Encerrou-se mais uma peça no palco do universo.
De forma clássica e categóriga mais um ego findou sua apresentação!
Muitos aplaudiram de pé sua atuação magnífica! Cheia de fervor, cheia de emoção, cheia de tensão do início ao fim.
O ego sentia-se satisfeito com sua performance! Sentia-se no auge da carreira!
Causou em muitos expectadores sentimentos de medo, pavor, curiosidade, aflição, angústia, desprezo, ódio, melancolia, raiva e muita tristeza.
Em outros momentos arrancou sorrisos, gargalhadas, manifestou simpatia, atenção, sinceridade, cautela e acima de tudo amor. Ele sabia como cativar o público.
Sabia fazer com que cada um mergulhasse em seus mais profundos sentimentos.
Os corações oscilavam de um extremo a outro ao participarem daquele espetáculo. Era um artista de primeira linha...
Depois da salva de palmas, tudo ficou escuro e o silêncio imperou no ambiente. Não ouvia mais ninguém!
- Mas como se o teatro estava lotado? - O ego perguntava-se silenciosamente.
A luz se fez novamente. Ouviu o barulho de vidros se estilhaçando pelo chão.
Desceu apressado até as cadeiras que se encontravam vazias e teve a sensação de dejà-vu.
E a sensação de que aquilo já havia acontecido se confirmou, ao verificar que o público não passava de um amontoado de espelhos.
- Não pode ser! Era tudo real. Havia pessoas me assistindo. Acompanharam-me do início ao fim...
E mais uma vez o ego passava pelo mesmo tormento. Sentia-se enganado, sentia-se sozinho.
- Toda esta encenação para no final descobrir que todos eram apenas meras projeções do mim mesmo?!
- E quanto a todos aqueles sentimentos? Os suspiros, os cochichos, a conversa entre o público?
Ele estava mais uma vez arrasado! Não esperava apenas aplausos, mas também honras, louvores e graças por esta que classificava como sendo a melhor encenação dos últimos tempos!
Não havia mais nada, senão cacos espalhados pelo chão.
Caiu em prantos! Viu-se perdido. O desespero estava estampado em seu semblante. Dava gargalhada como se aquilo não estivesse acontecendo novamente.
Tentou fugir daquele lugar, porém não existia uma única saída.
A luz se apagou novamente. Era possível ver apenas alguns focos de luz, através de pequenas frestas na parede.
Passou anos preso no teatro escuro...
Ouviu novamente um ruído. Eram vozes! Olhou por uma gretinha e viu uma fila se formando do lado de fora.
Uma voz chamou-lhe a atenção! Ela vinha de dentro do teatro.
Assustado percebia que ela chamava-lhe pelo nome.
- Ego! Preciso de você aqui em cima. Vamos encenar mais uma vez.
Não havia reconhecido aquela voz que lhe era familiar.
- Não sei quem é você. Mas sinto que te conheço... Onde esteve todos estes anos em que fiquei preso dentro deste maldito teatro?
- Sempre estive, não estava. Portanto nunca estive, estou. Tudo o que foi feito e que logo depois se desfez e que agora se faz novamente é a manifestação de meu amor, que você traduz como palavras, pessoas, vozes, aplausos, sentimentos, espaço e tempo.
Antes de recomeçar, digo-lhe apenas uma coisa: Meu amor, equilíbrio absoluto, tem o objetivo de lhe dar a chance de sair de vez deste teatro.
Fez-se silêncio novamente. As luzes se acenderam.
Logo depois, as portas do teatro se abriram dando início a um novo espetáculo!
Fonte: http://hankarralynda.blogspot.com/2009/07/uma-salva-de-palmas-para-o-ego.html
segunda-feira, 13 de julho de 2009
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