quinta-feira, 28 de maio de 2009

Comunhão - Harmonia dentro e fora - (Osho)


O homem está vivendo como uma ilha, e daí vem toda a miséria. Através dos séculos o homem tem tentado viver independentemente da existência - isso não é possível, pela própria natureza das coisas. O homem não pode ser independente nem dependente. A existência é um estado de interdependência: tudo depende de tudo mais. Não há hierarquia, ninguém é inferior e ninguém é superior. Existência é uma comunhão, um eterno caso de amor.


Mas essa ideia de que o homem tem que ser superior, especial, mais elevado, cria confusão. O homem precisa não ser nada, precisa dissolver-se na totalidade das coisas. E quando deixamos cair todas as barreiras, comunhão acontece e essa comunhão é uma bênção. Ser um com o todo é tudo. Este é o núcleo da religiosidade.

Heráclito, o antigo pensador Grego, nos diz: se as coisas acontecessem ao homem exatamente como ele deseja isso de nada adiantaria. A menos que você espere o inesperado, jamais encontrará a verdade, pois isso é difícil de descobrir e árduo chegar até ela. A natureza adora esconder-se. O senhor cujo oráculo está em Delfos nem revela nem dissimula – mas nos envia sinais.

A existência não possui linguagem... e, se você depender da linguagem não conseguirá comunicar-se com a existência. Existência é um mistério, não é possível interpretá-la. Se você tentar, irá errar. Existência pode ser vivenciada, mas não pensada. Ela é mais como poesia, menos como filosofia. É um sinal, uma porta. Ela se mostra, mas nada diz.

Não é possível abordar a existência através da mente. Se você pensar a respeito dela, você pode continuar pensando, mais e mais, mas você nunca irá alcançá-la – pois a barreira está, justamente, nos pensamentos. Pensar é um mundo privado, pertence apenas a você – assim você fica encerrado, encapsulado, prisioneiro de si mesmo. Com o não-pensar, você deixa de ser; você não está mais encerrado. Você se abre, fica poroso, a existência flui através de você e você flui através da existência.

Aprenda a escutar – escutar significa que você está aberto, vulnerável, receptivo, mas não está pensando de jeito nenhum. Pensar é uma ação positiva. Escutar é passivo: você se torna como um vale e recebe; você se torna como um útero e você recebe. Se puder escutar, então a natureza fala – mas isso não será uma linguagem. A natureza não usa palavras. Então o que ela usa? Heráclito diz que são sinais. Você encontra uma flor: que sinal é esse? Ela nada está dizendo – mas você pode realmente afirmar que ela não está dizendo coisa alguma? Ela está dizendo muito, só não está utilizando palavras: é uma mensagem sem palavras.

Para ouvir o inexprimível você terá que abandonar as palavras, pois só o semelhante pode ouvir aquele que lhe é semelhante, apenas os semelhantes podem se relacionar.

Diante de uma flor, não seja uma pessoa, seja uma flor. Ao lado de uma árvore, não seja uma pessoa, seja uma árvore. Tomando banho em um rio, não seja humano, seja um rio. E assim milhões de sinais lhe serão dados. E isso não é uma comunicação – é uma comunhão. Assim a natureza fala, fala em milhares de línguas, mas não numa linguagem.

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