quarta-feira, 13 de junho de 2012

A Mudança de Padrões e Estratégias de Realização - (Marcelo Hindi)





"Por que repetimos os mesmos erros? Por que sabotamos nossas ações construtivas, assumidas com tamanha seriedade? Por exemplo, a dieta que decidimos fazer, a frequência na academia ou naquele curso de idiomas, o empenho para parar de fumar, o exercício de uma atitude mais assertiva ou uma atitude positiva diante dos fatos cotidianos. Em um momento consideramos aquilo que escolhemos, assumimos e damos o pontapé inicial, mas logo sabotamos, fazendo algo que navega contrário às águas que colocamos em movimento, ou simplesmente nem navegando. Se não todos, ao menos uma grande porção de nós -possivelmente a maioria- carrega em si o "potencial de autossabotagem". E basta uma mudança de contexto -a título de exemplo uma mudança de cenário- que já ignoramos ou sequer consideramos como foi da última vez que fizemos algo sabotador (como comer aquele docinho, fumar o cigarro, perder a paciência) ou deixamos de fazer algo favorável à escolha (como quando não fizemos a caminhada que assumimos, não agimos com positividade, não conservamos a serenidade), mesmo carregando uma resolução bem clara e objetiva.
A autossabotagem além de inconveniente é repetitiva. Qualquer pessoa que escolheu não adiar uma atividade importante, ou escolheu parar de fumar ou fazer uma dieta, bem sabe disso, não é? Não apenas nos lembramos das escolhas que fizemos como temos o rol de razões que motivaram nossas definições e até mais: recordamos-nos das ocasiões nas quais agimos de modo totalmente contrário àquilo que decidimos realizar. Mesmo assim o boicote a si próprio se repete, e se repete, e se repete.

Uma reflexão bem focada, bem dirigida sobre o que definimos e o que fizemos a respeito, pode ser um bom início do processo de transformação. A atenção àquilo que vivemos pode revelar em quais circunstâncias, com quais atitudes, que tipo de estímulos antecedeu a autossabotagem. Uma reflexão sobre as ações que levam à repetição dos padrões e até à ruptura de um caminho de realização é favorável a mudanças nutritivas.

É essencial considerar duas forças atuantes: uma interna (força psíquica) e uma externa (estímulos sensoriais). A interna pode ser de atração, como percebida diante do chocolate ou do docinho que parece nos hipnotizar, ou de repulsão como a aparente antipatia que sentimos pela atividade física que preferimos adiar. As externas, em princípio (ou apenas de modo aparente) podem ser forças de atração ou repulsão, igualmente às forças internas, mas é só ilusão, pois, na profundidade de sua natureza, aquilo que é externo a nós é apenas um estímulo aos sentidos. Isso significa que se considerarmos um elemento externo atrativo como o chocolate, ou repulsivo como a disciplina, temos pistas e dicas reveladoras das forças internas que estamos movendo.

Identificadas as forças internas e os estímulos externos, resta-nos substituí-los de modo a gerar em outro território a força necessária para que a autossabotagem se torne uma possibilidade cada vez menor. Consideremos dois territórios: o primeiro, 'Território dos Desejos, é onde residem as forças de atração e repulsão que citei ha pouco; o segundo, o 'Território da Vontade, é onde faremos as escolhas dos valores ou importâncias que atribuiremos aos estímulos externos.

Ficou simples? Dois territórios: o 'Do Desejo que é onde nos sentimos atraídos e seduzidos por um docinho ou repelidos e antipáticos por um pedaço de chuchu, e o 'Da Vontade que é onde turbinamos nossa força exercitando o poder de escolher que valores serão atribuídos ao docinho e ao chuchu. Por isso que chamamos de aumento da 'Força de Vontade. Reflitamos.

Após uma boa reflexão ficou claro quais são os valores atribuídos (por força do desejo) aos estímulos externos? Você tem em mente - com bastante clareza - quais as motivações para realizar a sua escolha? Já sabe quais valores você pode atribuir aos estímulos externos de modo a enfraquecer a força do desejo e potencializar a força de vontade? Sente disposição de viver o desprazer que uma ação nova eventualmente transporta, para chegar a um prazer maior (que é a motivação para sua escolha)?

Para ilustrar: por mais que se importe com a própria saúde, já sabe que deseja conservar o sedentarismo (conveniência), pois a atividade física é antipática e desconfortável (fator sabotador)? Já sabe e incorporou em seu modo de pensar que o desprazer dos primeiros momentos de atividade física são apenas reações temporárias e que darão lugar a um prazer maior depois, além de grande benefício para a saúde? Assume que o esforço da busca já contém o preço da conquista? Então, amigo leitor, mãos à obra! Realize o que escolheu, seja o que for, com força de vontade e atenção à percepção de cada momento, pois desse modo a autossabotagem será só uma lembrança e sua conquista se efetivará. Abraços." 



* Marcelo Hindi - Psicoterapeuta Holístico
www.terapiaviverbem.com.br

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