sexta-feira, 30 de abril de 2010

O mestre do afeto - Rolando Toro - (Texto: Liane Alves; Revista Bons Fluídos)


Criador da biodanza, a dança da vida, o psicólogo chileno Rolando Toro nos fala por que o desenvolvimento da afetividade e do amor é o grande desafio deste século.


Ele tem 86 anos. Mesmo assim, sua voz é firme, tranquila, e sua lucidez, impressionante. Porém, o que Rolando Toro mais transmite no contato pessoal é a afetividade. Ele tem amor pelo seu trabalho, que faz há mais de 60 anos, pela humanidade, que o motivou a elaborar um método que aliviasse seu sofrimento e, mais do que tudo, pela vida. Sempre está aberto para aprender com ela e até hoje aprofunda sua compreensão sobre como a dança, a música e o contato em grupo atuam no corpo, na mente e no espírito.

“A biodanza é um sistema de integração humana, de renovação da vitalidade e de reeducação afetiva. Ela também é um reaprendizado da sensação ancestral de estarmos ligados à vida e fazermos parte de um universo vivo e dinâmico”, diz Rolando. “Essa sensação de pertencer a tudo que está vivo foi perdida em nossa cultura. A civilização atual, considerada racional e objetiva, nos roubou a vivência plena dos nossos sentidos, a vitalidade, a afetividade e até mesmo uma espiritualidade mais enraizada”, diz ele. “Somos seres despedaçados, desconectados, que pensam de um jeito, sentem de outro e atuam numa terceira direção.”

Hoje, existem mais de dois mil grupos de biodanza em todo o mundo e um instituto — o International Biocentric Foundation (IBF), com sede em Santiago, no Chile — dedicado a pesquisar a aplicação da cultura biocêntrica, que fundamenta a biodanza, em áreas diversas, como a educação, a psicologia e a saúde. O método é ensinado em todos os continentes, mas tem grande força na Itália e no Brasil. A biodanza foi introduzida há 40 anos no país e tem duas escolas de formação de professores em São Paulo: a Escola Paulista de Biodanza, dirigida por Maria Luiza Appy, e a Escola de Biodanza da Zona Sul, sob a direção de Teresa e Mauro Lima. Além das escolas, os professores por elas formados criam outros grupos, atuantes em todo o Brasil.

Qualquer pessoa pode fazer a biodanza, não é necessária nenhuma experiência anterior. “Não é uma dança formal, com uma coreografia que tem de ser aprendida. Pelo contrário, vamos recuperar a naturalidade e a espontaneidade que há em nós”, diz Monica Vilhena, professora de grupos de biodanza em São Paulo.

Veja agora, na entrevista de Rolando Toro para a revista BONS FLUIDOS, como podemos desenvolver nossa afetividade e também o nosso potencial de amor através do corpo, da música e da dança.



BF Como surgiu a biodanza?
RT
Minha sensação é de ter procurado realizar durante muitos anos o trabalho de aumentar a afetividade no ser humano. Somos mais cerebrais, e em nosso mundo a inteligência não está unida ao afeto. E isso tem consequências terríveis. Refleti muito sobre como elas foram marcantes durante a Segunda Guerra Mundial, que produziu acontecimentos catastróficos, como o Holocausto e o lançamento de bombas em Hiroshima e Nagasaki, no Japão. Percebi que vivemos numa sociedade doente, em que a vida não é considerada sagrada. Os princípios ideológicos pairam sobre os relacionados à vida, que celebram o amor, a comunhão com os semelhantes, a solidariedade. Busquei por muitos caminhos uma maneira de fazer essa mudança, que precisava ser tanto individual quanto coletiva. Parecia uma quimera sonhar com a formação de um novo ser humano, mas sempre fui estimulado pelo impossível.

BF Como o senhor acha que a sua formação de antropólogo o ajudou na criação dos valores da cultura biocêntrica, que alicerça a biodanza?
RT
Sou psicólogo, com especialização em antropologia médica. Isto é, meu trabalho é refletir sobre como a cultura de uma sociedade influi na saúde ou na doença do indivíduo. Atuei em hospitais psiquiátricos no Chile com essa função, além de ter sido encarregado de procurar soluções que melhorassem a relação médico-paciente, para que ela se tornasse mais humana. Lembre-se que venho do tempo dos eletrochoques, das lobotomias (intervenção cirúrgica no cérebro para curar doenças mentais graves). Tinha de lidar com aquela realidade brutal e procurar transformá-la.

BF E o que o senhor fez, então?
RT
Uma das ideias que tive foi de fazer um baile para congregar os pacientes. Escolhi as músicas que considerei as melhores, todas calmas, melódicas e até mesmo melancólicas. Eles se arrumaram, houve um movimento de recuperação da autoestima e da dignidade. Alguns até se apaixonaram durante o baile. Mas, depois, de madrugada, muitos entraram em surto psicótico. As enfermeiras ficaram enlouquecidas. Nesse momento, vi como a música tranquila, na verdade, tinha estimulado a eclosão do estado psicótico. Isto é, esses pacientes já estavam regredidos, deprimidos, sintomas que são característicos da psicose, e esse tipo de situação os deprimiu ainda mais. Fiquei chocado com a influência da música na psique. Mais tarde, fiz outra festa, com músicas e danças alegres, rítmicas. Os pacientes dormiram como anjos.

BF Como foi feito o trabalho de recuperar movimentos e danças que celebrassem a vida em diferentes culturas?
RT
As culturas tribais conservam os movimentos naturais, intuitivos, que expressam as emoções. Com elas, aprendi que existia uma espécie de matriz corporal e gestual universal ligada a cada um dos sentimentos. Expressá-las fazia muito bem ao ser humano e era uma forma esplêndida de entrar em contato com o mundo afetivo interno e assim desenvolver nossa afetividade atrofiada. Minha proposta tem a finalidade de resgatar a “selva interior” de cada um, pois considero necessário ver as manifestações instintivas sob uma perspectiva de exaltação da vida e da graça natural.

BF Qual a relação entre vida e afetividade?
RT
A afetividade é o potencial inato que garante a conservação da vida. A vida se torna sagrada porque a amamos. Vivemos um vazio existencial que tentamos preencher com a busca incessante de juventude, beleza, conforto e consumo, distanciando-nos muito do essencial, que é a vivência do amor, da união, da empatia e da solidariedade.

BF Por que vivemos numa sociedade tão agressiva e tão pouco nutridora de afeto?
RT
No fundo, o que todas as pessoas querem é apenas amar e ser amadas. Porém, é exatamente isso o mais difícil de acontecer hoje, pois vivemos numa civilização em que as emoções e os sentimentos são bloqueados. Ela pretende ser racional, quando na verdade é apenas absurda. A inteligência não está mais unida à afetividade e é ela que nos faz sentir parte do todo. Também é o afeto que nos dá alegria de viver, a sensação de nos sentirmos vivos, ligados à natureza e aos outros seres humanos. Por isso não temos mais emoção ao vermos a morte de 100, 200 mil pessoas numa guerra. Não consideramos mais a unidade, não a vivenciamos. Nosso mundo fez progressos tecnológicos maravilhosos, como construir um avião de 200 toneladas que levanta voo e nos leva a outros países, e a internet, que nos dá acesso a informações de todos os gêneros. Mas, infelizmente, essa tecnologia não está a serviço do desenvolvimento da emoção. Falta-nos um outro tipo de formação e compreensão para podermos vivêla, e a tecnologia não nos dá isso.

BF Como surgiu a biodanza?
BF Essa dissociação sempre aconteceu ou é uma característica dos nossos tempos?

RT As primeiras civilizações, alicerçadas no matriarcado, tinham outra dimensão da afetividade, pois a nutriam constantemente e sabiam de sua importância. A mulher é uma geradora de vida e a ela é dado o papel de alimentar as relações, primeiro da família, depois do grupo e da comunidade. Ela é nutridora de afeto, de entendimento, de compreensão. Por ter em si essa capacidade de gerar, alimentar e nutrir, tem também um respeito inato pela vida. Com o surgimento do patriarcalismo, isso mudou. O foco não é mais dirigido à vida, mas ao poder, à competição, à guerra. Os homens não estão interessados na felicidade, no amor, e sim no poder. E é nessa civilização patriarcal que nasce o machismo, o massacre da mulher e dos valores associados a ela. Considero o machismo uma doença mais grave que a esquizofrenia e o câncer, pois não destrói só o indivíduo, mas sociedades inteiras. Stálin queria construir um paraíso social, e para isso matou 20 milhões de pessoas. Hitler queria uma nova civilização, e na Segunda Guerra morreram 40 milhões de seres humanos. Os homens não sabem governar.

BF Mas essa situação não pode se transformar?
RT Sim, aos poucos, já está mudando. Está nascendo um novo homem, mais inteiro, mais sensível, mais amoroso, que integra, sem medo, seu lado feminino ao masculino. Mas é preciso uma nova educação, uma nova pedagogia para que esses homens sejam em maior número, pois ainda são poucos. Essa tarefa é desenvolvida na International Biocentric Foundation, que usa o conceito do amor à vida na dança (biodanza) e em outros campos do desenvolvimento humano.

BF Como a neurociência avalia os efeitos da biodanza?
RT Os resultados são espetaculares. Vemos, por exemplo, que os efeitos de uma música eufórica, rítmica, podem durar até por oito, nove minutos depois do término da dança. E que os efeitos de uma dança romântica, com olhos nos olhos, podem permanecer por até 24 horas! São diferentes deflagrações hormonais, de durações diversas. A natureza das mudanças que ocorrem no indivíduo também varia. Mas podese dizer, com base em pesquisas científicas, que a proximidade de um outro ser humano já nos modifica. Não estou falando que as emoções que uma pessoa provoca em nós nos modificam, mas que nossos processos internos mudam completamente apenas com a presença de alguém, tal a nossa sensibilidade para o outro. Acontece uma relação energética invisível, com uma linguagem invisível, que nos influencia. Também há diversos estudos sobre as carícias e como elas afetam os seres humanos. Mas, em resumo, quanto mais afeto recebemos, mais somos capazes de dar afeto.

BF Quem não recebeu amor ou cuidado durante a infância, por exemplo, como fica?
RT Pessoas adultas que tiveram uma infância carente podem recuperar boa parte do seu afeto praticando a biodanza. Sou suspeito para falar disso, é claro, mas posso afirmar com total segurança que os efeitos são extraordinários.




UMA AULA DE BIODANZA COM ROLANDO TORO

Numa sala de 150 metros quadrados, um grupo de 50 pessoas ouve atentamente seu mestre. São praticantes e professores de biodanza que se reúnem toda vez que Rolando Toro vem ao Brasil. A maioria já faz parte do grupo há alguns anos, mas também há aqueles que estão ali pela primeira vez, como eu. Sinceramente, não sei o que esperar. Uma parte de mim está ansiosa: será que vou conseguir fluir com os outros? Após breves palavras, Rolando conduz uma rápida meditação. Faz, em seguida, alguns exercícios simples para relaxar o corpo e se dirige ao gravador que está ao lado de uma caixa com centenas de CDs. Como um DJ da psique, o antropólogo começa a aula com músicas alegres oriundas do mundo todo. Ele faz alguns movimentos que traduzem aquela alegria — são as matrizes, isto é, os passos que geram e expressam determinadas emoções e sentimentos. Ele fala sobre a emoção que a música irá provocar, o sentimento com o qual vamos entrar em contato. Logo em seguida, cada pessoa repete esses movimentos à sua maneira. Ainda não formamos pares, mas ele logo sugere que cada um escolha alguém para dançar, apenas por uma única música. Depois, todos trocarão de parceiro, e assim até o final. Há mais mulheres que homens e, por insegurança, prefiro escolher uma moça de olhar doce e amistoso. Coincidentemente, a música e os movimentos propostos são destinados a expressar a doçura da amizade. Fazemos movimentos de mãos dadas, dentro do que foi sugerido pela matriz. Fluo com incrível facilidade, assim como ela. E realmente nasce uma sensação de conforto, cumplicidade e segurança, exatamente o que nos proporciona o sentimento da amizade. Outras matrizes serão propostas durante a aula. Há aquelas que recuperam o amor filial, outras, o amor maternal, ou, ainda, nosso lado infantil. Em algumas dessas vivências há muita proximidade — fiquei pensando como reagiria alguém que fosse excessivamente tímido. No entanto, parece que a timidez pode ser ultrapassada com a própria energia do grupo, que é muito amorosa. No final, todos aplaudem o mestre Rolando Toro. Saio dali nutrida de afeto.


Fonte: Revista Bons Fluidos - edição janeiro/2010.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Eu sou a onda - (Chandra Lacombe)

Repetição do Mantra ou Meditação Ma-Om? - (Amma)


O mar azul-esverdeado e um lindo entardecer tornou-se o pano de fundo para uma outro satsang acarinhado pela presença da Amma. Ela sentou-se debaixo de um coqueiro na praia, próximo ao prédio de Ayurveda. Depois de uma breve meditação, a Amma respondeu a uma pergunta feita por um brahmachari.

Pergunta: "Qual é a diferença entre a repetição de mantra (Mantra Japa) e a técnica de meditação Ma-Om, como Sadhana (prática espiritual)?"

A Amma respondeu: "Todas estas práticas são para irmos mais a fundo dentro de nós mesmos. Deus e o Guru estão dentro de nós. Mas a mente vê apenas o material e não percebe a verdade. A Amma se lembrou da história de seus dias de escola. Um corvo sedento viu um jarro com água, mas com um nível muito baixo para alcançar a bebida. No desejo de saciar sua sede, o pássaro começou a jogar pedras no recipiente até o nível da água subir para ele poder beber. Por causa da sede, o corvo fez um esforço. Da mesma forma, é preciso colocar esforço para trazer o conhecimento à tona dentro de nós. Através de nosso esforço e com atenção, podemos despertar o conhecimento interior."

"No mundo de hoje, as pessoas fingem que estão dormindo. Não se pode acordá-las. Da mesma maneira, ainda não estamos prontos para acordar. De fato, o discípulo tem de abrir a porta para que o mestre possa entrar ", explicou Amma.

Amma falou: "Nossa mente está sempre nos puxando em todas as direções. Através do Mantra conseguimos concentrar a mente e, com isso, ganhamos energia. Como uma lupa que faz com que os raios do sol possam convergir em um ponto de tal intensidade que o fogo é produzido. Através de práticas espirituais, pode-se economizar muita energia e usar a mesma para fazer o bem para o mundo. Se uma pessoa normal pode ser comparada a uma lâmpada, um Tapasvi (Sadhak avançado) é como um transformador. Ele pode fazer muito bem para o mundo".

Amma se lembrou então de um advogado que tinha o hábito de carregar a caneta enquanto discutia seus casos. Com o clique constante ele era capaz de aliviar a tensão e se concentrar e, assim, ganhava vários processos. Um dia, ele se esqueceu da caneta e a tensão mental tomou conta dele, resultando em um argumento patético e, por fim, a perda do caso. A caneta insignificante foi útil para aliviar suas tensões. Pode parecer irracional, mas ela tinha valor prático. Da mesma forma, as práticas espirituais nos ajudam a aliviar a mente.

"Muitas pessoas falam de Pranayama (exercícios respiratórios) e dizem que o controle da retenção da respiração é bom para a concentração. Se fosse assim, todos os pacientes asmáticos atingiriam a Auto-realização", brincou Amma.

Ela continuou: "Nós precisamos fazer práticas com conhecimento e consciência". A Amma também nos explicou como a meditação Ma-Om foi descoberta. Quando ela era pequena, costumava caminhar pela praia. O fluxo e refluxo das ondas do mar soava como Ma e Om para a Amma. Ma-Om tornou-se como a respiração, contínua e automática. Assim, cada passo na praia era a meditação.

A Amma apontou como estamos vivendo a vida de forma agitada. "As pessoas estão tão impacientes... Eles pulam para conclusões súbitas. A ave estava sentado em um porto e queria ir para o outro lado. Viu um navio e pensou que ele poderia levá-la ao outro lado do porto, então voou para o mastro e pousou sobre ele. O navio começou em seu curso e em algum momento foi parar longe no mar. Enquanto o tempo passava, o pássaro ficou entediado e começou a voar para o norte esperando chegar à terra. Depois de um tempo, se cansou e voltou. Mais tarde, tentou voar para o sul. Teve que voltar, já estava ficando esgotado. A ave então procurou o Oriente e o Ocidente e, não vendo nenhuma terra à vista, teve que voltar para o navio outra vez. Só quando a nau se aproximou do porto de novo, o pássaro conseguiu avistar o continente, e pouco tempo depois chegaram à praia. Se o pássaro tivesse sido paciente, teria permanecido em solo, sem viajar tanto com o navio nem voado para cá e para lá, sem chegar a lugar algum.

A Amma concluiu o satsang, explicando: "Da mesma forma, a verdadeira felicidade já está em nosso interior. Seja firme em sua prática. Pratique regularmente. Quando cresce a consciência, vemos mesclar à realidade essa felicidade dentro de nós".

Método da Meditação MA-OM - (Amma)


O método de meditação MA-OM é bem simples e é instruída pela Amma durante os encontros que realiza por todo mundo. Este método não precisa de uma iniciação formal.

Passos:
1) Sente-se confortavelmente. Mantenha a coluna reta.
2) Relaxe.
3) Concentre-se na sua respiração, mantendo-a normal.
4) Calmamente e suavemente, respire conscientemente.
5) Deixe que os pensamentos passem como uma brisa, sem brigar com eles, deixe-os passar.
5) Ao inspirar, imagine o som MA, sem pronunciá-lo verbalmente.
6) Ao expirar, imagine o som OM, sem pronunciá-lo.
7) Concentre-se na vibração dos sons e não na respiração.
8) Imagine o som MA e OM, vibrando em todas as células do corpo.
9) Respire lentamente, mas confortavelmente.

MA é o Amor Divino. OM é a Luz Divina. Abra seu coração e mente e permita essa conexão.
Gradualmente, você se encontrará num estado mental bem relaxado, ausente de pensamento.
Este é o estado meditativo a ser conquistado por este método.
Desfrute da paz interior! Jay Ma!



Fonte: http://www.ammabrasil.org/praticas/MA-OM.htm

Amma, uma oferenda ao mundo - (Amma)


"Pergunta: "Amma, o que você espera de seus discípulos?"

Amma: "A Amma não espera nada de ninguém. A Amma se ofereceu ao mundo. Uma vez que você se torna uma oferenda, como você pode esperar algo de alguém? Todas as expectativas nascem do ego."

Pergunta: "Mas Amma, você fala tanto sobre entrega ao Guru. Isto não é uma expectativa?"

Amma: "É verdade, a Amma fala bastante sobre isso, mas não porque Ela espera entrega de seus filhos, mas porque isto é crucial na vida espiritual deles. O Guru oferece tudo o que tem ao discípulo. Como o Satguru (Mestre Perfeito) é uma alma completamente entregue, é isto que sua presença oferece e ensina ao discípulo. Acontece espontaneamente. Dependendo da maturidade e entendimento do aspirante espiritual, ele pode aceitar ou rejeitar isto. Qualquer que seja a atitude do discípulo, o Satguru continuará se doando – ele simplesmente não pode agir de outra maneira."

Aum Amriteswaryai Namah"


Extraído do Livro: "From Amma's Heart – Conversations with Sri Mata Amritanandamayi Devi", por Swami Amritaswarupananda

Sonho da Amma - (Mata Amritanandamayi)


"Que todos no mundo possam ser capazes de dormir sem medo, pelo menos por uma noite. Que todo mundo possa ser capaz de comer até se saciar, pelo menos por um dia. Que haja pelo menos um dia em que os hospitais não tenham pessoas internadas por causa da violência. Fazendo serviço altruísta, pelo menos um dia, que todos possam ajudar aos pobres e necessitados. Esta é a oração da Amma - que pelo menos este pequeno sonho seja realizado."

"Desejo a você ..." - (Carlos Drummond de Andrade)


"Desejo a você
Fruto do mato
Cheiro de jardim
Namoro no portão
Domingo sem chuva
Segunda sem mau humor
Sábado com seu amor
Filme do Carlitos
Chope com amigos
Crônica de Rubem Braga
Viver sem inimigos
Filme antigo na TV
Ter uma pessoa especial
E que ela goste de você
Música de Tom com letra de Chico
Frango caipira em pensão do interior
Ouvir uma palavra amável
Ter uma surpresa agradável
Ver a Banda passar
Noite de lua Cheia
Rever uma velha amizade
Ter fé em Deus
Não Ter que ouvir a palavra não
Nem nunca, nem jamais e adeus.
Rir como criança
Ouvir canto de passarinho
Sarar de resfriado
Escrever um poema de Amor
Que nunca será rasgado
Formar um par ideal
Tomar banho de cachoeira
Pegar um bronzeado legal
Aprender um nova canção
Esperar alguém na estação
Queijo com goiabada
Pôr-do-Sol na roça
Uma festa
Um violão
Uma seresta
Recordar um amor antigo
Ter um ombro sempre amigo
Bater palmas de alegria
Uma tarde amena
Calçar um velho chinelo
Sentar numa velha poltrona
Tocar violão para alguém
Ouvir a chuva no telhado
Vinho branco
Bolero de Ravel
E muito carinho meu."

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Tratamento de Merecimento - (Louise L. Hay)


Recitar ou ler o texto diariamente, por pelo menos 21 dias seguidos.


"Sou merecedor. Mereço tudo o que é bom.
Não uma parte, não um pouquinho, mas tudo o que é bom.
Agora me afasto de todos os pensamentos negativos, restritivos.
Liberto e deixo ir todas as minhas limitações.
Em minha mente, sou livre.
Agora me transporto para um novo espaço de consciência,
onde estou disposto a me ver de maneira diferente.
Estou decidido a criar novos pensamentos
sobre mim mesmo e minha vida.
Meu modo de pensar torna-se uma nova experiência.

Eu agora sei e afirmo que sou uno com
o Poder de Prosperidade do Universo.
Assim, prospero de inúmeras maneiras.
Está diante de mim a totalidade das possibilidades.

Mereço vida, uma boa vida.
Mereço amor, uma abundância de amor.
Mereço boa saúde.
Mereço viver com conforto e prosperar.
Mereço alegria e felicidade.
Mereço a liberdade de ser tudo o que posso ser.
Mereço mais do que isso. Mereço tudo o que é bom.
O Universo está mais do que disposto
a manifestar minhas novas crenças.
Aceito essa vida abundante com alegria,
prazer e gratidão, pois sou merecedor.
Eu a aceito; sei que é verdadeira.
Sou grato a Deus por todas as bênçãos que recebo."

All is welcome here - (Deva Premal & Miten)



Broken hearts and broken wings
Bring it all and everything
And bring the song you fear to sing
All is welcome here
Even if you broke your vow a thousand times
Come anyhow
We're stepping into the power of now
And all is welcome here...
See the father and the son
Reunited here they come
Dancing to the sacred drum
They know they're welcome here
I see the shaman and the mighty priest,
see the beauty and the beast
Singing "I have been released, and I am welcome here".

Agora - (Satyaprem)



"A tarde caia solitariamente
caminhar e deixar passos passados
requeria um caminhar sereno e constante
árvores, pessoas, ruídos indistintos
rolavam como água num moinho imaginário

por trás de tudo havia um observar
relaxado e uma distância necessária
onde os caminhos ocasionalmente se cruzam
existe sempre um prazer que se toca
numa ordem de um pela frente
e a inevitabilidade do que esta por trás

ele alude instantâneo ao dizer congelado:
você pensa ser transparente?

de dentro do nada o silêncio
se desfez numa resposta:
voce pensa ser imóvel?"

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Qual é exatamente função do curador? - (Osho)


"O curador não é na verdade um curador porque ele não é um fazedor. A cura acontece através dele; ele tem somente que se anular. Ser um curador realmente significa não ser. Quanto menos você é, melhor a cura irá acontecer. Quanto mais você é, mais a passagem vai estar bloqueada. Deus, ou a totalidade, ou o que você preferir chamá-lo, é o curador: o todo é o curador...
Uma pessoa doente é alguém que desenvolveu bloqueios entre ele mesmo e o todo, assim algo está desconectado. A função do curador é reconectá-lo. Mas quando eu digo que a função do curador é reconectá-lo, eu não estou querendo dizer que o curador tem que fazer alguma coisa. O curador é apenas um médium. O fazedor é Deus, o todo.
A medicina não é uma profissão comum. Não é somente tecnologia, porque seres humanos estão envolvidos. Você não está reparando mecanismos, não é somente uma questão de know-how, é uma profunda questão de amor...
Você está jogando com seres humanos e suas vidas, e isto é um fenômeno complexo. Algumas vezes alguém pode cometer erros e estes erros podem vir a ser fatais para a vida de alguém. Então vá com profunda devoção. Vá com humanidade, humildade, simplicidade.
As pessoas que simplesmente vão à medicina como se eles estivessem indo para a engenharia não são as pessoas certas para serem médicos e doutores - elas são as pessoas erradas. Aqueles que não são ambivalentes são pessoas erradas. Elas irão operar em seres humanos como um mecânico faz com um carro. Elas não irão sentir a presença espiritual do paciente. Elas não irão tratar a pessoa, elas irão tratar o sintoma. Naturalmente, eles podem ser muito seguros; um técnico é sempre seguro.
Mas quando você está envolvido com seres humanos você não pode ser tão seguro; a hesitação é natural. Pensa-se duas, três vezes antes de se fazer alguma coisa, porque uma vida preciosa está envolvida - uma vida que nós não podemos produzir, uma vida que desaparecendo se foi para sempre. E é um indivíduo, que é insubstituível, único, igual a ele nunca existiu e igual a ele nunca existirá novamente. Você está brincando com fogo - hesitação é natural. Entre nela! Entre com tremenda humildade. Tenha uma profunda reverência pelo paciente. E quando estiver tratando-o, se torne somente um veículo da energia divina. Não se torne um doutor, simplesmente se torne um veículo da energia curativa divina - somente um instrumento. Deixe existir o paciente - tenha grande reverência pelo paciente, não o trate como um objeto - e deixe existir Deus, e com profunda devoção permita que Deus flua através de você e atinja o paciente. O paciente está doente; ele não pode se conectar com Deus. Ele caiu muito longe. Ele esqueceu a própria linguagem de como curar a si mesmo. Ele está em um estado desesperado. Você não pode culpá-lo; ele está num estado desamparado.
Alguém que está saudável pode ser de tremenda ajuda se ele se torna um veículo. E se a pessoa saudável é também um homem que conhece, isto pode ser de mais importância, porque a energia divina pode lhe dar apenas dicas muito sutis - elas têm que ser decodificadas por você. Se você conhece medicina, você pode decodificá-las muito facilmente. E então você não está fazendo nada com o paciente, é Deus que está fazendo. Você se torna disponível para Deus e você torna todo o seu conhecimento disponível. É a energia curadora de Deus em conjunção com o seu conhecimento que ajuda. E isto nunca prejudica. Você pode ser prejudicial. Assim abandone a si mesmo, deixe Deus estar presente. Entre na medicina e continue meditando.
Todo mundo pode se tornar um curador. Curar é algo parecido com respirar; é natural. Alguém está doente; isto significa que ele perdeu sua capacidade de curar a si mesmo. Ele não mais está consciente de sua própria fonte curadora. O curador está ajudando-o a se reunificar. Esta é a mesma fonte da qual o curador se abastece, mas o homem doente esqueceu completamente de como entender a sua linguagem. O curador está em relacionamento com o todo, assim ele pode se tornar um médium. O curador toca o corpo da pessoa doente e se torna uma ligação entre ela e a fonte. O paciente não está mais diretamente conectado com a fonte, assim ele se toma indiretamente conectado: Uma' vez que a energia começa a fluir, ele está curado.
E se o curador é realmente um homem de entendimento... porque é possível você se tomar um curador e não ser um homem de entendimento. Existem muitos curadores que curam mas não sabem como acontece; eles não conhecem o mecanismo. Se você também entende, você pode ajudar o paciente a ser curado e você pode ajudá-lo a estar consciente da fonte de onde a cura está acontecendo. Assim não somente ele é curado de suas doenças atuais, ele é prevenido de futuras doenças. Então a cura está perfeita. Ela não é somente curativa, ela também é preventiva.
Curar quase se torna uma experiência de oração, uma experiência de Deus, de amor, do todo."



Fonte: Livro – Osho, O livro da cura

Para descansar a alma - (Monja Coen)


"Arranje um cantinho sossegado e uma almofada gostosa. Acenda um incenso de sândalo. Sente-se com as costas bem retas. Coloque as mãos sobre os joelhos, com as palmas para cima e balance o corpo lentamente da esquerda para a direita, de movimentos maiores a movimentos menores, como um pêndulo, até encontrar o centro de equilíbrio do corpo.

Pare aí. Inspire profundamente e solte o ar lenta e completamente pela boca. Relaxe os ombros. Inspire novamente e solte o ar pela boca. Então cerre os lábios, coloque a ponta da língua no céu da boca e respire pelas narinas. Mantenha os olhos entreabertos, apenas pousados a sua frente.
Ouça todos os sons. Sinta todas as fragrâncias. Perceba o ar, a temperatura em sua pele. Você está pensando? Ou não está pensando? Verifique sua postura. Costas eretas. Cabeça como se um fio puxasse para o céu. Pernas firmes pela força da gravidade. Não julgue. Nem certo nem errado, nem bonito nem feio. Seja. Apenas sentar. Intersendo com tudo que existe. Que bom estar viva. Este instante aqui e agora é o céu e a terra. Isso é tudo. Tudo é nada."

Fonte: http://www.monjacoen.com.br/

Pensando Globalmente - Uma tarefa Universal - (Dalai Lama)


"As previsões científicas para alterações ambientais são difíceis de serem inteiramente compreendidas por seres humanos comuns. Ouvimos falar de aquecimento global e elevação dos níveis dos oceanos, aumento dos índices de câncer, explosão demográfica, devastação de recursos, e extinção de espécies. Por toda parte, a atividade humana está acelerando a destruição de elementos-chave de ecossistemas naturais dos quais todos os seres viventes dependem.
Estes desenvolvimentos ameaçadores são individualmente drásticos e coletivamente surpreendentes. A população mundial triplicou apenas neste século e espera-se que ela dobre ou triplique no próximo século. A economia global pode crescer um fator de cinco ou dez vezes, inclusive com índices extremos de consumo de energia, produção de gás carbônico, e desflorestamento. É difícil imaginar todas estas coisas realmente acontecendo durante a nossa vida e as vidas de nossos filhos. Precisamos considerar este panorama de sofrimento e degradação ambiental global sem par na história humana.
No entanto, penso que há boas notícias e que agora definitivamente teremos de encontrar novas formas de sobrevivermos juntos neste planeta. Já vimos neste século guerras, pobreza, poluição e sofrimentos suficientes. Segundo os ensinamentos budistas, tais coisas acontecem como resultado da ignorância e de atos egoístas, porque freqüentemente deixamos de ver a relação comum essencial entre todos os seres. A terra está nos enviando avisos e indicações claras dos vastos efeitos e potencial negativo do comportamento humano mal direcionado.
Para neutralizar estas práticas prejudiciais podemos aprender a ser mais conscientes de nossa dependência mútua. Todo ser senciente quer a felicidade em vez de dor. Então, compartilhamos o mesmo sentimento básico. Podemos desenvolver a ação correta para ajudar a terra e uns aos outros baseados em uma motivação melhor. Portanto, sempre falo da importância de desenvolver um senso genuíno de responsabilidade universal. Quando somos motivados por sabedoria e compaixão, os resultados de nossas ações beneficiam a todos e não a nós mesmos ou a alguma conveniência imediata. Quando conseguirmos reconhecer e perdoar atos ignorantes do passado, ganhamos força para solucionar os problemas do presente de forma construtiva.
Devemos estender esta atitude para sermos preocupados com todo o nosso meio ambiente. Como princípio básico, penso que é melhor ajudar se puder, e se não puder, pelo menos tentar não prejudicar. Esta é uma orientação especialmente adequada quando houver ainda muito a compreender sobre as inter-relações complexas dos diversos e únicos ecossistemas.
Precisamos saber cuidar, nós mesmos, de toda a Terra e da vida sobre ela, e também de todas as gerações futuras. Isto significa que a educação do meio ambiente é de grande importância para todos. O aprendizado científico e o progresso tecnológico são essenciais para melhorar a qualidade de vida no mundo moderno. Ainda mais importante é a prática simples de conhecer e melhor apreciar os nossos arredores naturais, e a nós mesmos, quer sejamos crianças ou adultos. Se tivermos um apreço verdadeiro pelos outros e resistirmos agir movido por ignorância, estaremos cuidando da Terra.
No sentido maior, educação ambiental significa aprender a manter um modo de vida equilibrado. Todas as religiões concordam que não podemos encontrar satisfação interna duradoura baseada em desejos egoístas e aquisição do conforto de coisas materiais. Mesmo se pudéssemos, agora há tanta gente que a terra não nos sustentaria por muito tempo. Penso que é muito melhor praticar apreciar uma simples paz de espírito.Podemos compartilhar a terra e juntos cuidarmos dela, em vez de tentarmos possuí-la e, no processo, destruir a beleza da vida.
As culturas antigas que se adaptaram aos seus meio ambientes naturais podem oferecer uma visão especial sobre a estruturação de sociedades humanas para que existam em equilíbrio com o meio ambiente. Por exemplo, os tibetanos estão singularmente familiarizados com a vida no Planalto do Himalaia. Isto evoluiu para uma longa história de uma civilização que cuidou de não sobrecarregar e destruir o seu frágil ecossistema. Os tibetanos há muito apreciam a presença de animais selvagens como símbolos da liberdade. Uma profunda reverência pela natureza está aparente em grande parte das artes e cerimônias tibetanas. O desenvolvimento espiritual prosperou apesar do limitado progresso material. Assim como as espécies podem não se adaptar a alterações ambientais relativamente repentinas, as culturas humanas também precisam ser tratadas com cuidado especial para garantir a sobrevivência. Portanto, aprender o modo de vida dos povos e preservar suas heranças culturais é também uma parte do aprendizado de cuidar do meio ambiente.
Eu sempre tento expressar o valor de ter um bom coração. Este simples aspecto da natureza humana pode ser alimentado e alcançar uma grande força. Com um bom coração e sabedoria, você tem a motivação correta e automaticamente fará o que for preciso. Se as pessoas começarem a agir com uma autêntica compaixão por todos, ainda podemos proteger uns aos outros e o meio ambiente natural. Isto é muito mais fácil do que ter que adaptar às condições ambientais severas e incompreensíveis que são projetadas para o futuro.
Agora, olhando de perto, a mente humana, o coração humano, e o meio ambiente estão inseparavelmente interligados. Neste sentido, a educação ambiental ajuda a gerar a compreensão e o amor que precisamos para criar a melhor oportunidade jamais vista para a paz e coexistência duradoura."



(Transcrita do Boletim EPA: Uma Revista sobre Perspectivas Nacionais e Globais do Meio Ambiente, publicada pela Agência de Proteção Ambiental dos Estados Unidos, Washington DC, Setembro/Outubro de 1991, vol. 17, Número 4. Traduzido por Marly Ferreira.)

Fonte: http://www.dalailama.org.br/

quinta-feira, 22 de abril de 2010

Recordar - (Rumi)


"Sê como o Sol para a Graça e a Piedade.
Sê como a noite para encobrir os defeitos alheios.
Sê como uma corrente de água para a generosidade.
Sê como a morte para o ódio e a ira.
Sê como a Terra para a modéstia.
Aparece tal como és.
Sê tal como pareces.

Se pudesses libertar-te, por uma vez, te ti mesmo,
o segredo dos segredos se abriria para ti.
O rosto do desconhecido, oculto além do universo,
apareceria no espelho da tua percepção.

Na realidade, tua alma e a minha são o mesmo.
Aparecemos e desaparecemos um com o outro.
Este é o verdadeiro significado das nossas relações.
Entre nós, já não há nem tu, nem eu.

O vale é diferente, acima das religiões e cultos.
Aqui, em silêncio, baixa a cabeça.
Funde-te na maravilha de Deus.
Aqui não há lugar para religiões nem cultos.

Há uma Alma dentro de tua Alma. Busca essa Alma.
Há uma jóia na montanha do corpo. Busca a mina desta jóia.
Oh, sufi, que passa!
Busca dentro, se podes, e não fora.

No amor, não há alto nem baixo,
má conduta nem boa,
nem dirigente, nem seguidor, nem devoto,
só há indiferença, tolerância e entrega."

A Jornada Natural do Amor - (Qala Sri'ama - Fonte: A Grande Fraternidade Branca Universal)


"Orações muito sinceras são expressas pelos nossos corações, e algumas vezes podemos imaginar por que as nossas orações parecem que não são atendidas em nossas vidas, por que a vida pode ser difícil e até conduzir a um intenso sofrimento, ou podemos simplesmente imaginar por que os nossos amigos e a família experienciam isto em suas vidas. Eu desejo trazer alguma compreensão esclarecedora aos seus corações e almas em relação a isto, assim vocês poderão se sentir mais capacitados em sua vida diária, e serem capazes de trabalhar com as leis universais da vida, para que não apenas traga mais amor e bem estar a si mesmos, mas a todos com os quais se preocupam, e a todos em nosso maravilhoso mundo.

Isto começa verdadeiramente com os nossos corações, como todos vocês sabem, pois o pedido puro do nosso coração é sempre ouvido pelo universo e sempre atendido de acordo com a lei universal. As leis da vida facilitam isto para nós, mas o mais importante é que os nossos corações nem sempre estão suficientemente abertos para recebermos tudo o que o universo deseja trazer para as nossas vidas... em resposta as nossas puras orações do coração e as nossas necessidades mais profundas.

Na verdade, quanto mais o seu coração clama e clama verdadeiramente com amor, a resposta maior é do universo... mas, o que é um Pedido do Coração e o que é uma Oração e o que é uma Solicitação da Mente? Qual é a diferença entre estas formas de solicitar? vocês podem perguntar... É a exploração do nosso coração que cria um pedido do coração ao universo... é um sentimento amoroso mantido em nossos corações que cria a verdadeira oração oferecida ao universo...e freqüentemente são os desejos e vontades de nossas mentes na presença da não conexão do coração ou transferência do amor, que criam uma solicitação mental, amado.

Em outras palavras, o poder de enviar através do universo, nossos desejos, sonhos, é mantido no poder do nosso coração e não do centro de nossas mentes, e isto é porque freqüentemente parece que não somos sempre apoiados universamente em nossas vidas. O poder de nossas interações, orações e pedidos por auxílio é inflamado pela presença do amor, pois o sinal do mensageiro do amor é o que cria todas as manifestações holísticas em sua vida. É o amor que vocês emanam que atrai o auxílio amoroso do universo dos seus pedidos e intenções de vida e é a conexão do seu coração com o amor dentro de vocês, que os inflama a começar a receber o apoio do banco universal da abundância. Vocês pedem com amor, ou esperam que os outros e o mundo proporcionem para vocês, amados?

Esta é a razão, algumas coisas que são pretendidas na vida, ocorrem realmente com o auxílio universal e com facilidade, e outras não. Não é o julgamento de vocês do universo, ou o julgamento de vocês do Espírito/Deus... é simplesmente a bioquímica do seu centro emocional, seus eus mentais e físicos que não estão alinhados e unidos com a mesma intenção, ou o seu amor que não está se irradiando do centro do seu coração, quando vocês oram ou colocam as suas intenções de vida. Há um campo de energia passando através de vocês, que se expande em unidade com o campo universal da vida e este campo se expande e cresce, somente através da transferência do amor.

De fato, é da natureza de todos nós reconhecermos que tudo está disponível a todos os seres aqui... que todos nós temos um potencial ilimitado em nossas vidas e que é realmente a conexão do nosso coração que é a fonte de todas as experiências maravilhosas que podemos ter em nossas vidas... este é o próximo passo para todos nós em nossa evolução como seres humanos... e esta conexão do coração é também a nossa única resposta, assim toda a humanidade pode começar a receber a graça divina disponível, pois precisamos resolver todos os nossos problemas pessoais e mundiais com facilidade e graça. Para a paz planetária, nós precisamos de um número suficiente de almas sinceras, vivendo em unidade, apoiando o equilíbrio de nosso mundo, assim, lembrem-se amados, não fiquem desorientados no que parecem ser problemas em sua vida. Concentrem-se nas coisas mais importantes na vida - o amor que vocês compartilham e criem a paz como a sua prioridade e tudo o mais começará a fluir mais facilmente. Vocês são muito importantes neste mundo e a satisfação do seu coração é a solução para todos nós vivenciarmos a paz planetária.

Para que haja a mudança que vocês desejam ver em seu mundo, amados, simplesmente tragam a sua consciência a cada dia, nos modos mais sutis... quando o seu coração estiver aberto e quando vocês estiverem verdadeiramente entregues sem expectativas e ligações e, portanto, nutrindo a sua vida e as experiências com amor...e quando o seu coração não estiver totalmente aberto, amados, e vocês estiverem compartilhando uma versão mais limitada de si mesmos e experienciando mais limitação por causa disto. Aceitem isto, e simplesmente escolham nestes momentos aprender a se reunir com o poder do seu coração mais profundamente, sem julgarem isto.

Simplesmente em todos estes momentos de consciência, lembrem-se da beleza e do poder do seu próprio coração, como a força da criação para a sua jornada do amor na vida e se vocês se desassociaram disto, escolham retornar a ela e vocês retornarão à jornada do amor, que mantém o poder do seu verdadeiro destino e da experiência da unidade dentro dela. Quando vocês escolherem retornar ao seu coração, todos os poderes do universo se concentrarão em vocês para auxiliá-los na Jornada do Amor. Esta é a lei do amor. Vocês o inflamam através da simples escolha de retornar ao seu coração e ao poder do seu amor!

Eu os abençôo e lhes envio todo o meu amor

Honrando a sua Divindade

Qala Sri'ama


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A Jornada da Beleza - Sua Jornada de Unidade com o Universo

O simples ensinamento e prática diária que se seguem é para vocês apreciarem! Um presente do Espírito, em honra da sua divindade que os ajudará a se alinharem ao caminho da descoberta do seu fluxo da unidade universal na vida. Esta liberdade no fluxo da conexão universal foi conhecida pelos antigos e em muitos ensinamentos tradicionais da Terra, como a Jornada da Beleza. Comecem a re-alinhar gentilmente a sua vida diária para criar a jornada da sua vida, para que seja maravilhosa nesta vida!

O Primeiro ensinamento da Jornada da Beleza

A energia universal segue cada pensamento e intenção sua quando o seu chacra cardíaco está aberto. A sua conexão universal está aberta, quando o seu coração está aberto. Em outras palavras, cada pensamento e palavra sua são manifestados através do poder do universo quando o seu coração está aberto. Quando o seu chacra cardíaco não está aberto, cada pensamento e palavra sua, mantêm a limitação e a sua conexão universal é limitada. Quando o seu chacra do coração não está aberto, a sua habilidade em atrair o que você precisa e criar o que você deseja criar, é limitada. Quando o seu chacra do coração não está aberto, você vive com as memórias do seu karma e tudo o que é o seu passado e a sua mente projeta os pensamentos baseados em seu passado e não em sua realidade Presente.

Quando você reconhece que o seu chacra do coração não está aberto, você pode mudar isto em um momento, através da reconexão do coração, e enquanto o universo mantém o poder da unidade e do amor para você, ele o abençoará e o apoiará... você será apoiado para retornar ao seu coração e dar o primeiro passo em sua jornada com beleza – re-conectando-se com a Presença inata dentro de você. "O Maravilhoso ou Divino você", iluminará mais intensamente, enquanto o universo o apóia na vida para que seja quem você é, manifestado e centralizado do âmago do seu coração. Este é o poder do seu coração para centralizá-lo e uni-lo com a Presença Divina de sua alma e com o Coração Universal ou com a Presença da Criação dentro de toda a vida.

Um Simples processo de cinco passos de modo que você possa começar a DESENVOLVER a ENERGIA DO seu CORAÇÃO

Passo Um: LEMBRE-SE DE QUE O SEU CORAÇÃO JÁ MANTEM TODO O AMOR E A ENERGIA DIVINA QUE VOCÊ PRECISA PARA A SUA VIDA - POIS VOCÊ NASCEU COM ISTO - Lembre-se simplesmente de que quando criança, você nasceu com um imenso coração que era totalmente aberto e transbordante com toda a energia do coração que você precisaria para toda a sua vida. Esta energia divina está ainda com você e é mantida dentro do seu coração e capaz de ser acessada a cada momento que você abre o seu coração quando escolhe confiar no amor e na jornada da vida. Tudo o que você precisa lhe foi dado antes do seu nascimento e o seu coração mantém isto agora, aguardando simplesmente que você faça uma reconexão ou conexão mais profunda com ele.

Passo Dois: SEU CORAÇÃO CRESCE QUANDO VOCÊ PERMITE QUE O OUTRO LHE ABRACE E VOCÊ RECEBE O SEU AMOR

A cada vez que você abraça outra pessoa e permite que o seu coração seja aberto neste momento, uma troca ocorre através do contato físico e do contato da alma que você faz. Esta troca inflama uma recordação de que você não está sozinho na vida, que realmente você compartilha a unidade com outros... e é isto que em segundo lugar que apóia que o seu coração seja aberto e comece a atrair amor para ele... Quando nós experienciamos um sentimento de unidade com outras pessoas e permitimos que elas nos toquem e nos amem, e nos abrimos para receber delas ( mesmo que seja apenas por um minuto), a energia do nosso coração cresce após este momento.

Passo Três: SEU CORAÇÃO CRESCE QUANDO VOCÊ DOA ALGO QUE VOCÊ AMA - A cada vez que você doa algo a outra pessoa, que você ama, seu coração cresce com mais poder na energia do seu coração, simplesmente através do ciclo de dar e receber... você dá o que você ama...cria para receber o que você ama... e o amor flui através do seu dar e receber. A cada vez que o seu coração o orienta para doar algo que você ama, e você mantém isto atado, o seu coração forma ligações baseadas no medo e isto cria limitações a sua doação e receptividade. Aprenda a confiar em seu coração quando ele anseia por doar algo que você ama e aceite que isto é o mais nobre para você e para a outra pessoa. Isto levará o seu coração a crescer e você será livre na vida.

Passo Quatro: SEU CORAÇÃO CRESCE QUANDO VOCÊ PERMITE QUE OS OUTROS LHE DÊEM ALGO QUE ELES AMAM OU QUE ELES SABEM QUE VOCÊ AMA

Similarmente, quando você dá, você precisará receber. Receber de outros que desejam lhe dar é tão importante como doar algo que você ama, amado... A troca não é baseada em alguns indivíduos... Por exemplo, você deu a uma pessoa específica, assim você deve receber desta pessoa, pois a troca é universal... Você pode nunca receber algo novamente da pessoa... ou algo que até precise... mas alguém completamente diferente pode ser guiado pelo seu Coração para lhe dar... Receber isto e aceitar isto é uma parte muito importante do desenvolvimento do seu coração.

Passo Cinco: SEU CORAÇÃO CRESCE QUANDO VOCÊ ACEITA PLENAMENTE A FONTE DE AMOR DENTRO DE VOCÊ E FAZ ESCOLHAS EM SUA VIDA COM A CONSCIÊNCIA DE QUE O UNIVERSO O ESTÁ APOIANDO, POIS VOCÊ É AMADO PELO UNIVERSO.

A cada vez que você se lembra de que não está sozinho, e que na verdade você é uno com toda a vida... você se aproxima um pouco mais da verdade iluminada que cria a energia do seu coração, para que esteja sempre transbordando de amor e luz. Esta verdade é muito simples, mas tem exigido dos profetas, sábios e iogues, muitos anos de dedicação à prática espiritual para incorporar como sua realidade consciente - em outras palavras, incorporar através de todos os aspectos de sua consciência. Esta verdade parece muito fácil de compreender, mas para se lembrar conscientemente dela, ou viver na compreensão dela e fazer escolhas a partir dela, requer, como todos nós sabemos, a escolha poderosa para se amar incondicionalmente e a todos os outros que você encontra a cada dia. Se você aproveitar o tempo para se mover de um espaço de não conexão com o coração para um espaço de conexão com o coração, você se amará, você será capaz de reconhecer esta verdade sagrada como a sua realidade.

Quando você reconhece esta verdade sagrada, o amor guardado dentro de você transborda do seu coração e é continuamente originado do seu interior e você se torna uma força de amor mais autoconfiante no Universo. Qualquer pensamento no dia pode ser alinhado com esta verdade simplesmente lembrando-se dos sábios, iogues, mestres, seres iluminados que percorreram o caminho de inflamar os seus corações e a conexão divina com o universo e a Presença Sagrada do Amor, pois eles capacitarão que o seu campo e a energia entrem em uma expansão mais profunda do coração. Isto também ocorrerá, honrando que todas as pessoas e seres são Unos e a verdade de que estamos sempre conectados na Unidade. Para auxiliar a expansão e abertura do seu coração, diga simplesmente o seguinte: "Eu sou um oceano de amor. Eu inflamo a fonte dentro do meu coração e peço ao universo que expanda isto para mim agora."



©Qala Sri'ama Phoenix, 2008

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©Qala Sri'ama Phoenix, 2008

Tradução: Regina Drumond - reginamadrumond@yahoo.com.br

Pedro Coelho
http://www.luzdegaia.org/

Você vem ao mundo sem coisa alguma ... - (Osho)


Você vem ao mundo sem coisa alguma. Assim, uma coisa é certa: nada lhe pertence. Você vem absolutamente despido, porém com ilusões. É por isso que toda criança nasce com as mãos fechadas, cerradas, acreditando que está trazendo tesouros, e aqueles punhos estão vazios.
E todos morrem com as mãos abertas. Tente morrer com as mãos cerradas, até o momento ninguém conseguiu. Ou tente nascer com as mãos abertas, ninguém conseguiu também.
Nada lhe pertence, então você está preocupado com qual insegurança? Nada pode ser roubado, nada pode ser tirado de você.
Tudo o que você está usando pertence ao mundo. E um dia você terá que deixar tudo aqui. Você não será capaz de levar coisa alguma com você. “Será que estou no caminho certo?”
As indicações de que você está no caminho certo são muito simples:
a) Suas tensões começam a desaparecer.
b) Você fica mais e mais senhor de si. Mais e mais calmo.
c) Encontrará beleza em coisas que jamais concebeu pudessem ser belas.
d) As menores coisas começarão a ter imenso significado.
e) O mundo inteiro se tornará mais e mais misterioso a cada dia.
f) Você se tornará menos e menos culto e mais e mais inocente como uma criança correndo atrás de borboletas, ou pegando conchas do mar numa praia.
g) Você sentirá a vida não como um problema, mas como uma dádiva, uma benção, uma graça.
Essas indicações crescerão continuamente se você estiver na pista certa. Não dependa de nada para ser feliz.
Você tem a VIDA!

(Osho no livro “Mais Pepitas de Ouro”)

quinta-feira, 15 de abril de 2010

"O rio passa ..." - (Osho)


"O rio passa ao lado de uma árvore, cumprimenta-a, alimenta-a, dá-lhe água...
e vai em frente, dançando. Ele não se prende à árvore.
A árvore deixa cair suas flores sobre o rio em profunda gratidão,
e o rio segue em frente. O vento chega, dança ao redor da árvore e segue em frente.
E a árvore empresta o seu perfume ao vento... Se a humanidade crescesse,
amadurecesse, essa seria a maneira de amar."
(Osho)

terça-feira, 13 de abril de 2010

Deve ser - (Jorge Vercilo)


Deve ser
uma ilha descoberta em mim
um sinal de que seria assim
começar gostar de ti

Deve ser
um princípio de fascinação
o poder de uma revolução
ser tocado por você

Porque foi assim
como a primavera
para quem dorme do seu lado

Porque foi para mim
Toda fantasia
faz espelho nos seus lábios

Deve ser
como de repente
o céu se abrir
Como ver o que eu
não percebi
começar gostar de ti

Deve ser
ser agraciado e não saber
Nem imaginava merecer
ser amado por você

segunda-feira, 12 de abril de 2010

Unicidade - Além da superioridade e da inferioridade - (Osho)


"Todo ser humano é único. Não há nenhuma questão de alguém superior ou inferior. Sim, as pessoas são diferentes.
Deixem-me lembrá-los de uma coisa; senão vocês me entenderão mal. Eu não estou dizendo que todo mundo é igual. Ninguém é superior, ninguém é inferior, mas ninguém também é igual. As pessoas são simplesmente únicas, incomparáveis. Você é você, eu sou eu. Eu tenho que contribuir com meu potencial para a vida, você tem que contribuir com seu potencial para a vida. Eu tenho que descobrir meu próprio ser, você tem que descobrir seu próprio ser.



Quando inferioridade desaparece, todo sentimento de superioridade também desaparece. Eles vivem juntos, não podem ser separados. O homem que se sente superior ainda está sentindo-se inferior de algum modo. O homem que se sente inferior quer se sentir superior de alguma maneira. Eles chegam num par; eles estão sempre juntos; não podem ficar separados.

Aconteceu... Um homem muito arrogante, um guerreiro, um samurai, veio ver um mestre Zen. O samurai era muito famoso, muito conhecido por todo o país, mas olhando para o mestre, olhando para a beleza do mestre e na graça do momento, ele subitamente sentiu-se inferior. Talvez ele tenha vindo com um desejo inconsciente de provar sua superioridade. Ele disse ao mestre “Porque estou me sentindo inferior? Apenas um momento antes, tudo estava ok. Quando entrei na sua corte subitamente me senti inferior. Eu nunca me senti assim. Minhas mãos estão tremendo. Sou um guerreiro, já enfrentei a morte muitas vezes, e nunca senti nenhum medo – porque estou me sentindo assustado?”

O mestre disse, “Você espere. Quando todo mundo for embora, eu responderei.” As pessoas continuaram chegando para visitar o mestre, e o homem foi ficando cansado, mais e mais cansado. Lá pela tarde a sala ficou vazia, e não havia mais ninguém, e o samurai disse, “Agora você pode responder?” E o mestre disse, “Agora, venha para fora.”

Uma noite de lua cheia – a lua estava justamente surgindo no horizonte... E ele disse, “Olhe para estas árvores, essa árvore alta no céu e essa pequena árvore. Ambas têm existido ao lado da minha janela por anos, e nunca houve nenhum problema. A árvore menor nunca disse, ‘Porque me sinto inferior diante de você?’ para a árvore grande. Como isso é possível? Esta árvore é pequena, e aquela árvore é grande, e eu nunca ouvi qualquer cochicho.”

O samurai disse, “Porque elas não podem comparar.”

O mestre disse, “Então você não precisa me perguntar; você sabe a resposta.”

Comparação traz inferioridade, superioridade. Quando você não compara, toda inferioridade, toda superioridade desaparece. Assim você é, você está simplesmente aí. Um pequeno arbusto ou uma grande árvore – isso não importa; você é você mesmo. Você é necessário. Uma folha de grama é tão necessária quanto a maior estrela. Sem a folha de grama Deus será menor do que ele é. O canto do cuco é tão necessário tanto quanto qualquer Buda; o mundo será menor, será menos rico se o cuco desaparecer.

Apenas olhe ao redor. Tudo é necessário, e tudo se encaixa. È uma unidade orgânica: ninguém é mais elevado e ninguém é mais baixo, ninguém é superior, ninguém é inferior. Todos são incomparáveis, únicos."

Imbecilização coletiva - O que realmente preciso para ser feliz? - (Frei Betto)


Ao viajar pelo Oriente mantive contatos com monges do Tibete, da Mongólia, do Japão e da China. Eram homens serenos, comedidos, recolhidos e em paz nos seus mantos cor de açafrão.

Outro dia, eu observava o movimento do aeroporto de São Paulo: a sala de espera cheia de executivos com telefones celulares, preocupados, ansiosos, geralmente comendo mais do que deviam. Com certeza, já haviam tomado café da manhã em casa, mas como a companhia aérea oferecia um outro café, todos comiam vorazmente. Aquilo me fez refletir: 'Qual dos dois modelo produz felicidade?'

Encontrei Daniela, 10 anos, no elevador, às nove da manhã, e perguntei: 'Não foi à aula?' Ela respondeu: 'Não, tenho aula à tarde'. Comemorei: 'Que bom, então de manhã você pode brincar, dormir até mais tarde'. 'Não', retrucou ela, 'tenho tanta coisa de manhã...'. 'Que tanta coisa?', perguntei. 'Aulas de inglês, de balé, de pintura, piscina', e começou a elencar seu programa de garota robotizada. Fiquei pensando: 'Que pena, a Daniela não disse: 'Tenho aula de meditação!'

Estamos construindo super-homens e super-mulheres, totalmente equipados, mas emocionalmente infantilizados.

Uma progressista cidade do interior de São Paulo tinha, em 1960, seis livrarias e uma academia de ginástica; hoje, tem sessenta academias de ginástica e três livrarias! Não tenho nada contra malhar o corpo, mas me preocupo com a desproporção em relação à malhação do espírito. Acho ótimo, vamos todos morrer esbeltos: 'Como estava o defunto?'. 'Olha, uma maravilha, não tinha uma celulite!' Mas como fica a questão da subjetividade? Da espiritualidade? Da ociosidade amorosa?

Hoje, a palavra é virtualidade. Tudo é virtual. Trancado em seu quarto, em Brasília, um homem pode ter uma amiga íntima em Tóquio, sem nenhuma preocupação de conhecer o seu vizinho de prédio ou de quadra! Tudo é virtual. Somos místicos virtuais, religiosos virtuais, cidadãos virtuais. E somos também eticamente virtuais...

A palavra hoje é 'entretenimento'. Domingo, então, é o dia nacional da imbecilização coletiva. Imbecil o apresentador, imbecil quem vai lá e se apresenta no palco, imbecil quem perde a tarde diante da tela. Como a publicidade não consegue vender felicidade, passa a ilusão de que felicidade é o resultado da soma de prazeres: 'Se tomar este refrigerante, calçar este tênis, usar esta camisa, comprar este carro, você chega lá!' O problema é que, em geral, não se chega! Quem cede desenvolve de tal maneira o desejo, que acaba precisando de um analista. Ou de remédios. Quem resiste, aumenta a neurose.

O grande desafio é começar a ver o quanto é bom ser livre de todo esse condicionamento globalizante, neoliberal, consumista. Assim, pode-se viver melhor. Aliás, para uma boa saúde mental, três requisitos são indispensáveis: amizades, auto-estima, ausência de estresse.

Há uma lógica religiosa no consumismo pós-moderno. Na Idade Média, as cidades adquiriam status construindo uma catedral; hoje, no Brasil, constrói-se um shopping center. É curioso: a maioria dos shoppings centers tem linhas arquitetônicas de catedrais estilizadas; neles não se pode ir de qualquer maneira, é preciso vestir roupa de missa de domingo. E ali dentro sente-se uma sensação paradisíaca: não há mendigos, crianças de rua, sujeira pelas calçadas...

Entra-se naqueles claustros ao som do gregoriano pós-moderno, aquela musiquinha de esperar dentista. Observam-se os vários nichos, todas aquelas capelas com os veneráveis objetos de consumo, acolitados por belas sacerdotisas. Quem pode comprar à vista, sente-se no reino dos céus. Se deve passar cheque pré-datado, pagar a crédito, entrar no cheque especial, sente-se no purgatório. Mas se não pode comprar, certamente vai se sentir no inferno... Felizmente, terminam todos na eucaristia pós-moderna, irmanados na mesma mesa, com o mesmo suco e o mesmo hambúrguer do Mc Donald...

Costumo advertir os balconistas que me cercam à porta das lojas: 'Estou apenas fazendo um passeio socrático. Diante de seus olhares espantados, explico: 'Sócrates, filósofo grego, também gostava de descansar a cabeça percorrendo o centro comercial de Atenas. Quando vendedores como vocês o assediavam, ele respondia: "Estou apenas observando quanta coisa existe de que não preciso para ser feliz!"

domingo, 11 de abril de 2010

Mãe Divina - (Paramahamsa Ramakrishna)


“A Mãe Divina não é apenas mãe de todos. Ela também é irmã--amiga-parceira-amante e confidente fiel.Quando quiser energia e alegria, busque-a no cantinho mais secreto: Vá direto ao coração, o lugar de que Ela gosta. Se você for sincero e humilde, Ela lhe dará uma flor vermelha. E aí, uma onda de amor arrebatará sua consciência para o samadhi. A Mãe Divina é o seu escudo. Caminhe com Ela nas ondas do amor.”

Adoração a Mãe por Mirra Alfassa


"Doce, doce, doce, linda Mãe eu te reverencio,
Eu te reverencio!

Maheshwari, por favor, me proteja, me envolva,
Com seu amor Divino,

Oh Mahakali, destruidora de inimigos,
Remova meus defeitos com a luz da sabedoria,
Que as sombras que envolvem minha cabeça fiquem penduradas sangrando no seu colar
Quebre meus limites como o vento quente,
Piedade eu não peço a Ti!

Ouça, Mahalakshmi, um raio constante de seu Shakti,
Formidável e rápido,
Distribuirá muita luminosidade,
Causará a individualização necessária,
Antes que o meu ego seja oferecido em sacrifício,

Entre em mim Mahasaraswati,
Você, a mais jovem de todas, Anandamayi,
Como um redemoinho reorganize meu eu interior.

Mahashakti, eu me coloco em suas mãos!"


Mirra Alfassa (A Mãe, Purna Yoga de Sri Aurobindo)

Chame a Mãe Divina ... - (Swami Satyananda Saraswati)


"Chame a Mãe Divina, cante Seus nomes, narre as Suas histórias e torne-se inspirado para uma maior realização. Ela é a nossa Bela, Jogadora, Amada Mãe. Ela concede o fruto do karma. Adore-A com todo seu coração."

Yoga, ciclo feminino e TPM - (Rosine Mello)


Matéria destinada às mulheres e aos homens que querem entender um pouco mais sobre o mundo feminino.
Asanas e pranaymas ajudam a mulher a entender melhor seu corpo
por Rosine Mello

Hoje considerado como indesejável por muitas mulheres modernas, o ciclo menstrual era um tempo feminino sagrado em muitas tradições antigas. O Yoga, por aumentar a sintonia da mulher com seu próprio corpo, pode ser um aliado tanto na TPM, como durante a menstruação, equilibrando as emoções e aliviando as incômodas cólicas.
Todas as linhas do Hatha Yoga têm o mesmo efeito sobre o organismo feminino: a mulher começa a entender melhor o seu corpo, a senti-lo, tem um contato maior com a totalidade do eu, cria maior conexão com a Terra, desperta a sabedoria ancestral. Os asanas (posturas físicas) e alguns pranayamas (exercícios respiratórios) estabilizam as emoções, tonificam o fígado, equilibram o sistema endócrino e, assim, ajudam a regularizar o ciclo menstrual.

TPM
A regularidade do ciclo menstrual e a TPM estão muito ligadas ao nível de estresse da mulher. Às vezes ela fica tão desequilibrada emocionalmente pelo acúmulo de atividades que exerce que isso afeta o seu ciclo - pode ocorrer um atraso, um adiantamento ou a menstruação simplesmente não vem. Os asanas de flexão para trás, torções e inversões ajudam a acalmar o sistema nervoso, revitalizam os órgãos abdominais e o sistema endócrino e são recomendados para antes da menstruação.

Durante o período menstrual
As recomendações para mulheres no período menstrual, tanto já praticantes como as que querem começar a praticar são:
Evitar práticas intensas. Não tente aprofundar ou melhorar seus asanas, evite as inversões e as flexões para trás intensas.
Relaxar completamente em cada asana. Deixe o abdômen solto, direcione a respiração para as regiões mais incômodas, que geralmente são o abdômen, cabeça e pernas.
Para as que sentem muitas cólicas, asanas sentados com flexões para frente (de preferência com um apoio pressionando o abdômen)são indicados, assim como a postura da criança(balasana). O supta badha konasana, com almofadão e cinto, também ajuda a melhorar o desconforto.
O Yoga desperta a consciência corporal, então aprenda a escutar o que o seu corpo diz. Por isso, caso você sinta que seu corpo pede relaxamento durante o período menstrual, descanse.


Fonte: Núcleo de Yoga Shanta - www.shanta.com.br

quinta-feira, 8 de abril de 2010

The Highest Sadhana - legendado - (Mooji)


Satsang with Mooji, 6th January, Tiruvannamalai (India)

É só respirar - Meditação - (Jomar Morais; Revista Super Interessante)


Recomendada pelos médicos, estudada pelos cientistas, praticada por milhões mundo afora. Conheça essa técnica ancestral de autoconhecimento e tudo o que ela pode fazer por você.
Na sala vazia e silenciosa, dois monges zen, com seus mantos e cabeças raspadas, estão sentados no chão, lado a lado, pernas cruzadas. Depois de alguns instantes, o mais jovem lança um olhar surpreso e irônico para o mestre. Sereno, o velho monge comenta: “É só isso, mesmo. Não vai acontecer mais nada”. Não se trata de uma cena real. É só uma charge publicada na renomada revista americana The New Yorker, brincando com o novo hábito americano de meditar regularmente, como fazem os orientais há milhares de anos. A fina ironia da charge, no entanto, tem a ver com a realidade. Embora singela, a atitude de sentar sobre uma almofada (ficar em posição de lótus exige um preparo de monge) e ficar atento à própria respiração é tão fora de propósito em nossa rotina atabalhoada que é fácil se identificar com o jovem monge, perplexo e irônico, ao encará-la pela primeira vez. Comigo não foi diferente.

Na primeira vez em que me detive a acompanhar o compasso da respiração, o sentimento inicial foi de surpresa. Espantei-me pela rapidez com que tudo caminhou para a inatividade. O turbilhão de pensamentos que ocupava minha mente (uma conta para pagar, uma cena do filme que vi no dia anterior, uma ótima piada para contar aos amigos) foi desaparecendo sem que eu me desse conta. O incômodo da perna dormente, pressionada pela flexão, logo foi substituído por um inesperado prazer, prazer de simplesmente respirar. Então, de repente, foi como se tudo houvesse parado nos primeiros segundos depois de acordar, aqueles instantes em que você se sente presente e alerta, mas com a cabeça vazia. Enfim, aqueles poucos segundos do dia em que nada acontece.

Foi então que tudo ficou meio irônico: o êxtase, o delicioso estranhamento que entupiu meus sentimentos, acabou em um segundo! E no instante seguinte todos os pensamentos voltaram: a conta, o filme, a piada e mais um monte de coisas. Rindo comigo mesmo, me perguntei – talvez como um jovem monge perplexo e desconfiado – se não haveria algo mais divertido para fazer naquele instante. Mas logo me peguei novamente de olhos fechados.

Quer dizer que meditar é só parar e não pensar em nada? É. Como afirmam os especialistas, é um não-fazer. Mas, acredite, não é fácil. Não para ocidentais como eu e você, acostumados com a idéia de que, para resolver um assunto, o primeiro passo é pensar bastante nele. Na meditação, a idéia é exatamente o oposto: parar de pensar, por mais bizarro que isso pareça.

A novidade é que, mesmo parecendo alienígena, a meditação conquista cada vez mais adeptos no Ocidente. Dez milhões de americanos meditam regularmente em casa e em hospitais, escolas, empresas, aeroportos e até em quiosques de internet. Entre os milhões de meditadores americanos estão celebridades de grosso calibre, como o dirigente da Ford, Bill Ford, e o ex-vice-presidente Al Gore. No Brasil, a exemplo da Hollywood dos anos 90, a meditação entrou para a rotina de estrelas – como a atriz Christiani Torloni e a apresentadora Angélica, que recorreu à prática para livrar-se de uma crise de síndrome do pânico – e virou ferramenta diária de produtividade em empresas e até em alguns círculos do poder. O prefeito de Recife, João Paulo, por exemplo, só inicia o expediente após meditar por alguns minutos.

Mas como é que algo assim, na contramão do pragmatismo moderno, consegue empolgar tanta gente? Como pode haver gente capaz de pagar caro para participar de sessões de meditação – ou seja, para ficar sentado em silêncio em uma sala quase sem móveis?

Sem dúvida há muita gente desiludida com o modo de vida ocidental (a destruição do meio ambiente, a vida cada vez mais solitária das grandes cidades e a competição pelo ganha-pão). Mas esse contingente não é capaz de explicar, sozinho, a explosão da meditação. A verdade é que a ciência resolveu se debruçar sobre os efeitos dessa prática, e as notícias dos laboratórios de pesquisa cada vez convencem mais pessoas a relaxar em posição de lótus.

O principal resultado dessas pesquisas pode ser resumido em duas palavras: meditação funciona. Ou seja, por mais estranho que pareça aos ratos de academia que se esfalfam em exercícios para melhorar a capacidade cardiorrespiratória, não fazer nada por alguns minutos diariamente tem efeitos palpáveis, reais e mensuráveis no corpo. E o melhor: só apareceram efeitos positivos (pelo menos até agora). Ou seja, aquilo que os adeptos da tradicional medicina chinesa e os mestres budistas viviam repetindo (com um sorriso bondoso no rosto) começa a ser comprovado por alguns renomados centros de pesquisa ocidentais, como as universidades Harvard, Columbia, Stanford e Massachusetts, nos Estados Unidos, e pela Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), no Brasil.

É difícil listar as descobertas porque as pesquisas sobre a meditação alcançaram a maioridade recentemente. Mais precisamente no ano 2000, quando o líder do budismo tibetano, o Dalai Lama (sempre ele), encontrou-se com um grupo de psicólogos e neurologistas na Índia e sugeriu que os cientistas estudassem um time de craques em meditação durante o transe, para ver o que ocorria com seus corpos. Os cientistas abraçaram o desafio e, desde então, as pesquisas não param de produzir surpresas. Já se sabe, por exemplo, que meditar afeta, de fato, as ondas cerebrais. Sabe-se também que isso tem efeitos positivos sobre o sistema imunológico, reduz a tensão e alivia a dor. “Três décadas de pesquisas mostraram que a meditação é um bom antídoto ao estresse”, diz o jornalista e psicólogo americano Daniel Goleman, autor dos livros Inteligência Emocional e Como Lidar com as Emoções Destrutivas, este o relato do encontro dos cientistas com o Dalai Lama.

“Agora, o que está mira dos pesquisadores é saber como a meditação pode treinar a mente e reformatar o cérebro”, afirma Daniel.




A piada dos dois monges, lá no início desta reportagem, não é gratuita. Afinal, faz séculos que se pratica meditação no Oriente, por recomendação religiosa. O detalhe é que agora a orientação também é médica. Nos anos 70, quando a prática começou a se espalhar pelo Ocidente, impulsionada pelo movimento hippie, o cantor e compositor brasileiro Walter Franco cantava que tudo era uma questão de “manter a mente quieta, a espinha ereta e o coração tranqüilo”. Hoje, os versos de Walter poderiam fazer parte de uma receita médica, de um treinamento em uma grande empresa ou até mesmo de um programa para a recuperação de presos.

“Focalizar a atenção no mundo interior, como se faz na meditação, é uma situação terapêutica”, diz o psicólogo José Roberto Leite, coordenador do instituto de medicina comportamental da Unifesp. “Queremos avaliar o alcance dessa prática e isolá-la de seu aspecto supersticioso.” Por trás dessa intenção está o fato de que as causas de doenças mudaram muito nos últimos 100 anos. No passado, os males eram causados principalmente por microorganismos. As pessoas morriam de poliomielite, de sarampo, de varíola e outras doenças causadas por bactérias e vírus. Mas isso mudou, graças às melhorias em saneamento e à criação de antibióticos e vacinas. “Hoje, a maioria das doenças é causada por coisas como hipertensão, obesidade e dependência química, que estão ligadas a padrões inadequados de comportamento”, diz José Roberto. Ou seja, o que mata hoje são os maus hábitos.

E são esses maus hábitos que se pretende combater pela meditação, também conhecida pelo pomposo nome de “prática contemplativa”. Apaziguar a mente, os cientistas estão descobrindo agora, pode reduzir o nível de ansiedade e corrigir comportamentos pouco saudáveis. O cardiologista Herbert Benson, da Universidade Harvard, um dos maiores pesquisadores da meditação e do poder das crenças na promoção da saúde, chega a estimar em seu livro Medicina Espiritual que 60% das consultas médicas poderiam ser evitadas se as pessoas apenas usassem a mente para combater as tensões causadoras de complicações físicas.

Mas, afinal, como é que se medita e o que acontece durante a prática contemplativa? Bem, há um leque de modalidades para quem deseja meditar, mas a receita básica é a mesma: concentração. Vale concentrar-se na respiração, uma imagem (um ponto ou uma imagem de santo), um som ou na repetição de uma palavra (o famoso mantra, como “ohmmm”, por exemplo). Parar de pensar equivale a ficar quase que exclusivamente no presente. Faz sentido. Os pensamentos são feitos basicamente de duas substâncias: as idéias e experiências que ouvimos, vivemos ou aprendemos no passado e os planos e apreensões que temos para o futuro. É naqueles raros momentos em que o meditador consegue livrar-se desses ruídos que surgem os sentimentos comuns nas descrições de iogues famosos: sensação de estar ligado com o Universo ou ter uma superconsciência do mundo. Meditar é, portanto, concentrar-se em cada vez menos coisas, inibindo os sentidos e esvaziando a mente. Tudo isso sem perder o estado de alerta, ou seja, sem dormir.

Mas como saber se deu certo? Como saber se você meditou? Essa é a melhor parte da história: não há nota ou avaliação. A não ser que você medite plugado em um aparelho de eletroencefalograma para saber se suas ondas cerebrais se alteraram. Como isso é pouco prático, a melhor medida para seu desempenho é você mesmo. Só você pode dizer o que sentiu e se foi bom.

BIOLOGIA DO ZEN
Os efeitos da meditação sobre o corpo são surpreendentes. Nos primeiros estudos sobre a meditação, na década de 60, o cardiologista Benson, de Harvard, e outros pesquisadores submeteram meditadores a experimentos nos quais a pressão arterial, os ritmos cerebrais e cardíacos e mesmo a temperatura da pele e do reto eram monitorados. Constatou-se então que, enquanto meditavam, eles consumiam 17% menos oxigênio e seu ritmo cardíaco caía para incríveis três batimentos por minuto (a média para pessoas em repouso é de 60 b.p.m.). Isso acontecia quando as ondas cerebrais alcançavam o ritmo teta, mais lento e poderoso, no qual a mente atingiria o estado de “superconsciência” relatado pelos iogues e caracterizado por insights e alegria.

As ondas teta vibram a apenas quatro ciclos por segundo. Para se ter uma idéia, quando estamos ativos o cérebro emite ondas beta, de oscilação em torno de 13 ciclos por segundo. Você conhece essa sensação causada pelas ondas teta. É aquele embotamento dos sentidos que surge nos segundos que antecedem o sono. Naquele momento, nosso cérebro funciona no ritmo teta. Mas os meditadores pesquisados não estavam dormindo. Ao contrário, estavam bem acordados e serenos.

Mais tarde, percebeu-se também que no momento da meditação o fluxo sanguíneo diminuía em quase todas as áreas cerebrais, mas aumentava na região do sistema límbico, o chamado “cérebro emocional”, responsável pelas emoções, a memória e os ritmos do coração, da respiração e do metabolismo. O cardiologista Benson, que escreveu um clássico sobre o tema nos anos 90 – A Resposta do Relaxamento – , tomou emprestado um pouco da humildade oriental e disse que seu trabalho se resumiu a explicar biologicamente técnicas conhecidas há milênios.



Desde então, uma série de novas pesquisas, respaldadas em imagens da intimidade neurológica feitas por tomógrafos sofisticados que retratam o cérebro em funcionamento, levantou o véu sobre outros segredos. Um dos estudos mais abrangentes e reveladores foi realizado por Andrew Newberg, da Universidade da Pensilvânia, nos Estados Unidos. A idéia era registrar o que ocorre com o cérebro quando se alcança o clímax em práticas místicas como a meditação e a oração. Newberg rastreou a atividade cerebral de um grupo de budistas em meditação profunda e de um grupo de freiras franciscanas rezando fervorosamente.

Ele constatou uma significativa alteração no lobo parietal superior, localizado na parte anterior do cérebro e responsável pelo senso de orientação – a capacidade de percepção do espaço e do tempo e da própria individualidade. Segundo as descobertas de Newberg, à medida que a contemplação se torna mais profunda, a atividade na região diminui aos poucos até cessar totalmente no momento de pico, aquele em que o meditador experimenta a sensação de unicidade com o Universo, cerca de uma hora após o início da concentração. Nesse instante, privados de impulsos elétricos, os neurônios do lobo parietal desligam os mecanismos das funções visuais e motoras e o meditador ou devoto perde a noção do “eu” e sente-se prazerosamente expandido, além de qualquer limite. É o nirvana. Ou seja, Newberg registrou em seus aparelhos a imagem de um cérebro literalmente no paraíso.

Mas não é só isso. As imagens revelaram que, durante a experiência, os lobos temporais (sede das emoções no cérebro) tiveram sua atividade redobrada, o que explicaria a enorme influência da meditação sobre as emoções e a personalidade dos praticantes. Newberg não teve dúvida em sua conclusão: as sensações de elevação e contato com o divino vivenciadas por budistas e freiras são um fenômeno real, baseado em fatos biológicos.

Mas há quem veja tudo isso com uma certa desconfiança. “Ao que parece, estamos diante de um fenômeno de marketing”, disse Richard Sloan, psicólogo do Centro Médico Presbiteriano de Columbia, em Nova York, comentando o encontro do Dalai com os cientistas, há três anos. Segundo Richard, é discutível se o impacto da meditação sobre o sistema nervoso e a saúde tem um efeito profundo e duradouro ou apenas superficial e efêmero. Então, está na hora de conferir o que os estudos dizem a respeito.

MENTE QUIETA, CORPO SAUDÁVEL
A meditação ajuda a controlar a ansiedade e a aliviar a dor? Ao que tudo indica, sim. Nessas duas áreas os cientistas encontraram as maiores evidências da ação terapêutica da meditação, medida em dezenas de pesquisas. Nos últimos 24 anos, só a Clínica de Redução do Estresse da Universidade de Massachusetts monitorou 14 mil portadores de câncer, aids, dor crônica e complicações gástricas. Os técnicos descobriram que, submetidos a sessões de meditação que alteraram o foco de sua atenção, os pacientes reduziram o nível de ansiedade e diminuíram ou abandonaram o uso de analgésicos. Ou seja, eles aprenderam a entender a dor, em vez de combatê-la. Com isso, deixaram de antecipá-la ou amplificá-la por meio do medo de vir a senti-la. Sim, porque boa parte da sensação dolorosa é psicológica, fabricada pelo medo da dor. Resultado: as queixas de dor, segundo o diretor da clínica, Jon Kabat-Zinn, diminuíram, em média, 40%.

No hospital da Unifesp, em São Paulo, a meditação é indicada para pacientes com fibromialgia (dores nos músculos e articulações), fobias e compulsões. Ali, estudo recente dirigido pela doutora em biologia Elisa Harumi Kozasa atestou a melhoria da agilidade mental e motora em ansiosos e deprimidos que, durante três meses, meditaram sob a orientação de instrutores indianos. Outra pesquisa, coordenada pelas psicólogas Márcia Marchiori e Elaine de Siqueira Sales, deve comparar nos próximos meses os efeitos terapêuticos da meditação com os das técnicas de relaxamento físico.

O desempenho antiestresse da meditação, segundo estudos das universidades americanas Stanford e Columbia, acontece porque a mente aquietada inibe a produção de adrenalina e cortisol – hormônios secretados nas situações de estresse – , ao mesmo tempo que estimula no cérebro a produção de endorfinas, um tranqüilizante e analgésico natural tão poderoso quanto a morfina e responsável pela sensação de leveza nos momentos de alegria.

Já parece motivo suficiente para render-se aos mantras, mas tem mais. Investigações realizadas na Universidade Wisconsin, nos Estados Unidos, acrescentaram que meditar também melhora a ação do sistema imunológico, que defende o organismo contra o ataque de microorganismos (bactérias, vírus e outros germes). A experiência comparou dois grupos de voluntários – um constituído de pessoas que meditavam havia alguns meses e o outro de não-meditadores. Primeiro constatou-se que os meditadores tiveram um aumento na atividade da área cerebral relacionada às emoções positivas. Então, ambos os grupos foram vacinados contra gripe e submetidos a medições quatro semanas e oito semanas depois. O pessoal habituado a entoar mantras apresentou um número bem maior de anticorpos, o que sugere que seus sistemas de defesa estavam mais ativos.

Em abril passado, durante um encontro da Associação Americana de Urologia, anunciou-se que a meditação ajuda a conter o câncer da próstata. E alguns pesquisadores relataram que mulheres com câncer de mama que passaram a meditar tiveram elevação no nível de células imunológicas que combatem tumores. Mas essas descobertas estão longe de alcançar a unanimidade entre os cientistas. O psiquiatra americano Stephen Barret, um dos principais críticos às terapias alternativas nos Estados Unidos, desconfia desses resultados. “Meditar pode aliviar o estresse, mas sua ação nunca irá além disso no tratamento de doenças graves, como o câncer.” Mesmo um entusiasta da técnica, como Herbert Benson, não descarta os tratamentos ocidentais tradicionais. Para ele, a saúde e a longevidade no mundo moderno serão, cada vez mais, resultado de um tripé formado por remédios, cirurgias e cuidados pessoais, incluindo-se aqui a meditação e todo o poder catalisador das crenças nas reações orgânicas.



O CÉREBRO REPROGRAMADO
Mas ainda há muita coisa para ser descoberta sobre o mantra e os pesquisadores estão debruçados sobre os meditadores, tentando entender como é que um ato tão simples causa tantas modificações. Estudos como o de Wisconsin, que ligam disciplina mental a emoções positivas e ao bom desempenho do sistema imunológico, atiçam o interesse dos cientistas em avaliar o real poder da meditação na reformatação das funções cerebrais. E o que eles estão descobrindo é que, com suficiente prática, os neurônios podem reprogramar a atividade dos lobos cerebrais, especialmente a área relacionada à concentração e à orientação.

Não dá para negar que, sobre concentração, o Dalai Lama e os orientais, com sua atenção aos detalhes e sua atenção extrema, têm muito a ensinar aos ocidentais. “Só há pouco a psiquiatria ocidental reconheceu a existência do transtorno do déficit de atenção (uma síndrome caracterizada pela dificuldade de concentração, baixa tolerância à frustração e impulsividade), mas há milhares de anos tradições como o budismo afirmam que todos sofremos desse distúrbio com mais ou menos intensidade”, diz o psiquiatra Roger Walsh, da Universidade da Califórnia em Irvine.

A possibilidade de alterar em profundidade o cérebro, apenas meditando, talvez possa no futuro ajudar a prevenir ou a superar complicações vasculares a custo bem mais baixo que o das cirurgias. Ou a romper condicionamentos e redirecionar as mentes de indivíduos anti-sociais – o que, aliás, vem sendo testado com relativo êxito. Numa experiência na Kings County North Rehabilitation Facility, penitenciária próxima a Seattle, nos Estados Unidos, um grupo de prisioneiros condenados por crimes relacionados ao consumo de droga e álcool praticou vippassana (meditação budista com foco inicial na respiração, seguida de análise existencial) 11 horas por dia durante dez dias. Após voltarem para casa, apenas 56% deles reincidiram na criminalidade no prazo de dois anos, um índice considerado bom comparado aos 75% de reincidência entre os que não meditaram.

Já na Universidade Cambridge, nos Estados Unidos, um estudo constatou a redução de até 50% nas recaídas de pacientes com depressão crônica que passaram a meditar regularmente. A doença é acompanhada por uma diminuição no nível do serotonina no cérebro, processo geralmente revertido com o uso de antidepressivos, como Prozac. A meditação aumenta a produção desse neurotransmissor, funcionando como um antidepressivo natural. Em Cotia, em São Paulo, um programa de meditação para crianças carentes, conduzido pela monja Sinceridade no Templo Zu Lai (sede da primeira universidade budista do país), tem resultado em mudanças no comportamento de 128 meninos de favelas. “Eles melhoraram significativamente a concentração. E a convivência social com eles tornou-se mais tranqüila”, diz ela.

FAST FOOD MENTAL?
Toda essa popularidade, porém, não permite afirmar que a meditação continuará mantendo alguma identidade com a prática ancestral do Oriente. Além de sua gradual transformação em técnica laica, ocorre neste momento uma rápida adaptação do modo de usá-la ao estilo de vida ocidental.

Em vez de contemplações que duram uma eternidade (você aí teria pique para ficar quatro horas sentado no chão, imóvel, como faz diariamente o Dalai Lama?), tornou-se padrão a meditação de 20 minutos duas vezes ao dia. Ainda assim, isso parece exigir uma boa dose de sacrifício de inquietos habitantes de metrópoles como Nova York e São Paulo. No próximo ano, o autor Victor Davich lançará nos Estados Unidos o livro Eight Minutes that Will Change your Life (“Oito Minutos que Mudarão sua Vida”) no qual defenderá um tipo de meditação “fast food” de não mais que oito minutos. Segundo ele, esse é o tempo que os americanos estão acostumados a se concentrar diariamente: os blocos de programas de TV duram exatamente isso, entre um comercial e outro. Da mesma forma, os mantras sonoros em sânscrito das meditações místicas foram substituídos por mantras mentais, baseados em palavras escolhidas ao acaso.

Tais ajustes são vistos com reservas por iogues, praticantes tradicionalistas e até instrutores mais liberais, como a americana Susan Andrews, para quem é saudável tirar a meditação “das nuvens do esoterismo” e aproximá-la da ciência. “Relaxamento e pensamento positivo são efeitos colaterais da meditação, não sua meta”, diz Susan. “O grande alvo é atingir a hiperconsciência, o samadhi, aquele estado de plenitude, iluminação e êxtase indescritível.” A questão é que para chegar lá o meditador precisa deixar de lado a idéia de que meditar não implica qualquer esforço, cuidando de manter a concentração firme e afinada por pelo menos uma hora. E isso, admitamos, é algo que também exige um preparo de monge.




Passo a passo
Há vários maneiras de meditar, mas a regra básica é a mesma: atenção

Sentado
No chão ou em uma cadeira, mantenha a coluna ereta e concentre-se nos movimentos da respiração, observando a entrada e a saída do ar pelas narinas. Se preferir, concentre-se num mantra, que pode ser qualquer palavra, uma frase ou apenas um murmúrio. Repita seu mantra a cada expiração. Fechar os olhos pode ajudar. Se ficar de olhos abertos, concentre o olhar em um ponto.

Em pé
Posicione-se junto a uma fileira de árvores e tente se sentir como uma delas. Concentre-se na respiração e imagine seus pés desenvolvendo raízes no chão.

Caminhando
É uma boa saída para quem, por algum motivo, não consegue ficar imóvel. O segredo é focar as pisadas, vendo-as como um todo ou como segmentos do movimento, que pode ser lento ou acelerado. Melhor caminhar em círculo, sem a expectativa de um ponto de chegada.

Visualização
Crie uma imagem significativa para você – pode ser um símbolo religioso ou uma paisagem – e concentre-se nela.

Entre o céu e os neurônios
Meditação não é coisa só de budistas. Várias religiões têm sua versão dessa prática

Hinduísmo
Textos sagrados do período védico, entre 2000 e 3000 a.C., fazem referências a mantras e contemplações. A meditação é uma das principais práticas do conjunto de escolas religiosas da Índia conhecido como hinduísmo.

Budismo
Foi meditando debaixo de uma figueira que o príncipe Sidarta Gautama alcançou a iluminação, por volta de 588 a.C., tornando-se o Buda. Prática fundamental no budismo, a meditação é vista, sobretudo, como um método de examinar a realidade pessoal e eliminar condicionamentos.

Cristianismo
Os chamados padres do deserto, da região de Alexandria, no Egito, é que consolidaram a meditação como hábito cristão no século 4. A prática, disseminada nos monastérios, desde o século passado vem sendo adotada por cristãos leigos.

Judaísmo
Os praticantes da Cabala, tradição esotérica judaica, difundiram a meditação entre seus adeptos na Europa, por volta do ano 1000, como uma forma de entrar em comunhão com Deus.

Islamismo
Também por volta do ano 1000, os sufis, que constituem o segmento místico dos muçulmanos, incorporaram a meditação aos seus rituais, os quais incluem o êxtase místico por meio da dança.

Independentes
Em 1967, um encontro dos Beatles com o guru Maharishi Mahesh Yogi iniciou a expansão da meditação transcendental no Ocidente e o florescimento de uma infinidade de gurus e técnicas meditativas que, desde então, atraem adeptos em toda parte.

Para saber mais
Na livraria
A Mente Alerta, Jon Kabat-Zinn, Objetiva, Rio de Janeiro, 2001
Meditação e os Segredos da Mente, Susan Andrews, Instituto Visão Futuro, Porangaba, 2001
Why God Won´t Go Away, Andrew Newberg, Ballantine, Nova York, 2001
Yoga, Caco de Paulo e Marcia Bindo, São Paulo, Superinteressante, 2002
A Resposta do Relaxamento, Herbert Benson, Nova Era, 1995
Medicina Espiritual, Herbert Benson, Campus, Rio de Janeiro, 2003



Fonte: Revista Super Interessante