sexta-feira, 3 de outubro de 2008
Brincadeira - (Taro da Transformacao - Osho)
O desafio de Krishna à Arjuna
"Sua mente brinca infinitamente - tudo é como um sonho em um quarto vazio. Ao meditar, você deve olhar para a mente e vê-la fazendo suas travessuras, como uma criança brincando e saltitando pelo puro excesso de energia. É só isso: pensamentos pulando, saltitando, brincando, apenas um jogo, você não deve levar isso à sério. Mesmo se houver algum pensamento ruim, não se sinta culpado. Ou, se houver um grande pensamento, um pensamento muito bom - se você desejar servir à humanidade e transformar o mundo inteiro, trazer o paraíso à terra - não deixe que seu ego seja tomado por ele, não pense que você se tornou grandioso. É apenas sua mente brincando. Algumas vezes ela desce, outras ela sobe, nada mais que energia em excesso tomando muitas formas e faces.
A dimensão da brincadeira deve ser estendida a toda sua vida. Seja o que for que esteja fazendo, esteja presente nesta atividade tão completamente que seu objetivo se torne irrelevante. O objetivo será atingido, tem que ser, mas não deve estar presente em sua mente. Você está brincando, divertindo-se.
É isso que Krishna quis dizer - durante o Mahabharata, a grande guerra cujas crônicas estão no Gita - quando ele disse a seu discípulo Arjuna que deixasse o futuro nas mãos do divino: "O resultado de sua atividade está nas mãos do divino, você simplesmente faz." Este "Simplesmente fazer" se torna uma brincadeira. Foi por isso que Arjuna teve dificuldade em compreender, quando ele diz que, se é apenas uma brincadeira, então por que matar, por que lutar? Mas toda a vida de Krishna é somente uma brincadeira, você não encontrará outro homem que tenha sido tão pouco sério. Toda sua vida é uma brincadeira, um jogo, uma peça. Ele está aproveitando tudo intensamente mas não está preocupado com o resultado. O que irá acontecer é irrelevante.
É difícil para Arjuna entender Krishna porque Arjuna é uma pessoa calculista, que pensa em termos de resultado final. No início do Gita, ele diz: "Tudo isso me parece absurdo. Em ambos os lados meus amigos e parentes estão prontos para lutar. Não importa quem vença, será uma perda porque minha família, meus parentes, meus amigos terão sido destruídos. Mesmo que eu vença, de nada valerá, pois para quem irei mostrar minha vitória? As vitórias fazem sentido porque os amigos e parentes poderão desfrutá-las. Mas, se não houver ninguém, será uma vitoria sobre corpos mortos. Quem irá apreciá-la? Quem irá dizer 'Arjuna, seus feitos foram grandiosos'? Então não importa se eu vencer ou for derrotado, me parece absurdo. Não há sentido nisso." Ele deseja renunciar. Ele é absolutamente sério, e qualquer um que seja calculista será tão sério quanto ele.
O que ocorre no Gita é algo singular. A guerra é a mais séria das coisas. Não se pode brincar a respeito dela, porque há vidas em jogo, milhões de vidas em jogo, e não há como brincar com isso. Ainda assim, Krishna insiste que é preciso ser brincalhão. Não sobre o que irá acontecer no final, apenas esteja aqui e agora. Seja apenas um guerreiro, brincando. Não se preocupe com o resultado porque ele está nas mãos do divino. E não se trata nem mesmo de questionar se o resultado está nas mãos do divino ou não - a questão é que não deve estar nas suas mãos, o peso não deve recair sobre você. Se você carregar esse peso, então não poderá viver em meditação."
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