi, com iluminação, Deus; esses são apenas nomes dados para alguma experiência tremenda – a experiência em que o experienciador não está mais ali. É por isso que ela é tremenda, porque ela não está confinada por qualquer limitação. Não existe observador algum nela, nenhum conhecedor nela. Ela é puro conhecer, é total experiência; o próprio experienciador se dissolveu nela.
E o caminho para isso é a entrega. Pare de brigar. E para parar de brigar, apenas uma compreensão é necessária, porque isso cria miséria, nunca traz felicidade. Por isso, parar não é um problema. O único problema é compreender como nós estamos criando a nossa própria miséria. O ego é um auto-criador de inferno. A mente é nossa própria criação e ela é um pesadelo, um constante pesadelo em andamento.
Quando a mente não está mais ali, pela primeira vez se percebe o quanto a vida é bela, quanta bênção. Daí começa a celebração. Aprenda a estar no estado de deixar as coisas acontecerem.”

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Somos uma só alma - (Rumi)

"Sofreste em excesso
por tua ignorância,
carregaste teus trapos
para um lado e para outro,
agora fica aqui.

Na verdade,
somos uma só alma, tu e eu.
Nos mostramos e nos escondemos tu em mim, eu em ti.
Eis aqui o sentido profundo de minha relação contigo,
Porque não existe, entre tu e eu, nem eu, nem tu."

quarta-feira, 1 de outubro de 2008

Ao Mestre com Carinho - AMOR E GRATIDÃO ETERNA!


Sri Ramana Maharshi ensinava que nós já somos o Eu Real, o ilimitado oceano de Ser-Consciência-Beatitude; que a iluminação está sempre presente em todos, agora mesmo, sendo que apenas a nossa ilusão de sermos uma alma individual (jiva), ou um ego, é que obscurece a consciência do nosso verdadeiro estado. Bhagavan apontava, assim, que todo o esforço espiritual é direcionado não para alcançar a Realização – pois esta já está perenemente presente – mas sim para afastar todos os obstáculos à percepção do nosso Ser.

Siga a sua natureza - (Osho)


Veja o falso como falso, o verdadeiro como verdadeiro.Olhe para o seu coração. Siga a sua natureza (Buda)
"Esta é uma das mais belas declarações: 'Olhe para o seu coração. Siga a sua natureza'.
Buda não está dizendo, siga as escrituras. Ele não está dizendo, siga-me. Ele não está dizendo, siga certas regras de conduta. Ele não está ensinando a você qualquer moralidade. Ele não está tentando criar um certo caráter em você, porque todo caráter é uma bela cela de uma prisão. Ele não está dando a você um certo caminho para viver. Ao invés disso, ele está lhe dando coragem para seguir a sua própria natureza. Ele quer que você seja corajoso o bastante para ouvir o seu próprio coração e seguir, de acordo com ele.
'Siga a sua natureza' quer dizer: flua com você mesmo. Você é a escritura... e escondido lá no fundo de você ainda está uma pequena voz. Se você se tornar silencioso, você será guiado por ela.
O Mestre tem apenas que tornar você consciente de seu Mestre interior. Aí a sua função estará completa. Aí ele poderá deixar você consigo mesmo, ele poderá mandar você de volta para você mesmo. A proposta de um Mestre não é escravizar um discípulo, a proposta de um Mestre é libertá-lo, é lhe dar total liberdade. E essa é a única possibilidade de se atingir a liberdade total: 'Siga a sua natureza'.
Por 'natureza', Buda quer dizer Dhamma. Assim como é da natureza da água fluir para baixo e é da natureza do fogo se expandir para o alto, assim existe uma certa natureza escondida dentro de você. Se todos os condicionamentos que foram impostos a você pela sociedade forem removidos, de repente você irá descobrir a sua natureza.
A sua natureza é tornar-se Deus. Ais Dhammo sanantano - essa é a lei eterna e inesgotável: sua natureza é tornar-se Deus.
O homem é um Deus em potencial, um bodhisattva. O significado do homem é tornar-se Deus. Menos do que isso não irá satisfazer você, menos do que isso não terá utilidade. Você pode ter todo o dinheiro do mundo, todo o poder, todo o prestígio possível, e ainda assim você permanecerá vazio.A não ser que a sua natureza divina floresça, abra os seus botões, a não ser que você se torne um lótus, mil pétalas de lótus, a não ser que a sua divindade seja revelada a você, você nunca estará satisfeito.Ao homem religioso comum é dito para que permaneça satisfeito e contente, em qualquer que seja a situação. Os chamados santos religiosos seguem ensinando às pessoas: 'fique satisfeito'. A satisfação é um de seus ensinamentos fundamentais. Esse não é o caminho dos verdadeiros Mestres.
O Mestre verdadeiro cria o descontentamento em você, um tal descontentamento que nada neste mundo poderá satisfazê-lo. Ele cria um tal anseio em você, que a não ser que você alcance o máximo, você irá permanecer sem fogo, sem chama. Ele cria dor em seu coração, ele cria angústia...porque a vida está escorregando a todo momento, e cada momento que se foi, se foi para sempre, e você ainda não alcançou Deus e mais um dia já se passou.
Ele cria um tal anseio profundo em você, uma tal dor em seu coração! Ele cria lágrimas em seus olhos, porque somente através desse divino descontentamento, você irá se mover, você dará o salto quântico, o salto maior em direção ao desconhecido. Somente através desse divino descontentamento é que você reunirá todas as suas energias e se arriscará, indo até a aventura maior que é descobrir quem você é.
Siga a sua própria natureza. A sua natureza é a consciência. Mas os padres disseram a você: siga certas regras de conduta, os Dez Mandamentos, siga certos princípios, não a sua natureza. Os padres têm muito medo da sua natureza, porque se você seguir a sua natureza você irá sair de seu controle, você não será mais um escravo. Você não irá mais às igrejas, aos templos e aos mosteiros, e você não irá mais ouvir seus estúpidos padres, políticos, os chamados líderes. Eu digo que eles são os 'chamados líderes' porque o que na verdade está acontecendo é que pessoas cegas estão guiando pessoas cegas.
Se você ouvir à sua própria natureza, você não irá ouvi-los mais. Se você conhecer a sua própria voz interior, você se tornará livre. Então, a sua voz interior tem que ser esmagada, destruída, completamente destruída, ou pelo menos distorcida de tal maneira que mesmo se você ouvi-la, você não poderá entendê-la. E eles têm sido bem sucedidos. A não ser que você lute arduamente contra eles, não haverá possibilidade de sucesso. A exploração deles é tão velha, a opressão deles é tão antiga, as estratégias deles são tão espertas... e eles têm um poder infinito em suas mãos. E quem é você individualmente contra eles?
Mas se você for para dentro, se você ouvir o seu coração, você irá alcançar um tal poder que nenhum poder na Terra poderá escravizá-lo de novo.
Siga a sua natureza. Mas como seguir a sua natureza, se você não sabe o que ela é? E não lhe é permitido saber o que ela é! Você recebeu instruções precisas sobre o que fazer: o que comer, quando levantar-se de manhã, quando ir para a cama...Você recebeu instruções precisas. Aquelas instruções, se seguidas, fazem de você um escravo. Se não seguidas, fazem de você um criminoso. Se seguidas, você se torna um santo, mas um escravo. As pessoas irão adorá-lo, respeitá-lo, mas todo esse respeito é um entendimento mútuo: 'Se você seguir as nossas instruções, nós respeitaremos você. Se você não seguir, você irá para a prisão.'
Ou você se tornará espiritualmente um escravo ou fisicamente um prisioneiro: essas são as duas alternativas que a sociedade dá a você. E isso nunca permite a você se tornar consciente de que existe dentro de você uma fonte de infinita orientação e direcionamento. E é de lá que Deus fala.
Deus ainda fala, ele não parou de falar. Ele não é parcial. Não é que ele tenha falado a Maomé e a Moisés e que ele não fala a você. Ele está falando a você tanto quanto ele falou para Maomé. A única diferença é que Maomé estava pronto para ouvi-lo e você não está pronto para ouvi-lo. Maomé estava disponível e você não está disponível.
Tornar-se disponível à sua própria natureza interior é o que eu chamo de meditação.
Lembre-se dessas duas palavras. O caráter é uma invenção dos políticos e dos padres, é uma conspiração contra você. A consciência é a sua natureza. Sim, o homem de consciência tem um certo caráter, mas esse caráter segue a sua natureza. Não lhe foi imposto por alguém, esse caráter é a sua própria decisão. E ele não está preso a esse caráter, ele está totalmente livre para mudá-lo a qualquer momento. As circunstâncias mudam, a sua consciência lhe dá diferentes direções e ele muda o seu caráter.
O homem de caráter, o 'chamado homem de caráter', está preso. Mesmo se as circunstâncias mudarem ele segue repetindo o mesmo caráter, mesmo que não seja mais relevante, mesmo que não seja mais adequado. O contexto no qual ele tinha um significado desapareceu, mas ele segue repetindo as mesmas tolices. Ele é como um papagaio. Ele é uma máquina: ele não responde, ele simplesmente reage.
Um homem de consciência responde e suas respostas são espontâneas. Ele é como um espelho. Ele reflete tudo aquilo que se confronta com ele. E a partir dessa espontaneidade, a partir dessa consciência, um novo tipo de ação surge. Essa ação nunca cria qualquer escravidão, qualquer carma. Essa ação liberta você. Você alcança a liberdade se você ouvir a sua natureza.
Mas esse simples conselho parece ser muito difícil para as pessoas. Ele deveria ser a coisa mais simples do mundo. Cada criança nasce seguindo sua natureza, mas na medida em que você cresce, pouco a pouco você vai perdendo o contato com ela. Você é forçado a perder o contato com ela. O contato pode ser recuperado, ele pode ser redescoberto. Anos mais tarde, quando você tiver se tornado uma pessoa culta, preso dentro de um certo caráter, completamente cego para com seu coração e sua natureza, você começa a formular muitas perguntas.
Outro dia, o Prem Vijen perguntou: 'Osho, o que você quer dizer quando você diz Vá para dentro?'
Uma declaração tão simples, 'Vá para dentro', e você me pergunta 'o que eu quero dizer com ela?' Você não consegue entender estas simples palavras, 'vá para dentro'? Eu sei que você conhece as palavras, mas ir para dentro tornou-se muito difícil porque você só aprendeu como ir para fora. Você só pode ir para fora, você só sabe como ir, se for para fora.A sua consciência está voltada para os outros, ela esqueceu o caminho para ela mesma. Você segue batendo na porta dos outros e sempre que é dito a você, 'vá para casa' você diz: ' Osho, o que você quer dizer com ir para casa?' Você só conhece as casas dos outros, você não conhece o seu próprio lar. E você está carregando esse lar dentro de você. Você foi forçado a ser extrovertido. Você tem que aprender de novo o caminho de ir para dentro.
Soren Kierkegaard disse: 'Religião significa ir para dentro', ir para a sua própria interioridade. Mas as simples palavras 'ir para dentro' tornaram-se tão difíceis de entender. A mente conhece apenas como ir para fora, e nela não há qualquer marcha a ré....
Eu estou ensinando a você aqui que a marcha a ré está aí, embutida, você apenas se esqueceu dela. Você sabe como ir para fora. Ninguém pergunta 'O que você quer dizer quando diz 'vá para fora'?'. Mas todo mundo quer perguntar 'O que você quer dizer quando diz 'vá para dentro'?'. Simples palavras!
Pensar é ir para fora e não pensar é ir para dentro. Pense e você já começou a se mover para fora de si mesmo. O pensamento é a maneira de levar você para longe. O pensamento é um projeto. Não-pensamento... e de repente você está dentro. Sem pensamento você não pode ir para fora, sem desejo você não pode ir para fora. Você precisa do combustível do desejo e do veículo do pensamento para ir para fora.
Sentando-se silenciosamente, nada fazendo... nem mesmo pensando, nem mesmo desejando... e onde você estará?
Ir para dentro não é verdadeiramente ir para dentro. É simplesmente parar de ir para fora... e de repente você encontra a si mesmo dentro.
Prem Vijen, você não precisa ir para dentro porque se você for, você irá sempre para fora. Ir significa ir para fora. Pare de ir! Pare de ir a qualquer lugar! Você consegue sentar-se silenciosamente sem ir a qualquer lugar? Sim, fisicamente você pode sentar-se, isso não é muito difícil. Você pode aprender uma postura de yoga e você pode fazer de seu corpo quase uma estátua, mas o problema é: o que você está fazendo do lado de dentro? Desejos, pensamentos, memórias, imaginação, todos os tipos de projetos? Pare com eles também.
Como parar com eles? Simplesmente torne-se indiferente a eles, despreocupado. Mesmo que eles estejam ali, não dê atenção a eles. Mesmo que eles estejam ali, não lhes dê qualquer importância. Mesmo que eles estejam ali, deixe-os estar. Sente-se silenciosamente do lado de dentro, observando. Lembre-se dessa palavra: observando, testemunhando, simplesmente estando alerta.
E na medida em que esse observar cresce, se torna mais profundo, a mesma energia que estava se tornando desejos, pensamentos, memórias e imaginação, essa mesma energia é absorvida em nova profundidade. A mesma energia é usada por esse aprofundamento interno. E você saberá o que quero dizer quando digo 'Vá para dentro'.
Não comece a procurar nos dicionários ou na Enciclopédia Britânica. Não é uma questão de palavras. Palavras são simples para compreender. Quando eu digo 'Vá para dentro', é isso exatamente o que eu quero dizer: vá para dentro! Não comece a perguntar sobre as palavras. Escute a mensagem oculta, senão você irá perder o trem. O que eu quero dizer com 'perder o trem'?.........
Se você se tornar muito interessado em palavras, 'O que quer dizer com ir para dentro? O que isso quer dizer...?' Verbalmente, lingüisticamente, Vijen, você vai perder o trem. Não desperdice tempo com palavras!
E essa é particularmente uma nova espécie de doença que tem atingido os intelectuais do mundo. Pelo menos por cinqüenta anos, o mundo filosófico tem se tornado muitíssimo interessado em palavras e análises lingüísticas. Eles não perguntam mais o que é Deus. Eles não perguntam mais se Deus existe ou não. Os filósofos contemporâneos perguntam, 'O que quer dizer quando você usa a palavra Deus?' A questão não é se Deus existe ou não. A questão não é o que é Deus. A questão não é como se alcança Deus. Agora a questão tomou uma nova direção: 'O que você quer dizer quando você usa a palavra Deus?' O que você quer dizer quando você usa a palavra rosa? Essa questão é mais fácil. Você pode pegar o filósofo, forçá-lo a ir até o jardim e mostrar a ele a rosa. 'Isso é o que eu quero dizer quando eu uso a palavra rosa'. Mas isso não pode ser feito com a palavra Deus, isso não pode ser feito com a palavra meditação, isso não pode ser feito com as palavras 'vá para dentro'. Estes são fenômenos sutis. Não se torne um interessado em lingüística. Eu não estou aqui para ensinar análise lingüística a você.
Toda a minha abordagem é existencial. Se você realmente quer saber o que significa ir para dentro, então vá para dentro! E o caminho é: observe os seus pensamentos e não se identifique com eles. Simplesmente permaneça um observador, completamente indiferente, nem contra nem a favor. Não julgue, porque qualquer julgamento traz identificação. Não diga, 'Estes pensamentos são errados' e não diga, 'Estes pensamentos são bons'. Não faça comentários sobre os pensamentos. Deixe que eles passem como se eles fossem apenas a passagem do tráfego e você está de pé ali ao lado da rodovia despreocupado, olhando o tráfego. Não interessa o que está passando, um ônibus, um caminhão ou uma bicicleta. Se você puder observar o processo de pensamentos de sua mente com tal despreocupação, com tal desapego, não estará longe o dia em que todo o tráfego desaparece... porque o tráfego somente pode existir se você seguir dando energia para ele. Se você parar de dar energia para ele... E isso é o observar: parar de dar energia para isso, parar a energia que se move dentro do tráfego. É a sua energia que faz aqueles pensamentos se moverem. Quando a sua energia não os está alimentando, eles começam a cair, eles não conseguem se manter em pé por si mesmos.
E quando a rodovia da mente estiver completamente vazia, você está dentro. Isso é o que eu quero dizer, Vijen, quando eu digo 'Vá para dentro'. E isso é o que Buda quer dizer quando ele diz: 'Siga a sua natureza'."

O PARADIGMA DO EMPREGO - (DeRose)


Que época rica em almas inspiradas! Alexandre Dumas, Victor Hugo, George Sand, Honoré de Balzac, Lizst... Esses e tantos outros, todos juntos numa só época e num só lugar!
Balzac já havia escrito uma carrada de livros, era o mais lido em Paris e suas obras um sucesso pelo mundo afora. A essa altura sua mãe lhe disse: “Honoré, você não nasceu para escrever. Maldita hora em que enfiou essa idéia na cabeça. Você deveria ter um emprego regular e receber um salário, ao invés de viver cheio de dívidas e ser insultado nos jornais pelos críticos que o ridicularizam com suas caricaturas!” Até a Igreja colocou o nome de Balzac na lista negra, considerando seus livros perniciosos. Balzac, o herege, o maldito.
Ah! Se Balzac tivesse ouvido sua mãe... Ah! Se eu tivesse ouvido a minha mãe... Hoje a literatura não teria La Comédie Humaine e eu seria um empregado numa empresa qualquer. Não teria escrito mais de vinte livros, não teria viajado o mundo todo tantas vezes, não teria mudado para melhor a vida de tanta gente. Teria me limitado a trabalhar para viver e viver para trabalhar como as legiões de empregados infelizes, sem motivação, que viveram e morreram sem nunca saber a que vieram ao mundo. Nesta idade, provavelmente, eu estaria velho, pobre e doente, como em geral estão os empregados nessa fase da vida, ansiando por uma aposentadoria que, longe de ser libertadora, constituiria o prenúncio do fim.
Mas, se a instituição do emprego é nociva, por que nossos pais nos aconselham a sermos empregados? Pior: eles nos doutrinam, pressionam e, muitas vezes, obrigam a esse destino desafortunado e sem perspectivas.
Conscientize-se desta realidade humilhante. Um amigo pergunta: “O que o seu filho faz?” E o pai tem que responder: “Ele é um empregado.” Numa situação assim embaraçosa, é normal que esse genitor justifique: “Mas ele está muito bem. É uma carreira de futuro. Uma grande empresa.” (Com sorte e se trabalhar direito, dentro de vinte anos ele poderá estar ganhando bem, se não for despedido antes.)
Quando escuto isso sinto como se o pai de um escravo no Império Romano estivesse respondendo: “Meu filho é escravo. Mas ele está muito bem. Trabalha para um rico senhor, muito conceituado.”
E se o filho ou filha encontra um caminho melhor, instala-se em casa um clima de tragédia e tortura psicológica. Mas os pais não querem justamente o bem dos seus filhos?
Querem. Contudo, são condicionados pelo Sistema e acham honestamente que o melhor é ser empregado.
PRIMEIRO PARADIGMA: O SISTEMA DE ESCRAVAGISMO
Os historiadores estimam que nos últimos 50.000 anos, desde o período pré-histórico até o final do século XIX, o escravagismo era um princípio aceito e praticado por quase todos os povos. Pode-se declarar, então, que a humanidade sempre explorou a escravatura e que a supressão dela no século XX foi um pequeno espasmo, um soluço na história laboral. Era considerada uma prática natural, pois, se não fossem os escravos, quem construiria as grandes obras e quem trabalharia nas residências? O trabalho escravo parecia ter todas as vantagens e sempre contou com o beneplácito da religião. Mesmo pessoas tidas como bondosas e inteligentes não viam nada demais em ter escravos.
SEGUNDO PARADIGMA: A REVOLUÇÃO INDUSTRIAL
Num dado momento, ocorreu um espasmo de transição reforçado, em grande parte, pela revolução industrial. A maior parte das nações e todos os intelectuais, repentinamente, despertaram da sua letargia e declararam-se contra a escravidão. A nova onda era o emprego! O que eles não confessaram – talvez nem se tenham dado conta – é que a legião de empregados era apenas uma leve adaptação do sistema de escravagismo. Ninguém quis reconhecer que a instituição da mão de obra descartável beneficiava a todos, menos aos empregados que eram explorados para que o Sistema se mantivesse em movimento. Sem a massa anônima de empregados, as indústrias não funcionariam; o comércio entraria em colapso; e os serviços, quem os faria? Portanto, o melhor sempre foi usar um tapa-olho e enxergar só a metade que convinha à sociedade. Nessa ótica, os empregados são como os soldados de um exército. Os generais sabem que os soldados estão ali para ser sacrificados. Antes de uma batalha são avaliadas as expectativas de baixas: 30%, 50%, 70% – mas a batalha precisa ser ganha. Para a instituição militar, se o comandante tivesse pena de enviar seus comandados para a carnificina, estaria subvertendo o Sistema e seria, ele próprio, sacrificado. Na instituição do emprego é a mesma coisa. Os empregados ganham mal, são humilhados, contraem doenças laborais e vivem na corda bamba, já que a qualquer momento podem ser demitidos. E o serão, indiscutivelmente. Todo empregado já esteve desempregado e sabe que o estará outras vezes. Então, por que cargas d’água nossos pais nos empurram para esse destino impiedoso? Porque toda a sociedade tem que ser condicionada, mediante uma verdadeira lavagem cerebral sistemática, a considerar que a única opção é ser empregado.
É a mesma coisa com o militarismo. É melhor achar bonito um batalhão marchando ao som de hinos marciais, com seus uniformes e armas viris; é melhor louvar o heroísmo e condecorar os mortos. Porquanto, se questionássemos isso, o que poríamos no lugar? Como garantiríamos a soberania nacional? Como defenderíamos nossos lares?
Assim, mandamos nossos filhos para o sacrifício do emprego, um verdadeiro holocausto, achando que é para o bem deles. Não é. É para o bem da sociedade, que se nutre das vidas dilaceradas de tantos jovens que são obrigados a humilhar-se por um salário ofensivo, em um emprego sem segurança. Mas, se não tem segurança, por que nossos pais aplicam o chavão “a segurança de um emprego”?
É sabido que as empresas demitem. É sabido que se você for demitido com mais de trinta anos de idade será difícil conseguir outra colocação. Com mais de trinta e cinco será quase impossível. Conheço profissionais capacitados, com vários diplomas, que ficaram desempregados por vários anos. Por que ocorre isso? Primeiro, porque o Sistema educa as pessoas para ser empregadas como ideal de vida. Os cursos técnicos e as faculdades todos os anos despejam milhões recém-formados no mercado de trabalho. Isso cria uma oferta maior que a procura, o que desvaloriza o profissional e o obriga a aceitar condições indignas. Segundo, porque um recém-formado tem mais entusiasmo, dedica-se mais, exige menos regalias e aceita um salário mais modesto. Tudo isso, porque ele é jovem, cheio de esperanças, está ali para vencer e quer tomar o lugar dos mais antigos. Como vantagem adicional, tendo sido formado mais recentemente, deve estar mais atualizado. Quem você acha que o empregador vai preferir? O veterano que tem quase dez anos de casa, está mais velho, mais acomodado, já tem família, precisa ganhar mais, exige regalias e não aceita certas tarefas nem hora extra. Quem você acha que o empregador vai preferir? Isso mesmo. Qualquer um escolheria o mais novo. A tão propalada segurança do emprego é uma balela.
TERCEIRO PARADIGMA: A OBSOLESCÊNCIA DA RELAÇÃO PATRÃO/EMPREGADO
Em pleno século XXI, podemos afirmar sem margem de erro que o conceito de emprego e a relação patrão/empregado estão obsoletos. Ainda vão durar bastante, pois a mudança de paradigma demora muito para se processar. Contudo, hoje já existem plenas condições de sucesso para os jovens que optarem por carreiras não convencionais. Aliás, é onde se encontram as maiores e melhores oportunidades.
Fazer faculdade é importante, mas só para quem quer ser empregado.
Acontece que toda a sociedade está estruturada para produzir um contingente humano que constitua força de trabalho. Por isso, desde pequenos sempre escutamos: “Você tem que estudar para conseguir um bom emprego.” Tudo gira em torno disso. Emprego para o homem e casamento para a mulher. Até parece que estamos escrevendo no início do século passado! No entanto, as coisas continuam assim. É como os cadarços dos sapatos. Há mais de meio século, quando eu ainda era criança, lançaram os primeiros calçados sem cordão. Eram os sapatos de fivela. Tempos depois introduziram o elástico. Depois, o velcro. Depois, o zíper. E até hoje a maior parte dos sapatos continua usando os absurdamente unpractisch cadarços que dão trabalho para calçar, para descalçar e desamarram-se o tempo todo, fazendo crianças e adultos tropeçar e cair. Por que continuam usando uma coisa dessas, trabalhosa, sem praticidade e perigosa, ao invés de substituí-la por alguma das muitas alternativas mais modernas? A explicação é que o humanóide demora a incorporar as mudanças.
Com a universidade é a mesma coisa. Antigamente, poucos tinham o privilégio de estudar. O diploma era cobiçado. Os tempos mudaram, não obstante, ainda hoje é assim, especialmente para aqueles que não puderam estudar na época em que ter diploma era chique. Naquela época era um diferencial. Hoje todo o mundo tem diploma. E ele não vale mais nada. Foi banalizado. Quem cursa uma faculdade “para conseguir um bom emprego” vai ficar desempregado se não fizer uma pós-graduação no exterior, mestrado, doutorado, especializações, etc. Isso custa caro. Custa tempo. Anos verdes de vida, anos preciosos de início de carreira na juventude. Quando o brilhante e esforçado estudante consegue ingressar no mercado de trabalho terá perdido tanto tempo que jamais aprenderá a ganhar dinheiro, como o aprenderam aqueles que, sem diploma algum, começaram a trabalhar em tenra idade.
Estaríamos pregando que os jovens deixassem de estudar? De forma alguma. Mas defendemos o direito de quem quiser estudar para ser empregado numa carreira comum, que o seja; mas, por outro lado, que respeitemos a liberdade de escolha de quem quiser seguir uma carreira nova, criativa, inusitada, que o realize e gratifique mais. Ainda que seja a de saxofonista ou a de instrutor de Yôga!