sábado, 16 de maio de 2009
Intimidade - (Gangaji)
Encontro Público em Mill Valley, Califórnia
27 de outubro de 2002
"Freqüentemente, quando as pessoas vêm me ver ou falar comigo, eu pergunto o que é que elas querem. Portanto, pergunto o mesmo a você: o que você quer? Esta é uma pergunta muito importante. Não há nada de errado em querer alguma coisa. Não se trata disso. Portanto, por favor, não tire disso a conclusão espiritual de que "Eu não deveria querer" e, portanto, "Eu não quero realmente nada". Investigue isto realmente: o que você quer? O que você quer de mim? O que você quer destes encontros? O que você quer de si mesmo?
Se você está aqui porque quer que eu lhe dê alguma coisa, eu lhe digo que não posso lhe dar nada. Não estou oferecendo nada. Não estou oferecendo o lar ou iluminação. Não estou oferecendo refúgio da tempestade ou habilidades desenvolvidas. Não estou oferecendo escapatória. Este não é o meu objetivo em sua vida, mesmo que não haja nada de errado em se oferecer isto. O que estou lhe oferecendo é a mim mesma. E o que quero de você é você mesmo, porque então a integridade que sou eu é ainda mais íntegra, mais total. Ela já é completamente inteira mas, curiosamente, não está limitada por qualquer definição de inteireza. Ela está sempre vendo a si mesma como ainda mais completa. É este o papel que desempenhamos um para o outro. Mas, se nos aproximarmos querendo alguma coisa um do outro (especialmente algo que achamos que não temos), a possibilidade de darmos um ao outro o nosso próprio ser passa despercebida.
Claro, já eu disse a palavra "ser", temos que tirar um momento para definir "ser". Não estou falando do "ser" como personalidade, como experiência intelectual, como compreensão intelectual, como experiência emocional ou até mesmo como proximidade física, embora tudo isto não esteja separado de mim mesma, de você. Estou oferecendo o ser que é ilimitado. Não quero dizer com isso o ser que é maior do que o "pequeno ser". No ilimitado, medidas como "maior do que" ou "melhor do que" ou "para além de" são ridículas. Elas não têm qualquer sentido no ilimitado. Portanto, não estou falando do "ser maior". Estou falando de mim mesma. Estou falando de você. Estou falando da chama eterna do Ser, da qual o corpo, a personalidade, as emoções e a compreensão são apenas centelhas. Estas centelhas são belos reflexos e manifestações desta chama, mas, como centelhas, destinam-se a aparecer e morrer. Não estão separadas de mim mesma, o Ser, o Ser Único, todavia, nesta inseparabilidade, elas são limitadas. Portanto, eu compartilho a mim mesma com você e quero que você compartilhe a si mesmo comigo. As pessoas chamam isso de "coração", mas normalmente isso é traduzido e compreendido como uma espécie de ser emocional. Estou falando da verdade de si mesmo. Não é que sua personalidade, seu entendimento, suas perguntas, seus relatos ou suas dúvidas estejam separados disso e não possam existir nisso, mas o que quero de você é você mesmo. O que quero lhe dar, o que posso lhe dar é a mim mesma, e só isso. Na minha experiência, isso é mais do que suficiente, mas se você quer algo mais de mim, é muito importante ver isto imediatamente. Desta maneira, você não desperdiçará o seu tempo ou o meu, porque quem sabe quanto tempo estas centelhas vão durar? No âmbito temporal, existem limites. É importante reconhecê-los, curvar-se diante deles e, assim, libertar-se destes limites.
Estes encontros são construídos de uma maneira semelhante à maneira como o meu mestre se reunia com as pessoas; ao apresentar-se, a oferta se revelava nele e através dele. Passei muitos encontros explicando o que é esta oferta. Domingo passado, mais uma vez, fui tomada pela humildade ao ver como ela é continuamente mal-entendida, primorosamente, perfeitamente mal-entendida. Talvez o mal-entendido seja o que nos mantém nos reunindo para compartilhar o Ser Único. Portanto, vou continuar a delinear o que a graça de meu mestre revelou em mim, e convidarei você a esta percepção, a esta revelação. Mas tudo isto leva realmente à experiência muito possível, preciosa e indefinível de entregar-se plena e completamente, neste momento."
Fonte: http://www.gangaji.org/
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