sábado, 15 de agosto de 2009
Trecho de "Quem é você?" - Entrevista com Papaji - (Por Jeff Greenwald)
Entrevista com Papaji. Por Jeff Greenwald
Tradução livre: Sw Sunder Svarupo
"J. Quem é você?
P. Eu sou Aquilo de onde você, eu, ele, ela e todo o resto emergem. Eu sou Aquilo.
J. O que você vê quando olha para mim?
P. O vidente.
J. Papaji, como um ser acordado como você mesmo, vê o mundo?
P. Como o meu próprio Ser. Qdo vc vê suas mãos, pés, corpo, mente, sentidos, intelecto, você sabe que eles são parte de você. Você diz, “Meu”; “Eu” inclui tudo isso.” Do mesmo modo vc deve ver o mundo como você mesmo, não diferente de quem vc seja. Nesse momento você entende suas mãos, seus pés, sua unha e seu cabelo como não diferentes de você. Olhe o mundo do mesmo modo.
J. Vc está dizendo que não há um lugar onde o “Eu” termina e “você” começa?
P. Há sim. Eu o estou levando a este lugar.
J. Papa, você fala sobre liberdade. O que é liberdade?
P. Liberdade é uma armadilha! Um homem que está apreso em uma jaula precisa ser livre, não é? Ele está aprisionado na jaula e sabe que as pessoas do lado de fora estão livres. Vocês estão todos em uma prisão e vocês têm ouvido falar sobre o lado de fora, através de seus pais, seus padres e pastores, professores e pregadores. “Venha a nós” eles dizem, e nós lhe daremos liberdade “. Venha a mim e eu lhe darei descanso. Esta é a promessa, mas essa é somente mais uma armadilha. Uma vez que você acredite você cai na armadilha de querer liberdade. Você devia estar fora dessas duas arapucas – nem limitação, nem liberdade – porque elas são apenas conceitos. Limitação foi um conceito que deu origem ao conceito de liberdade. Livre se dos dois”.
J. Então onde está você?
P. Aqui. Aqui, sim. Aqui não é nem uma armadilha de limitação nem de liberdade. Não é lá.
De fato não é nem mesmo aqui. As palavras me parecem outra grande armadilha. Todo o tempo que tenho estado aqui, as palavras tem sido inadequadas para expressar a natureza do despertar que toma lugar aqui. Elas não podem nem mesmo expressar por que as palavras são inadequadas. Eu teria que compará-las ao que é adequado e eu não posso fazer isso em palavras.
J. Mas uma palavra que é muito jogada por aí no oriente e no ocidente é a palavra Iluminação. É sobre isso que você fala?
P. Iluminação é conhecimento em si mesmo, não conhecimento de uma pessoa, uma coisa ou uma idéia. Simplesmente conhecimento em si. Iluminação existe quando não qualquer imaginação do passado, do futuro ou mesmo do presente.
J. Eu não posso conceber um estado sem qualquer imaginação!
P. Isso é o que se chama limitação. Isso se chama sofrimento. Isso se chama Sansara. Eu lhe digo, não imagine. Nesse presente momento, não tenha qualquer imaginação. Quando você imagina você esta construindo imagens e todas as imagens pertencem ao passado. Não recolha o passado e não aspire a qualquer futuro. Então a imaginação se vai. Ela não permanece mais na mente. Tudo na mente vem do passado.
J. Quando você, diz para não pensar em nada, é como me pedir para não pensar em Hipopótamo. O primeiro pensamento que vem à mente é claro, é hipopótamo.
P. Eu não estou pedindo a você para não pensar em nada. O que eu estou dizendo é, “não imagine coisa alguma que pertença ao passado, ao presente e ao futuro. Se você está livre de todas as imaginações, você também está livre do tempo, porque qualquer imagem o lembrará do tempo e manterá você dentro dessa janela. No estado acordado você vê imagens: de pessoas, de coisas de idéias. Quando você vai dormir, tudo isso se desvanece. Agora, quando você está dormindo, onde estão todas essas imagens? Onde estão as pessoas? Onde estão as coisas?”.
J. Em sonho essas coisas ainda estão lá. Elas não vão embora quando eu durmo.
P. Você está descrevendo o estado de sonho. Eu estou falando sobre o estado de sono. Eu lhe mostrarei. A que hora você dorme?
J. Por vota de 11:30 da noite.
P. Pense sobre esse ultimo segundo, aquele após 11:29 minutos e cinqüenta e nove segundos. O que acontece naquele segundo final? O sexagésimo segundo pertence ao estado de sono ou ao estado de vigília?
J. É uma zona intermediaria, nem aqui nem lá.
P. Agora vamos falar sobre um segundo mais tarde. O sexagésimo segundo já se foi. Agora mesmo você falou de “aqui” e “lá”. Onde é aqui e lá no primeiro instante de sono? Naquele instante, você rejeita tudo: todas as imagens, todas as coisas, todas as pessoas, todos os relacionamentos. Todas as idéias se foram naquele instante quando você saltou para dentro do sono. Após aquele sexagésimo segundo não há nenhum tempo, nenhum espaço, nenhum país.
Estamos falando agora sobre sono. Agora, após você acordar, descreva para mim o que
aconteceu enquanto você estava dormindo.
J. Havia sonho.
P. Não sonho. Eu estou falando de sono. Sonhar é o mesmo estado que você vê aqui em frente de você. Em sonho, se você vê que um ladrão te roubou ou que um tigre saltou sobre você, você sente o mesmo medo que teria no estado desperto. O que você vê quando você dorme?
J. Nada.
P. Esta é a resposta certa. Agora, por que você rejeita todas as coisas do mundo, coisas que você gosta tanto, meramente para oferecer-se para o estado de “nada”?
J. Eu faço porque estou cansado.
P. Para recarregar energia você vai ao reservatório de energia, aquele estado de nada. Se você não tocar aquele reservatório, o que acontecerá a você, como você ficará?
J. Louco!
P. Sim. Louco. Agora eu lhe direi como permanecer continuamente naquele estado de nada, até mesmo estando estiver acordado. Eu também lhe direi como estar acordado enquanto seu corpo dorme. Isso seria bom, não é? Vamos falar sobre o fim daquele ultimo segundo antes de você acordar do sono. O despertar ainda não aconteceu e o sono está para terminar. Agora, qual é sua experiência no primeiro momento do estado desperto?
J. Meus sentidos me chamam de volta ao mundo.
P. Ok. Agora me diga o que acontece com a experiência de felicidade que você teve enquanto dormia? O que você trouxe das horas de “nada”?
J. Se foi. Eu estou relaxado, revigorado.
P. Então, você prefere a tensão do estado desperto ao invés do relaxamento do sono?
J. Eu tenho uma pergunta sobre isso mais tarde.
P. Se você entender o que eu estou tentando lhe passar, você provavelmente não me fará esta próxima pergunta. Imagine que você acabou de sair do cinema após ver um show. Você vai para casa e seus amigos lhe perguntam, “como foi?” O que você responde?
J. “Foi um belo show”.
P. Você pode trazer a memória das imagens para eles, mas você não trouxe nada de seu sono. Quem acordou? Quem acordou daquele estado de felicidade? Você estava feliz enquando dormia. Se não fosse um estado de felicidade, ninguém estaria desejando “boa noite” a seus bem amados antes deles irem dormir. Não importa quão perto você esteja deles você sempre diz, “boa noite, vou dormir”.
Há algo superior, algo mais alto, algo mais belo sobre o estar só. Pergunte a si mesmo: quando eu acordo, quem acorda? Quando você acordou, você não trouxe a impressão de felicidade que você teve por seis ou sete horas de sono sem sonhos. Você só pode trazer impressões das danças que você viu em seus sonhos. Você tem que criar um novo habito, um habito que você só pode criar em Satsang. Você foi levado ao teatro por seus pais quando era um pequeno garoto. Através dessas viagens você aprendeu como descrever as impressões que seus sentidos receberam, e você também aprendeu a se deleitar com elas. Mas seus pais não puderam ensinálo sobre o que acontece quando você está livre dos sentidos. Isso só pode ser conhecido em Satsang, e esta é a razão de você estar aqui. Assim, eu lhe perguntarei de novo: Quando você
acorda, quem acorda?
J. É o “eu” que acordou.
P. Ok. O “eu” acordou. Quando o eu acorda, o passado, o presente e o futuro também acordam. Isso significa que o tempo e o espaço também acordam. E com o tempo e espaço acordam, o sol acorda, a lua acorda, as estrelas acordam, montanhas acordam. Rios acordam, florestas acordam, homens pássaros e animais todos acordam. Quando o “eu” acorda, tudo o mais acorda. Enquanto esse “eu” estava dormindo durante o estado de sono, tudo estava quieto. Se você não tocar o “eu” o qual acordou, você experienciará a felicidade do sono estando acordado. Faça isso por um único segundo, meio segundo, um quarto de um único segundo.
Não toque o “eu”. O “eu” é algo que podemos viver sem. Não toque o “eu” e diga-me se você não está dormindo.
J. Está certo. Naquele instante, tudo parece como um sonho.
P. Isso é chamado acordar enquanto dorme e dormir enquanto acordado. Você está sempre em felicidade, sempre acordado. Esse acordar é chamado de Conhecimento, Liberdade, Verdade.
Não toque os nomes. Livre-se de todas as palavras que você já ouviu até agora de onde quer que seja. E você verá quem você realmente é.
J. (Silencio)
P. Agora, não durma!"
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