sábado, 5 de dezembro de 2009

Livre - (Bruna Caram)

"Tá tudo bem…

Bem mais suave

Bem à toa.

Gosto dele nessa calma

- Nesse vôo -

Que eu nem sei se vai vingar

Se vai prender

Ou escapar

Se vai crescer

Ou vai cansar…



Eu gosto dele assim,

De um jeito que eu não sei se vai fugir

Ou vai ficar.

Se é doer

Ou é sarar.

Eu gosto dele e nele eu posso até passar…



Eu gosto dele sem moldura

Sem dispor, sem partitura,

Sem lugar, sem peso, nem peça, nem par.



Eu gosto dele e nele eu posso passear…






E há quem aposte

E até quem goste

De dizer, pra prevenir,

que eu posso vir a precisar

Desse querer que eu nunca quis fazer fincar.



Mas meu querer é meu querer

E faz melhor:

E só trazer sem exigir

Sem vir correndo se exibir

Nem vir correndo se amarrar.



É sem palpite, sem convite, sem revide, sem qualquer rigor de altar:

É claro, é puro, é sempre à toa,

É brilho que não quer pegar.

É reluzir

Sem relutar.



Eu gosto dele

Mesmo se ninguém olhar

Num gesto livre, a me levar

De um jeito leve, decidido, que não deve,

Que nem sabe pra que serve,

Nem se atreve a se gastar…"

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