segunda-feira, 31 de agosto de 2009

INDIALUCIA ... a linda combinação de música indiana e flamenco - (video)



Indialucia é um projecto musical que combina dois estilos de música fascinantes: a música indiana e flamenco. Todos os músicos praticam uma meditação chamada Sahaja Yoga, que lhes permite expressar as suas capacidades criativas de uma forma mais espiritual.

domingo, 30 de agosto de 2009

A árvore da nossa vida ... - (Amma)


"Que a árvore da nossa vida esteja firmemente enraizada no solo do amor. Que as boas ações sejam as folhas desta árvore, palavras gentis sejam suas flores e que a paz seja seus frutos."

Una mujer contemplando el cielo ... - (Rumi)


"En la imagen, una mujer contemplando el cielo, con los cabellos al viento.

Una extraña pasión se mueve en mi cabeza
Mi corazón es ahora como un pájaro que revolotea en el cielo.
Cada parte de mí va en una dirección distinta...
Será porque el que amo se encuentra en todas partes?"

Verdade - (Satyaprem)



"Agora, dizer o que mais fundo me toca, a verdade,
essa coisa que sua comigo, que dorme comigo, que sonha,
que anda, desanda, poemas escreve, se encanta,
desdobra-se em mil sombras e alimenta
o prazer de se manter feliz e inteiro
quando todos os cacos já não grudam,
quando a palha já era, quando as cartas colapsam,
quando os amigos partiram e queridos se foram,
quando nem mesmo as lágrimas adiantam,
quando nem o riso inebria, quando a sensação de estar
e meramente a materialidade de um casaco sobre os ombros,
quando nem resta esse sentido de pertencer
ou possuir, quando tanto faz tanto fez.
no entanto, sem remorso, tristeza ou saudade
mas um profundo ser no instante eterno do aqui e agora.
verticalmente no eterno instante.
vertiginosamente silencioso, integrado às mais finas freqüências,
sem fim nem começo, transcendental."

sábado, 29 de agosto de 2009

Simples Desejo - (Luciana Mello)



"Que tal abrir a porta do dia-a-dia
Entrar sem pedir licença
Sem parar pra pensar,
Pensar em nada…

Legal ficar sorrindo à toa,toa
Sorrir pra qualquer pessoa
Andar sem rumo na rua

Pra viver e pra ver
Não é preciso muito
Atenção, a lição
Está em cada gesto
Tá no mar, tá no ar
No brilho dos seus olhos
Eu não quero tudo de uma vez
Eu só tenho um simples desejo

Hoje eu só quero que o dia termine bem
Hoje eu só quero que o dia termine muito bem

Legal ficar sorrindo à toa,toa
Sorrir pra qualquer pessoa
Andar sem rumo na rua

Pra viver e pra ver
Não é preciso muito não
Atenção, a lição
Está em cada gesto
Tá no mar, tá no ar
No brilho dos seus olhos
Eu não quero tudo de uma vez não
Eu só tenho um simples desejo

Hoje eu só quero que o dia termine bem
Hoje eu só quero que o dia termine muito bem"

(Composição: Daniel Carlomagno e Jair Oliveira)

Não viemos aqui nem para ser ou fazer prisioneiros ... - (Hafiz)


"Não viemos aqui nem para ser ou fazer prisioneiros, mas para rendermo-nos mais e mais profunda à liberdade e à alegria. Não viemos neste mundo esquisito para nos mantermos reféns do amor. Fuja meu querido, de tudo que não possa fortificar suas preciosas asas que brotam. Corra desesperadamente meu amado, de qualquer um capaz de enfiar uma faca afiada na visão sagrada e suave de seu belo coração. Temos o dever de favorecer aqueles aspectos de obediência que ficam fora de nossa casa e gritar para nossas razões "Ó por favor, por favor, saia e participe". Pois não viemos aqui para ser ou fazer prisioneiros, ou confinar nossos extraordinários espíritos, mas para experimentar mais e mais profundamente nossa divina coragem, liberdade e luz!"

Mapa de anatomia: o olho - (Cecília Meireles)



"O Olho é uma espécie de globo,
é um pequeno planeta
com pinturas do lado de fora.
Muitas pinturas:
azuis, verdes, amarelas.
É um globo brilhante:
parece cristal,
é como um aquário com plantas
finamente desenhadas: algas, sargaços,
miniaturas marinhas, areias, rochas, naufrágios e peixes de ouro.

Mas por dentro há outras pinturas,
que não se vêem:
umas são imagens do mundo,
outras são inventadas.


O Olho é um teatro por dentro.
E às vezes, sejam atores, sejam cenas,
e às vezes, sejam imagens, sejam ausências,
formam, no Olho, lágrimas."

É preciso não esquecer nada - (Cecília Meireles)


"É preciso não esquecer nada:
nem a torneira aberta nem o fogo aceso,
nem o sorriso para os infelizes
nem a oração de cada instante.

É preciso não esquecer de ver a nova borboleta
nem o céu de sempre.

O que é preciso é esquecer o nosso rosto,
o nosso nome, o som da nossa voz, o ritmo do nosso pulso.

O que é preciso esquecer é o dia carregado de atos,
a idéia de recompensa e de glória.

O que é preciso é ser como se já não fôssemos,
vigiados pelos próprios olhos
severos conosco, pois o resto não nos pertence."


(1962)

Ensinamentos: Bondade e Compaixão - (Dalai Lama)


"Esta noite, gostaria de falar a vocês sobre a importância da bondade e da compaixão. Ao discutir esses temas, não me vejo como budista, Dalai Lama ou tibetano, mas sim como um ser humano e espero que vocês, no auditório, pensem em si mesmos dessa maneira. Não como americanos, ocidentais ou membros de um determinado grupo, pois essas condições são secundárias. Se interagirmos como seres humanos, podemos chegar a esse nível. Caso eu diga "sou monge" ou "sou budista", as afirmações serão, em comparação com a minha natureza de ser humano, temporárias. Ser humano é básico. Uma vez nascido assim, não se poderá mudar até a morte. Outras condições, ser ou não instruído, rico ou pobre, são secundárias.

Hoje, enfrentamos muitos problemas. Alguns são criados essencialmente por nós mesmos, com base em diferenças de ideologia, religião, raça, situação econômica ou outros fatores. Chegou, portanto, o momento de pensarmos em níveis mais profundos. Em nível humano, condição essa que deveremos apreciar e respeitar em todos os que nos cercam. Devemos construir relacionamentos baseados na confiança mútua, na compreensão, no respeito e na solidariedade, independentemente de diferenças culturais, filosóficas ou religiosas.

Todos os seres humanos são iguais. Feitos de carne, ossos e sangue. Todos queremos a felicidade e evitar o sofrimento e temos direito a isso. Em outras palavras, é importante compreender a nossa igualdade. Pertencemos todos a uma família humana. O fato de brigarmos uns com os outros deve-se a razões secundárias, e todas essas discussões são inúteis. Infelizmente, durante muitos séculos, os seres humanos usaram todos os métodos para ferir uns aos outros. Muitas coisas terríveis aconteceram, resultando em mais problemas, mais sofrimento e desconfiança. E, consequentemente, em mais divisões.

O mundo hoje está cada vez menor em vários aspectos, particularmente o econômico. Os países estão mais próximos e interdependentes e, nesse quadro, torna-se necessário, pensar mais em nível humano do que em termos do que nos divide. Assim, falo a vocês apenas como um ser humano e espero, sinceramente, que vocês estejam escutando com o pensamento: "Sou um ser humano e estou ouvindo outro ser humano falar".

Todos queremos a felicidade; nas cidades, no campo, mesmo em lugares remotos, as pessoas trabalham com o objetivo de alcançá-la, entretanto, devemos ter em mente que viver a vida superficialmente não solucionará os problemas maiores.

Há muitas crises e medos à nossa volta. Por meio do grande desenvolvimento da ciência e da tecnologia, atingimos um estado avançado de progresso material, que é necessário. Não podemos, no entanto, comparar o progresso externo com nosso progresso interior. As pessoas queixam-se do declínio da moralidade e do aumento da criminalidade, mas esses problemas não serão resolvidos, se não procurarmos desenvolver nosso interior.

No passado remoto, se houvesse uma guerra, os efeitos seriam geograficamente limitados, porém hoje, em função do progresso, o potencial de destruição ultrapassou o concebível. No ano passado estive em Hiroshima, no Japão. Mesmo tendo informações a respeito da explosão nuclear lá ocorrida, era muito diferente estar no local, ver com meus próprios olhos e encontrar pessoas que realmente sofreram com aqueles acontecimentos. Fiquei profundamente emocionado. Uma arma terrível tinha sido usada. Embora possamos considerar alguém como inimigo, temos de levar em conta que essa pessoa é um ser humano e que tem direito a ser feliz. Olhando para Hiroshima e refletindo a respeito, fiquei ainda mais convencido de que a raiva e o ódio não são meios para solucionar problemas.

A raiva não pode ser superada pela raiva. Quando uma pessoa tiver um comportamento agressivo com você e a sua reação for semelhante, o resultado será desastroso. Ao contrário, se você puder se controlar e tomar atitudes opostas "compaixão, tolerância e paciência", não só se manterá em paz, como a raiva do outro diminuirá gradativamente. Do mesmo modo, problemas mundiais não podem ser solucionados pela raiva ou pelo ódio. Sentimentos como esses devem ser enfrentados com amor, compaixão e pura bondade.

Pensem em todas as terríveis armas que existem, mas que, por si mesmas, não podem iniciar uma guerra. Por trás do gatilho há um dedo, movido pelo pensamento, não por sua própria força. A responsabilidade permanece em nossa mente, de onde se comandam as ações. Portanto, controlar em primeiro lugar a mente é muito importante. Não estou falando de meditação profunda, mas apenas de cultivar menos raiva e mais respeito aos direitos do outro. Ter uma compreensão mais clara da nossa igualdade como seres humanos.

Ninguém quer a raiva, ninguém quer a intranqüilidade, mas por causa da ignorância somos acometidos por sentimentos como esses. A raiva nos faz perder uma das melhores qualidades humanas, o poder de discernimento. Temos um cérebro bem desenvolvido, coisa que outros mamíferos não têm. Esse órgão nos permite julgar o que é certo e o que é errado. Não apenas em termos atuais, mas em projeções para daqui dez, vinte ou mesmo cem anos. Sem nenhum tipo de pré-cognição, podemos utilizar nosso bom senso para determinar o certo e o errado. Imaginar as causas e seus possíveis efeitos. Contudo, se nossa mente estiver ocupada pela raiva, perderemos o poder de discernimento e nos tornaremos mentalmente incompletos. Devemos salvaguardar essa capacidade e, para tanto, temos de criar uma companhia de seguros interna: autodisciplina, autoconsciência e uma clara compreensão das desvantagens da raiva e dos efeitos positivos da bondade. Se refletirmos a respeito dessas questões com freqüência, podemos incorporar a idéia e, então, controlar a mente.

Por exemplo: pode ser que você seja uma pessoa que se irrita facilmente com pequenas coisas. Com desenvolvida compreensão e conscientização, isso pode ser controlado. Se você fica geralmente zangado por dez minutos, tente reduzi-los para oito. Na semana seguinte, reduza para cinco e, no próximo mês, para dois. Depois, passe para zero. É assim que desenvolvemos e treinamos nossa mente. É o que penso e também o que pratico.

É perfeitamente claro que todos necessitam de paz interior, que só pode ser alcançada por meio da bondade, do amor e da compaixão. O resultado é uma família em paz, felicidade entre pais e filhos, menos brigas entre casais. Em uma nação, essa atitude pode criar unidade, harmonia e cooperação com saudável motivação. Em nível internacional, precisamos de confiança e respeito mútuos, discussões francas e amistosas, com motivações sinceras e um esforço conjunto no sentido de resolver problemas. Tudo isso é possível.

Precisamos, porém, mudar interiormente. Nossos líderes têm feito o melhor que podem para resolver nossos problemas, mas, quando um é resolvido, surge outro. Tenta-se solucionar este, surge mais um em outro lugar. Chegou o momento então de tentar uma abordagem diferente.

É certamente difícil realizar um movimento mundial pela paz de espírito, mas é a única alternativa. Caso houvesse outro método mais fácil e prático, seria melhor, porém não há. Se com armas pudéssemos chegar à paz duradoura, muito bem. Transformaríamos todas as fábricas em produtoras de armamentos. Gastaríamos todos os dólares necessários, se conseguíssemos a definitiva paz, mas tal é impossível.

As armas não permanecem empilhadas. Uma vez desenvolvidas, alguém irá usá-las. O resultado é a morte de criaturas inocentes. Portanto, a única maneira de atingirmos uma paz mundial duradoura é por meio da transformação interior. E, mesmo que essa transformação não ocorra durante esta vida, a tentativa terá sido válida. Outros seres humanos virão; a próxima geração e as seguintes. E o progresso pode continuar. Sinto que, apesar das dificuldades práticas, e, mesmo correndo o risco de que tal visão seja considerada pouco realista, vale a pena o esforço. Assim, aonde quer que eu vá, expresso essas idéias e sinto-me muito motivado porque mais pessoas têm sido receptivas a elas.

Cada um de nós é responsável por toda a humanidade. Chegou a hora de pensarmos nas outras pessoas como verdadeiros irmãos e irmãs e nos preocuparmos com seu bem-estar. Mesmo que você não possa se sacrificar inteiramente, não deverá esquecer-se das dificuldades dos outros. Temos de pensar mais sobre o futuro em benefício de toda a humanidade. Se você tentar dominar seus sentimentos egoístas e desenvolver mais bondade e compaixão, em última análise, você é quem irá sair beneficiado. É o que chamo de egoísmo sábio. Pessoas egoístas tolas só pensam em si mesmas, e o resultado é negativo. Egoístas sábios pensam nos outros, ajudam da melhor forma e também colhem os benefícios. Essa é minha simples religião. Não há necessidade de templos ou de filosofias complicadas. Nosso próprio cérebro, nosso coração são nossos templos. A filosofia é a bondade."

(Texto extraído da obra A Policy of Kindness, Snow Lion Publications, 1990.)

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

Flauteando e Almas Gemelas - (Musica Vivencial - Elleen Burhum & Adriana Mezzadri )





http://www.musicavivencial.com/
http://www.adrianamezzadri.com.br/

Meditação - De que lado de seu guarda-chuva você deixou seus sapatos? - (Tarô da Transformação - Osho)



"Faça as pequenas coisas da vida com uma consciência relaxada. Quando estiver comendo, coma com totalidade - mastigue com totalidade, saboreie totalmente, cheire totalmente. Toque no seu pão, sinta a textura. Cheire o pão, sinta o sabor. Mastigue-o, deixe-o dissolver-se no seu ser, e permaneça consciente - você estará meditando. E então meditação não estará separada da vida.

Sempre que a meditação é separada da vida, algo está errado. Ela se torna negação da vida. Nesse caso a pessoa começa a pensar em ir para um monastério ou para uma caverna no Himalaya. Assim a pessoa quer fugir da vida, porque a vida parece ser uma distração da meditação.

A vida não é uma distração, vida é uma ocasião para meditação.


Um discípulo veio para ver Ikkyu, seu mestre. O discípulo já estava praticando por algum tempo. Estava chovendo, e quando ele entrou, deixou os sapatos e guarda-chuva do lado de fora.

Após ter prestado seus respeitos, o mestre perguntou a ele de que lado dos seus sapatos ele havia deixado seu guarda-chuva.

Agora, que pergunta...? Você não espera que mestres perguntem tais questões bobas – espera que eles perguntem a respeito de Deus, sobre a energia kundalini, chacras se abrindo, luzes acendendo na sua cabeça. Você pergunta a respeito de grandes coisas – oculto, esotérico. Mas Ikkyu fez uma pergunta bem comum. Nenhum santo Cristão teria feito essa pergunta, tampouco um monge Jainista ou um swami Hindu. Isso só pode ser feito por aquele que realmente está com Buda, dentro doo Buda – que realmente ele mesmo é um Budha.

O mestre lhe perguntou de que lado dos sapatos ele havia deixado seu guarda-chuva. Agora, o que sapatos e guarda-chuva tem a ver com espiritualidade? Se a mesma pergunta lhe fosse feita, você teria ficado aborrecido. Que tipo de questão é essa? Mas há algo imensamente valioso nela. Tivesse ele perguntado sobre Deus, sobre sua energia kundalini e chacras, isso teria sido bobagem, totalmente sem sentido. Mas isso tem significado. O discípulo não pôde lembrar-se – quem se importa onde foram deixados os sapatos e de qual lado você deixou seu guarda-chuva, à direita ou à esquerda. Quem se importa? Quem dá tanta atenção assim a guarda-chuvas? Quem se importa com calçados? Quem é tão cuidadoso assim? Mas isso era o bastante: o discípulo foi recusado.

Ikkyu disse, “Assim vá e medite por mais sete anos.”

“Sete anos?” disse o discípulo. “Apenas por essa pequena falta?”

Ikkyu disse, “Essa não foi uma falha pequena. Enganos não são grandes nem pequenos – você ainda não está vivendo meditativamente, isso é tudo. Volte, medite por mais sete anos, e depois volte aqui.”

Essa é a parte essencial da mensagem:
Seja cuidadoso, tenha cuidado com tudo. E não faça qualquer distinção entre as coisas, dizendo que isso é trivial e aquilo é espiritual. Isso depende de você. Preste atenção, seja cuidadoso, e tudo se torna espiritual. Não preste atenção, não seja cuidadoso e tudo se torna não-espiritual.

Espiritualidade é atribuída Às coisas por você, é seu presente para o mundo.

Quando um mestre como Ikkyu toca seu guarda-chuva, este guarda-chuva é tão divino quanto qualquer coisa pode ser. A energia da meditação é alquímica. Esta transforma o metal base em ouro; ela vai transformando o básico no mais elevado.

No pico máximo, tudo se torna divino. Esse mesmo mundo é o paraíso, e esse mesmo corpo o Buda."

Hoje eu Sei - (Monja Coen)


Hoje eu sei que a compaixão é capaz de transformar o mundo e transformar o ser.

Hoje eu sei que a compaixão pode ser desenvolvida, cultivada, que as áreas do cérebro responsáveis pela compaixão podem ser estimuladas.

Hoje eu sei que é possível "musculação de neurônios" através da meditação e do pensamento amoroso, terno, inclusivo, compreensivo, sábio.

Hoje eu sei que Buda se manifesta em cada ser que se entrega à bondade e ao Caminho do Bem, que é o Caminho Iluminado.

Hoje eu sei que a Verdade é o Caminho. A Verdade com "V" maiúsculo, onde tudo está incluso - até mesmo as mentiras.

Hoje eu sei que não sei, que não há nem mesmo um "eu" que sabe e não sabe.

Hoje eu sei que intersomos, interconectados com tudo que existe. Somos um só corpo e uma só vida. Estamos em rede. Na rede de Indra, feita de raios luminosos e em cada intersecção uma jóia recebendo e emitindo raios em todas as direções.

Hoje eu sei que somos co responsáveis pela realidade em que vivemos, pelo mundo em que estamos e que não adianta reclamar, é preciso agir para transformar.

Hoje eu sei que a juventude passa, os amores passam, a velhice passa, os desamores passam. Tudo é transitório e passageiro. O que se une inevitavelmente se separa. E assim é.

Hoje eu sei que a pessoa mais forte é aquela que se pende primeiro - assim como o bambu - flexível.

Hoje eu sei que a água é capaz de se moldar ao recipiente que a contém e que o gelo é duro e pode ferir. Então faço dos ensinamentos sagrados o sol que derrete o gelo e nos liberta de nossa própria frieza.

Hoje eu sei que é preciso sentir, que a indignação é uma alavanca para as grandes transformações e que as grandes transformações são feitas de pequenos gestos simples no dia a dia.

Hoje eu sei que palavras amorosas e ternas afetam as moléculas de água e que somos mais de 75% água. Então eu cuido do que falo, do que penso e como ajo.

Hoje eu sei que a mudança depende de mim, de cada um de nós. E que só há um caminho: ação amorosa e não violenta para resolver conflitos e atritos.

Hoje eu sei que a vida vale a pena ser vivida em sua plenitude deste instante eterno.

E tudo que temos é este instante. Aqui e agora.

Mãos em prece
Monja Coen

Mãos - (Monja Coen)


"Minha mãos estão envelhecendo.
Eu as vejo envelhecer, os dedos engrossados pela artrose.
Raramente vejo meu corpo.
De repente, em um hotel, há um espelho e me surpreende encontrar esta senhora de carnes flácidas.
Sou eu.
Quem sou eu?
O corpo que se transforma e a mente que não percebe.
Surpresas.
Então me proponho a fazer dietas, exercícios.
Quimeras.
Sento-me na janela do hotel, em frente ao mar.
Mar de Salvador.
Há de me salvar.
Ondas pequenas, marolas.
Um navio a passar.
Nas pedras batem ondas brancas de espuma
E uma piscina transparente se forma.
Só há o som da água.
Marolas.
Respiro e me inspiro
A meditar.
Zazen.
Silêncio interior.
Não importa mais o corpo, a mente, a alegria, a dor.
Integração.
Ao Zazen o meu perdão, minha gratidão, minha vida.
Não sou eu quem faz Zazen.
É o Zazen que me faz.

Uma hora passa rápido.
Tem gente a me esperar.
Palestras, conversas, reflexões.
A monja que fala de lucro, empresas, felicidade.
Monja que índio desenha em transformação.
“Sua voz me é conhecida, muito conhecida.”
Intimidade.
Falar ao íntimo do ser.
Pois intersomos.
Baixo.
Alto.
Dorme uma cabeça loira que no final me abraça com olhos úmidos.
Lindo demais.
Não há corpo e há o abraço.
Que sente coração batendo
Que recebe ternura
Que acolhe tristezas
Que transforma em beleza
Momento perene, eterno

No dia seguinte outro avião.
Do céu vou lembrando Caymi
E as ondas verdes do mar.

Outra cidade -
Goiânia.
Só para mulheres.
Hotel cinco estrelas por duas horas.
Almoço abrindo restaurante
A loja mágica
Estátuas de Buda, Haruman, Shiva, Kannon
Pinturas, incenso, música, autor, artista, sensível
Platéia feminina
Alguns homens sentados
Entre tantas mulheres
Ouvindo a monja falar

Fala da vida, fala da morte
Fala da paz
Fala que fala
Sem parar
Fala, medita, levanta, agita
Senta
Tranqüiliza
A mente que pretende
Não há outra espiritualidade
Do que viver coerente
Valores, princípios
Profundos da gente

Amor liturgia
Incondicional
Sem cobrança
Transforma em bem todo o mal

Demora?
Que importa.
Pouco a pouco.
E se acolhe.
Ama a si mesma mulher brasileira
Não permite o abuso, a violência
Encontra meios expedientes
Sem cólera
Sem raiva,
Sem rancor
Afasta essa dor
Ensina os meninos
A compartilhar
Trabalhos de casa, crianças a educar
Mulheres e homens em parceria
Construindo uma nova maneira de ser
Viver
Harmonia
Compartilhamento
Cuidado
Ternura
E retorna ao convento"

Gassho
Monja Coen

Trecho de "Com fé em 'Deus' pode-se alcançar qualquer coisa na vida" - (Sathya Sai Baba)


Data: 26/12/2007 – Ocasião: Divino Discurso – Local: Prasanthi Nilayam

“O homem com raiva não realiza nada. Comete erros e se entrega a ações Pecaminosas;
ele é desprezado por todos. O Amor é Deus e Deus é Amor.
Sem amor, os seres humanos não podem existir”
(Poema em télugo)



A falta de amor é a responsável por todas as diferenças, argumentos e conflitos no mundo, especialmente nos tempos atuais. Várias pessoas dizem que hoje o mundo é atormentado pelo sofrimento, perdas e dificuldades. Eu não concordo com esse ponto de vista. Eu lhes digo, essas coisas são apenas ilusões. Na verdade, não existem desassossego e sofrimento neste mundo. Eu só vejo paz, paz e somente paz em todo lugar. Quando existir paz em nossos corações, seremos capazes de ver a paz em todos os lugares. A intranqüilidade, o sofrimento, a raiva etc. são a reação, o reflexo e a ressonância do estado do nosso ser interno. Os sofrimentos e as dificuldades, a raiva e a ansiedade são de nossa própria produção e criação. Não são fenômenos naturais no mundo.
Quando alguém lhes pergunta o seu nome, vocês dão algum nome (nesse momento, Swami perguntou o nome de um estudante sentado diante Dele. O garoto respondeu “Vikas”.) De fato, esse não é o seu verdadeiro nome. Similarmente, se perguntam a cada um, eles lhes darão nomes diferentes. Entretanto, se Deus fosse mencionar o Seu nome, Ele diria Aham Brahmasmi (Eu sou Brahman). Na verdade, todos nós deveríamos repetir o mesmo nome, uma vez que todos somos encarnações do Ser Divino. Todos
os nossos nomes são dados a nós pelos nossos pais. Não nascemos com nenhum nome em particular. Aqueles que não podem compreender essa verdade, não podem levar uma vida feliz.

Encarnações do Amor Divino!
De fato, amor é o outro nome de Brahman (a Divindade Suprema). Na verdade, Amor, Atma, Prema, Aham ou Brahman – todos esses nomes têm o mesmo significado. Nada existe neste mundo exceto o Amor. Mas, infelizmente, não somos capazes de entender o que é o Amor. Consideramos o Amor como um sentimento relativo ao mundo. Nós o consideramos como físico. Na realidade, o Amor não é, de maneira alguma, relacionado ao mundo físico. Na realidade, o Amor é a verdade. Você não é uma pessoa, mas três: aquele que você pensa que é, aquele que os outros pensam que você é e aquele que você realmente é. O que os outros pensam é só imaginação. O Ser dentro de você é a única verdade.
Quem é esse Ser? Ele é “Eu”. Esse “Eu” é o mesmo em todos. Os cristãos reverenciam a cruz (†). A cruz é um símbolo que exorta as pessoas a se livrarem do ego. Ninguém é diferente de vocês. Portanto, vocês devem sempre sustentar a verdade de que todos nós somos um (Eu). Aqueles que nascem devido ao sem karma, crescem e, finalmente, perecem (isso é, os corpos físicos) são irreais. Portanto, vocês são sempre Brahman, de acordo com a declaração Védica, Aham Brahmasmi (Eu sou Brahman). Somente quando vocês considerarem a si mesmos como Brahman, é que poderão compreender essa Verdade. Até lá, estarão confinados a diferentes nomes como Ramanna, Krishnananna etc., que lhes foi dado pelos seus pais com o propósito de identificação. Certamente, vocês não vieram a este mundo com nome algum.
Quando alguém pergunta para os pais o nome de seu filho recém-nascido, eles podem responder que ainda não deram nome à criança. Assim, fica claro que os nossos nomes nos foram dados por alguém e não são inatos. Esses nomes são dados com o propósito de identificar os indivíduos em questão. Existem milhões e milhões de pessoas vivendo no mundo, mas ninguém parece ter compreendido a verdade de que é Deus. Infelizmente, hoje, levamos as nossas vidas com os nomes que nos foram dados por alguém. O que é Brahman? É o “Eu”. O Absoluto - Brahman não nasce nem morre. Essa é a única verdade; os outros acontecimentos vêm e vão. Por exemplo, Eu quis criar esta corrente. (Swami materializou uma corrente de ouro com Suas Divinas mãos.) Ela foi criada pela Minha Divina Vontade. Não estava aqui antes. Desse modo, todas as coisas e seres deste mundo nasceram através de sankalpa (Vontade Divina). Portanto, a divina Vontade é a causa de toda a criação.
Além disso, maya (ilusão) também desempenha o seu papel. Quando maya e a Verdade se reúnem, a criação acontece. Sem maya, não pode existir criação. Maya é como uma sombra para o ser humano. Mas essa sombra nos engana. Ao nascer do sol, nossa sombra é longa. À medida que o sol se levanta a sombra vai para baixo de nossos pés, ao meio dia. Dessa maneira, a sombra cresce e diminui. Nós não devemos, então, confundir a sombra com a nossa base.


Fonte: Organização Sri Sathya Sai do Brasil
www.sathyasai.org.br

quinta-feira, 27 de agosto de 2009

Borboletas - (Voz: Luciana Mello - Composicao: Jair Oliveira)



Borboletas são tão belas o que seria delas
Se não pudessem voar?
O céu e as estrelas não poderiam vê-las passar
Lá fora eu vejo um mundo
E sinto lá no fundo
Que aqui não é o meu lugar
Eu sou pequenininha e fico aqui sozinha a sonhar
O meu coração me diz
Que um dia ainda vou ser feliz
Voar para bem longe como eu sempre quis
Um dia eu tive a chance de ter ao meu alcance
O que fez transformar
Sonho em realidade, escuridão em brilho no olhar
Eu vi que na verdade
A dor um dia pode ter fim
Achei a liberdade, ela tava dentro de mim
O meu coração me diz
Agora eu já sou feliz
Voei para bem longe como eu sempre quis

Trecho do livro "O Caminho para o Amor" - (Deepak Chopra)


REVIVENDO UMA HISTÓRIA DE AMOR

Todos nós precisamos acreditar que somos amados e capazes de ser amados. Começamos a viver confiando nesses dois conceitos, banhados pelo amor de uma mãe e envoltos em nossa própria inocência. O amor nunca foi questionado, mas com o tempo nossa certeza vai sendo obscurecida. Quando você olha para si mesmo, hoje, ainda pode fazer as duas afirmações que todo bebê faria se pudesse falar?

'Sou completamente amado.'
'Sou completamente digno de ser amado.'

Poucas pessoas o podem, pois ao se contemplar honestamente, você vê falhas que o tornam menos digno de ser amado na plenitude e menos amado de modo perfeito. De certa forma, isso pode parecer correto para você, já que o amor perfeito supostamente não é deste mundo. No entanto, em sentido mais profundo, o que chama de falhas são realmente apenas as cicatrizes das mágoas e feridas acumuladas durante toda uma vida. Ao se olhar no espelho, você imagina estar se vendo de maneira realista, mas espelho não revela a verdade que persiste apesar de todas as mágoas:
Você foi criado para ser completamente amado e completamente digno de amor por toda sua vida.
De certo modo, é incrível não perceber isso, porque por baixo de tudo que você pensa e sente, a inocência ainda está intacta. O tempo não pode macular sua essência, sua parcela de espírito. Contudo, se você perder de vista essa essência, vai confundir a si mesmo com suas experiências - pois não há dúvida de que a experiência pode fazer muito para obliterar o amor. Num mundo muitas vezes hostil e brutal, manter a inocência parece impossível. Portanto, você acaba experimentando apenas uma determinada dose de amor e sente apenas um certo direito de ser amado.
Isso pode mudar.
Embora você perceba a si mesmo em termos limitados, como uma mente e um corpo confinados no tempo e no espaço, há um tesouro de ensinamentos espirituais que diz o contrário. Em espírito, você é ilimitado pelo tempo e espaço, intocado pela experiência: em espírito, você é puro amor.
O motivo por que você não se sente completamente amado e digno de amor é não se identificar com sua natureza espiritual. Seu senso de amor perdeu a única coisa que não pode ser deixada de lado: sua dimensão mais elevada. Como restaurar essa parte perdida de si mesmo?

Mente, corpo e espírito se uniram - essa união cria o amor que você tem para dar.
Você e seu amado (a) se uniram - isso cria o amor que você precisa compartilhar .

Em sua natureza mais profunda, cada pessoa foi feita para ser o herói ou heroína de uma história de amor. A história começa na inocência, com o nascimento de um bebê nos braços amorosos da mãe. Prossegue através de estágios de crescimento, à medida que a criança salta para nosso mundo. A experiência vai crescendo cada vez mais, e o círculo de amor se amplia, incluindo primeiro a família e amigos, depois parceiros íntimos, mas também assimilando o amor por coisas abstratas, como o aprendizado e a verdade. A jornada de amadurecimento nos leva ao amor da doação e ao florescimento de valores mais elevados, tais como a compaixão, o perdão e o altruísmo. Finalmente, existe a experiência direta do próprio espírito, que é o puro amor. A jornada chega ao clímax no mesmo estágio inicial de conhecimento do bebê, muito embora não pudesse articular esse conhecimento: eu sou amor.

Você sabe que experimentou plenamente o amor quando se transforma em amor - essa é a meta espiritual da vida.

São poucas as pessoas que encontram a meta espiritual da vida. A dolorosa carência criada pela falta de amor só pode ser preenchida aprendendo-se novamente a amar e a ser amado. Todos nós precisamos descobrir por conta própria que o amor é uma força tão real quanto a gravidade, e que ser mantido no amor todo dia, toda hora e todo minuto não é uma fantasia - esse deveria ser nosso estado natural.
Este livro é sobre como reviver histórias de amor que nunca deveriam Ter-se apagado. A união da personalidade e do espírito não só é possível como inevitável. O significado espiritual do amor é mais bem medido pelo que pode fazer - que é muito.

- O amor pode curar.
- O amor pode renovar.
- O amor pode nos tornar seguros.
- O amor pode nos inspirar com seu poder.
- O amor pode nos aproximar de Deus.

Tudo que o amor deve fazer é possível. Saber disso, contudo, só se tornou o hiato entre o amor e o não-amor mais doloroso. Um número incontável de pessoas experimentou o amor - como prazer, sexo, segurança. Como Ter alguém que satisfaça suas necessidades diárias - sem ver que um caminho especial se abriu para elas. Socialmente, o ciclo 'normal' do amor se reduz simplesmente a encontrar um parceiro ou parceira adequado (a) casar e criar uma família. Mas esse padrão social não é um caminho, porque a experiência do casamento e de criar uma família não é automaticamente espiritual. É triste verificar que muitas pessoas entram em relacionamentos para toda vida em que o amor se vai com o tempo ou fornece um companheirismo duradouro, sem crescer na dimensão espiritual. Um caminho espiritual só possui um motivo de existência: mostrar o modo como a alma pode crescer. À medida que a alma cresce, é revelada mais verdade espiritual e é redimida mais da sua própria promessa.
Quando você encontra seu caminho, também encontra sua história de amor. As pessoas, hoje, são consumidas por dúvidas sobre seus relacionamentos: encontrei o parceiro certo? Estou sendo fiel a mim mesmo? Entreguei a melhor parte de mim? Por isso, existe um tipo de usuário intranqüilo procurando parceiros, como se o parceiro 'certo' pudesse ser encontrado avaliando-se seus prós e contras até que o número de prós e contras até que o número de prós corresponda a algum padrão mítico. O caminho para o amor, contudo, nunca está relacionado com fatores externos. Por melhor ou pior que você se sinta quanto ao relacionamento, a pessoa com que você está neste momento é a pessoa 'certa', porque ele ou ela é um espelho de quem você é por dentro. Nossa cultura não nos ensinou isso (assim como deixou de nos ensinar muito sobre as realidades espirituais). Quando você luta com seu parceiro (a), está lutado consigo mesmo(a). Cada defeito que vê nele ou nela toca uma fraqueza negada em você mesmo (a). Cada conflito em que você se envolve é uma desculpa para não encarar um conflito interior. O caminho para o amor, portanto, elimina um erro monumental que milhões de pessoas cometem - o engano de acreditar que alguém 'lá fora' vai dar (ou tomar) algo que já não seja seu. Quando você verdadeiramente encontra o amor, encontra a si mesmo.
Portanto, o caminho para o amor não é uma escolha, pois todos nós precisamos descobrir quem somos. Este é nosso destino espiritual. O caminho pode ser adiado; você perder a fé nele ou até mesmo perder a esperança na existência do amor. Nada disso é permanente; só o caminho. A dúvida reflete o ego, que está preso no tempo e no espaço; o amor reflete Deus, a eterna essência divina. A suprema promessa do caminho para o amor está em você caminhar na luz de uma verdade que se estende para além de qualquer verdade conhecida atualmente por sua mente.
Estruturei os capítulos seguintes de modo a conduzir o leitor novamente pelo caminho para o amor, desde os primeiros alvoroços do romance até os estágios finais do êxtase. Apaixonar-se é uma ocorrência acidental para muitas pessoas, mas não é casual em termos espirituais - é o ponto de entrada para a jornada eterna do amor. O romance possui várias fases distintas que podemos explorar - atração, enamoramento, corte e intimidade - cada uma delas participando de um significado espiritual especial.
Na aurora do estágio seguinte, o romance transfigura-se num relacionamento de compromisso, geralmente o casamento, e o caminho se transforma. Passado o enamoramento [no original ' falling in love' - literalmente 'cair no amor'], o estar bem amando [being in love] começa. Espiritualmente, a palavra 'being' [ser, estar] implica um estado da alma; é nesse estado em que um casal aprende a nutrir-se através da entrega, a palavra chave em todo relacionamento espiritual. Pela entrega, as necessidades do ego, que podem ser extremamente egoístas e sem amor, são transformadas na verdadeira necessidade do espírito, que é sempre a mesma - a necessidade de crescer. À medida que se cresce, trocam-se sentimentos superficiais e falsos por emoções profundas e verdadeiras: assim, compaixão, confiança, devoção e serviço tornam-se realidades. Esse casamento é sagrado; nunca pode falhar, porque baseia-se na essência divina. Esse casamento é sagrado; nunca pode falhar, porque baseia-se na essência divina. Esse casamento também é inocente, porque seu único motivo é amar e servir a outra pessoa.
A entrega é uma porta que precisa ser atravessada para que a paixão seja encontrada. Sem a entrega, a paixão fica centrada no desejo de prazer e estímulo da pessoa. Com a entrega, a paixão é direcionada para a própria vida - em termos espirituais, a paixão é o mesmo que se permite ser levado pelo ria da vida, que é eterno e inesgotável em seu fluxo.
O fruto final da entrega é o êxtase; quando você se livra de todos os seus apegos egoístas, quando acredita que o amor é realmente o núcleo de sua natureza, sente uma paz completa. Nessa paz existe uma semente de doçura percebida no âmago do coração e, a partir dessa semente, com paciência e devoção, você nutre o supremo estado de alegria, conhecido como êxtase.
Este, então, é o caminho para o amor desenvolvido nas páginas a seguir, embora não seja o único. Algumas pessoas não se apaixonam mas entram em relacionamentos com um ente querido. Porém, isto não significa que não exista um caminho para elas, só que o caminho foi internalizado. Para essas pessoas, o ser amado está inteiramente dentro delas desde o início. Ele é sua alma ou a imagem que elas fazem de Deus; é uma visão ou uma vocação; é uma solidão que floresce no amor pelo Uno. A seu próprio modo, uma história de amor dessas também é sobre relacionamento, porque as descobertas finais são as mesmas para todos nós. Descobrir que 'eu sou amor' não é algo reservado apenas para aqueles que se casam; é uma descoberta universal, valorizada em todas as tradições espirituais. Ou, para colocar a questão de maneira mais simples, todos os relacionamentos são em última instância um relacionamento com Deus.
Eu queria que esta fosse uma obra prática, assim como, espero, uma obra inspiradora. Cada capítulo inclui exercícios (intitulados de 'Prática Amorosa') que lhe permitirão firmar-se nos conceitos discutidos no texto. Depois, segue-se uma história de amor (intitulada de 'Em Nossas Vidas') para tornar o texto mais personalizado. Estou envolvido em todas essas histórias, geralmente como ouvinte compassivo de amigos e pacientes. Às vezes, vou além desse papel para funcionar como consultor ou conselheiro, mas não assumo o papel de terapeuta profissional. Quero apenas abrir o caminho para a compreensão, agindo como seu parteiro; depende de cada pessoa chegar a dar à luz.
Mas antes de embarcar nas histórias de amor neste livros, deixe-me contar um pouco de minha história. O espírito está sempre deixando pistas sobre sua existência, muito embora possamos não estar atentos para elas, e lembro-me das primeiras pistas que recebi de minha avó cósmica. Ela era minha avó materna, casada com um velho sargento do exército indiano que soprara seu clarim do telhado na manhã em que eu nasci. À primeira vista, aquela mulher pequenina não parecia cósmica. Sua idéia de contentamento era bater a massa de farinha num pão perfeitamente circular para meu desjejum, ou ir antes da aurora até um templo escuro onde os mil nomes de Vishnu eram entoados. Mas certo dia, enquanto estava sentado junto ao forno de carvão, esperando por meu paratha de desjejum com recheio de batatas e temperos, ela me passou um pouco de sabedoria cósmica.
Tínhamos um vizinho, na rua do acantonamento de Poona, sr. Dalal, de quem ninguém gostava. Ele era curvado e grisalho, muito magro, e cumprimentava todos com uma expressão azeda e dolorosa. Curiosamente, ele tinha uma esposa pequena e vivaz - seu oposto exato - que o adorava. Estavam sempre juntos e, se eu passasse por eles no caminho para a escola, a sra. Dalal acenava para mim por trás de seu sari azul, sempre mantendo um olhar amoroso no marido, Que batia na calçada com a bengala.
'Eles são como Rama e Sita', dizia minha avó com admiração quando eles passavam. Eu duvidava muito disso, já que Rama e Sita eram encarnações divinas do homem e da mulher, e os amantes mais perfeitos na mitologia hindu. Quando Rama disparava seu arco causava relâmpagos e trovões, enquanto Sita era a própria beleza. Aos 11 anos e obcecado com o críquete, eu tinha pouco tempo para Rama e Sita ou para os Dalals, até que uma sombra passou sobre nosso lar. O sr. Dalal estava morrendo a apenas algumas portas de nossa casa.
Minha avó fez uma visita ao bangalô deles e voltou sombria e pálida. 'Só mais algumas horas', ela contou à minha mãe. Garotos pequenos podem ser insensíveis quanto à morte, e eu me ressentia do sr. Dalal pela vez em que tinha me cutucado com a bengala e ordenado que eu pegasse um pacote que ele deixara cair na calçada. Anos depois, quando entrei para a escola de medicina, compreendi que o sr. Dalal sofria de angina, e seu coração fraco não permitia nem mesmo que ele se curvasse. Uma intensa dor no peito explicava sua expressão de sofrimento, e agora ela o levara até à beira da morte.
Naturlamente, a agonia do sr. Dalal era o assunto da vizinhança. Naquele dia, minha avó nos informou que a sra. Dalal decidira morrer no lugar do marido. Ela rezava fervorosamente por esse desejo. Nossa família ficou aturdida, exceto meu pai, que era cardiologista. Ele ficou em silêncio, só nos garantindo não haver esperanças de o sr. Dalal recuperar-se do infarto. Uma semana depois, sua previsão foi desmentida quando um sr. Dalal extremamente frágil e sua esposa apareceram novamente na rua. A sra. Dalal, cheia de vida, acenava por trás de seu sari azul, parecendo alegre como sempre, apesar de um pouco mudada.
Minha avó esperou, e passaram-se alguns meses até que a sra. Dalal adoeceu. Um pequeno resfriado transformou-se em pneumonia: naqueles dias, a penicilina não era tão imediatamente disponível nem as pessoas comuns nela acreditavam - e ela morreu, subitamente, no meio da noite.
'Como Rama e Sita', murmurou minha avó, com uma expressão no rosto que poderia ser confundida com triunfo. Ela descreveu a última cena entre marido e esposa, quando o sr. Dalal pegou suas contas de orações e as colocou com ternura ao redor do pescoço da esposa enquanto ela fazia a passagem. 'Esta é uma verdadeira história de amor', declarou ela. 'Só o amor pode realizar tamanho milagre.'
'Não', protestei, de pé, impaciente, junto do fogão. 'A sra. Dalal está morta. A senhora chama isso de amor, mas agora nenhum dos dois tem nada'. Meu pai já havia me dito, em sua voz clínica e comedida, que a sobrevivência do sr. Dalal fora um adiamento, e não um milagre. Provavelmente morreria em menos de um ano.
'Você não está entendendo', minha avó me censurou. 'Quem você acha que concedeu à sra. Dalal seu desejo? Quando ela amava o marido, estava amando a Deus, e agora ela está com ele. Toda verdadeira história de amor é uma história de amor com Deus.'
Uma velha com uma mente cósmica é um bom início para falar sobre o amor. Porque essa história não é sobre a sra. Dalal. Um ocidental poderia duvidar de que ela houvesse conseguido qualquer coisa de valor ao morrer pelo marido, caso houvesse acontecido realmente isso. O ponto importante da história está nas crenças mais profundas de minha avó:

Um homem e uma mulher podem refletir o amor divino em seu amor um pelo outro.

Amar o seu amado é o modo como você ama a Deus.

O amor humano sobrevive à morte.

Se você também puder acreditar nisso, seu amor poderá conter força e significado profundos. Na verdade, eu não deveria privar a morte da sra. Dalal de seu próprio significado. Os vizinhos sussurraram que ela murmurava 'Rama' quando morreu. Qualquer pessoa que pode dizer o nome de Deus nesse momento pode muito bem estar fazendo a corte a seu amado. Olhando para trás, agora percebo que, para ela, a própria morte foi uma cura. Quantas pessoas modernas no Ocidente podem dizer o mesmo?

O Dominio do Ser - (Swami Paramananda)


"A sede pela felicidade é um instinto comum em toda a humanidade; mas nem todos possuem o segredo de adquiri-la, nem o poder de retê-la quando ela surge. Isto requer sabedoria e paciência. Talvez por esta razão os grandes homens de todos os países e épocas enfatizaram tremendamente a vida de autodisciplina e autocontrole. A autodisciplina nos capacita a organizar e unir todas as nossas forças fragmentadas. Isto necessariamente aumenta nosso poder para o pensamento e para a ação. Não é verdade, apesar de parecer ser, que nós temos muitos fatores isolados em nossa vida. A mesma energia que pulsa através de nosso coração e cérebro também opera nossas mãos e pés; por isso aprender a acumular e controlar esta energia inerente, que agora desperdiçamos pela falta de coordenação e cooperação, significaria o bem mais desejável em nossa vida.

O autodomínio é um bem muito maior que qualquer bem deste mundo. Se nós não possuirmos a nós mesmos podemos possuir todas as belas coisas da vida e seremos incapazes de usá-las para qualquer vantagem. Mais do que isso, nós podemos inconscientemente derrubar a própria raiz de nossa vida. Sob a influência da raiva ou de qualquer emoção violenta e descontrolada, uma pessoa pode fazer algo de que sempre se arrependerá, aquilo que ele sabe que é destrutivo. Se você perguntar a ele por que fez isso, ele dirá que não pode evitar fazê-lo, foi feito antes que soubesse disso, por um impulso. Mas por que tal impulso surgiu afinal? Ele surgiu porque nós construímos o alicerce para ele. Não é por acaso que caímos sob a influência destes males. Somos nós que tornamos possível que tais influências prejudiciais surjam; e também está em nosso alcance torná-las impossíveis.

Se refletirmos e penetrarmos nas profundezas de nosso ser, jamais deixaremos de encontrar que cada evento em nossa vida está baseado em uma causa justa. Se um homem faz algo destrutivo para si mesmo ou para outro, é porque permitiu que o pensamento destrutivo o dominasse; ele já não é mais ele próprio. Ele pode estar ao alcance do sucesso, mas se ele perder o domínio de si mesmo, em um momento poderá fazer algo que significará desfazer tudo o que fez anteriormente.

Há uma parábola que um dos grandes místicos da Índia costumava ensinar que ilustra isto. Um homem estava trabalhando em seu pomar em um dia quente e seco do verão. Ele estava trazendo água de seu poço e trabalhou duramente por um longo tempo, mas quando ele foi examinar as árvores ele descobriu que toda a água tinha desaparecido levada pelos grandes buracos de ratos nos canais de água. O mesmo acontece conosco. Nós rezamos, meditamos, estudamos, fazemos todas as práticas que julgamos que nos darão um ímpeto espiritual e ainda assim ficamos estacionados ou até voltamos para trás. Por que acontece isto? Porque não nos fortificamos. Um homem pode usar palavras muito elevadas que expressam idéias morais, mas se a ele faltar o princípio fundamental da vida, se a ele faltar paciência, autocontrole, capacidade de perdoar, ele explodirá de raiva algum dia e então todos os seus dogmas e teorias não servirão para nada.

Sem equilíbrio não podemos esperar ter felicidade. Felicidade é uma qualidade da mente. É algo que possuímos internamente. Se nós não temos a felicidade internamente, nada externo poderá dá-la para nós. Se nós a temos internamente, não importa quais obstáculos são colocados diante de nós, nós os ultrapassaremos. O filosofo romano Marcus Aurelius coloca isto de forma bastante firme, “Seja alegre e não busque ajuda externa nem a tranqüilidade que os outros dão. Um homem deve ficar de pé e não ser mantido de pé por outros.” Aquele que possui a si mesmo totalmente pode ser confinado em uma prisão ou pode ser colocado com multidões de pessoas sem o seu temperamento, ainda assim se manterá equilibrado. Isto é o que todos nós precisamos aprender a fazer.

A disciplina da vida é algo maravilhoso. O domínio não é para aqueles que estão sempre tentando fugir e evitar tudo que é desagradável. Se continuarmos evitando o que é difícil jamais daremos um passo para frente. É isto que desperta nossas faculdades internas.

Existem dois caminhos para lidar com a auto-conquista: podemos nos aproximar dela com o espírito do auto-esforço ou com o espírito do auto-entrega. Estas parecem ser duas idéias contrárias; ainda assim encontramos homens santos em completa posse de si mesmos, com perfeito domínio sobre seus apetites e paixões, que são inteiramente livres de todo sentido de agressão ou auto-esforço. Eles entregaram-se tão totalmente ao Supremo que não há mais lugar em seus corações para qualquer escuridão, nenhuma possibilidade do aparecimento da raiva ou da maldade. Quando tivermos nos transformado de forma completa, não seremos mais pessoas calculistas: “Ficarei com raiva ou não? Falarei duro com ele ou irei me conter?” Estes pensamentos não surgirão porque nossa mente não terá mais nenhum lugar para eles.

Aquele que deseja cumprir bem seu papel, que deseja que sua ação seja frutífera, estudará sua natureza mais profunda. Ele descobrirá ser mais sábio fazer uma pausa de alguns momentos antes de agir, do que passar seu tempo futuro lutando para desfazer o que fez em um momento de precipitação ou loucura. Autocontrole ou autodomínio não é meramente um tema de estudo interessante para estudantes de religião ou filosofia. É uma necessidade vital em nossas vidas se desejarmos manter a ordem social ou a harmonia e vida familiar saudável. Nossos amigos podem lutar para criar condições pacíficas para nós, mas se nossa mente não estiver em paz, teremos apenas uma satisfação momentânea. Existem aqueles que jamais estão satisfeitos; eles sempre querem algo diferente. Não é gratificando nossos desejos que nós atingiremos alguma calma, e sim os unindo e fazendo-os harmoniosos com nosso propósito mais elevado. Isto não implica que devemos destruir qualquer desejo que surgir em nossa mente. Seria como cobrir o fogo com cinzas, - o fogo ainda estaria intacto. Nós não nos libertaremos de nossas baixas tendências por este método, e sim adquirindo maior conhecimento, conseguindo maior unidade dentro de nós mesmos.

Quando nosso pensamento, mente e coração, - quando todo o nosso ser estiver focado em absoluta união, então descobriremos os ideais elevados surgindo dentro de nós espontaneamente; então as coisas que pertencem aos níveis inferiores não mais nos tocarão. Será deste modo que venceremos e não de forma calculista. Espiritualidade não é uma questão de cálculo nem é uma questão de doutrinas, palavras ou teorias. É algo que desenvolvemos dentro de nós e após este desenvolvimento outros se beneficiam dele. É claro que somos os primeiros a nos beneficiar, pois nossa vida se transforma. Nós somos os mesmos e ao mesmo tempo nós não somos os mesmos. Temos as mesmas mãos e pés, mas eles estão disponíveis para um melhor uso; temos as mesmas mentes e corações, mas eles estão cheios de idéias e ideais mais elevados.

O único modo de levantarmos, o único modo que podemos elevar outros seres humanos é atingir um nível de consciência mais elevado. Se temos um padrão mais nobre de vida, se possuímos autocontrole, se somos mestres de nós mesmos, não precisamos mostrar isto em palavras. Tudo que está vivo ao redor de nós – filhos, irmãos, irmãs, amigos, - se beneficiarão pelo que somos. Eles podem ficar impacientes conosco, intolerantes por sermos diferentes deles, mas se nos seguramos firmes em nossos ideais eles virão a nós nos momentos de necessidade. Em tempo de calamidade, raiva, impaciência, ou grande sofrimento, aquele que não é molestado por estas coisas, torna-se como uma rocha; os outros se ligarão a ele e terão seu conforto.

Isto significa que para ganhar autodomínio temos que ser insensíveis como um bloco de madeira ou uma pedra? Não devemos confundir estas idéias. Pessoas insensíveis são geralmente egoístas. O autodomínio não é para elas, ou para a pessoa que é dura e rude, e sim para ele cuja consciência se expandiu, que ao invés de se envolver completamente com os pequenos sentimentos egoístas, subitamente chega a possuir outra parte de sua vida. Ele é infundido com divino poder e naturalmente não é mais capaz de fazer qualquer coisa que é baixa ou ignóbil. Estas grandes características não chegam por acidente; elas são o resultado do nosso pensar e viver.

Não existe carência de altos ideais. Mesmo do ponto de vista da auto-preservação, da felicidade pessoal, devemos cultivar o domínio do ser, pois nele está o segredo de toda força e realização. Os mesmos esforços que estamos fazendo agora nos trarão o mais elevado. Tudo que é necessário é direção e esforço correto. Isto é o que autodomínio significa. O domínio do ser nos dá tal sabedoria que podemos sempre em todas as circunstâncias depender de nossa própria força interna."

quarta-feira, 26 de agosto de 2009

Serra do Luar - (Na voz de Leila Pinheiro - Letra de Walter Franco)



Amor, vim te buscar
Em pensamento
Cheguei agora no vento
Amor, não chora de sofrimento
Cheguei agora no vento
Eu só voltei prá te contar
Viajei...Fui prá Serra do Luar
Eu mergulhei...Ah!!!Eu quis voar
Agora vem, vem prá terra descansar

Viver é afinar o instrumento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro

Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
Tudo é uma questão de manter
A mente quieta
A espinha ereta
E o coração tranquilo
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro
A toda hora, todo momento
De dentro prá fora
De fora prá dentro

Não lhe posso dar o que já existe em você mesmo ... - (Herman Hesse)


Não lhe posso dar
O que já existe em você mesmo.
Não posso atribuir-lhe
Outro mundo de imagens
Além daquele que há em sua própria alma.
Nada lhe posso dar a não ser
A oportunidade, o impulso,
A chave.
Eu ajudarei a tornar visível
O seu próprio mundo.
É tudo.

A ilusão de separatividade - (Krishnamurti)


"Vós, homens, como indivíduos, desenvolveis vossos sentidos pela luta social, pela auto-preservação e dais inicio, assim, à consciência de separação. Desde a infância que vos foi incutida a idéia de que sois uma entidade separada; e desta ilusão provem a divisão entre “vosso” e “meu”, no que pensais e no que sentis, no que possuis e em todas as cosias.

Daí surge também a idéia de que vos deveis tornar algo de grande no futuro e a de que fostes já algo no passado. Um contraste contínuo. E desta consciência separada surgem – cobiça, a inveja, o ódio, o sentimento de posse, a preocupação da vaidade, as alegrias passageiras, as tristezas transitórias e os transitórios prazeres. Esta é uma civilização grosseira baseada na competição, na qual cada um trata de si, sem benevolência, sem equanimidade. É um mundo de conflito, de corrupção, de contenda, que a seu tempo conduzirá à guerra.


Em virtude de tal entendimento de separatividade, o “Eu” torna-se todo poderoso; dessa consciência de separação nasce o medo. E onde quer que exista o medo, manifesta-se imediatamente o desejo de buscar o conforto, em lugar do entendimento que dissipa todo o temor. Pois o conforto adormece o vosso temor inato de perder vossa identidade separada.

O conforto produz tão somente um ajuste temporário, mas não uma harmonia e equilíbrio permanentes; produz um alivio imediato em vez de um entendimento compreensivo, contínuo; produz o adiamento do esforço, uma evasão contínua em lugar da luta para compreender no presente. Por causa desse temor, buscais o consolo no culto, na prece, no erguimento de imagens, por intermédio de ritos e cerimônias. Essa ilusão de separação vos leva à preocupação da morte, e do que vai acontecer no futuro, isto é, sobre se tereis de vos reencarnar e sobre o que haveis de ter sido no passado. Por outras palavras, são o passado e o futuro que empolgam o homem que se acha atemorizado; a compreensão do presente, nunca. Enquanto o presente não for compreendido, o futuro jamais vos proporcionará seu verdadeiro significado, pois que o futuro, na realidade, não existe.

Todos esses problemas – o de porque nasci, ou o que acontecerá após a morte, o da sobrevivência da alma, o da reencarnação, o de como posso tornar-me algo mais e de como posso adquirir mais qualidades afim de encontrar a verdade – todas essas coisas nascem da consciência da separação.

Quando é compreendida a idéia de que a verdade, essa realidade viva, existe em todas as coisas e em todos os instantes, em toda a sua integridade, então não mais existirá o pensamento de progresso, ou seja – tornar o que é ilusório, o “Ser”, em algo permanente. Em todas as fases da vida dá-se importância ao individuo – não a individualidade que, tornada plenamente consciente, dissipa sua própria consciência, para o engrandecimento do “Eu”.

Observe a maioria das pessoas, e verificareis que todas pensam que, por tornarem-se maiores, por ampliarem sua consciência, mediante uma série de experiências, pelo fato de retroceder, avançar e reencarnar, se estão aproximando cada vez mais da verdade.

Para mim, essa concepção é inteiramente ilusória, pois a realidade, em sua inteireza, em sua plenitude, em sua riqueza, existe em tudo e, portanto, é eterna. O que é permanente, eterno em tudo, não pode progredir. O que denominamos progresso somente pode ser aplicado a determinado fato, não à realidade.

Nossa principal preocupação deverá ser, então, a de por qual maneira cada um se poderá tornar apercebido desse eterno, dessa viva realidade que sustenta, nutre e eleva todas as coisas e que se acha em nós mesmos. Enquanto criardes um mundo exterior e um mundo interior e vos esforçardes por produzir um ajustamento entre ambos, jamais, encontrareis a realidade.

Quando o homem está consciente de si próprio como entidade separada, continuamente busca o exterior para encontrar auxilio, para sua subsistência, para seu bem-estar; e desse modo cria ele desordem em lugar de ordem, e por causa dessa desordem surgem as superstições, as ilusões, as cerimônias.

Trata-se, portanto, da maneira, do processo mediante o qual cada um pode realizar essa realidade interior que assegura a tranqüilidade da vida, não a estagnação, não a paz que obscurece, que destrói, porém essa tranqüilidade que é a fonte da compreensão viva e eterna.

É somente por meio do esforço individual que a verdade pode ser realizada, não por meio de associações de qualquer espécie que sejam. Não podereis, por via de uma instituição, encontrar a verdade, pois a verdade habita em vós mesmos e as instituições não podem ajudar o indivíduo a encontrar a verdade. Não importam quais sejam elas. Todas tendem a tornarem-se cada vez mais formalistas e a verdade cada vez mais delas se distancia. Precisais buscar a verdade por vós mesmos, como indivíduos; visto que ela mora em vós, não no exterior. Quando o individuo se houver compreendido a si mesmo, viverá num ambiente de perfeita harmonia e não contribuirá para a desordem do mundo.

A partir do momento em que vós, como indivíduos, tende resolvido vosso problema particular, tenhais realizado a verdade por vós mesmos, não mais contribuireis para a crueldade, para as guerras, para a espantosa tirania e desgraça que imperam no mundo.

É importante que cada individuo compreenda, não os adornos superficiais da vida, mas como, pelo continuamente deixar de parte a consciência que cria a separação, se pode ele tornar apercebido dessa realidade interior que reside em todas as coisas.

Se quiserdes verificar isto, vós, como indivíduos, tendes que inteiramente vos desapegar de todos os sistemas tradicionais, convencionados e socializados, de pensamento e de conduta. Verificareis, então, quão necessário é não confiar, quer em autoridades de tradição, quer na conduta sistematizada. Antes que possais compreender a verdade, é preciso que vos torneis plenamente conscientes de vossa própria separatividade e, assim, de todas as qualidades e seus respectivos opostos. Isto é, tendes que vos tornar tão consciente de vós mesmos que todos os vossos desejos, propósitos e conflitos ocultos sejam trazidos à evidência, examinados e compreendidos por vós. Por vos tornardes intensamente conscientes, consumireis toda a subconsciência, pois que, quando estiverdes plenamente cônscios de vossas ações, de vossos pensamentos e emoções, a hipocrisia cessará de existir, cessarão as ilusões, os desejos secretos e as fantasias não mais terão ascendência sobre vós. E então, quando estiverdes assim, limpos e cheios de propósito, podereis chegar à esse estado em que não existem pretensas qualidades e, portanto, não há conflitos.

Quando introduzis o elemento pessoal em vosso julgamento, inevitavelmente perverteis vossa compreensão. Necessitais distinguir entre o que é pessoal e o que é individual. O pessoal é acidental, e por acidental entendo eu, as circunstancias de nascimento, o ambiente em que fostes criados, vossa educação, vossas tradições, vossas superstições, vossas distinções de nacionalidade e classe, e todos os preconceitos que por este processo se desenvolvem. O que é pessoal somente se relaciona com o acidental, com o que é momentâneo, ainda que esse momento possa durar o período inteiro de uma existência. A educação moderna conduz à perversão do pensamento e o espírito de nacionalidade, de classe, de tradição aumentada pelo medo. Quando ajuizardes de um fato não o façais partindo do ponto de vista pessoal: julgai-o sob o ponto de vista do individuo, que é o do eu.

Pois as qualidades – as virtudes e os pecados, o bom e o mau, as alegrias e as tristezas – pertencem a consciência do “Eu”. Quando estou consciente de mim mesmo, invento virtudes e pecados, o bom e o mau, o céu e o inferno, para me proporcionarem equilíbrio em minha luta com os opostos.

Enquanto houver tal consciência da separação, do eu, da personalidade, não pode existir a realização da verdade; antes, porém, que possais transcender essa consciência, tendes que vos tornar plena e vitalmente auto-conscientes. Tal significa que necessitais vos tornar conscientes de vós próprios como indivíduos, não como uma máquina, não como um mero dente da engrenagem desta rude civilização onde impera a competição.

Antes que vos possais tornar plenamente conscientes, e, dessa forma, perder a auto-consciência, há três condições a passar, relativas à consciência. Na primeira delas, o individuo é escravo dos sentidos e de seus anseios. Para satisfazê-los, torna-se ele simplesmente egoísta, dependendo, inteiramente, para a sua felicidade, das coisas exteriores, das sensações e excitações e, desse modo, fica cada vez mais emaranhado na tristeza e na dor. Sua conduta é encaminhada pelo egoísmo. Toma cada vez maiores responsabilidades sobre si e torna-se, por essa forma, um simples escravo da ação. Tal homem não tem tempo nem inclinação para a quietação do pensamento, para a reflexão, para o exame. Pois a verdadeira reflexão cria a dúvida, as investigações que levam ao isolamento, ao afastamento, o que ele cuidadosamente evita.

Depois, vem o segundo estágio em que o homem se apercebe de suas faltas, de seus defeitos, de suas ilusões, de suas crueldades. Tornando-se, assim, consciente de sua própria natureza, tenta desembaraçar-se, livrar-se do domínio dos sentidos e começa a libertar a mente e o coração. Começa por diminuir, gradualmente as próprias responsabilidades, sem abandonar sua vida na torrente do mundo. A ação, nascida da consciência de si mesmo, e na qual existe a separatividade, é embaraçante, limitadora, pesada; porém a ação, que é o resultado da liberdade, da individualidade, é libertação.

O indivíduo que possui, agora, o forte desejo de libertar-se, começa a disciplinar-se. Essa disciplina não lhe é imposta pelo exterior, não é o resultado da repressão; antes, em virtude do seu desejo de ser livre, de realizar a verdade, impõe ele a si próprio uma disciplina oriunda do entendimento – não oriunda do medo, não coagido pelas circunstâncias sociais ou pelo ambiente. Deseja então libertar a mente, o coração e, desse modo, viver em harmonia. Impõe a si mesmo, por isso, uma disciplina maior do que qualquer das disciplinas provindas do exterior.

Em seguida vem o terceiro estágio de consciência, em que o homem está completamente senhor dos sentidos, completamente senhor do seu corpo. Isso não significa ser desenvolvido muscularmente, nem que o corpo não sinta dores, nem tão pouco que ele morra; será senhor do corpo, no sentido de não mais se emaranhar em seus anseios, suas sensações e excitações.

Começa ele, então, a libertar-se do medo e das ilusões que ele próprio cria.

Uma vez que estejais libertos das ilusões, do temor, de todas as outras qualidades, haverá para vós, um como retiro interior nascido da alegria, retiro nascido não do tédio, nem do retraimento, nem do intuito de fugir a este mundo de conflito, porém um retiro interno de alegria em meio da ação.

Quando tal acontecer, a reflexão e a analise virão dar lugar a uma concentração tremenda; não a concentração sobre um objeto, mas a concentração em que não há sujeito nem objeto, o pleno conhecimento em que não há mais contrastes.

Ulteriormente, proveniente deste retiro, manifesta-se uma harmonia interior, a equanimidade entre a razão e o amor – o pensamento liberto das fantasias e teorias pessoais, o amor liberto da especialização, amor que é como o perfume de uma flor.

Quando existe esta harmonia, não mais se inquire a respeito de futuro e de passado.

Não mais terá lugar a pergunta de – se continuarei “Eu” a viver como entidade separada.

O passado com suas faltas e tristezas, desaparece, e o futuro, com suas esperanças, anseios e antecipações, desaparece também: oriunda desses dois termos, nasce a harmonia do presente, a qual é a realização dessa inteireza que existe em todas as coisas.

Quando ela for realizada, haverá tranqüilidade, haverá a realidade viva da felicidade."



Fonte: Krishnamurti – Palestra realizada em Londres – 1931 – Do livro: Coletânea de Palestras

A louca sabedoria de Franscisco de Assis - (Tarô da Transformação; Osho)


O coração tem razões que a mente desconhece. O coração tem sua própria dimensão de ser, que é completamente oculta para a mente. O coração é mais elevado e mais profundo do que a mente, está além do alcance dela. Isso parece bobagem. O amor sempre parece bobo porque não é utilitário. A Mente é utilitária. Para ela, todas as coisas têm algum propósito - esse é o sentido de ser utilitária. Mente é resoluta, orientada para um fim; ela transforma tudo em um meio, e o amor não pode ser transformado em um meio, esse é o problema. O amor em si mesmo é a meta.


Tolos possuem uma sabedoria sutíl neles, e os sábios agem como tolos. Antigamente, todos os imperadores tinham um bobo da corte. Também tinham sábios, conselheiros, ministros e primeiro ministros, mas sempre mantinham um bobo na corte.

Porque? – porque existem coisas que os assim chamados sábios não serão capazes de entender, coisas que somente um bobo pode entender – isso porque aqueles que se dizem sábios são tão tolos que a esperteza e inteligência deles fecham suas mentes. Um bobo da corte é tolo, e eles eram necessários porque há coisas que os sábios não diriam por medo do imperador. Um tolo não tem medo de ninguém, irá falar não importa as consequências.

É assim que os tolos agem, de forma simples, sem pensar qual será o resultado. Um homem sensato sempre pondera o resultado, depois age. O pensamento vem primeiro, depois a ação; um homem tolo age, o pensamento nunca vem antes.

Sempre que alguém realiza o supremo, ele não é como seus sábios. Ele não pode ser. Pode ser como seus bobos, mas não como seus sábios.

Quando São Francisco tornou-se iluminado ele costumava chamar a si mesmo de “Bobo de Deus.” O papa era um sábio, e quando São Francisco foi vê-lo mesmo o papa achou que esse homem havia enlouquecido. Ele era inteligente, calculista, esperto, do contrário como teria se tornado papa? Para tornar-se um papa é preciso ser muito hábil na política. Para tornar-se um papa diplomacia é necessária, uma competição agressiva é necessário para deixar para trás os oponentes, para usar os outros como escada e depois derrubá-los.

Tudo isso é política... pois o papa é um líder político. A religião é secundária, ou absolutamente nada. Como pode um homem religioso lutar e ser agressivo por um posto? Eles são somente políticos.

São Francisco veio falar com o papa, e o papa achou que esse homem era um tolo. Mas as árvores, os pássaros e os peixes pensavam de maneira diferente. Quando São Francisco ia até o rio os peixes saltavam em celebração por sua vinda. Milhares de pessoas presenciaram esse fenômeno – milhões de peixes saltavam simultaneamente; todo o rio ficava tomado por peixes que saltavam simultaneamente. São Francisco havia chegado e os peixes estavam felizes. E aonde quer que ele fosse os pássaros o seguiam e vinham pousar na perna dele, em seu colo. Eles entendiam esse tolo melhor do que o papa. Até mesmo árvores que tinham secado e estavam morrendo voltavam a verdejar e a florescer novamente se São Francisco chegasse perto. As árvores compreendiam que esse tolo não era um bobo qualquer; ele era o "bobo de Deus".

Vida - (Papaji)


"P: Quem sou eu?
R: Aquilo que você imagina ser. Quando você parar de criar identificações para si mesmo, você encontrará quem você realmente é.
P: Quem é Deus?
R: Quando você projeta um mundo de sonhos para si mesmo e vive nele, você também projeta um Deus que olhe por ele. Quando você pára sua projeção, ambos o mundo e Deus desaparecem.
P: Depois da Iluminação, nós entendemos tudo sobre a vida? Ou o propósito da vida fica no coração como um mistério e não como um enigma a ser resolvido?
R: O Self será sempre um mistério porque não há nada fora dele para compreende-lo, analisa-lo ou entende-lo.
P: Qual é o significado da vida?
R: Porque deve haver algum significado? Qualquer significado que você atribua para isto é justamente uma idéia em sua mente. A Vida não é afetada ou explicada por nenhuma idéia que você possa ter sobre isso.
P: Você pode por favor falar sobre como aprender a viver, simplesmente ser aqui agora. Algumas vezes estando a sua volta eu sinto você compartilhando conosco ordinárias atividades diárias. Eu penso sobre o Zen dizendo “Antes da Iluminação cortar lenha, carregar água, após a Iluminação, cortar lenha, carregar água”....
R: Antes da Iluminação você pensa, “Eu preciso cortar lenha, eu preciso carregar água”. Depois de tudo a lenha é cortada, a água é carregada mas isto não tem nada a ver com você. Isto simplesmente acontece.
P: Quando nós estamos no ‘intervalo’ entre vidas, nós conscientemente escolhemos o corpo que nós queremos reencarnar, nossos pais, e essas coisas? Se é assim, como nós escolhemos?
R: Isto não é uma agencia de viagem que você pode pegar um bom local para seu próximo nascimento. Seus pensamentos e desejos nessa vida impulsionara você a uma nova forma e não necessariamente a uma muito boa. Isto está fora do seu controle. Agora mesmo você pode exercitar controle buscando de onde vem os seus pensamentos e desejos. Após sua morte será muito tarde.
P: Por que nós temos tanto medo em nossas vidas? Por que confiar em cada momento é tão difícil?
R: Se você vive no ego, você automaticamente monta situações de ‘eu’ e o resto do mundo. Para defender o ego você deverá ser egoísta e você deverá temer os outros porque eles todos ameaçam o seu bem estar. Como você pode confiar em qualquer um nessa situação?
P: Muita gente acredita que há algo como um “ego saudável”. Uma pessoa com um ego saudável pode ser confiante, Cônscio de suas habilidades e limitações, gostos e não gostos, tem alta autoestima, e assim vai...Existe algo como um “ego saudável”? Isto pode levar a liberdade?
R: Uma pessoa que confia em si mesma e tem alta auto-estima (o que os psicólogos chamam de ‘ego saudável’) não está mais próximo da liberdade do que qualquer outro. Esta pessoa pode sentir que está feliz e que não precisa de grandes mudanças em sua vida. A pessoa que entende que este ego está continuamente causando problemas mentais esta mais propicio a buscar soluções. Não há algo como um ego saudável,assim como não há algo como doença saudável. O ego não pode o levar a liberdade, ele só pode obstruir isso. Ego e liberdade não podem coexistir. Quando o ego desaparece, a liberdade substitui isso."


Fonte: Satsang em Lucknow, Índia, 26 Agosto de 1994.
Traduzido por Shanti

sábado, 15 de agosto de 2009

Being in Peace - (video Gangaji)

Experiencing beingness / Experimentando Ser - (video Gangaji)

Trecho de "Quem é você?" - Entrevista com Papaji - (Por Jeff Greenwald)


Entrevista com Papaji. Por Jeff Greenwald
Tradução livre: Sw Sunder Svarupo

"J. Quem é você?
P. Eu sou Aquilo de onde você, eu, ele, ela e todo o resto emergem. Eu sou Aquilo.
J. O que você vê quando olha para mim?
P. O vidente.
J. Papaji, como um ser acordado como você mesmo, vê o mundo?
P. Como o meu próprio Ser. Qdo vc vê suas mãos, pés, corpo, mente, sentidos, intelecto, você sabe que eles são parte de você. Você diz, “Meu”; “Eu” inclui tudo isso.” Do mesmo modo vc deve ver o mundo como você mesmo, não diferente de quem vc seja. Nesse momento você entende suas mãos, seus pés, sua unha e seu cabelo como não diferentes de você. Olhe o mundo do mesmo modo.
J. Vc está dizendo que não há um lugar onde o “Eu” termina e “você” começa?
P. Há sim. Eu o estou levando a este lugar.
J. Papa, você fala sobre liberdade. O que é liberdade?
P. Liberdade é uma armadilha! Um homem que está apreso em uma jaula precisa ser livre, não é? Ele está aprisionado na jaula e sabe que as pessoas do lado de fora estão livres. Vocês estão todos em uma prisão e vocês têm ouvido falar sobre o lado de fora, através de seus pais, seus padres e pastores, professores e pregadores. “Venha a nós” eles dizem, e nós lhe daremos liberdade “. Venha a mim e eu lhe darei descanso. Esta é a promessa, mas essa é somente mais uma armadilha. Uma vez que você acredite você cai na armadilha de querer liberdade. Você devia estar fora dessas duas arapucas – nem limitação, nem liberdade – porque elas são apenas conceitos. Limitação foi um conceito que deu origem ao conceito de liberdade. Livre se dos dois”.
J. Então onde está você?
P. Aqui. Aqui, sim. Aqui não é nem uma armadilha de limitação nem de liberdade. Não é lá.
De fato não é nem mesmo aqui. As palavras me parecem outra grande armadilha. Todo o tempo que tenho estado aqui, as palavras tem sido inadequadas para expressar a natureza do despertar que toma lugar aqui. Elas não podem nem mesmo expressar por que as palavras são inadequadas. Eu teria que compará-las ao que é adequado e eu não posso fazer isso em palavras.
J. Mas uma palavra que é muito jogada por aí no oriente e no ocidente é a palavra Iluminação. É sobre isso que você fala?
P. Iluminação é conhecimento em si mesmo, não conhecimento de uma pessoa, uma coisa ou uma idéia. Simplesmente conhecimento em si. Iluminação existe quando não qualquer imaginação do passado, do futuro ou mesmo do presente.
J. Eu não posso conceber um estado sem qualquer imaginação!
P. Isso é o que se chama limitação. Isso se chama sofrimento. Isso se chama Sansara. Eu lhe digo, não imagine. Nesse presente momento, não tenha qualquer imaginação. Quando você imagina você esta construindo imagens e todas as imagens pertencem ao passado. Não recolha o passado e não aspire a qualquer futuro. Então a imaginação se vai. Ela não permanece mais na mente. Tudo na mente vem do passado.
J. Quando você, diz para não pensar em nada, é como me pedir para não pensar em Hipopótamo. O primeiro pensamento que vem à mente é claro, é hipopótamo.
P. Eu não estou pedindo a você para não pensar em nada. O que eu estou dizendo é, “não imagine coisa alguma que pertença ao passado, ao presente e ao futuro. Se você está livre de todas as imaginações, você também está livre do tempo, porque qualquer imagem o lembrará do tempo e manterá você dentro dessa janela. No estado acordado você vê imagens: de pessoas, de coisas de idéias. Quando você vai dormir, tudo isso se desvanece. Agora, quando você está dormindo, onde estão todas essas imagens? Onde estão as pessoas? Onde estão as coisas?”.
J. Em sonho essas coisas ainda estão lá. Elas não vão embora quando eu durmo.
P. Você está descrevendo o estado de sonho. Eu estou falando sobre o estado de sono. Eu lhe mostrarei. A que hora você dorme?
J. Por vota de 11:30 da noite.
P. Pense sobre esse ultimo segundo, aquele após 11:29 minutos e cinqüenta e nove segundos. O que acontece naquele segundo final? O sexagésimo segundo pertence ao estado de sono ou ao estado de vigília?
J. É uma zona intermediaria, nem aqui nem lá.
P. Agora vamos falar sobre um segundo mais tarde. O sexagésimo segundo já se foi. Agora mesmo você falou de “aqui” e “lá”. Onde é aqui e lá no primeiro instante de sono? Naquele instante, você rejeita tudo: todas as imagens, todas as coisas, todas as pessoas, todos os relacionamentos. Todas as idéias se foram naquele instante quando você saltou para dentro do sono. Após aquele sexagésimo segundo não há nenhum tempo, nenhum espaço, nenhum país.
Estamos falando agora sobre sono. Agora, após você acordar, descreva para mim o que
aconteceu enquanto você estava dormindo.
J. Havia sonho.
P. Não sonho. Eu estou falando de sono. Sonhar é o mesmo estado que você vê aqui em frente de você. Em sonho, se você vê que um ladrão te roubou ou que um tigre saltou sobre você, você sente o mesmo medo que teria no estado desperto. O que você vê quando você dorme?
J. Nada.
P. Esta é a resposta certa. Agora, por que você rejeita todas as coisas do mundo, coisas que você gosta tanto, meramente para oferecer-se para o estado de “nada”?
J. Eu faço porque estou cansado.
P. Para recarregar energia você vai ao reservatório de energia, aquele estado de nada. Se você não tocar aquele reservatório, o que acontecerá a você, como você ficará?
J. Louco!
P. Sim. Louco. Agora eu lhe direi como permanecer continuamente naquele estado de nada, até mesmo estando estiver acordado. Eu também lhe direi como estar acordado enquanto seu corpo dorme. Isso seria bom, não é? Vamos falar sobre o fim daquele ultimo segundo antes de você acordar do sono. O despertar ainda não aconteceu e o sono está para terminar. Agora, qual é sua experiência no primeiro momento do estado desperto?
J. Meus sentidos me chamam de volta ao mundo.
P. Ok. Agora me diga o que acontece com a experiência de felicidade que você teve enquanto dormia? O que você trouxe das horas de “nada”?
J. Se foi. Eu estou relaxado, revigorado.
P. Então, você prefere a tensão do estado desperto ao invés do relaxamento do sono?
J. Eu tenho uma pergunta sobre isso mais tarde.
P. Se você entender o que eu estou tentando lhe passar, você provavelmente não me fará esta próxima pergunta. Imagine que você acabou de sair do cinema após ver um show. Você vai para casa e seus amigos lhe perguntam, “como foi?” O que você responde?
J. “Foi um belo show”.
P. Você pode trazer a memória das imagens para eles, mas você não trouxe nada de seu sono. Quem acordou? Quem acordou daquele estado de felicidade? Você estava feliz enquando dormia. Se não fosse um estado de felicidade, ninguém estaria desejando “boa noite” a seus bem amados antes deles irem dormir. Não importa quão perto você esteja deles você sempre diz, “boa noite, vou dormir”.
Há algo superior, algo mais alto, algo mais belo sobre o estar só. Pergunte a si mesmo: quando eu acordo, quem acorda? Quando você acordou, você não trouxe a impressão de felicidade que você teve por seis ou sete horas de sono sem sonhos. Você só pode trazer impressões das danças que você viu em seus sonhos. Você tem que criar um novo habito, um habito que você só pode criar em Satsang. Você foi levado ao teatro por seus pais quando era um pequeno garoto. Através dessas viagens você aprendeu como descrever as impressões que seus sentidos receberam, e você também aprendeu a se deleitar com elas. Mas seus pais não puderam ensinálo sobre o que acontece quando você está livre dos sentidos. Isso só pode ser conhecido em Satsang, e esta é a razão de você estar aqui. Assim, eu lhe perguntarei de novo: Quando você
acorda, quem acorda?
J. É o “eu” que acordou.
P. Ok. O “eu” acordou. Quando o eu acorda, o passado, o presente e o futuro também acordam. Isso significa que o tempo e o espaço também acordam. E com o tempo e espaço acordam, o sol acorda, a lua acorda, as estrelas acordam, montanhas acordam. Rios acordam, florestas acordam, homens pássaros e animais todos acordam. Quando o “eu” acorda, tudo o mais acorda. Enquanto esse “eu” estava dormindo durante o estado de sono, tudo estava quieto. Se você não tocar o “eu” o qual acordou, você experienciará a felicidade do sono estando acordado. Faça isso por um único segundo, meio segundo, um quarto de um único segundo.
Não toque o “eu”. O “eu” é algo que podemos viver sem. Não toque o “eu” e diga-me se você não está dormindo.
J. Está certo. Naquele instante, tudo parece como um sonho.
P. Isso é chamado acordar enquanto dorme e dormir enquanto acordado. Você está sempre em felicidade, sempre acordado. Esse acordar é chamado de Conhecimento, Liberdade, Verdade.
Não toque os nomes. Livre-se de todas as palavras que você já ouviu até agora de onde quer que seja. E você verá quem você realmente é.
J. (Silencio)
P. Agora, não durma!"

"Keep quiet" - (Papaji)


"Papaji sempre negou que tivesse qualquer “ensinamento”. O que ele possuia, entretanto, era uma incrível habilidade de dar às pessoas que vinham ter com ele um insight direto do Eu Real. O seu método não era mandar as pessoas longe para meditar e praticar, como um objetivo espiritual a longo termo na forma de uma experiência espiritual grandiosa, mas sim o de mostrar às pessoas que vinham visitá-lo que a Auto-Consciência é possível aqui e agora se a pessoa a buscasse no lugar do qual surge a mente e o sentimento de identidade individual.

Em seus satsangs o Mestre colocava ênfase apenas no abandonar as identificações, os conceitos, as idéias, cessar todos os esforços e pensamentos, olhar para dentro e apenas ser, permanecendo em silêncio. Encoravaja os buscadores a fazerem isso agora mesmo, neste instante. Insistia na importância de se ter um desejo forte pela libertação, ou liberdade. Aconselhava também os buscadores a perguntarem-se “quem sou eu?” e “de onde eu venho” a fim de chegar na Fonte do eu, do ego.

[Deve ser notado que a expressão que o Papaji e outros discípulos do Ramana Maharshi usa, “keep quiet”, é uma tradução da expressão tamil summa iru, cunhada pelo Bhagavan, significando “permaneça quieto” ou “apenas seja”. Nos textos por mim traduzidos essa expressão, na falta de um par perfeito em português, é traduzida por “fique quieto”, “permaneça/mantenha-se em silêncio” ou “apenas seja”. Tal expressão refere-se a manter uma mente em paz, vazia, sem pensamentos, e não ao silêncio físico fruto de não falar.]"

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"Fique quieto, não pense, não faça esforço algum. Para estar aprisionado é necessário algum esforço, mas não para ser livre. A Paz está além do pensamento e do esforço. Não pense e não faça nenhum esforço, porque isso apenas obscurecerá Aquilo, mas não o revelará. É por isso que permanecer em silêncio é a chave ao oceano de amor e paz.

Essa quietude é a não mente; esse não-pensamento é a liberdade. Identifique-se com este Nada, esse Silêncio, mas tome cuidado para não fazer disso uma experiência, pois aí seria a mente aplicando-lhe um truque com a armadilha da dualidade.

Quando você se questiona “quem está pensando?” você interrompe o processo mental e retorna a sua verdadeira natureza.

O despertar perfeito é possível aqui e agora, para todos os seres humanos, independente da sua educação, prática, ou circunstâncias pessoais. Você já é livre! Qualquer coisa nova que seja obtida será perdida. O que é interno está sempre dentro de você, como seu Eu Real. Este é o substrato imutável sobre o qual suas esperanças e desejos são refletidos. São essas esperanças e desejos que ocultam a sempre-pura Consciência. O Eu Real revelará a si mesmo para si mesmo em um piscar de olhos assim que você abandonar toda esperança e desejo, que são doenças da mente. Mantenha-se em silêncio. Não deixe que surja nenhum pensamento. Não faça nenhum esforço e então em um instante descubrirá que você sempre foi livre.

Você é aquilo dentro do qual todos os acontecimentos acontecem. O que acontece deve acontecer, então permanença enquanto Paz, não afetado por nada. Seja pacífico e esta Paz se espalhará.

A melhor posição a tomar é aquela de não esquecer-se. Cumpra seu papel no mundo, mas não esqueça que tudo é apenas uma peça no palco. (...) Se você viver assim, sabendo que você é o Eu Real, poderá agir em qualquer lugar. Se você souber disso, todas as suas atividades serão muito bonitas, e você nunca irá sofrer. Quando você tiver um insight, uma experiência dessa vazio, você estará feliz o tempo todo, pois saberá que toda a manifestação, todo samsara, é a sua própria projeção.

Para alcançar a felicidade, simplesmente não pense, não deseje, mantenha-se em silêncio, porque pensamentos são o cemitério.

Se o desejo por liberdade é contínuo, todos os hábitos mentais e distrações cairão por terra. Pense apenas na Liberdade e você se tornará Liberdade, porque você é o que pensa. Pense no Self com a mesma persistência que uma dor de dente.

Dentre seis bilhões de pessoas e inúmeros bilhões de animais, quantos realmente desejam a liberdade? Quantos? Eu diria que vinte seria uma estimativa generosa. É um número muito pequeno. Eles são pessoas de sorte. Eles tem uma montanha de sorte, uma montanha de méritos passados. Apenas quando você tem uma montanha de méritos você realmente desejará a liberdade.

Se você não pedir nada e não desejar nada, tudo lhe será dado.

Este ciclo interminável é alimentado pelo desejo, o desejo de desfrutar de objetos sensoriais em um corpo. Quando cessa o desejo, o ciclo também cessa. Este aparentemente interminável ciclo de nascimentos e mortes cessa com a cessação do desejo. Não apenas o nascimento e morte cessam. Quando cessa o desejo, o universo mesmo cessa, como se nunca houvesse existido. É assim que é.

Os desejos serão um problema quando deixarem traços na mente. São os traços que são perigosos, e não os desejos em si. Quando um pássaro voa, ele não deixa marcas no ar. Quando um peixe nada, ele não deixa qualquer marca na superfície da água. Se nós pudéssemos viver sem deixar quaisquer traços, marcas, na mente, nós não teríamos problema algum.

Silêncio é abandonar todo o tornar-se, todos os pensamentos, todas as intenções, todos os conceitos. Simplesmente fique em silêncio.

A auto-inquirição é a verdadeira meditação, concentração na Consciência. Esta Consciência revelará a verdade para si mesmo: nenhum sujeito e nenhum objeto. A decisão “Apenas o Self é real” é meditação. Não direcione a sua mente ao passado ou futuro, mas deixe-a permanencer no aqui-agora sem vacilar, e medite. Medite apenas sobre quem é o meditador. (...) Meditação significa não fazer esforço algum, não agitar nenhum pensamento. Não é uma busca, porque a busca o faz perdê-lo. Meditação é direcionar sem esforço a mente em direção àquela Energia que vivifica a mente.

A suprema devoção é não despertar qualquer pensamento.

Podemos dizer que existem duas formas de expressar o que o Eu Real é: amor (bhakti) e sabedoria (jnana). Esses são também as formas de conhecê-lo. Na vichara, auto-inquirição, você busca a fonte do pensamento. Você retorna à fonte, mergulha nela e permanece enquanto Fonte. Isto é vichara. Esta investigação é chamada de “conhecimento”, jnana. Devoção é amar a sua Fonte. Quando você a ama com amor supremo, extremo, você será levado à Fonte e a conhecerá.

Maya [ilusão] tem uma grande rede com a qual ela pega peixes de diversas formas. Quando um homem rejeita o mundo, o samsara [ciclo de renascimentos, vida ilusória], existem inúmeras armadilhas a sua espreita. Ele pode ser pego de várias maneiras. Ele pode até deixar seus amigos, família e comunidade, mas pode acabar na armadilha de uma nova comunidade, um ashram. Ou ele pode cair na armadilha de ler livros espirituais. Ficar perdido nesses livros é uma grande armadilha. Onde quer que você vá, maya tem uma armadilha lá esperando por você. (...) Você pode ser um devoto que entoa mantras o dia todo, mas então seu rosário acabará sendo sua armadilha. Você pode pensar “Estou contando contas todos os dias. Estou indo bem!” (...) Quem está livre dessas armadilhas? Ninguém. Porque qualquer coisa que você faça ou pense, qualquer coisa que você imagine, é uma armadilha de maya.

Entretanto, deixe-me dizer que todas essas armadilhas são imaginárias. Uma vez que você saiba que elas são todas armadilhas, saberá que elas estão todas em sua imaginação. Não há porta que esteja lhe trancando. Você é livre para sair de qualquer armadilha na qual se encontre.

Qualquer coisa que você experimente, rejeite. Onde quer que você esteja, rejeite este lugar. Qualquer coisa que você perceba, conceba ou veja, rejeite tudo como “não isso, não isso”. Separe-se de todas essas coisas. No final você chegará a algum lugar, a um certo conhecimento, um conhecimento que não pode ser rejeitado. (...) Finalmente, o “eu” individual permanecerá desassociado de qualquer outra coisa, e então ele desaparecerá. E a dualidade desaparecerá com ele.

Para ser o que você é, para permanecer como o que você É, porque você precisaria de um mapa ou guia? Você já está lá. Qual exercício o trará mais perto? Qual caminho espiritual? Sob qual árvore bodhi você precisa sentar-se?

Eu lhe digo: ninguém está preso. Não há prisão. Ninguém é um buscador da liberação porque ninguém existe. Até mesmo a liberação não existe. Quem é você? Quem é aquele que irá meditar?

O ser Iluminado não nasce mais porque não há destino para ele. O destino é apenas para aqueles que não se iluminaram, e eles estão inescapavelmente sob seu poder. Mas para o ser Realizado não há destino desde o momento em que ele Realizou.

Se você souber e entender que é esta Luz, esta Consciência, que está lhe animando, e que é esta Luz que faz todas as suas ações, então você não mais terá qualquer responsabilidade pessoal pelas ações que o corpo fizer. Apenas seja o instrumento para essa Consciência fazer o seu trabalho. Deixe seu corpo agir de acordo com as instruções dessa Consciência. Saiba que você é apenas um instrumento. Se você viver na Consciência, como Consciência, sem tomar nada – tal como um corpo – como “meu”, você viverá uma vida muito livre. Você será a própria liberdade. Você viverá muito bem, muito feliz, sabendo que você é a Consciência que está por trás de tudo, e não nenhum dos dramas que se manifesta nela. O sofrimento pode surgir, a felicidade por surgir; eles podem surgir ou desaparecer, mas você não ficará chateado ou exaltado, pois conhecerá a verdade, que é a Consciência, e estará vivendo nela.
Enquanto houver sujeito-objeto, ou qualquer dualidade, você está sonhando. Quando você acordar perceberá que nada jamais existiu."

Fonte: http://www.advaita.com.br/Papaji/ensinamentospapaji.htm