sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

Eu Não Sei Na Verdade Quem Eu Sou - (Teatro Mágico)



"Eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Por que a gente é desse jeito
Criando conceito pra tudo que restou?

Meninas são bruxas e fadas,
Palhaço é um homem todo pintado de piadas!
Céu azul é o telhado do mundo inteiro,
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro!

Mas eu não sei na verdade quem eu sou!
Já tentei calcular o meu valor
Mas sempre encontro o sorriso e o meu paraíso é onde estou
Eu não sei na verdade quem eu sou!

Perceber da onde veio a vida,
Por onde entrei deve haver uma saída,
Mas tudo fica sustentado pela fé!
Na verdade ninguém sabe o que é!

Velhinhos são crianças nascidas faz tempo!
Com água e farinha eu colo figurinha e foto em documento!
Escola é onde a gente aprende palavrão...
Tambor no meu peito faz o batuque do meu coração!

Mas eu não sei na verdade quem eu sou
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro o sorriso e o meu paraíso é onde estou!
Eu não sei na verdade quem eu sou!

Descobri que a cada minuto
Tem um olho chorando de alegria e outro chorando de luto
Tem louco pulando o muro, tem corpo pegando doença
Tem gente rezando no escuro, tem gente sentindo ausência!

Meninas são bruxas e fadas,
Palhaço é um homem todo pintado de piadas!
Céu azul é o telhado do mundo inteiro,
Sonho é uma coisa que fica dentro do meu travesseiro!

Mas eu não sei na verdade quem eu sou,
Já tentei calcular o meu valor,
Mas sempre encontro sorriso e o meu paraíso é onde estou...
Eu não sei na verdade quem eu sou."

Respeito a todo ser, à Mãe Terra! - (Leonardo Boff)


Se reconhecermos, como os povos originários e muitos cientistas modernos, que a Terra é Gaia, Mãe generosa, geradora de toda vida, então devemos a ela o mesmo respeito e veneração que devotamos às nossas mães. Em grande parte, a crise ecológica mundial deriva da sistemática falta de respeito para com a natureza e a Terra.

O respeito implica reconhecer que cada ser vale por si mesmo, porque simplesmente existe e, ao existir, expressa algo do Ser e daquela Fonte originária de energia e de virtualidades da qual todos provém e para a qual todos retornam (vácuo quântico). Numa perspectiva religiosa, cada ser expressa o próprio Criador.

Ao captarmos os seres como valor intrínseco, surge em nós o sentimento de cuidado e de responsabilidade para com eles a fim de que possam continuar a ser a co-evoluir.

As culturas originárias atestam a veneração face à majestade do universo, o respeito pela natureza e para cada um de seus representantes.

O budismo que não se apresenta como uma fé mas como uma sabedoria, um caminho de vida em harmonia com o Todo, ensina a ter um profundo respeito, especialmente, por aquele que sofre (compaixão). Desenvolveu o Feng Shuy que é a arte de harmonizar a casa e a si mesmo com todos os elementos da natureza e com o Tao.

O Cristianismo conhece a figura exemplar de São Francisco de Assis (1181-1226). Seu mais antigo biógrafo, Tomás de Celano (1229) testemunha que andava com respeito por sobre as pedras em atenção daquele, Cristo, que foi chamado de “pedra”; recolhia com carinho as lesmas para não serem pisadas; no inverno, dava água doce às abelhas para não morrerem de frio e de fome.

Aqui temos a ver com um outro modo de habitar o mundo, junto com as coisas convivendo com elas e não sobre as coisas dominando-as.



Extremamente atual é a figura do humanista Albert Schweitzer (1875-1965). Elaborou grandiosa ética do respeito a todo o ser e à vida em todas as suas formas. Era um grande exegeta e famoso concertista das músicas de Bach. Num momento de sua vida, largou tudo, estudou medicina e foi servir hansenianos em Lambarene no Gabão.

Diz explicitamente, numa carta, que “o que precisamos não é enviar para lá missionários que queiram converter os africanos, mas pessoas que se disponham a fazer para os pobres o que deve ser feito, caso o Sermão da Montanha e as palavras de Jesus possuam algum valor. Se o Cristianismo não realizar isso, perdeu seu sentido”.

Em seu hospital no interior da floresta tropical, em Lambarene, entre um atendimento e outro, escreveu vários livros sobre a ética do respeito, sendo o principal este: O respeito diante da vida (Ehrfurcht vor dem Leben).

Bem diz ele:”a idéia-chave do bem consiste em conservar a vida, desenvolvê-la e elevá-la ao seu máximo valor; o mal consiste em destruir a vida, prejudicá-la e impedi-la de se desenvolver. Este é o princípio necessário, universal e absoluto da ética”.

Para ele, o limite das éticas vigentes consiste em se concentrarem apenas nos comportamentos humanos e esquecerem as outras formas de vida. Numa palavra: “a ética é a responsabilidade ilimitada por tudo que existe e vive” Dai se derivam comportamentos de grande compaixão e cuidado. Numa prédica conclamava: “Mantenha teus olhos abertos para não perder a ocasião de ser um salvador. Não passe ao largo, inconsciente, do pequeno inseto que se debate na água e que corre risco de se afogar. Tome um pauzinho e retire-o da água, enxugue-lhe as asinhas e experimente a maravilha de ter salvo uma vida e a felicidade de ter agido a cargo e em nome do Todo-poderoso. A minhoca que se perdeu na estrada dura e seca e que não pode fazer o seu buraco, retire-a e coloque-a no meio da grama. ‘O que fizerdes a um desses mais pequenos foi a mim que o fizestes’. Esta palavra de Jesus não vale apenas para nós humanos mas também para as mais pequenas das criaturas”.

Essa ética do respeito é categórica no momento atual em que a Mãe Terra se encontra sob perigoso estresse.





Leonardo Boff é autor de Convivência, Respeito, Tolerância, Vozes 2006.
Fonte: http://www.leonardoboff.com/

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Outra Era - (Ceumar / Composição: Fagner e Zeca Baleiro)

Torne seu dia mais leve e alegre - (Rachel Lopes)


"Trânsito parado. Pessoas correm de um lado para o outro. Buzinas de carros. Esse é o cenário típico da vida nas grandes cidades. Nesse caos rotineiro, é importante parar e focar no que agrega satisfação para você. Algo como uma recompensa por um dia estafante ou até mesmo uma forma de buscar momentos especiais e tornar o dia mais leve.


Nessa hora, nada melhor do que adoçar o seu dia! Você pode reunir mecanismos como gentileza, amizade, altruísmo e generosidade num encontro com amigos para um lanchinho da tarde. Rever pessoas queridas sempre traz benefícios emocionais e fortalece a consciência de nosso papel social.


Outra forma de se sentir bem é se presentear com algo que goste a cada três tarefas obrigatórias cumpridas. Por exemplo, terminou aquele trabalho que vinha consumindo seu tempo livre há meses? Então, que tal se presentar com uma voltinha no quarteirão, uma lembrancinha naquela loja querida - se você está com as finanças em dia - ou um banho de mar em plena terça-feira?


Tornar a vida mais alegre de ser vivida é tarefa das mais simples e deve ser perseguida por todos."Tornar a vida mais alegre de ser vivida é tarefa das mais simples e deve ser perseguida por todos." Somente assim teremos satisfação para continuar exercendo nossas funções rotineiras com mais vigor. É importante lembrar que o lazer e a satisfação pessoal são ingredientes riquíssimos na busca por uma vida equilibrada. E adoçar o dia com pequenos gestos de carinho com você e com os que o cercam é fundamental. Uma das maneiras de se amar é buscar a autorrealização por meio do conhecimento do próprio eu. Olhar para dentro e perceber o que pode tornar o seu dia mais dinâmico e satisfatório. Pergunte-se:


Que atitudes posso tomar para me sentir melhor?
Como influenciar as pessoas ao meu redor a viverem de uma forma tão realizada quanto eu me proponho nesse momento?

Treinar esses pensamentos é o primeiro passo para trazer mais docilidade ao seu dia. O segundo é colocá-los em prática!


Busque o encontro consigo mesmo independente do dia da semana. Não reserve o lazer e a realização apenas para o final de semana. Coisas boas podem - e devem - acontecer numa segunda ou quarta-feira.
Reunir pessoas queridas é especial, uma forma de entrar em contato com você através do encontro com o próximo.
Organização ajuda a simplificar a vida. Que tal colocar as coisas do seu jeito?
Por que não presentar alguém querido com algo preparado manualmente por você? Pode ser uma sobremesa, um desenho, qualquer coisa que faça o outro pensar o quanto é importante na sua vida.
Não esqueça da regra: "Gentileza gera Gentileza". Logo, tratar bem os vizinhos e pessoas perto de você pode voltar como energia purificante.
Adoçar a si mesmo é adoçar a vida. Autoconhecimento é fundamental para uma vida plena."

sábado, 20 de fevereiro de 2010

O AMOR É DEUS; VIVAM EM AMOR - (Sai Baba)


Data: 15/12/2007 – Ocasião: Discurso Divino – Local: Prasanti Nilayam

Encarnações do Amor!
As pessoas pensam que há muitos problemas, sofrimentos e dificuldades neste mundo e se enchem de ansiedades e preocupações por isso. Mas, na verdade, não há nada disso; há bem-aventurança por todos os lados.
“O homem é a encarnação da bem-aventurança divina, sabedoria absoluta, para além da dualidade do par de opostos, amplo e impregnante como o céu, o objetivo indicado pelo aforismo (mahavakya)” (Brahmanandam Parama Sukhadam Kevalam Jnanamurtim Dvandvatitam Gagana Sadrisham Tattvamasyadi Lakshyam Ekam Nityam Vimalam Achalam Sarvadhi Sakshibhutam Bhavatitam Trigunarahitam). “Você é Aquilo” - Tat Tvam Asi, um sem segundo, eterno, puro, imutável, testemunha de todas as funções do intelecto, além de todas as condições mentais e os três atributos da pureza (satva), ação (rajas) e inércia (tamas).
O mundo é a criação de Deus. A partir do homem, todos os seres vivos, incluindo os animais, pássaros e até insetos são criação de Deus. Visto que todos são uma criação de Deus, todos têm sua origem na bem-aventurança. Todas essas dificuldades e problemas existem apenas na imaginação do homem.
O prazer é um intervalo entre duas dores. Não pode haver felicidade sem dificuldades. Essas dificuldades existem para dar felicidade e não para fazê-los infelizes com mais sofrimentos. Portanto, deveríamos considerar tudo o que nos acontece como um presente de Deus e nos sentirmos felizes com isso. Não deveríamos considerar que nos foi dado para causar sofrimentos.
Suponham que têm dor no estômago. O que fará o médico? Ele realiza uma operação, mas não é para causar dor. A dor que o médico causa serve para remover seu sofrimento. Assim, devemos enfrentar as dificuldades e superar os nossos sofrimentos. Há milhões de seres vivos neste mundo. Todos eles se originaram em Deus. Portanto, o mesmo Deus está presente em todos eles. As pessoas dão muitos nomes a Deus, como Rama, Allah, Jesus, etc., mas Deus é apenas um. Atma (centelha divina) é outro nome de Deus; é o mesmo em todos.
O verdadeiro nome do Atma é amor. O amor é apenas um, mas está presente em todos os lugares e pode aliviar todos os sofrimentos. Aquele que possui amor está livre de todo sofrimento.
Todos vocês vieram de lugares distantes como América. Para que? Vieram porque têm amor por Mim (aplauso forte). Podem obter qualquer coisa se tiverem amor. Deus não tem um nome específico, Ele está presente nos seres humanos na forma de Atma. O que significa Atma? Significa apenas amor. É o amor que une tudo. Se vocês se embebem desse princípio de unidade, tudo se tornará um. Quando alcançarem essa unidade vocês terão pureza. Quando tiverem pureza, então Atma Tattva (o princípio do Ser) se manifestará em vocês. Assim, deve ter unidade para atingir a divindade.
Eu e vocês somos um. Deus e vocês são um. Deus não está separado de vocês. Devem desenvolver esse sentimento de que vocês mesmos são Deus. Quando dizem "Eu", representa uma unidade. Não podem imaginar a bem-aventurança que se origina dessa unidade. Todos são um. É a mente agitada que é instável e oscila arbitrariamente.
Apenas uma coisa é estável. O amor, amor, amor. O Amor é Deus. Vivam em Amor. Isso é o que temos de aprender hoje. O mesmo amor está presente em todos. A mãe ama seu filho devido a esse sentimento de amor. Todos são filhos de Deus. Portanto, Deus ama a todos. Deus não tem ódio. Deus não é a causa de seus sofrimentos e dores. Deus não está separado de vocês. Onde quer que estejam Deus está presente. Deus não os abandona. Não há lugar onde Deus não esteja. Para onde quer que olhem, Deus está presente. (Swami apontou para diversas coisas e disse:) Isso é Deus. Isto é Deus.
Todos vocês são encarnações de Deus. Possuem dois olhos, mas podem ver um grande número de pessoas com eles. Da mesma forma, Deus é um, mas pode ver todos. Onde está Deus? Ele está em vocês, com vocês, acima de vocês e abaixo de vocês. Não há necessidade de buscar a Deus.
Porque nossa visão é limitada ao nível físico, vemos as diferenças. Não confiem no corpo físico. O corpo é como uma bolha de água; a mente é como um macaco louco. Em um momento a mente está aqui e no momento seguinte voa para longe, para outro lugar. Manas, buddhi, chitta, ahamkara (mente, intelecto, pensamentos, ego) - tudo isso é temporário, como nuvens passageiras. Apenas uma coisa é permanente. Vocês.
Onde está Deus? Devem desenvolver o sentimento de que vocês são Deus. Essa é a resposta correta à questão "onde está Deus". Podem realizar todo tipo de práticas espirituais, como bhajans (cantos devocionais), japa (oração), e tapa (penitência, austeridade), mas o amor deve estar subjacente a todas essas práticas. Na verdade, se tiverem amor, não há necessidade de realizar qualquer tipo de prática espiritual. É inútil quaisquer práticas espirituais se não tiverem amor.
Preencham suas mentes com amor. Prema Mudita Manase Kaho Ram Ram Ram (recitem o Nome de Rama com seus corações cheios de amor). Portanto, dêem a maior importância ao amor. O amor é importante. O Amor é Deus. Vivam em Amor. Essa é a prática espiritual que temos de empreender.
As relações mundanas são temporárias. São impermanentes como nuvens passageiras, que vêm e vão. São a reação, reflexo e ressonância de suas mentes. (Swami mostra o Seu lenço) O que é isto? Isto é um tecido. Não é apenas um tecido, é uma combinação de fios e nem sequer são fios, é algodão, que é a criação de Deus. Tudo emerge de Deus, como fios. Vocês podem tecer os fios como quiserem. Mas não é isso que importa, o importante é o que Deus gosta.
Pode haver mudanças no corpo e na mente. Mas o amor é imutável. É permanente. Tudo tem nascimento e morte, mas não há nascimento ou morte para o amor. O amor inato e eterno é apenas um. Vem da Verdade. A Verdade é uma. A verdade é Deus. Esse Deus, na forma de amor, está presente em todos os lugares, onde quer que olhem.
Deus está presente no homem, em sua respiração. Quando vocês respiram, de onde vem a respiração? Vem de dentro. A respiração é, ela própria, o seu Deus. Qual a sua forma? Está presente no ser humano sob a forma de So-ham, o qual revela a sua identidade divina. "So" significa "aquilo", "Ham" significa "Eu". Assim, So-ham significa "aquilo que Eu sou". "Aquilo" se refere a Deus que está presente no ser
humano na forma de amor. Portanto, o ser humano deve guardar, em segurança, o amor em seu coração.
Outros pensamentos vêm e vão como nuvens passageiras. Apenas o amor é permanente e eterno.
Devem realizar cada tarefa com amor. Mesmo se encontrarem seu inimigo, devem amá-lo e saudá-lo dizendo "olá, olá!". Então ele também responderá, dizendo "olá, olá!" para vocês também. Isso é a reação, o reflexo e a ressonância de seus sentimentos. Qualquer bem ou mal que vivenciem é o resultado de suas próprias ações. Tudo vem de vocês mesmos. Portanto, permaneçam sempre imersos em amor. Se tiverem amor, podem conquistar qualquer coisa e realizar qualquer tarefa. O amor é o responsável por toda a criação e seu funcionamento neste mundo.
Não há Deus maior que o amor. O Amor é Deus. Qualquer coisa que façam sem amor é um exercício fútil. Portanto, mantenham o amor em seus corações. Todos serão atraídos por esse amor. Ele concede tudo a vocês. É o amor que cria, mantém e destrói.
Quando vocês olham para o mundo com seus olhos físicos, vêem diversidade na criação. Mas, na verdade, tudo é amor. Nada muda. Vocês devem estar repletos desse amor. Se seguirem esse princípio de amor, terão os frutos de todas as práticas espirituais.
As pessoas chamam a Deus por vários nomes, como Rama, Krishna, Jesus, Allah, etc. Mas todos os nomes se referem ao mesmo Deus. Se O chamam Allah, Ele responde. Da mesma forma, se O chamarem Jesus, ou Zoroastro, ou Rama, Ele responderá. Todos esses nomes foram dados pelo homem. Deus não nasceu com esses nomes. O nome original de
Deus é apenas amor. Vocês podem procurar em qualquer dicionário; o amor é apenas um, não há dois.
O ser humano pode ter vários relacionamentos físicos. Podem considerar alguns como seu marido, como seu filho, ou como sua filha. Todos esses são relacionamentos físicos e mundanos. Quem estabeleceu esses relacionamentos? Apenas você. Já que esses são relacionamentos estabelecidos por vocês, eles podem mudar. Mas o amor permanece o mesmo. Com tal amor, podem cantar qualquer nome como Rama, Krishna, Govinda, Narayana, Jesus e Allah. Todos esses nomes se referem à mesma divindade. Podem triturar o arroz e preparar vários pratos como dosa, idli, etc. Podem misturar o arroz com açúcar e preparar payasam (pudim doce). Mas o arroz é o mesmo em todos os pratos. Da mesma forma, apenas Deus está presente em toda a criação e isso é amor. Realizem toda e cada tarefa com amor.
Nós tratamos os outros como "irmãos e irmãs". No nível físico, eles estão separados. Esses relacionamentos são criados por vocês mesmos. Mas jamais vejam a diversidade. Irmãos, irmãs e outros relacionamentos são um. Vocês vêem um homem velho ou uma criança e ambos são essencialmente divinos. Deus está além de todas as idades e de todas as formas. Apenas o amor é a Sua forma verdadeira. O mesmo amor está presente em todas as formas que vocês vêem. Portanto, todos devem cultivar o amor.
Podem chamar Deus como Rama, Krishna, ou Sai. Mas são apenas diferenças de nomes. Deus é apenas um (aplauso forte). Amem a todos com todo o coração. Somente então podem experimentar a bem-aventurança. Enquanto tiverem amor, não serão privados da bem-aventurança.
As pessoas hoje em dia observam diferenças individuais. Um indivíduo possui três aspectos. (1) Quem ele pensa que é; (2) Quem os demais pensam que ele é; (3) Quem ele realmente é. No nível físico, podem se identificar com seu nome, forma e vilarejo. Mas, na verdade, vocês são apenas um. Isso é o que devem compreender. Reconheçam a unidade em toda a criação. Seus relacionamentos mundanos também terão algum valor quando reconhecerem essa unidade. Podem adicionar qualquer quantidade de zeros depois do 1 e o valor aumentará sempre. Se removerem o 1, não haverá valor. Da mesma forma, podem repetir qualquer nome percebendo a unidade de Deus.
“A verdade é uma, mas o sábio se refere a ela por vários nomes” (Ekam sath viprah bahudha vadanthi)..
Os Vedas confirmam a mesma verdade. Com amor em seus corações, podem ir a qualquer país, entoar qualquer nome, realizar qualquer prática espiritual.
Não odeiem ninguém. Ajudar sempre, ferir jamais. Isso é o que é necessário aos devotos. (aplauso forte). Quando se chamam de devotos, não percebam quaisquer diferenças "Você não é meu, ele é meu". Isso não é bom. Isso leva a odiar a Deus. Devem pensar "Deus está em mim, comigo, ao meu redor, acima de mim, abaixo de mim". Para onde quer que olhem, o mesmo Deus está presente lá.
Desenvolvam esse sentimento de unidade. Então obterão a mais elevada bem-aventurança.
Vocês vieram de diferentes países e têm diferentes nomes e formas. Mas vindo aqui, todos são um(aplauso forte). A partir de hoje, permaneçam em bem-aventurança para sempre.
As pessoas dizem "hoje é o meu aniversário". O que significa aniversário? É o dia do nascimento do corpo. Hoje ele nasce, amanhã ele morre. Mas vocês são eternos. Não possuem nascimento nem morte.
Sejam sempre felizes. Esse é o Meu desejo. Não permitam que as diferenças de "meu" e "seu" se aproximem de vocês. Todos cantaram as glórias do Senhor em uma só voz. Essa unidade é a divindade.
Onde há falta de unidade, há diversidade. Por isso, desenvolvam a unidade. Onde há unidade, há pureza. É a pureza que atrai Deus. A roupa branca que vocês estão usando simboliza a pureza. As diferenças são vistas quando vocês vestem roupas de cores diferentes. Não devem abrigar as diferenças. Observem a pureza e a unidade em sua mente, sentimentos e pensamentos, não apenas nas roupas. Todos são um. Ao voltar a seus respectivos lares, levem uma vida com unidade, amor e bem-aventurança. Seus bhajans Me fizeram feliz.
(Bhagavan cantou a canção devocional: "Hari Bhajan Bina Sukh Shanti Nahin" e continuou Seu
Discurso).
Considerem o bhajan (canto devocional) como o bhojan (alimento) que sacia sua fome espiritual. Compartilhem o alimento da canção devocional a todo o momento, todos os dias. Desde a manhã até a noite, enquanto estiverem acordados, cantem canções devocionais constantemente. Esse é o ensinamento de Swami para vocês. Realizem suas tarefas, enquanto contemplam o nome de Deus dentro de vocês. Deus está dentro de vocês, com vocês, além de vocês, abaixo de vocês e ao lado de vocês. Muito feliz!


Tradução e revisão da Coordenação de Publicações / Conselho Central do Brasil
Fonte: Organização Sri Sathya Sai do Brasil - www.sathyasai.org.br

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Ainda ontem pensava que não era - (Gibran Khalil Gibran)


Ainda ontem pensava que não era

mais do que um fragmento trémulo sem ritmo

na esfera da vida.

Hoje sei que sou eu a esfera,

e a vida inteira em fragmentos rítmicos move-se em mim.



Eles dizem-me no seu despertar:

" Tu e o mundo em que vives não passais de um grão de areia

sobre a margem infinita

de um mar infinito."



E no meu sonho eu respondo-lhes:



"Eu sou o mar infinito,

e todos os mundos não passam de grãos de areia

sobre a minha margem."



Só uma vez fiquei mudo.

Foi quando um homem me perguntou:

"Quem és tu?"

Quem é Você? - (Milton Nascimento/ Composição: Lyle Mays e Luiz Avellar)


"Quem é você?
Por que te vejo sem te ver?
Quem é você?

Sabe Você?
Por que te sinto sem te ver?
Quem é você?
Por que te espero sem saber?
Quem é você?

Quem sabe lá, no fim do coração
Você é só pra mim a solidão

Quando eu te ver
Não sei se vou me conhecer
O que vai ser?

Será por mim? Por ti?
Por quê decerto, nem sei mais
Por onde anda a minha paz
Quem é você?

Por que te amo sem querer
Alguém por mim,
Me faça enfim, te conhecer
Prá eu ser feliz

Quando eu te ver
Não sei se vou me conhecer
O que vai ser?

Será por mim? Por ti?
Por quê decerto, nem sei mais
Por onde anda a minha paz
Quem é você?
Por que te amo sem te ver
Quem é você?

Quem é você?
Por que te amo sem te ver
Quem é você?

Quem é você?
Por que te amo sem querer
Alguém, por mim
Me faça enfim te conhecer
Pra ter um fim"

sexta-feira, 5 de fevereiro de 2010

The Divani Shamsi Tabriz XV - (Rumi)


"I swear, since seeing Your face,
the whole world is fraud and fantasy.
The garden is bewildered as to what is leaf
or blossom. The distracted birds
can't distinguish the birdseed from the snare.

A house of love with no limits,
a presence more beautiful than Venus or the moon,
a beauty whose image fills the mirror of the heart."




"Eu juro, desde que vi a Tua face,
o mundo inteiro é fraude e fantasia.
O jardim está baralhado sem saber o que é folha
ou flor. Os pássaros distraídos não
conseguem distinguir a semente da armadilha.

Uma casa de amor sem limites,
uma presença mais bonita do que Vênus ou do que a lua,
uma beleza cuja imagem enche o espelho do coração."

Trechos de "A Conferência dos Pássaros", Capitulo 1. Invocação - (FARID UD-DIN ATTAR)


"...
No princípio dos séculos, Deus usou as montanhas como pregos para fixar a Terra; e lavou o rosto da Terra com a água do Oceano. Em seguida, colocou a Terra no lombo de um touro, o touro num peixe, e o peixe no ar. Mas, em que descansava o ar? Em nada. Mas nada é nada — e tudo o que é nada. Admira, pois, as obras do Senhor, embora Ele mesmo as considere nada. E, visto que só existe a sua Essência, é certo que não há nada senão Ele. O seu trono está sobre as águas, e o mundo está no ar. Mas deixa as águas e o ar, pois tudo é Deus; o trono e o mundo são apenas um talismã. Deus é tudo, e as coisas só têm valor nominal; o mundo visível e o mundo invisível são apenas Ele mesmo.
Não há ninguém senão Ele. Infelizmente, porém, ninguém pode vê-lo. Os olhos são cegos, ainda que o mundo seja alumiado por um sol brilhante. Se te fosse possível vislumbrá-lo, perderias o juízo, e se o visses completamente perder-te-ias a ti.
Todos os homens que têm consciência da própria ignorância arregaçam a fralda das vestes e dizem, sinceros: “Ó tu, que não te deixas ver, embora nos faças conhecer-te, todo mundo é tu, e ninguém senão tu é manifesto. A alma se esconde no corpo, e tu te escondes na alma. Ó tu, que estás escondido naquilo que se esconde, és mais do que tudo. Todos se vêem em ti e te vêem em tudo. Visto que a tua morada está cercada de guardas e sentinelas, como poderemos aproximar-nos da tua presença? Nem a mente nem a razão têm acesso à tua essência, e ninguém conhece teus atributos. Por seres eterno e perfeito, estás sempre confundindo o sábio. Que mais poderemos dizer, se não podes ser descrito?
Ó meu coração, se desejas chegar ao princípio da compreensão, caminha com cuidado. Para cada átomo há uma porta diferente, e para cada átomo há um caminho diferente que conduz ao Ser misterioso de que estou falando. Para nos conhecermos precisamos viver uma centena de vidas. Mas precisas conhecer a Deus por Ele mesmo e não por ti; é Ele que abre o caminho que conduz a Ele, não a sabedoria humana. O conhecimento d’Ele não está na porta dos retóricos. O conhecimento e a ignorância são neste caso a mesma coisa, pois não explicam nem descrevem. As opiniões dos homens sobre isso surgem apenas na imaginação deles; e é absurdo tentar deduzir alguma coisa do que dizem: bem ou mal, eles o disseram de si mesmos. Deus está além do conhecimento e além da evidência, e nada pode dar idéia da sua Sagrada Majestade.
Ó vós, que dais valor à verdade, não procureis um símile; a existência desse Ser sem igual não admite nenhum. Uma vez que não lhe compreenderam a mais mínima partícula, os profetas e os mensageiros celestes inclinaram a testa até o pó, dizendo: “Não te conhecemos como realmente deves ser”.
Quem sou eu, pois, para vangloriar-me de conhecê-lo?"


"...
Quando a alma se juntou ao corpo fez parte do todo; nunca houve tão maravilhoso talismã. Como a alma tinha uma porção do que é superior e o corpo uma porção do que é inferior, formavam uma mistura de barro pesado e espírito puro. Por essa mistura, tornou-se o homem o mais surpreendente dos mistérios. Não conhecemos nem compreendemos coisa alguma do nosso espírito. Queres dizer alguma coisa sobre isso? Seria melhor que te calasses. Muitos conhecem a superfície deste mundo, mas nada entendem das suas profundidades; e o mundo visível é o talismã que o protege. Mas esse talismã de obstáculos corpóreos acabará se quebrando. Encontrarás o tesouro quando o talismã desaparecer; a alma se manifestará quando o corpo for posto de lado. Mas tua alma é outro talismã; é outra substância deste mistério. Percorre, pois, o caminho que eu te indicar, mas não peças explicações.
Neste vasto oceano, o mundo é um átomo, e o átomo, um mundo. Quem sabe o que vale mais aqui, a cornalina ou o seixo?
Arriscamos nossa vida, nossa razão, nosso espírito, nossa religião, para compreender a perfeição de um átomo. Costura os teus lábios e nada perguntes sobre o empíreo ou o trono de Deus. Ninguém conhece realmente a essência do átomo — pergunta a quem quiseres. Os Céus são como uma cúpula às avessas, sem estabilidade, que se move e não se move ao mesmo tempo. Um está perdido na contemplação desse mistério — é véu sobre véu; outro é como a figura pintada na parede, e outro só consegue morder o dorso da própria mão."


Título do original: “The conference of the birds” Copyright © da tradução inglesa 1954 C. S. Nott
Tradução: Octavio Mendes Cajado, a partir da tradução inglesa de C. S. Nott

Hearts of Fire - (Aeoliah)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

Uma outra maneira de ver os chakras - (Ricardo Freitas e Tales Nunes)


Sempre ouvimos que os chakras deveriam ser visualizados ou sentidos. Como não conseguimos vê-los ou senti-los em toda a complexidade que é apresentada pelo Tantra, propomos interpretá-los de uma maneira diferente. Sugerimos, neste artigo, apenas pensarmos sobre os chakras. Acreditamos que o caminho à iluminação proposto pela prática tântrica pode ser pensada como uma simbologia da nossa própria trajetória de vida e da nossa busca pessoal pela espiritualidade, ou melhor, pela liberação. De acordo com o Vedanta, independentemente de etnia, nacionalidade ou crença, são quatro as buscas dos seres humanos: artha (segurança), kama (prazer), dharma (o correto agir) e moksha (a liberdade).

Muladhara e a segurança
A primeira preocupação do ser humano é com a sua segurança. Todas as nossas ações básicas têm como objetivo nos trazer a preservação da vida. O primeiro chakra, muladhara, é dito ser responsável pelo instinto de sobrevivência, pelo apego às coisas materiais e pelo medo. Ou seja, podemos entender o primeiro chakra e os 'bloqueios' relacionados a ele como esse nosso anseio natural por segurança. Dentro do caminho em busca da liberdade é necessário trabalhar as emoções e sentimentos relacionados e esse primeiro chakra.

É dito que as tendências do muladhara chakra em desequilíbrio seriam a inércia, posse, medo, apego, rigidez, cobiça, avidez, bloqueio na comunicação, tendência de ser manipulado, credulidade, dificuldade em dar e receber, possessividade. Algumas destas tendências são citadas por Patanjali como obstáculos para permanecermos na nossa verdadeira natureza. Da mesma forma, se observarmos as qualidades ditas sobre esse mesmo chakra quando ele esta equilibrado: sobrevivência, solidez, autoconfiança, materialidade, boa comunicação, relação sadia com a matéria, capacidade de transcender limites, discernimento, estas são citadas em vários textos, inclusive no Yoga sutra, como as qualidades sugeridas para o aspirante a moksha.


Svadistana, Manipura e o prazer.
O segundo chakra é chamado de 'o fundamento de si próprio'. Este chakra está relacionado à sexualidade, o pai de todos os nossos desejos. Depois de termos resolvido a nossa busca por segurança, dizem os Vedas, é natural que busquemos prazer. Prazer por meio da sexualidade e da sensualidade. O 'fundamento de si próprio', nome dado a este chakra, indica-nos a consciência que o indivíduo tem de si mesmo, de sua individualidade. Antes do ego ser questionado, é necessário ser sedimentado. O indivíduo ainda encontra-se centrado no eu. Eu enquanto individualidade e personalidade. Mas enquanto grudado ao ego, o indivíduo buscará apenas a saciedade de seus desejos pessoais.

Na busca por saciar seus desejos, o indivíduo sai para o mundo. O desejo é o motor da ação e para a transformação do mundo à sua maneira. Tudo e todos são vistos como um meio para que o indivíduo obtenha segurança e prazer. Nasce dentro de si o desejo de controlar o mundo, pois as ações do indivíduo estão centradas no seu próprio umbigo ? local onde está localizado o manipura chakra. Por muito tempo a pessoa pode ficar presa no seu impulso de controle do mundo para obter a sua segurança e o seu prazer. Quando algo sai diferente do que planejado, a pessoa enraivece-se, pois não consegue se conformar com a idéia de não ter controle sobre o mundo externo. Para conseguir os seus dois objetivos, a pessoa muitas vezes esquece os valores e a ética, porque o que está em primeiro lugar é si mesmo, em lugar dos outros. Muitos podem permanecer nessa incessante busca por toda a vida. Então pode-se dizer que a pessoa ficou presa no manipura chakra, ou apenas que ela estacionou no seu desejo por segurança e prazer.

Se observarmos as latências mentais referentes a estes chakras em desequilíbrio: agressividade, violência, excessos, vergonha, autodestruição, obsessão sexual, domínio, solidão, egoísmo, vontade domínio sobre os demais, distorção da sexualidade, ambição, arrogância, raiva vemos que essas emoções são obstáculos para a libertação. E ao mesmo tempo valor, coragem, reações positivas ante os obstáculos, criatividade, vitalidade, domínio sobre as paixões, bem-estar, poder, consciência do eu, impulso pelo autoconhecimento, confiança, discernimento, são valores e qualidades muito parecidas com as citadas por Krishna na Gita e por Patanjali no Yoga Sutra como imprescindíveis para o autoconhecimento.


Anahata e o Dharma

Num determinado ponto da sua vida, ao refletir sobre as suas ações e as suas conseqüências, a pessoa pode reconhecer a importância dos valores na sua vida. As ações guiadas pelos valores universais trazem para si uma tranqüilidade mental e uma paz no coração (anahata chakra) que vale mais do que qualquer outro ganho. A pessoa pode seguir na busca por segurança e por prazer, mas ao reconhecer a importância dos valores, estes guiarão suas ações nesta busca. É como se o centro de atenção da pessoa mudasse de si mesmo para o todo, pois reconhece que o que ele deseja que os outros façam para ele é exatamente o que ele deve fazer pelos outros. O praticante continua pensando em si, pois ele reconhece o valor que existe para ele em seguir o que é correto, mas as suas ações são inofensivas ou benéficas aos outros.

Se alguém então diz que o anahata chakra esta desequilibrado é porque a pessoa sente passividade, falta de motivação ou confiança, angústia, desespero, aversão, ódio, agressividade e essas qualidades não são muito diferentes dos obstáculos citados por Patanjali no sutra 30: inércia, dúvida, negligência, preguiça, volubilidade, equivocação, inconstância e instabilidade.

Sabemos que o amor, solidariedade, manter uma relação com Ishvara (o Todo), alegria, autoridade, compreensão, generosidade, nobreza, compaixão, o que chamamos de um anahata equilibrado, são valores que nos ajudam a ter uma mente satisfeita com a pessoa que eu sou.

Vishuddha e o alinhamento dos chakras
Dentro da interpretação que propomos, o alinhamento dos chakras pode ser pensado como o próprio alinhamento pessoal. Como a busca pelo agir correto. Arjuna, o protetor do dharma na Bhagavad Gita, carrega em seu nome o nobre significado da palavra, 'alinhado', 'reto'. Estar alinhado significa sermos Arjunas, estarmos comprometidos com o agir correto, com a retidão. Quando comprometidos com os valores universais, não apenas as nossas ações, mas as nossas palavras são um reflexo destes valores.

Alcançar essa retidão faz parte de um intenso processo de purificação (Vishuddha chakra significa 'grande purificador'), de deixar para trás o que não precisamos. Viveka (questionamento) e Vairagya (desapego) são essenciais nesse processo. Cada vez mais atenção é necessária em direção ao nosso dia a dia. A prática principal não é feita de olhos fechados ou com a atenção fixa em alguma parte do corpo, mas com a atenção plena nas pequenas ações diárias. Para isso, refletir, questionar, para se lembrar o que é mais importante na vida e desapegar para simplificar, para não se perder no caminho, são qualidades fundamentais.

Questionamento e desapego são precisos para que possamos trilhar o caminho do autoconhecimento. É o questionamento que nos torna capazes de nos refletirmos, de refletirmos sobre nós mesmos. Apenas quando estamos alinhados é que podemos ter a paz e a tranqüilidade necessárias para escutar os ensinamentos dos mestres e a partir disso refletir e posteriormente colocar em prática o que foi escutado e apreciado.

Quando o vishudha está em desequilíbrio é dito que sentimos conflito de auto-imagem, dificuldade em expressar o que pensamos e sentimos, ganância, insensatez, negatividade. Se observarmos com cuidado veremos que esses são vrttis de pessoas que são divididas, que mentem, que negligenciam a verdade e que agem em desacordo com os valores universais. Acreditamos que isso seja uma simbologia de que precisamos trabalhar a retidão. Assim adquirimos o que é dito como as características positivas do chakra: capacidade de reflexão, criatividade, receptividade, expressão, intuição, magnetismo, compreensão do subconsciente e assim usamos a nossa energia para estar atento e nos mantermos no caminho ao autoconhecimento.

Apenas uma mente tranqüila é capaz de olhar para si mesmo com compaixão para reconhecer o apego, o medo, o desejo, a raiva, e aceitar que tudo isso faz parte do seu ser, mas a pessoa não é apenas esses aspectos. Em si jaz um ser liberto, pleno e completo. Somos seres que temos, como o Ganesha nas suas representações, um pé tocando o chão, outro fora dele. Um em contato com o mundo da matéria e o que há de mais denso no universo: apego, medo da morte, desejo de controlar o mundo exterior; o segundo que simboliza a nossa conexão com o divino, com a consciência sutil que é a causa de todo o universo e que é refletida no que temos de mais sutil em nós, a nossa mente. A nossa mente, por meio da consciência, ilumina o mundo ao nosso redor e elimina a nossa ignorância sobre ele, sobre nós e sobre a existência.


Kundalini
Podemos então dizer que despertar a kundalini é usar nossa atentividade e energia para desidentificarmos das nossas latências mentais. Essa kundalini deve subir, então, da base, da nossa necessidade por segurança. Passa pelo segundo e terceiro chakras, que estão relacionados à busca pelo prazer. Chega ao quarto chakra que está relacionado ao agir correto, ao Dharma e traz a purificação, que está relacionada ao quinto chakra. E finalmente a kundalini alcança os dois últimos, que representam nossa busca final por moksha.

Dentro dessa visão essa energia não seria algo físico que desperta liberta-me das latências mentais negativas como num passe de mágica e instantaneamente me faz adquirir latências mentais positivas. Essa energia seria o esforço, o discernimento, a atentividade e a compreensão de que essas latências mentais existem, mas eu não sou elas. Eu permaneço na verdadeira natureza do sujeito.

Kundalini é a energia necessária, no meu dia a dia, na hora de me relacionar com o mundo e de fazer as ações, para que essas latências mentais 'negativas' não tirem a minha consciência do ser pleno que somos e para que possamos nos manter em Yoga e agirmos, então, sem nos identificarmos como os vrttis. Como nos ensina Patajnali: 'Yogashchittavrtti nirodha'.


Ajna, Sahashara e a liberdade
É a mente que ao mesmo tempo tem o poder de nos aprisionar e de nos libertar. Por isso que o sexto chakra é chamado de ajna, 'chakra do comando'. Quando em contato com o conhecimento de si mesmo e quando desenvolvida uma compreensão sobre si mesmo, sobre o funcionamento da mente, o indivíduo tem a capacidade de ser livre, pois reconhece que não é apenas a personalidade, as latências mentais que são relacionadas aos chakras, mas elas fazem parte de si. O conhecimento de si mesmo é o reconhecimento de que não somos apenas a mente que julga e que anseia por controle, mas somos a consciência que a ilumina e que está acima dela, como o sahashara chakra, que está acima de todos os outros chakras.

Quando reconhecemos isso, nos estabelecemos na nossa própria natureza, que é divida. O ser está liberto. Ele continua conectado com a terra, aterrado e sentindo tudo o que todos os seres humanos sentem, todas as latências dos chakras: medo, ansiedade, raiva. No entanto, ao mesmo tempo, ele sempre reconhece-se como o todo, como pura Consciência que ilumina todos os aspectos de si mesmo, que é a causa, que está na base e acima de todas as suas tendências como ser humano. Mas ele está liberto, pois não se identifica com elas, apenas as reconhece. E ri. O sábio ri de si mesmo, dos outros e das armadilhas que a mente constrói para nos aprisionar. Mesmo que essa armadilha seja tentar controlas os chakras.

O sábio, em realidade, está consciente dos chakras e das suas influências sobre si mesmo, pois os chakras são os nossos condicionamentos, as nossas emoções, o nosso corpo. Ele, porém, reconhece-se como o ser que observa e que está fora da influência dos chakras. O sábio está livre das suas influências, positivas ou negativas.

Fonte: http://www.yoga.pro.br/artigos/825/3021/uma-outra-maneira-de-ver-os-chakras

quarta-feira, 3 de fevereiro de 2010

Looking For Your Face - (Rumi)



"From the beginning of my life I have been looking for your face, but today I have seen it. Today I have seen the charm, the beauty, the unfathomable grace of the face that I was looking for. Today I have found you, and those who laughed and scorned me yesterday are sorry that they were not looking as I did. I am bewildered by the magnificence of your beauty, and wish to see you with a hundred eyes. My heart has burned with passion and has searched forever for this wondrous beauty that I now behold. I am ashamed to call this love human, and afraid of God to call it divine. Your fragrant breath, like the morning breeze, has come to the stillness of the garden. You have breathed new life into me. I have become your sunshine, and also your shadow. My soul is screaming in ecstasy. Every fiber of my being is in love with you. Your effulgence has lit a fire in my heart, and you have made radiant for me the earth and sky. My arrow of love has arrived at the target. I am in the house of mercy, and my heart is a place of prayer."

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Ao Amado ...

"Sou tao perto de vc, independente de se querer ou nao!
Sou tao perto de vc, acreditando ou nao!
Sou com vc, e nao saberia ser diferente,
nao poderia ser diferente!
Te amo e isso é tudo que preciso saber e sentir!
Te amar me basta ...
sem compreender, sem questionar, sem limitar,
apenas Ser!

Te sinto, te vejo com os olhos da alma ...
Te quero bem!
Te quero como Aquilo q sempre desejei sem sequer saber o pq!
Te tenho em mim como o silencio mais profundo ... e como a melodia mais bela.
Te tenho em mim, na essencia daquilo q tudo é ... q sempre é!
SOU COM VC, ... eternamente e ternamente com vc!"
(Vishuddha Prakriti)


"Certo é estar perto sem estar"!

Pensamentos - (Gibran Khalil Gibran)


"Ninguém pode conviver sozinho com a beleza que é capaz de perceber.
E quanto a nós, que buscamos o Absoluto, e que construímos um jardim
usando a nossa própria solidão, a Vida nos deixou a imensa paixão para
aproveitar cada instante, com toda a intensidade."



"Eu estou vivo como você. E de pé a seu lado.
Feche os olhos e olhe ao redor, e me verá."



"O pecado não existe, exceto na medida em que o criamos.
Somos nós, portanto, que devemos destruí-lo.
Se escolhermos fazer o mal, ele existirá até que o destruamos.
O bem não podemos fazê-lo, pois ele é o próprio alento do Universo;
Mas podemos escolher respirar e viver nele e com ele."



"O rouxinol falou para o tico-tico
— Sabes que tens um belo canto
O tico-tico respondeu
— Eu nunca duvidei do teu bom-gosto."

Da Música - ( Gibran Khalil Gibran)


"Sentei-me ao pé daquela que meu coração ama, e ouvi suas palavras. Minha alma começou a vaguear pelos espaços infinitos onde o universo aparecia como um sonho, e o corpo como uma prisão acanhada.

A voz encantadora de minha Amada penetrou em meu coração.

Isto é música, amigos, pois eu a ouvi através dos suspiros daquela que amo, e pelas palavras balbuciadas por seus lábios.

Com os olhos de meus ouvidos, vi o coração de minha Amada.

Meus amigos: a Música é a linguagem dos espíritos. Sua melodia é como uma brisa saltitante que faz nossas cordas estremecerem de amor. Quando os dedos suaves da música tocam à porta de nossos sentimentos, acordam lembranças que há muito jaziam escondidas nas profundezas do Passado. Os acordes tristes da Música trazem-nos dolorosas recordações; e seus acordes suaves nos trazem alegres lembranças. A sonoridade de suas cordas faz-nos chorar à partida de um ente querido ou nos faz sorrir diante da paz que Deus nos concedeu.

A alma da Música nasce do espírito e sua mensagem brota do Coração.

Quando Deus criou o Homem, deu-lhe a Música como uma linguagem diferente de todas as outras. Mesmo em seu primarismo, o homem primitivo curvou-se à glória da música; ela envolveu os corações dos reis e os elevou além de seus tronos.

Nossas almas são como flores tenras à mercê dos ventos do Destino. Elas tremulam à brisa da manhã e curvam as cabeças sob o orvalho cadente do céu.

A canção dos pássaros desperta o Homem de sua insensibilidade, e o convida a participar dos salmos de glória à Sabedoria Eterna, que criou a melodia de suas notas.

Tal música nos faz perguntar a nós mesmos o significado dos mistérios contidos nos velhos livros.

Quando os pássaros cantam, estarão chamando as flores nos campos, ou estão falando às árvores, ou apenas fazem eco ao murmúrio dos riachos? Pois o Homem, mesmo com seus conhecimentos, não consegue saber o que canta o pássaro, nem o que murmura o riacho, nem o que sussurram as ondas quando tocam as praias vagarosa e suavemente.

Mesmo com sua percepção, o homem não pode entender o que diz a chuva quando cai sobre as folhas das árvores, ou quando bate lentamente nos vidros das janelas. Ele não pode saber o que a brisa segreda às flores nos campos.

Mas o coração do homem pode pressentir e entender o significado dessas melodias que tocam seus sentidos. A Sabedoria Eterna sempre lhe fala numa linguagem misteriosa; a Alma e a Natureza conversam entre si, enquanto o Homem permanece mudo e confuso.

Mas o Homem já não chorou com esses sons ? E suas lágrimas não são, porventura, uma eloqüente demonstração?

Divina Música!
Filha da Alma e do Amor.
Cálice da amargura
E do Amor.
Sonho do coração humano,
Fruto da tristeza.
Flor da alegria, fragrância
E desabrochar dos sentimentos.
Linguagem dos amantes,
Confidenciadora de segredos.
Mãe das lágrimas do amor oculto.
Inspiradora de poetas, de compositores
E dos grandes realizadores.
Unidade de pensamento dentro dos fragmentos
Das palavras.
Criadora do amor que se origina da beleza.
Vinho do coração
Que exulta num mundo de sonhos.
Encorajadora dos guerreiros,
Fortalecedora das almas.
Oceano de perdão e mar de ternura.
Ó música.
Em tuas profundezas
Depositamos nossos corações e almas.
Tu nos ensinaste a ver com os ouvidos
E a ouvir com os corações."

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

...

"Como acreditar na separação ou afastamento quando tudo é Um só?
Somos Um,
uma só essencia, um só Amor!
...
Todo o resto, mera ilusão!"



"Eu acolho a Luz Crística na Unidade e na Verdade!"

A arte do alinhamento - (Abraham Hicks)

Budha que ri - (Chandra Lacombe)


"Vejo
Agora um caminho
Aberto ao sol

Sol
Que brilha em mim
No céu e na canção

Vibro
Nessa alegria
Pois é simples ver

Sempre
Que aceito abrir
Todo meu coração

E na presença do mestre
Começo a encontrar
Sabedoria e coragem
Para poder seguir

Nessa profunda viagem
Eu vou me entregar
Até chegar com verdade
No amor que eu já senti

É
Esse amor que
É meu ser real

Me ensina
A repartir
Meu ouro espiritual

Canto
E afirmo a aurora
De um novo porvir

E assim
O budha em mim
Começa a sorrir"

Conhece-te a Ti Mesmo - (J. Krishnamurti)


O Mensageiro da Estrela
Por J. Krishnamurti, tal como impresso na revista The Herald of Star no número de Maio de 1925

"Penso que não existe tema mais interessante ou mais prometedor, ou de forma alguma mais excitante, do que o estudo de nós mesmos. Aos 15 ou 16 anos, estamos submersos em nós mesmos. Não há nada que nos interesse tanto. Depois apaixonamo-nos por alguém; mas ainda assim estamos extasiados com nós próprios. Há, descobrimos, muito mais inteligência no estudo de nós mesmos, e muito pouco pensamento dedicado aos outros. E de bom grado damos a uma quiromante 15 rupias para ela nos contar tudo sobre nós. E sentimo-nos bastante confortáveis com o pensamento de que iremos ser grandes um dia – sem, aparentemente, ter que lutar por essa grandeza. Existe apenas um tema que nos atrai e esse somos nós mesmos. Discutimo-nos, e de uma forma aprobatória consideramos como nos comportar, de que modo desenvolvermo-nos, e por aí em diante.

Parece-me que se pensarmos inteiramente deste ponto de vista, deste ponto que unicamente nos interessa a nós, não entenderemos porque é que existimos, ou porque qualquer coisa neste mundo, de todo, existe. Claro que é verdade que primeiro temos de nos compreender a nós mesmos antes de querer descobrir seja o que for sobre a vida em geral. Filosofia, religião e outros temas não possuem real valor, real controlo sobre um indivíduo, ou apenas têm uma pequena influência, quando somente apontam como podemos escapar a certas coisas, como evitar o mal, e por ai fora. Mas aqueles de nós que são membros da Star, ou pertencem a tais organizações, deverão ter a ideia de um plano definido que está a desenvolver-se.

Estamos em posição de examinar as coisas que nos são mais valiosas – coisas que produzem em nós o desejo de evoluir. Em todos nós existe o desejo de descobrir por nós mesmos até onde podemos compreender quem somos e o que nos afecta. A pessoa comum está de longe mais interessada nela mesma do que em qualquer outra. Luxúria, conforto, felicidade, tudo tem que apoiar os seus fins. Quando tudo foi feito para a satisfazer então somente pensa nos outros. Quando eu tiver comido e dormido o suficiente, voltar-me-ei para pensar nos outros. Esta é a visão comum. Se tiveste amor em abundância, ou felicidade, és levado a pensar no outro.

Mas para alcançar essa felicidade, devemos descobrir até onde nos encaixamos num plano definido. Devemos estar cientes de que há um plano em que cada um de nós tem um papel a representar, e devemos possuir a determinação na qual agiremos, com a qual deveremos criar o ambiente no qual caberemos – ou não; e se estivermos dispostos a procurar com a atitude correcta deveremos ser capazes de descobrir até onde nos encaixaremos nesse plano. Para mim, posso imaginar que os deuses eleitos disseram que Krishna deverá encaixar-se num certo plano estabelecido, e que o quer que seja que ele faça, não terá valor, e enquanto encaixar nesse plano, Krishna crescerá e será feliz. Eu estava interessado e observava-me a mim mesmo, e podia ver de ano para ano uma mudança definida, uma orientação definida, uma transformação definida e podia ver qual era o meu definido papel. E assim cada um de nós deverá descobrir que caminho percorrer e qual a especialidade a ter.

Acontece frequentemente que a maioria de nós está disposta a subir até ao altar e verter a nossa devoção. A devoção existe, em diversos graus, na maioria de nós, mas não pode nem deve satisfazer-nos. Se eu fosse ter com a Dr.ª Besant e lhe disesse: “Estou disposto a servi-la em qualquer das minhas capacidades. Estou disposto a sacrificar tudo e o meu único desejo é trabalhar para obter conforto, independência, e por aí fora,” ela diria, “Oh, muito bem; que capacidades trazes contigo. De que modo queres prestar serviço ao Mestre?” A devoção deve ter um escape na actividade física; e desta forma se tivermos de determinar qual o papel que cada um de nós tem de representar, antes de nos oferecermos, devemos descobrir quais as capacidades que temos. Quando para um Teósofo ou um membro da Star ou qualquer outro, o chamamento aparece como “sacrifica tudo e vem ao Mestre,” não é suficiente pedir ao Mestre que aceite somente a nossa devoção; devemos dar-lhe qualquer coisa que lhe permita guiar-nos. Por outras palavras, devemos trazer perante o Mestre certas capacidades e não aparecer apenas de mãos vazias. Se eu puder chegar junto do Mestre e dizer “Eu posso fazer isto ou aquilo, eu posso escrever ou pintar ou compor música ou representar,” Ele dirá: “Muito bem, esse é o teu caminho. Vai e procura, descobre quais são os teus talentos, e logo que os encontres, saberás como sofrer e servir.” Pois existem muito poucos que realmente conseguem dizer, “Eu posso fazer isto; ao longo desta linha reside o meu sacrifício ao serviço do Mestre.” Consideramos que nos sacrificámos quando terminamos sem algo do qual podemos facilmente abrir mão.

Se eu tivesse imaginado algo em particular que o Mestre quisesse realizado, eu tratá-lo-ia de outro modo. E se eu precisasse de riquezas, tê-las-ia acumulado, não para mim, mas para o Mestre, e ao acumula-las, saberia que tinha que me sacrificar, e tinha que suportar enormes sofrimentos e mal-entendidos. Mas é a atitude que conta. Estamos com medo de que as nossas capacidades não nos guiem pelo caminho que nos foi preparado. Assim temos que descobrir antes de servir realmente, de que maneira cada um de nós pode servi-Lo, de que modo podemos oferecer o nosso sacrifício, e ao descobrir qual o nosso caminho deveremos descobrir a qual tipo pertencemos, se ao tipo que vai para o mundo e se desenvolve no mundo, por assim dizer, ou é deixado numa estufa e evolui, como uma planta, igualmente cheio de força. Há pessoas que trabalham no mundo por vários anos, que trabalham e fazem de tudo sem descobrir qual o propósito da vida. Descobrem o seu propósito por acaso, mas acumularam tanto do que o mundo tem para dar que ao entrarem em contacto com as realidades espirituais abrem mão de tudo o que adquiriram, enquanto aqueles que cresceram numa estufa separados do mundo alcançam o objectivo por outro caminho.

Portanto tal não tem importância desde que tenhamos aprendido o que ambas as guerras de identidade podem oferecer, e não até então estarão aptos a servir o mundo. Imaginem apenas uma pessoa que é criada, diga-se, num templo onde é reprimida, onde desenvolve complexos. Assim que essa pessoa sai lá para fora para o mundo, tem a melhor das diversões; e é o mesmo com a pessoa que trabalha cá fora no mundo. Não podemos evoluir ao longo de uma linha definida. Devemos evoluir em todas as direcções e até lá não ajudamos e só atrapalharemos.

Tal como eu conheço o meu próprio caminho, também cada um de nós deverá descobrir o seu caminho e até essa descoberta ser feita não devemos estar prontos ou aptos para servir o Mestre. Aqueles de nós que têm imaginação, que em certo grau têm a capacidade de tomar uma visão impessoal da vida, podem descobrir isto. Mas a maioria de nós não têm o desejo de servir, nem o desejo de alcançar o seu caminho ou objectivo.

O nosso problema é que tal como no mundo exterior, temos os nossos direitos adquiridos. E desde que exista o elemento de egoísmo, não descobriremos o caminho. Cada um de nós quer que o Mestre desça até si; mas o que não aprendemos foi que, mesmo como imaginamos, se Ele descesse das nuvens, seríamos incapazes de O servir, porque não nos equipámos para Lhe prestar serviço.

Devemos descobrir de que maneira podemos servir, e isso implica a completa violação de nós mesmos, das nossas relações, etc. Não é que não tenhamos o desejo, nem a nostalgia que as grandes pessoas têm; mas em nós não é constante. Não existe aquela pressão contínua que nos mantêm a andar, a andar, a andar. Significa verdadeiro sacrifício, significa subjugar-nos em tudo e não deixar o ego (a personalidade, o eu) ficar-se por cima. Então deixaremos de distorcer as coisas para que se encaixem nos nossos preconceitos, mas compreendê-las-emos de um modo total; por outras palavras, tornam-se realmente simples.

Devemos ter a coragem e determinação para desistir; e quando subimos e atingimos uma certa distância, descobrimos o quanto de tolos somos ao lutar pelo que é tão trivial, tão simples. Existem tantos temas com os quais lutamos de uma forma tão complicada; mas se nós apenas nos deixássemos expandir um pouco, todos estes temas se tornavam simples, todas as complicações desapareceriam. Mas requer que nos observemos constantemente, que estejamos atentos para ver se estamos a fazer a coisa certa ou a coisa errada.

Cada um de nós sabe destas coisas de fio a pavio, e mesmo assim se o Mestre chegasse e perguntasse o que cada um de nós soube fazer, de que modo agimos na sua ausência, de que modo cumprimos o nosso papel, quais seriam as nossas respostas? É surpreendente como não conseguimos mudar, como devíamos, tal e qual uma flor. A nossa crença embora forte, não é a crença de um homem que age com uma determinação fixa. Essas são, no entanto, as pessoas que o Mestre quer ao Seu serviço, e não somente aquelas que são apenas devotas, sem que essa devoção as conduza à acção. Se nós conseguirmos pôr de lado a nossa própria evolução, e trabalhar e esquecermo-nos de nós mesmos no trabalho, então seremos verdadeiramente servis e aproximar-nos-emos do Mestre. Pode ser que eu seja jovem, que eu não tenha sofrido como os mais velhos já sofreram, mas se o sofrimento pode desalentar o entusiasmo então mais vale não tê-lo. Mas o que foi que nos ensinou o sofrimento?

Como disse no início, não existe nada tão absorvente como o estudo de nós mesmos. Esse é o único assunto sobre o qual vale a pena pensar; porque significa mudança. Não existe ninguém para forçar os mais velhos, e portanto ficam cristalizados. O que interessa é descobrir o que podemos fazer e até onde nos podemos sacrificar; quanta é a nossa força e quais as nossas capacidades. Quando vemos pessoas numa atitude de reverência, penso frequentemente no que terão feito por via do sacrifício.

Nos anos que estão para vir, ou temos que nos adaptar rapidamente à corrente em mudança, ou sair completamente dela. Quando definitivamente agarrarmos um vislumbre do Plano, por mais passageiro que seja, e sabendo que devemos continuar, simplesmente continuaremos, porque é muito mais divertido do que somente marcar o tempo. O que interessa é termos de fazer qualquer coisa para mudar. A velhice não significa que não podemos mudar. Por outro lado, é mais fácil para os mais velhos, porque eles já tiveram a experiência, e o sofrimento; no entanto continuam do mesmo velho modo de perpétua negligência. Se querem ganhar dinheiro, vão e ganhem milhões, e dêem-nos ao Mestre, e podem fazê-lo se tiverem a atitude correcta. E é o mesmo com tudo o resto que queiram fazer – escrever á maquina, estenografar ou qualquer outra coisa que desejem que seja o vosso serviço para o Mestre. A atitude é o que conta e quando chegarem lá todo o resto se seguirá."

Como aprofundar esta descoberta? - (Gangaji)


Intensivo em Boulder, Colorado - 11 de maio de 2002

"Obrigada por estarem aqui, por compartilharem desta oportunidade especial de nos reunirmos por um período de tempo intensivo. Ao entrar aqui, recebi uma carta que gostaria de ler para vocês, porque ela expressa uma questão que a maioria de nós traz a estes encontros. Ela também expõe o problema que acompanha esta pergunta.

(Gangaji lê a carta.) Querida Gangaji, qual é a melhor maneira de aprofundar esta descoberta?

Essa pergunta é pertinente, qualquer que seja a descoberta; não importa se a pessoa considera a sua descoberta de si mesmo completa ou incompleta, ou se pensa que tocou apenas um aspecto dela. Esta não é a questão, não é verdade?

(Gangaji lê.) Como posso aprofundar esta descoberta? Como posso falar desta descoberta e como falar a partir dela?

Alguém aqui nunca fez perguntas como estas? Vou lhes dar a resposta agora mesmo. A resposta para ambas perguntas é a mesma: você não pode.

(Gangaji lê.) Qual é a melhor maneira de aprofundar esta descoberta?

Você não pode. Você não pode aprofundá-la.

(Gangaji lê.) Como posso falar desta descoberta e como falar a partir dela?

Você não pode. Estou falando sério. Se desistir de tentar, se desistir de esperar que de alguma maneira poderá aprofundar esta descoberta, ou falar dela ou exprimir-se a partir dela, talvez você possa abrir a sua mente a ISSO que não tem medidas, ISSO de que não se pode falar e que jamais foi expresso em palavras. Talvez você possa parar de tentar torná-la melhor, mais profunda ou maior. Talvez possa parar de tentar ser um veículo, para que ela se torne mais clara através de você. Talvez você possa parar. Neste instante: pare. E se permanecer consciente neste instante em que você pára, você será capaz de dizer a verdade acerca de quem está tentando torná-la maior. Quem está tentando expressar esta descoberta, tentando vivê-la de uma maneira melhor.

Sugiro que não tome notas. Isso cria uma separação. A crença subjacente é de que "Mesmo que eu não consiga entender agora, se tomar notas, vou conseguir alcançar depois." Mas a verdade é que você já foi alcançado. Esta é a verdade pura e simples. Por isso não posso dizer que sou uma mestra. Eu não posso lhe ensinar ISSO. Mas posso dizer e confirmar que ISSO já o possui, seja quem, ou o quê, você pensa que é, por mais magnífica ou insignificante que seja a sua auto-imagem. Se você estiver disposto a parar de tentar alcançar, consertar, conservar ou manter afastado o que quer que seja, por um momento apenas, você verá. Neste momento, você verá a si mesmo: sem forma, sem medidas, sem pensamentos e sem palavras. Neste momento, você também poderá ver que todo pensamento, seja ele de afirmação ou negação; toda forma, seja ela inteira, danificada ou ferida; toda emoção, seja ela positiva ou negativa, está plena e permeada d'ISSO. Ela é uma expressão d'ISSO. E você descobrirá que o que é percebido como invisível é concretamente real e o que percebido como visível é realmente imaterial.

Li no New York Times que os físicos descobriram recentemente que noventa e oito por cento do universo é invisível. Não é maravilhoso? Isso não expõe a arrogância humana em sua verdadeira natureza? Aqui está a possibilidade de relaxar, em vez de buscar uma prova tangível de que quem você pensa que é não está separado de Deus ou da Verdade. E se você estiver disposto a parar de buscar, será que também estará disposto a assumir o risco de que possa estar realmente separado de Deus, da Verdade, do Espírito, do despertar? Até assumir este risco, você jamais saberá com certeza. Continuará buscando, por causa do medo que você tem de estar separado. Mas, ao parar, que é o convite de meu mestre para você, você assume o risco de ver. "Se eu parar com as minhas estratégias, se parar com o meu ritual e minhas prostrações; se parar com o meu rosário, com minha mandala; se parar meus pensamentos, se parar de contar a minha história, o que restará?" Portanto, o que eu digo não importa, exceto para encorajá-lo, para confirmar a sua descoberta e desafiar você a considerar a real possibilidade de saber quem você é, em todas as histórias, todos os pensamentos, todos os acontecimentos, todas as emoções, todo mundo. Posso ler este trecho de novo? Talvez alguém não tenha ouvido da primeira vez, ou pensou que ouviu.

(Gangaji lê). Qual é a melhor maneira de aprofundar esta descoberta?

Você não pode aprofundá-la. Pare de tentar; espere e veja.

(Gangaji lê.) Como posso falar desta descoberta e como falar a partir dela?

Você não pode fazer isso. Não pode falar d'ISSO. Não pode falar a partir d'ISSO. Pare de tentar e deixe a vida revelar o aprofundamento. Deixe a vida humilhar você, a cada tentativa de falar sobre ISSO e viver ISSO. Esta humilhação, que se passa a vida tentando evitar, é muito valiosa."