terça-feira, 26 de fevereiro de 2013

Podemos mudar o karma nas relações? - (Maria Silvia Orlovas)


"Desde que me conheço por gente, tenho me dedicado a tentar compreender a vida e a trilhar um caminho sem sofrimento, ou no mínimo, menos sofrível. E no meio dessa busca de compreensão, a primeira lição descoberta, na filosofia espírita, foi a existência do karma, ações de vidas passadas que justificam os resgates da vida atual. Com certeza, foi muito esclarecedor, mas ainda bem pouco libertador, porque sentia tudo isso como verdadeiro, apesar dos aspectos limitadores.

Tinha muitas dúvidas, não entendia, inclusive, se tinha o direito de desejar alterar o karma, o que significaria mudar de vida, tomar atitudes difíceis. Naquela época, pensava se seria correto me separar ou não do meu, então, marido. Pois pensava que se era uma relação kármica, qual direito eu tinha de interromper o processo?
Mas o sofrimento impulsiona... E fui vendo que precisava aprender mais, compreender o que Deus havia traçado para mim. Porém, foi um período de grande conflito. Como era muito jovem, percebi que mesmo estando casada, o coração estava vazio e, por isso, olhava do lado, observava outras pessoas, sentia atração por outros homens, sentia inveja vendo gente bem casada, e depois, naturalmente, enchia-me de culpa e me sentia um lixo. Finalmente, depois de tanto sofrer, cheguei à brilhante e triste conclusão que estava gerando novos karmas.

O próximo passo foi descobrir que precisava mudar isso, já que além do componente moral distorcido, emocional em conflito, eu estava adoecendo. E foi por este grande e doloroso impulso que me abri à filosofia oriental. No entanto, tudo permanecia confuso. Não sabia no que acreditar, mas não podia mentir para mim mesma, nem represar o desejo de tentar ser feliz de um outro jeito.
A vida me exigiu escolhas e posicionamentos. E hoje sei que a tomada de consciência, movida pela dor, foi fundamental.

Casar, descasar, abrindo mão do sonho, é sofrido, para qualquer pessoa, e em qualquer idade, porque é normal ter medo do novo, da solidão, de errar como se tivéssemos nascido para ficar a vida inteira com a outra pessoa. Alguns, além dos dramas íntimos, têm medo de ferir o outro e terminam por se afundar cada vez mais na relação.

O conhecimento de Vidas Passadas, nesse sentido, foi muito libertador, pois compreendi que vivi coisas muito diferentes no passado, já fui vítima e também algoz e, o melhor, nem sempre ao lado daquela pessoa. Na época, tudo no casamento era problemático, até os diálogos e os pequenos comentários se transformavam em longas discussões, na tentativa de encontrar um consenso.

Hoje, vejo que eu era péssima para meu ex-marido, assim como ele era péssimo para mim. Um despertava o pior do outro. Foi apenas no momento em que não quis mais mudar meu companheiro, e que não tinha mais raiva dele, que consegui me libertar. Começou a brotar em mim o desejo honesto de vê-lo feliz. Não era mais perturbada pela raiva. Queria me separar para ser eu mesma. E foi nesse ponto que o karma acabou!
Anos depois quando me tornei terapeuta, vi muitos casos como o meu. Vi muitas pessoas presas ao desejo de salvar o casamento, ou mudar a outra pessoa, e percebi que não há uma regra, ou um tempo que seja igual para todo mundo. Sei apenas que podemos e devemos procurar a felicidade e simplificar aquilo que sentimos, fazendo uma corajosa autoanálise, perguntando-nos se estamos felizes, se desejamos viver assim até a velhice?

Quando fazemos o que precisa ser feito, quando tiramos a raiva e a emoção do contexto, tudo fica mais fácil. Claro que para chegar até esse ponto existe um bom caminho, mas é possível trilhá-lo.

Sempre brinco dizendo que antigamente os casamentos eram eternos porque as pessoas morriam cedo. Hoje, uma pessoa de quarenta, cinqüenta anos, tem, no mínimo, a expectativa de viver mais vinte ou trinta anos, com saúde e lucidez. Então, como se imaginar levando adiante uma relação pesada, negativa, cheia de ódios?

Tenho certeza que ninguém merece viver assim e que Deus quer nos ver felizes, transformados pelas experiências, mais maduros e vencendo o nosso karma, mas nunca esquecendo que o que nos motiva é o amor, o crescimento espiritual, a tranqüilidade de uma vida honesta e em harmonia.

Ser feliz no momento presente é o grande tesouro da existência. Por isso, tenha coragem e comece a se arrumar, lembrando que tudo começa com uma corajosa autoanálise."



* Maria Silvia Orlovas - é uma forte sensitiva que possui um dom muito especial de ver as vidas passadas das pessoas à sua volta e receber orientações dos seus mentores.

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