"Quem não guarda na memória uma lista de eventos negativos que desejaria que nunca tivessem acontecido? Podem ser casos pequenos, corriqueiros do dia a dia, como antipatia pelo chefe, prender o dedo na porta ou ter de usar o cheque especial, para ficar entre poucos exemplos. Ou também podem ser casos mais complexos, como depressão, dores crônicas, problemas de relacionamento ou traumas do passado. Não importa o tamanho ou a importância, todos eles pesam em nossa vida e impedem a experiência e a vivência da paz.
Quanto mais nos lamentamos ou remoemos sobre o que está acontecendo, parece que mais complicado fica. É como se estivéssemos alimentando o problema. E o que fazer então? Perturbados desse jeito, dificilmente teremos a serenidade e paz de um iluminado. Esse seria o estado de ser perfeito, que não se exalta e nem se perturba nos momentos de dor nem muito menos nos de alegria. Para tal pessoa, seixos ou ouro é a mesma coisa.
Oras, se tal estado de serenidade é possível para um Buda, por que não para nós? Buda sempre atribuiu seu estado iluminado ao trabalho e cultivo capaz de uni-lo ao Supremo. No entanto, quantos de nós se preocupa em trilhar o caminho, tirando a carga negativa das costas para poder vivenciar o enorme potencial que temos? Quem está disposto a transformar a vida, dando o primeiro passo? Parece-nos mais fácil ficar de braços cruzados esperando a graça divina jorrar em nós do que entender que nós próprios somos o instrumento para a paz.
A tendência da faísca fora do fogo é se apagar. Nossa tendência em viver uma vida desconexa é se afogar no turbilhão de problemas que afetam nossas vidas. O caminho para a paz necessariamente começa e termina com o sentir-se conectado à Fonte. Esse é o estado de Buda ou a perfeição do yoga tanto almejado pelos místicos de todas as tradições, Orientais e Ocidentais.
Algo muito longe de nossa realidade? Pode ser, enquanto estivermos tratando todos esses aparentes problemas como a realidade. Vê-los como ilusão não quer dizer que eles não existam, mas é a maneira de se distanciar e não se identificar com eles. A identificação, ou o apego, é que cria a ilusão, que está bem dentro de nós, em nossas atitudes. Nós criamos o nosso inferno e depois sofremos por viver nele, tentando a todo custo sair dali em busca da paz.
Toda fórmula da paz que se preze parte do pressuposto que tenhamos que estar unidos à Fonte. Uma vida centrada no eu e no seu propósito é a raiz da liberdade e da saúde, material e espiritual. Somos seres divinos dotados de todas as opulências, só que talvez não estejamos tão cientes disso. Temos a habilidade de fazer a diferença e de transformar nossas vidas, e consequentemente transformar o mundo. Para isso fazemos uso de certas ferramentas. Ritos, orações, mantras e meditações entre elas. A ideia é acalmar a mente e ter a serenidade para suportar os problemas sem se afligir.
Técnicas, a meu ver, bastante eficazes para romper esse vínculo de identificação e assim trazer a liberdade emocional são as que trabalham com energias. Se a matéria é pura energia, as vibrações negativas dos problemas também o são. E equilibrar o quadro vibracional também faz uso de ferramentas energéticas. Eu costumo ter ótimo resultado com a EFT, ou a acupuntura emocional. Com ela é possível tirar a carga negativa dos problemas que nos afligem e assim termos mais abertura ao autoconhecimento e ao cultivo da paz. Apesar de aparentemente mecânica e material, ela também facilita enormemente a abertura dos portais espirituais.
Existe um exercício muito interessante com a EFT que eu costumo chamar de Fórmula da Paz. Oficialmente chama-se PPP, ou Procedimento da Paz Pessoal. Ele consiste em listar todos os fatos e itens na vida que nos afetam.
Deve ficar claro que a EFT é uma ferramenta poderosa, mas não é mágica. A sua efetividade vai depender da vontade que você tem em realmente se descobrir e tirar das costas aquilo que está lhe pesando. Existem problemas dentro de nós que podem estar muito arraigados e a persistência será essencial para acabar com eles.
Uma vez com todos os itens listados (e olha, não se assuste, mas é comum essas listas chegarem a cem!), podemos aplicar a EFT para cada um desses itens. Mesmo que seja apenas cinco minutos por dia. Vá item por item, só passe ao seguinte quando sentir que o anterior já se esvaeceu. Nesse ritmo, pode ser que o processo todo leve uns três meses, mas eu posso lhe dizer que depois você será outra pessoa.
Fique tranquilo(a), pois três meses é pouco se quisermos nos sentir em paz de verdade. A técnica é suave e eficaz e logo perceberemos uma calma reconfortante e uma energia positiva tomarem conta.
Se ainda não conseguimos causar uma transformação no mundo e acordarmos um dia com o mundo todo em paz, pelo menos podemos começar conosco. Esse é o trabalho mais importante que temos a fazer, para nós e para o mundo em geral. Afinal, caridade começa em casa."
* Eneas Guerriero - Trabalha há mais de 30 anos com desenvolvimento da espiritualidade e do eu, realizando cursos, seminários e aulas em diversos países. Reside atualmente em Freiburg, na Alemanha, e coordena estudos para a integração de terapias, usando a EFT, onde criou o programa Total CheckUp.
Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/clube/artigos.asp?id=29955
Nenhum comentário:
Postar um comentário