Ao Amado
"Achei você no meu jardim
Entristecido
Coração partido
Bichinho arredio
Peguei você pra mim
Como a um bandido
Cheio de vícios
E fiz assim, fiz assim
Reguei com tanta paciência
Podei as dores, as mágoas, doenças
Que nem as folhas secas vão embora
Eu trabalhei
Fiz tudo, todo meu destino
Eu dividi, ensinei de pouquinho
Gostar de si, ter esperança e persistência
Sempre
A minha herança pra você
É uma flor com um sino, uma canção
Um sonho, nem uma arma ou uma pedra
Eu deixarei
A minha herança pra você
É o amor capaz de fazê-lo tranqüilo
Pleno, reconhecendo o mundo
O que há em si
E hoje nos lembramos
Sem nenhuma tristeza
Dos foras que a vida nos deu
Ela com certeza estava juntando
Você e eu
Achei você no meu jardim"
segunda-feira, 28 de fevereiro de 2011
Sol de Amor - Nas Mãos, nos Olhos e no Coração - (Wagner Borges)
"É noite, amigo.
Mas não está escuro.
Há um sol aqui!
Bem no coração.
O poeta compreende.
Ele também é viajante...
Voa nas asas do amor.
E pega os versos no infinito.
Dá para ver longe...
Lá em cima, no Cruzeiro do Sul,
O rastro dos seus versos.
E um pedacinho do seu coração.
Mas quem vê é outro coração.
Aceso na noite, na forja do amor.
Como um sol secreto no meio do peito.
Que ilumina, mas não ofusca.
Ah, meu amigo, quem sente essa luz?
É noite, e está tudo tão claro!
Dá até para ver a tapeçaria sideral,
Dentro do próprio coração.
Sei que você compreende...
Pois essa luz também iluminou suas noites.
E fez você voar até o Cruzeiro do Sul,
Para pegar a elegia que vem de longe.
Sabe, eu sei o que você sentiu.
A luz me mostrou. Aqui mesmo.
Bem dentro do coração.
Onde o amor faz ver estrelas.
É noite, mas está tudo claro.
Por isso, escrevo. E você sabe por que.
Talvez o amor viaje junto com esses escritos...
E outros compreendam sua atmosfera sutil.
Sim, talvez outros voem até o Cruzeiro do Sul.
Certamente, em espírito. Deslizando na luz suave...
E, talvez vejam você e Pablo Neruda conversando,
Sobre a elegia que vem de longe...
Meu amigo, tudo está claro e sereno por aqui.
É noite, mas raiou a aurora dentro do meu coração.
E é amor demais para segurar a onda.
Por isso escrevo: para dar vazão a esse amor.
E você conhece muito bem essa praia.
Então, lembrei-me de você, para grafar essas linhas.
Escrevo com você nas mãos, nos olhos e no coração.
E pensando no Cruzeiro do Sul.
O amor que um dia mergulhou em seu coração,
Também mergulhou em mim.
E, agora, está tudo tão claro e calmo,
Nessa noite – que é manhã dentro do peito.
Com carinho e admiração, poetinha.
(Essas linhas são dedicadas a Vinicius de Moraes).
Paz e Luz.
Por Wagner Borges "
Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/blog/blog.asp?id=10096
Mas não está escuro.
Há um sol aqui!
Bem no coração.
O poeta compreende.
Ele também é viajante...
Voa nas asas do amor.
E pega os versos no infinito.
Dá para ver longe...
Lá em cima, no Cruzeiro do Sul,
O rastro dos seus versos.
E um pedacinho do seu coração.
Mas quem vê é outro coração.
Aceso na noite, na forja do amor.
Como um sol secreto no meio do peito.
Que ilumina, mas não ofusca.
Ah, meu amigo, quem sente essa luz?
É noite, e está tudo tão claro!
Dá até para ver a tapeçaria sideral,
Dentro do próprio coração.
Sei que você compreende...
Pois essa luz também iluminou suas noites.
E fez você voar até o Cruzeiro do Sul,
Para pegar a elegia que vem de longe.
Sabe, eu sei o que você sentiu.
A luz me mostrou. Aqui mesmo.
Bem dentro do coração.
Onde o amor faz ver estrelas.
É noite, mas está tudo claro.
Por isso, escrevo. E você sabe por que.
Talvez o amor viaje junto com esses escritos...
E outros compreendam sua atmosfera sutil.
Sim, talvez outros voem até o Cruzeiro do Sul.
Certamente, em espírito. Deslizando na luz suave...
E, talvez vejam você e Pablo Neruda conversando,
Sobre a elegia que vem de longe...
Meu amigo, tudo está claro e sereno por aqui.
É noite, mas raiou a aurora dentro do meu coração.
E é amor demais para segurar a onda.
Por isso escrevo: para dar vazão a esse amor.
E você conhece muito bem essa praia.
Então, lembrei-me de você, para grafar essas linhas.
Escrevo com você nas mãos, nos olhos e no coração.
E pensando no Cruzeiro do Sul.
O amor que um dia mergulhou em seu coração,
Também mergulhou em mim.
E, agora, está tudo tão claro e calmo,
Nessa noite – que é manhã dentro do peito.
Com carinho e admiração, poetinha.
(Essas linhas são dedicadas a Vinicius de Moraes).
Paz e Luz.
Por Wagner Borges "
Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/blog/blog.asp?id=10096
quinta-feira, 24 de fevereiro de 2011
Dharma sem drama - (Pedro Kupfer)
"Ouvimos muito falar em dharma. Usamos esta palavra com alguma frequência nas conversações sobre Yoga, mas às vezes, percebo que o que alguns compreendem como sendo dharma é diferente do que outros pensam ou falam. Assim, decidi escrever este texto como uma maneira de contribuir para a compreensão desse importante conceito, à luz do que aprendi com meu mestre, Swami Dayananda. A palavra dharma deriva da raiz dhr, que quer dizer “manter unido”. Então, dharma tem o sentido de preservar, de manter a coesão entre as pessoas e as coisas. Dentre outros significados, o termo aponta para as ideias de ordem, lei, filosofia, bem comum, ética, religião e conduta.
Há duas dimensões distintas de dharma: a universal e a pessoal. No primeiro sentido, dharma é a força de coesão que sustenta a criação, manifestada na forma das leis naturais: a da gravidade, a da preservação da massa e as demais e ainda, na forma das leis humanas que regem a sociedade e possibilitam uma convivência harmoniosa entre as pessoas. Se formos pensar nessa dimensão do dharma universal, poderíamos defini-lo como não fazer aos demais aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco. O segundo sentido desta palavra, está vinculado com a conduta individual e funciona como uma espécie de bússola para pautar as nossas ações. Esse tipo de dharma é chamado svadharma, seu próprio dever.
Meu dever.
Algumas pessoas, ouvindo por primeira vez o ensinamento da Bhagavad Gita, que acontece à beira de um campo de batalha, tendem a pensar que o dharma pessoal seja algo ao mesmo tempo grandioso e terrível como o destino do príncipe Arjuna, que se vê na contingência de matar seus próprios parentes e amigos. Porém, o svadharma não é algum destino maravilhoso ou fado funesto que possa estar nos aguardando ao virar a próxima esquina.
Na Bhagavad Gita (III:35), o deus Vishnu, encarnado como Krishna, instrui Arjuna sobre o próprio dharma: “Mais vale cumprir o próprio dharma, ainda que de forma imperfeita, do que cumprir de maneira perfeita o dever de outrem. É melhor sucumbir desempenhando seu próprio dever. É perigoso cumprir deveres alheios”. Esta frase, dita no momento em que inicia uma grande guerra onde muitos irão morrer, soa de fato como algo heróico e aterrorizante. Assim, naturalmente, podemos pensar que talvez svadharma seja isso: um destino grandioso que precisamos encontrar, ou um sentido oculto para a nossa vida que devemos achar antes que seja tarde demais, e que talvez seja perigoso.
As palavras de Krishna devem ser interpretadas dentro do contexto em que foram ditas. De fato, o dever de Arjuna como guerreiro e comandante de um exército é lutar e se for preciso morrer, realizando seu dharma. Não obstante, se formos considerar que a imensa maioria de nós não tem esse destino glorioso e assustador, poderíamos definir o svadharma noutros termos, muito mais humildes e próximos do nosso cotidiano, porém que a aplicam tanto ao caso de Arjuna quanto ao nosso: svadharma é fazer seu próprio dever, fazer aquilo que deve ser feito. Nada mais. Nada menos. OK, pode pensar o amigo leitor, mas o que isso exatamente significa?
Qual é meu dever?
Quando Krishna, no papel do professor ideal, diz para Arjuna que é melhor falhar realizando seu próprio dever do que acertar cumprindo o dever dos demais, ele quer dizer que é desejável usar da maneira mais adequada o livre arbítrio do qual todos nós, enquanto humanos, somos dotados. Noutras palavras, não devemos escolher dominados pelos nossos gostos ou aversões, mas pela visão daquilo que é certo ou errado. O certo e o errado são muito fáceis de se definir: certo é aquilo que nós gostaríamos que os demais fizessem conosco. Errado é aquilo que não queremos que os outros nos façam.
Estas afirmações nos levam para a seguinte reflexão: enquanto pessoas maduras, nós só devemos escolher o que é certo, quando colocados numa disjuntiva. Porém, na dinâmica da vida, onde as nuanças do cinza são infinitamente mais variadas que o negro desta tinta impressa sobre o branco do papel da revista, isto deve ser corretamente compreendido. Às vezes, aquilo de que gostamos coincide exatamente com aquilo que é correto e aquilo de que não gostamos se encaixa com o que é errado. Numa situação dessas, não precisamos nem pensar, apenas agimos de maneira espontânea e pronto: já estamos realizando nosso svadharma. No entanto, noutros momentos essa situação não se apresenta de maneira tão clara assim e é preciso agir de maneira deliberada.
Ações espontâneas, ações deliberadas.
Uma vez, estávamos numa estrada em Bali, voltando para casa muito tarde na noite, depois de nos despedir de um amigo que voltava para o Brasil. Quando paramos o carro num cruzamento importante, testemunhamos um acidente espetacular: duas motos bateram em alta velocidade e três pessoas saíram patinando pelo asfalto por muitos metros. Depois do barulho e as faíscas, apenas silêncio e três corpos no asfalto no meio da noite. Estávamos cansados, era tarde, não havia ninguém olhando, e nós poderíamos simplesmente ter seguido em frente. Mas, nesse caso, o nosso desejo não coincidia com aquilo que era certo: se fossem nossos corpos estendidos na estrada e não os daquelas pessoas, gostaríamos que os outros seguissem indiferentemente seu próprio caminho?
Não havia opção possível. Essa era a hora da ação deliberada: contrariando o desejo dos nossos corpos cansados por chegar logo na cama, paramos o carro no meio da estrada, de maneira que os poucos carros que passavam não atropelassem os acidentados e começamos, a examinar os corpos com cuidado. Os três, aliás, muito jovens, tinham um forte cheiro de álcool e, para nossa surpresa, estavam quase inteiros: alguns arranhões profundos, um osso quebrado aqui e acolá, mas nada de crânios esmagados, membros decepados ou fígados arrancados. Incrivelmente, os três dormiam profundamente. Estavam muito bêbados, mas tiveram aquela sorte louca dos que estão totalmente entregues às circunstâncias.
Agimos desde a certeza de que gostaríamos de ter a solidariedade dos demais, se a precisássemos numa emergência como essa. Com a ajuda de um policial que apareceu um tempo depois numa motinho (o que foi bom, pois dividimos a responsabilidade com ele, que assumiu as decisões), carregamos os três no porta-malas e o assento de trás do nosso jipe alugado e fomos para um hospital. O caminho foi longo. A Ângela estava enjoada com o cheiro do sangue e álcool e começou a passar mal. Eu estava com um nó na boca do estômago, por causa da tensão e o receio de ter feito algo errado, pois sabia perfeitamente que não devemos mexer em corpos de acidentados.
Mas havíamos seguido as instruções do policial para transportar os corpos, já que a situação era crítica. Conhecendo bem a Indonésia, tanto o policial quanto nós sabíamos que, se deixássemos os garotos deitados no asfalto do jeito que estavam, seriam atropelados antes da chegada de uma ambulância, o que poderia demorar horas, ou nem sequer acontecer. Eu também pensava se, na chegada no hospital, as pessoas não iriam nos acusar de ter atropelado os jovens, e que isso poderia complicar muito a nossa situação, apesar da boa intenção com que tínhamos agido. Mas nada disso aconteceu: na chegada, um enfermeiro que mais parecia um lutador de sumô mal-encarado, jogou descuidadamente os garotões em três macas e nos dispensou sem muita cerimônia. Fomos dormir tranquilos e aliviados.
Por que dharma?
Qual é meu ganho, se seguir o dharma? Qual é o efeito? Por que deveríamos agir dentro dele? Por algo muito especial: quando eu sei o que devo fazer, quando conheço meu papel na sociedade, fico tranquilo. Quando consigo discernir o certo do errado, e escolher deliberadamente o que é certo, mesmo a pesar do meu próprio prazer ou conforto, me fortaleço imensamente. Quando minhas ações estão alinhadas com o bem comum, fico em paz pois encontro o meu lugar na ordem das coisas. Cabe lembrar que a palavra dharma significa, dentre outras coisas, ordem, harmonia.
Svadharma nos relacionamentos.
Esses deveres que chamamos dharma, por sua vez, constituem direitos, quando olhados desde o outro lado. Se eu faço aquilo que é certo, o que é certo é meu dharma, meu dever. Do outro lado dessa afirmação há outra pessoa ou outras pessoas: o meu cônjuge, a minha família ou a sociedade. Ou seja, o meu dever em relação ao meu cônjuge se torna o direito dele ou dela. O meu dever em relação à minha família é o direito dela. O meu dever para com a sociedade é o direito dela.
O direito do cidadão é (ou deveria ser) garantido pelo Estado, que representa (ou deveria representar) o dever da sociedade em relação ao indivíduo. Muitas vezes gritamos alto para reivindicar nossos direitos, mas esquecemos de ter o mesmo zelo na hora de cumprir os nossos deveres. Direitos e deveres relacionais, familiares e sociais são relativos, e dependem de tempo, lugar e circunstância, mas a regra de ouro é sempre seguida: não devemos deixar de fazer pelos demais o que esperamos que eles façam por nós. Os detalhes mudam de geração para geração, ajustando-se aos tempos e ao estágio de maturidade de cada sociedade. A essência do dharma permanece.
Assim, temos a possibilidade de realizar ações espontâneas e ações deliberadas. Svadharma é, agindo deliberadamente, fazer aquilo que é correto. Este é um dos aspectos do Karma Yoga. É necessário pontuar a importância da ação deliberada pois, na maior parte das vezes, o meu desejo contradiz o que é certo. Ou, como diz aquela velha música do Roberto Carlos: “tudo o que gosto é imoral, ilegal ou engorda”. Esse livre arbítrio para escolher entre o prazeroso é o certo é uma das coisas que nos faz humanos.
Qual é o dharma do indivíduo em relação ao Todo?
Um dos pontos centrais deste ensinamento é a compreensão da relação intrínseca entre o indivíduo e o Todo. O indivíduo é chamado vyashti, o Todo, Samashti. Se eu não compreender essa relação, não poderei compreender as demais. E, para compreender essa relação que devo manter com o Todo preciso, primeiramente, compreender quem sou e o que é o Todo. Assim o esteio fundamental do ensinamento do Yoga é que o indivíduo é idêntico ao Todo. Em poucas palavras, o Todo é a inteligência que mantém a coesão das coisas e os seres vivos, que é intrínseca à criação. O indivíduo é você, enquanto ser humano encarnado. Perceber essa identidade é ter moksha, liberdade, já que ao conhecer a nós mesmos como completude, todas as ideias equivocadas que possamos ter em relação à nossa auto-identidade são eliminadas. Assim, vivemos em paz e felizes.
Qual é o meu dharma em relação a mim mesmo?
Cada um de nós nasce dotado de alguma habilidade especial. Naturalmente cria-se um conflito na adolescência em relação às escolhas que a pessoa deve fazer, já que isso vai definir muitas coisas no seu futuro. Às vezes, esse conflito da adolescência se estende à juventude e à fase adulta Assim, algumas pessoas chegam aos 30 ou 40 anos de idade sem ter claro o que querem para si na vida. Se esse for meu caso, ao invés de me angustiar por não ter clara essa vocação profissional, preciso ficar atento às coisas que a vida vai me revelando, aos caminhos que se abrem à minha frente, e escolher aqueles que, sendo prazerosos ou não, estejam em harmonia com o bem comum. Naturalmente, irei escolher aqueles que me forem mais agradáveis, mas não preciso me angustiar por não ter uma vocação meridianamente clara. O que verdadeiramente importa, independentemente das ações que faço, é me manter fiel aos próprios princípios. Aqueles valores dos quais não abro mão de jeito nenhum, são também meu svadharma.
Qual é o dharma do marido em relação à esposa?
Digamos que eu seja feliz e a minha esposa não. Como poderia eu desfrutar da minha felicidade vendo ela sentada num canto da casa, triste e chorando? Se sou casado, a felicidade da minha esposa é a minha felicidade. Meu dever, enquanto marido, é criar condições para a felicidade da minha mulher e não para fazê-la sofrer. Isso significa cultivar compaixão, fazer o outro se sentir valorizado, mostrar interesse, afeto e carinho em todos os momentos. Então, mesmo que seja em meu próprio benefício, eu deveria cuidar muito bem da felicidade da minha esposa. Obviamente, essas atitudes precisam ser recíprocas para que a relação flua da melhor maneira.
Qual é o dharma dos filhos em relação aos pais?
O dever dos filhos em relação aos nossos pais é cuidar deles. É conseguirmos uma forma de comunicação que seja expressão da gratidão que temos por eles terem feito a coisa certa ao nos educar. Provavelmente, se você é um adulto que está lendo esta revista, seus pais fizeram a coisa certa ao lhe ensinar os valores que lhe trouxeram até onde você está agora. Mesmo se tivermos alguma lamúria ou cobrança para lhes fazer, devemos pensar neles com reverência e reconhecimento. Essa gratidão não deveria ficar apenas no plano dos pensamentos ou sentimentos, mas precisa estender-se às ações: demonstrar agradecimento, cultivar a paciência ou dedicar um tempo diário ou semanal a estar e desfrutar com eles, principalmente quando eles estão na terceira idade, são boas maneiras de cumprir nosso dharma em relação aos nossos genitores.
Qual é o dharma dos pais em relação aos filhos?
O dever dos pais em relação aos filhos é prover as condições necessárias para que possam crescer e desenvolver suas habilidades da maneira mais adequada. Assim, é importante que, como pais, demos aos filhos a liberdade para que eles desenvolvam as próprias vocações. Outro dos deveres dos pais é prover amparo e dar aos filhos uma educação com valores que lhes permita compreender que, mais que consumidores, devem crescer como contribuidores para uma sociedade melhor. Noutro plano, se formos pensar na vida de Yoga, o dever dos pais é lembrar aos filhos que existem aspectos da vida muito mais importantes do que simplesmente ter sucesso, prosperidade, prazeres ou confortos materiais sem, é claro, negar a importância desses fatores.
Qual é o dharma da sogra em relação à nora?
A sogra deveria, também em seu próprio benefício, dar à nora total liberdade para que ela seja como é, e para que possa viver feliz com seu marido. Toda sogra deve ter sido nora em algum momento: pode acontecer que ela esteja projetando na nora as frustrações e ansiedade sofridas nas mãos da própria sogra. Muitas vezes, o problema da sogra nasce do sentimento de possessividade que ela nutre pelo filho. Havendo o filho nascido dela, sua tendência natural é pensar nele como uma extensão dela mesma. No entanto, o fato é que ninguém é apêndice de ninguém e a sogra deve ter cuidado para exercer o desapego em relação ao filho, em benefício da felicidade de todos.
Qual é o dharma do cidadão em relação à sociedade?
Embora não esteja de moda nestes tempos de corrupção dominante, tráfico de influência, desvio de recursos públicos e outros crimes praticados descaradamente à luz do dia por uma boa parte dessa inqualificável classe de políticos e governantes que temos que suportar no Brasil, isso não nos isenta de, como cidadãos, fazer a nossa parte. Isso não quer dizer apenas pagar mansamente os impostos, mas também levantar a nossa voz quando se fizer necessário, seja para protestar, seja para apontar ações necessárias para melhorar as condições de vida da sociedade.
É dever de todos, não apenas compreender o que está acontecendo na nossa localidade, mas igualmente participar ativamente, oferecendo soluções, se for o caso, para melhorar as condições da comunidade em que vivemos. Dentre outras coisas, cabe lembrar que um dos deveres do cidadão, em relação ao Estado, é justamente o de escolher bem os governantes e, se for o caso, ajudar os demais a fazer uma escolha esclarecida. Pense nisso nas próximas eleições.
Conclusões.
Bom, esta lista poderia se estender bastante mais, mas vamos parar por aqui, citando duas estrofes de um mantra védico chamado Svastipatha, que ilustra o que seriam esses direitos e deveres dhármicos numa sociedade harmoniosa:
Om. Que a prosperidade e o bem-estar sejam glorificados.
Que os governantes nos governem com retidão e justiça.
Que a sabedoria e o conhecimento sejam protegidos.
Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.
Om, que haja prosperidade para todos.
Que todos vivam em paz; que todos sintam a plenitude.
Que todos estejam bem; que todos sejam felizes.
Que todos estejam livres de doenças.
Que todos vejam o bem; que ninguém sofra.
Como acabamos de ver, o svadharma é realizado nas pequenas coisa do cotidiano. De vez em quando aparece alguma tarefa mais delicada, como aquele acidente em Bali mas, de modo geral, seguir o próprio dharma tem mais a ver com estar atento em relação às coisas que a vida nos coloca, e trilhar com cuidado os caminhos que estamos seguindo, do que em buscar alguma vocação ou destino glorioso.
Destino glorioso também é uma expressão que precisa ser bem compreendida: não estamos dizendo que isto que devamos nos resignar a ter uma vida medíocre ou cinza, mas sermos capazes de ver que, mesmo nas menores coisas do dia-a-dia, é possível vivermos a plenitude e a tranquilidade que nos dá o fato de saber que estamos fazendo a coisa certa. A questão que verdadeiramente importa não é se seremos famosos, ricos ou heróicos, mas se somos fiéis a nós mesmos e aos nossos valores, e se realizamos a nossa felicidade, independentemente do tipo de trabalho que fazemos. Namaste!"
Fonte: http://www.yoga.pro.br/artigos/980/7/dharma-sem-drama
Há duas dimensões distintas de dharma: a universal e a pessoal. No primeiro sentido, dharma é a força de coesão que sustenta a criação, manifestada na forma das leis naturais: a da gravidade, a da preservação da massa e as demais e ainda, na forma das leis humanas que regem a sociedade e possibilitam uma convivência harmoniosa entre as pessoas. Se formos pensar nessa dimensão do dharma universal, poderíamos defini-lo como não fazer aos demais aquilo que não gostaríamos que fizessem conosco. O segundo sentido desta palavra, está vinculado com a conduta individual e funciona como uma espécie de bússola para pautar as nossas ações. Esse tipo de dharma é chamado svadharma, seu próprio dever.
Meu dever.
Algumas pessoas, ouvindo por primeira vez o ensinamento da Bhagavad Gita, que acontece à beira de um campo de batalha, tendem a pensar que o dharma pessoal seja algo ao mesmo tempo grandioso e terrível como o destino do príncipe Arjuna, que se vê na contingência de matar seus próprios parentes e amigos. Porém, o svadharma não é algum destino maravilhoso ou fado funesto que possa estar nos aguardando ao virar a próxima esquina.
Na Bhagavad Gita (III:35), o deus Vishnu, encarnado como Krishna, instrui Arjuna sobre o próprio dharma: “Mais vale cumprir o próprio dharma, ainda que de forma imperfeita, do que cumprir de maneira perfeita o dever de outrem. É melhor sucumbir desempenhando seu próprio dever. É perigoso cumprir deveres alheios”. Esta frase, dita no momento em que inicia uma grande guerra onde muitos irão morrer, soa de fato como algo heróico e aterrorizante. Assim, naturalmente, podemos pensar que talvez svadharma seja isso: um destino grandioso que precisamos encontrar, ou um sentido oculto para a nossa vida que devemos achar antes que seja tarde demais, e que talvez seja perigoso.
As palavras de Krishna devem ser interpretadas dentro do contexto em que foram ditas. De fato, o dever de Arjuna como guerreiro e comandante de um exército é lutar e se for preciso morrer, realizando seu dharma. Não obstante, se formos considerar que a imensa maioria de nós não tem esse destino glorioso e assustador, poderíamos definir o svadharma noutros termos, muito mais humildes e próximos do nosso cotidiano, porém que a aplicam tanto ao caso de Arjuna quanto ao nosso: svadharma é fazer seu próprio dever, fazer aquilo que deve ser feito. Nada mais. Nada menos. OK, pode pensar o amigo leitor, mas o que isso exatamente significa?
Qual é meu dever?
Quando Krishna, no papel do professor ideal, diz para Arjuna que é melhor falhar realizando seu próprio dever do que acertar cumprindo o dever dos demais, ele quer dizer que é desejável usar da maneira mais adequada o livre arbítrio do qual todos nós, enquanto humanos, somos dotados. Noutras palavras, não devemos escolher dominados pelos nossos gostos ou aversões, mas pela visão daquilo que é certo ou errado. O certo e o errado são muito fáceis de se definir: certo é aquilo que nós gostaríamos que os demais fizessem conosco. Errado é aquilo que não queremos que os outros nos façam.
Estas afirmações nos levam para a seguinte reflexão: enquanto pessoas maduras, nós só devemos escolher o que é certo, quando colocados numa disjuntiva. Porém, na dinâmica da vida, onde as nuanças do cinza são infinitamente mais variadas que o negro desta tinta impressa sobre o branco do papel da revista, isto deve ser corretamente compreendido. Às vezes, aquilo de que gostamos coincide exatamente com aquilo que é correto e aquilo de que não gostamos se encaixa com o que é errado. Numa situação dessas, não precisamos nem pensar, apenas agimos de maneira espontânea e pronto: já estamos realizando nosso svadharma. No entanto, noutros momentos essa situação não se apresenta de maneira tão clara assim e é preciso agir de maneira deliberada.
Ações espontâneas, ações deliberadas.
Uma vez, estávamos numa estrada em Bali, voltando para casa muito tarde na noite, depois de nos despedir de um amigo que voltava para o Brasil. Quando paramos o carro num cruzamento importante, testemunhamos um acidente espetacular: duas motos bateram em alta velocidade e três pessoas saíram patinando pelo asfalto por muitos metros. Depois do barulho e as faíscas, apenas silêncio e três corpos no asfalto no meio da noite. Estávamos cansados, era tarde, não havia ninguém olhando, e nós poderíamos simplesmente ter seguido em frente. Mas, nesse caso, o nosso desejo não coincidia com aquilo que era certo: se fossem nossos corpos estendidos na estrada e não os daquelas pessoas, gostaríamos que os outros seguissem indiferentemente seu próprio caminho?
Não havia opção possível. Essa era a hora da ação deliberada: contrariando o desejo dos nossos corpos cansados por chegar logo na cama, paramos o carro no meio da estrada, de maneira que os poucos carros que passavam não atropelassem os acidentados e começamos, a examinar os corpos com cuidado. Os três, aliás, muito jovens, tinham um forte cheiro de álcool e, para nossa surpresa, estavam quase inteiros: alguns arranhões profundos, um osso quebrado aqui e acolá, mas nada de crânios esmagados, membros decepados ou fígados arrancados. Incrivelmente, os três dormiam profundamente. Estavam muito bêbados, mas tiveram aquela sorte louca dos que estão totalmente entregues às circunstâncias.
Agimos desde a certeza de que gostaríamos de ter a solidariedade dos demais, se a precisássemos numa emergência como essa. Com a ajuda de um policial que apareceu um tempo depois numa motinho (o que foi bom, pois dividimos a responsabilidade com ele, que assumiu as decisões), carregamos os três no porta-malas e o assento de trás do nosso jipe alugado e fomos para um hospital. O caminho foi longo. A Ângela estava enjoada com o cheiro do sangue e álcool e começou a passar mal. Eu estava com um nó na boca do estômago, por causa da tensão e o receio de ter feito algo errado, pois sabia perfeitamente que não devemos mexer em corpos de acidentados.
Mas havíamos seguido as instruções do policial para transportar os corpos, já que a situação era crítica. Conhecendo bem a Indonésia, tanto o policial quanto nós sabíamos que, se deixássemos os garotos deitados no asfalto do jeito que estavam, seriam atropelados antes da chegada de uma ambulância, o que poderia demorar horas, ou nem sequer acontecer. Eu também pensava se, na chegada no hospital, as pessoas não iriam nos acusar de ter atropelado os jovens, e que isso poderia complicar muito a nossa situação, apesar da boa intenção com que tínhamos agido. Mas nada disso aconteceu: na chegada, um enfermeiro que mais parecia um lutador de sumô mal-encarado, jogou descuidadamente os garotões em três macas e nos dispensou sem muita cerimônia. Fomos dormir tranquilos e aliviados.
Por que dharma?
Qual é meu ganho, se seguir o dharma? Qual é o efeito? Por que deveríamos agir dentro dele? Por algo muito especial: quando eu sei o que devo fazer, quando conheço meu papel na sociedade, fico tranquilo. Quando consigo discernir o certo do errado, e escolher deliberadamente o que é certo, mesmo a pesar do meu próprio prazer ou conforto, me fortaleço imensamente. Quando minhas ações estão alinhadas com o bem comum, fico em paz pois encontro o meu lugar na ordem das coisas. Cabe lembrar que a palavra dharma significa, dentre outras coisas, ordem, harmonia.
Svadharma nos relacionamentos.
Esses deveres que chamamos dharma, por sua vez, constituem direitos, quando olhados desde o outro lado. Se eu faço aquilo que é certo, o que é certo é meu dharma, meu dever. Do outro lado dessa afirmação há outra pessoa ou outras pessoas: o meu cônjuge, a minha família ou a sociedade. Ou seja, o meu dever em relação ao meu cônjuge se torna o direito dele ou dela. O meu dever em relação à minha família é o direito dela. O meu dever para com a sociedade é o direito dela.
O direito do cidadão é (ou deveria ser) garantido pelo Estado, que representa (ou deveria representar) o dever da sociedade em relação ao indivíduo. Muitas vezes gritamos alto para reivindicar nossos direitos, mas esquecemos de ter o mesmo zelo na hora de cumprir os nossos deveres. Direitos e deveres relacionais, familiares e sociais são relativos, e dependem de tempo, lugar e circunstância, mas a regra de ouro é sempre seguida: não devemos deixar de fazer pelos demais o que esperamos que eles façam por nós. Os detalhes mudam de geração para geração, ajustando-se aos tempos e ao estágio de maturidade de cada sociedade. A essência do dharma permanece.
Assim, temos a possibilidade de realizar ações espontâneas e ações deliberadas. Svadharma é, agindo deliberadamente, fazer aquilo que é correto. Este é um dos aspectos do Karma Yoga. É necessário pontuar a importância da ação deliberada pois, na maior parte das vezes, o meu desejo contradiz o que é certo. Ou, como diz aquela velha música do Roberto Carlos: “tudo o que gosto é imoral, ilegal ou engorda”. Esse livre arbítrio para escolher entre o prazeroso é o certo é uma das coisas que nos faz humanos.
Qual é o dharma do indivíduo em relação ao Todo?
Um dos pontos centrais deste ensinamento é a compreensão da relação intrínseca entre o indivíduo e o Todo. O indivíduo é chamado vyashti, o Todo, Samashti. Se eu não compreender essa relação, não poderei compreender as demais. E, para compreender essa relação que devo manter com o Todo preciso, primeiramente, compreender quem sou e o que é o Todo. Assim o esteio fundamental do ensinamento do Yoga é que o indivíduo é idêntico ao Todo. Em poucas palavras, o Todo é a inteligência que mantém a coesão das coisas e os seres vivos, que é intrínseca à criação. O indivíduo é você, enquanto ser humano encarnado. Perceber essa identidade é ter moksha, liberdade, já que ao conhecer a nós mesmos como completude, todas as ideias equivocadas que possamos ter em relação à nossa auto-identidade são eliminadas. Assim, vivemos em paz e felizes.
Qual é o meu dharma em relação a mim mesmo?
Cada um de nós nasce dotado de alguma habilidade especial. Naturalmente cria-se um conflito na adolescência em relação às escolhas que a pessoa deve fazer, já que isso vai definir muitas coisas no seu futuro. Às vezes, esse conflito da adolescência se estende à juventude e à fase adulta Assim, algumas pessoas chegam aos 30 ou 40 anos de idade sem ter claro o que querem para si na vida. Se esse for meu caso, ao invés de me angustiar por não ter clara essa vocação profissional, preciso ficar atento às coisas que a vida vai me revelando, aos caminhos que se abrem à minha frente, e escolher aqueles que, sendo prazerosos ou não, estejam em harmonia com o bem comum. Naturalmente, irei escolher aqueles que me forem mais agradáveis, mas não preciso me angustiar por não ter uma vocação meridianamente clara. O que verdadeiramente importa, independentemente das ações que faço, é me manter fiel aos próprios princípios. Aqueles valores dos quais não abro mão de jeito nenhum, são também meu svadharma.
Qual é o dharma do marido em relação à esposa?
Digamos que eu seja feliz e a minha esposa não. Como poderia eu desfrutar da minha felicidade vendo ela sentada num canto da casa, triste e chorando? Se sou casado, a felicidade da minha esposa é a minha felicidade. Meu dever, enquanto marido, é criar condições para a felicidade da minha mulher e não para fazê-la sofrer. Isso significa cultivar compaixão, fazer o outro se sentir valorizado, mostrar interesse, afeto e carinho em todos os momentos. Então, mesmo que seja em meu próprio benefício, eu deveria cuidar muito bem da felicidade da minha esposa. Obviamente, essas atitudes precisam ser recíprocas para que a relação flua da melhor maneira.
Qual é o dharma dos filhos em relação aos pais?
O dever dos filhos em relação aos nossos pais é cuidar deles. É conseguirmos uma forma de comunicação que seja expressão da gratidão que temos por eles terem feito a coisa certa ao nos educar. Provavelmente, se você é um adulto que está lendo esta revista, seus pais fizeram a coisa certa ao lhe ensinar os valores que lhe trouxeram até onde você está agora. Mesmo se tivermos alguma lamúria ou cobrança para lhes fazer, devemos pensar neles com reverência e reconhecimento. Essa gratidão não deveria ficar apenas no plano dos pensamentos ou sentimentos, mas precisa estender-se às ações: demonstrar agradecimento, cultivar a paciência ou dedicar um tempo diário ou semanal a estar e desfrutar com eles, principalmente quando eles estão na terceira idade, são boas maneiras de cumprir nosso dharma em relação aos nossos genitores.
Qual é o dharma dos pais em relação aos filhos?
O dever dos pais em relação aos filhos é prover as condições necessárias para que possam crescer e desenvolver suas habilidades da maneira mais adequada. Assim, é importante que, como pais, demos aos filhos a liberdade para que eles desenvolvam as próprias vocações. Outro dos deveres dos pais é prover amparo e dar aos filhos uma educação com valores que lhes permita compreender que, mais que consumidores, devem crescer como contribuidores para uma sociedade melhor. Noutro plano, se formos pensar na vida de Yoga, o dever dos pais é lembrar aos filhos que existem aspectos da vida muito mais importantes do que simplesmente ter sucesso, prosperidade, prazeres ou confortos materiais sem, é claro, negar a importância desses fatores.
Qual é o dharma da sogra em relação à nora?
A sogra deveria, também em seu próprio benefício, dar à nora total liberdade para que ela seja como é, e para que possa viver feliz com seu marido. Toda sogra deve ter sido nora em algum momento: pode acontecer que ela esteja projetando na nora as frustrações e ansiedade sofridas nas mãos da própria sogra. Muitas vezes, o problema da sogra nasce do sentimento de possessividade que ela nutre pelo filho. Havendo o filho nascido dela, sua tendência natural é pensar nele como uma extensão dela mesma. No entanto, o fato é que ninguém é apêndice de ninguém e a sogra deve ter cuidado para exercer o desapego em relação ao filho, em benefício da felicidade de todos.
Qual é o dharma do cidadão em relação à sociedade?
Embora não esteja de moda nestes tempos de corrupção dominante, tráfico de influência, desvio de recursos públicos e outros crimes praticados descaradamente à luz do dia por uma boa parte dessa inqualificável classe de políticos e governantes que temos que suportar no Brasil, isso não nos isenta de, como cidadãos, fazer a nossa parte. Isso não quer dizer apenas pagar mansamente os impostos, mas também levantar a nossa voz quando se fizer necessário, seja para protestar, seja para apontar ações necessárias para melhorar as condições de vida da sociedade.
É dever de todos, não apenas compreender o que está acontecendo na nossa localidade, mas igualmente participar ativamente, oferecendo soluções, se for o caso, para melhorar as condições da comunidade em que vivemos. Dentre outras coisas, cabe lembrar que um dos deveres do cidadão, em relação ao Estado, é justamente o de escolher bem os governantes e, se for o caso, ajudar os demais a fazer uma escolha esclarecida. Pense nisso nas próximas eleições.
Conclusões.
Bom, esta lista poderia se estender bastante mais, mas vamos parar por aqui, citando duas estrofes de um mantra védico chamado Svastipatha, que ilustra o que seriam esses direitos e deveres dhármicos numa sociedade harmoniosa:
Om. Que a prosperidade e o bem-estar sejam glorificados.
Que os governantes nos governem com retidão e justiça.
Que a sabedoria e o conhecimento sejam protegidos.
Que todos os seres, em todos os lugares, sejam felizes.
Om, que haja prosperidade para todos.
Que todos vivam em paz; que todos sintam a plenitude.
Que todos estejam bem; que todos sejam felizes.
Que todos estejam livres de doenças.
Que todos vejam o bem; que ninguém sofra.
Como acabamos de ver, o svadharma é realizado nas pequenas coisa do cotidiano. De vez em quando aparece alguma tarefa mais delicada, como aquele acidente em Bali mas, de modo geral, seguir o próprio dharma tem mais a ver com estar atento em relação às coisas que a vida nos coloca, e trilhar com cuidado os caminhos que estamos seguindo, do que em buscar alguma vocação ou destino glorioso.
Destino glorioso também é uma expressão que precisa ser bem compreendida: não estamos dizendo que isto que devamos nos resignar a ter uma vida medíocre ou cinza, mas sermos capazes de ver que, mesmo nas menores coisas do dia-a-dia, é possível vivermos a plenitude e a tranquilidade que nos dá o fato de saber que estamos fazendo a coisa certa. A questão que verdadeiramente importa não é se seremos famosos, ricos ou heróicos, mas se somos fiéis a nós mesmos e aos nossos valores, e se realizamos a nossa felicidade, independentemente do tipo de trabalho que fazemos. Namaste!"
Fonte: http://www.yoga.pro.br/artigos/980/7/dharma-sem-drama
segunda-feira, 21 de fevereiro de 2011
Viajando com as Grandes Almas na serenidade - (Wagner Borges)
(Nas Ondas da Primavera do Amor)
"Há Almas boas, tranqüilas e magnânimas, que, como a primavera, fazem bem a todos. Em silêncio, elas ajudam a todos, na grande travessia dos oceanos das existências seriadas. Fazem isso apenas por sua pura bondade. Não esperam reconhecimento nem aspiram recompensas cármicas ou celestes.
São anonimamente serenas, serenamente anônimas...
Ajudam a todos, incondicionalmente, secretamente...
Trabalham interdimensionalmente por obra e graça do AMOR QUE GERA A VIDA!
São bem poucos os que percebem sua ação sutil entre os homens.
Mas, são muitos os que estão bloqueados pelo egoísmo.
Contudo, são principalmente esses que precisam mais de sua ajuda incondicional.
Essas Almas magnânimas jamais julgam alguém. Pois, quando o amor comanda o coração, formam-se cascatas de bênçãos projetadas invisivelmente pelos espaços... E o amor não julga, só ama!
Ah, essas Grandes Almas Serenas, que não aparecem nas enciclopédias do mundo, nem apresentam biografias cheias de feitos, e muito menos medalhas brilhando no peito. Não, o brilho delas é bem outro.
É o brilho do amor que ama sem nome!
É o brilho do coração realizado na paz.
É o brilho do olhar silencioso que atravessa os diversos planos e dimensões e abençoa os pequeninos e esquecidos do mundo.
É o mesmo brilho que ergue as almas caídas nos limbos astrais.
Ah, essas Grandes Almas, que não ostentam nome ou grau, mas que velam por todos os seres...
Basta apenas um pensamento delas chegar em nossas consciências, para que tudo melhore.
Então, mesmo que as próprias palavras não façam justiça ao grande amor que sentimos, escrevemos.
E agradecemos a essas grandes Almas Magnânimas e Serenas.
ALMA LIVRE VI*
"Há uma luz que brilha mais do que bilhões de sóis juntos.
É a essência da alma!
Essa é a luz que brilha no coração".
Há almas livres, tranqüilas e bondosas que, como a primavera, fazem bem a todos.
Sem nada pedir, Elas ajudam invisivelmente os homens em sua longa travessia pelos mares encapelados das existências seriadas na Terra.
Essas almas livres são pura consciência, puro amor, plenas de paz e serenidade.
Não estão estacionadas em algum paraíso ocioso imaginado pela ignorância humana, mas participam interdimensionalmente da vida universal, sempre mantendo seu anonimato e colaborando de forma secreta com o progresso das miríades de raças espalhadas pela imensidão sideral.
Ah, essas almas livres! Benfeitoras silenciosas...
Secretamente Elas emanam colunas energéticas coloridas sobre a humanidade, como se fossem arco-íris projetados verticalmente sobre as pessoas.
Então, inspirados por Elas, surgem em nós aquelas idéias criativas e aqueles sentimentos elevados.
Somos possuídos por um AMOR incomensurável, que não se explica, só se sente.
Na carona vibracional desse AMOR viajamos espiritualmente...
Ah, essas almas-primavera, fazem bem a todos!
Jamais condenam, somente amam em silêncio.
Jamais impõem o que quer que seja, apenas inspiram suavemente.
São como pássaros canoros da espiritualidade, e o seu canto melodioso só é percebido na câmara secreta do coração espiritual.
E quando alguém é tocado por esse canto sutil, torna-se avatar do AMOR, e, por sua vez, toca a outros interdimensionalmente.
Ah, essas almas-canoras, projetam o seu canto como arco-íris!
E quando alguém desperta do sono de Maya, Elas sorriem e agradecem ao TODO.
Essas almas livres, tranqüilas e bondosas que, como a primavera, fazem bem a todos.
(Esses escritos são dedicados a Ramana Maharishi, Osho e Paramahamsa Yogananda.)
Paz e Luz.
Wagner Borges"
Wagner Borges é pesquisador, conferencista e instrutor de cursos de Projeciologia e autor dos livros Viagem Espiritual 1, 2 e 3 entre outros.
Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=3896
"Há Almas boas, tranqüilas e magnânimas, que, como a primavera, fazem bem a todos. Em silêncio, elas ajudam a todos, na grande travessia dos oceanos das existências seriadas. Fazem isso apenas por sua pura bondade. Não esperam reconhecimento nem aspiram recompensas cármicas ou celestes.
São anonimamente serenas, serenamente anônimas...
Ajudam a todos, incondicionalmente, secretamente...
Trabalham interdimensionalmente por obra e graça do AMOR QUE GERA A VIDA!
São bem poucos os que percebem sua ação sutil entre os homens.
Mas, são muitos os que estão bloqueados pelo egoísmo.
Contudo, são principalmente esses que precisam mais de sua ajuda incondicional.
Essas Almas magnânimas jamais julgam alguém. Pois, quando o amor comanda o coração, formam-se cascatas de bênçãos projetadas invisivelmente pelos espaços... E o amor não julga, só ama!
Ah, essas Grandes Almas Serenas, que não aparecem nas enciclopédias do mundo, nem apresentam biografias cheias de feitos, e muito menos medalhas brilhando no peito. Não, o brilho delas é bem outro.
É o brilho do amor que ama sem nome!
É o brilho do coração realizado na paz.
É o brilho do olhar silencioso que atravessa os diversos planos e dimensões e abençoa os pequeninos e esquecidos do mundo.
É o mesmo brilho que ergue as almas caídas nos limbos astrais.
Ah, essas Grandes Almas, que não ostentam nome ou grau, mas que velam por todos os seres...
Basta apenas um pensamento delas chegar em nossas consciências, para que tudo melhore.
Então, mesmo que as próprias palavras não façam justiça ao grande amor que sentimos, escrevemos.
E agradecemos a essas grandes Almas Magnânimas e Serenas.
ALMA LIVRE VI*
"Há uma luz que brilha mais do que bilhões de sóis juntos.
É a essência da alma!
Essa é a luz que brilha no coração".
Há almas livres, tranqüilas e bondosas que, como a primavera, fazem bem a todos.
Sem nada pedir, Elas ajudam invisivelmente os homens em sua longa travessia pelos mares encapelados das existências seriadas na Terra.
Essas almas livres são pura consciência, puro amor, plenas de paz e serenidade.
Não estão estacionadas em algum paraíso ocioso imaginado pela ignorância humana, mas participam interdimensionalmente da vida universal, sempre mantendo seu anonimato e colaborando de forma secreta com o progresso das miríades de raças espalhadas pela imensidão sideral.
Ah, essas almas livres! Benfeitoras silenciosas...
Secretamente Elas emanam colunas energéticas coloridas sobre a humanidade, como se fossem arco-íris projetados verticalmente sobre as pessoas.
Então, inspirados por Elas, surgem em nós aquelas idéias criativas e aqueles sentimentos elevados.
Somos possuídos por um AMOR incomensurável, que não se explica, só se sente.
Na carona vibracional desse AMOR viajamos espiritualmente...
Ah, essas almas-primavera, fazem bem a todos!
Jamais condenam, somente amam em silêncio.
Jamais impõem o que quer que seja, apenas inspiram suavemente.
São como pássaros canoros da espiritualidade, e o seu canto melodioso só é percebido na câmara secreta do coração espiritual.
E quando alguém é tocado por esse canto sutil, torna-se avatar do AMOR, e, por sua vez, toca a outros interdimensionalmente.
Ah, essas almas-canoras, projetam o seu canto como arco-íris!
E quando alguém desperta do sono de Maya, Elas sorriem e agradecem ao TODO.
Essas almas livres, tranqüilas e bondosas que, como a primavera, fazem bem a todos.
(Esses escritos são dedicados a Ramana Maharishi, Osho e Paramahamsa Yogananda.)
Paz e Luz.
Wagner Borges"
Wagner Borges é pesquisador, conferencista e instrutor de cursos de Projeciologia e autor dos livros Viagem Espiritual 1, 2 e 3 entre outros.
Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=3896
O caminho para encontrar a sua Alma Gêmea é óbvio... - (Rosana Braga)
... mas nem por isso, fácil!
"Parece-me que a ânsia de encontrar a Alma Gêmea tem se tornado, cada vez mais, desenfreada. Homens procuram incessantemente uma mulher que os complete, que os tornem mais inteiros; no entanto, negam esse desejo e se perdem em meio aos seus próprios paradoxos, às suas próprias contradições. Da mesma forma, mulheres procuram, todo tempo, por um homem que lhes faça felizes, que as tornem mais plenas e que dê um sentido mais belo para suas vidas. Mas também aprenderam a mascarar esse desejo e a se conformarem com relações superficiais, passageiras, que não as levam a nada e também não acrescentam nada... E perdidos e confusos por suas contradições internas, homens e mulheres não percebem que o caminho é óbvio, mas que o óbvio é, geralmente, mais difícil de ser compreendido do que o complexo.
Nossas mentes se acostumaram às questões complexas, cheias de "senão" e "porquê". Quando precisamos lidar com o óbvio, o simples, não conseguimos chegar a uma conclusão. Sabe por que? Porque o simples não tem explicação; necessita apenas de sentimento. Não fomos treinados para sentir. Quem sente é considerado tolo, mole, sem juízo. Inteligente e perspicaz é quem tem habilidade para pensar!
Tolice, bobagem! Somos seres feitos para pensar e sentir, na mesma proporção; mas como temos vivido durante séculos voltados para o pensamento, neste momento precisamos urgentemente de homens e mulheres capazes de sentir. O planeta está carente de sentimento, de simplicidade, de amor!
E é exatamente essa ansiedade que criamos em torno da busca por nossa Alma
Gêmea que torna o caminho sempre mais desconhecido do que poderia e deveria ser.
O caminho me parece óbvio. Não fácil, mas óbvio! O próprio nome revela o segredo; preste atenção: alma gêmea...
Se aparecesse alguém em sua vida e lhe dissesse que você tem um irmão gêmeo e que vocês se formaram numa única placenta, o que você tomaria como base para encontrá-lo? Certamente, levaria em conta o fato de serem muito parecidos fisicamente e lançaria mão do conhecimento que você tem de seu próprio rosto, de seus próprios traços, de seu próprio corpo. Esses dados você já tem, pois passou a vida inteira se olhando no espelho, não é?! Se uma manchinha estranha aparece em sua coxa direita, imediatamente você percebe, pois está em constante contato com o seu corpo...
Somente a partir de então sairia à procura desse irmão, não estou certa? Isso é óbvio! A gente só procura algo do qual já se tem alguma informação. Suponhamos que você seja incumbido de encontrar uma pessoa desaparecida. A primeira coisa que você vai pedir é uma foto dessa pessoa. É claro! É óbvio!
Mas, no nosso caso, estamos em busca de nossa Alma Gêmea, ou seja, estamos em busca de uma alma e as almas, até onde eu sei, não têm forma definida, não têm cor de pele, enfim, não têm as mesmas características de um corpo físico.
Portanto, não podemos saber, antecipadamente, se nossa Alma Gêmea está num corpo branco ou moreno, alto ou baixo, gordo ou magro, de cabelos lisos ou cacheados, enfim, não temos informações sobre o corpo de nossa Alma Gêmea, mas ainda assim podemos ter informações preciosas sobre a alma dessa pessoa. Claro! Ela é gêmea da nossa!!! Bidu!
Sendo assim, creio que só existe um caminho que nos leva a esse encontro, ao encontro de nossa Alma Gêmea: o de dentro, o que nos leva ao profundo e verdadeiro conhecimento de nossa própria alma. E se você não acredita nisso, pense: o caminho é absolutamente lógico: como você poderá reconhecer uma alma que é gêmea da sua se você nem olha para a sua alma, se você não está interessado em conhecer os cantos mais preciosos e ricos de sua própria alma. O reconhecimento é impossível!
O mapa do tesouro está em cada um. Ao invés de sair por aí carregando ansiedade, leve informações seguras, leve dados claros e precisos. Ao invés de sair pela vida desembestado e inconsciente em busca de alguém que não se sabe nada a respeito, o melhor e mais inteligente é, antes, colher dados que permitam identificar esse alguém. E só há uma maneira de fazer isso: conhecendo a si mesmo!
O autoconhecimento é a única ferramenta eficaz para que o encontro seja certeiro. Estamos falando de nossa metade... de alguém cuja alma tem muita semelhança com a nossa...
Você pode estar pensando que já conheceu muitas pessoas parecidas com você no que se referia ao jeito de pensar, de agir e de ser, ou seja, pessoas que tinham a alma com características semelhantes à sua. No entanto, essas são características fáceis de se perceber. Com pouco tempo de convivência, podemos notar tais semelhanças ou diferenças; e eu disse, antes, que o caminho é óbvio, mas nem por isso, fácil.
Conhecer a própria alma não é tarefa para alguns dias ou meses. É tarefa, em princípio, para a vida toda. Estamos em constante transformação, evolução, aprendizagem e assimilação. Conhecer a própria alma exige muito mais do que uma percepção superficial.
Genericamente falando, muitas pessoas são semelhantes, mas quando conhecemos alguém e, principalmente, a nós mesmos profundamente, com interesse e amor, podemos descobrir a magia da exclusividade. Não existe ninguém igual a ninguém, nem mesmo os gêmeos, nem mesmo as almas gêmeas. Cada qual carrega em si algo de individual, de particular, de ímpar.
Na verdade, o que buscamos numa alma que seja gêmea da nossa é um nível superior de semelhanças, é alguém que, apesar de viver sua singularidade, olha na mesma direção que a gente, caminha com ritmo e intenções semelhantes às nossas.
Sendo assim, nessa busca serão necessários sensibilidade, doação de si mesmo e, acima de tudo, percepções livres de preconceitos e prejulgamentos. Talvez, a busca leve muito mais tempo do que gostaríamos. Conhecer a nossa própria alma já é trabalho que exige muita dedicação e empenho; um trabalho que, muitas vezes, nos causará angústias, decepções, dores e amadurecimento.
Quando nos comprometemos com o autoconhecimento, encaramos de frente todas as nossas características e isso inclui os defeitos, aquilo que faz parte de nós e que, na maioria das vezes, preferimos ignorar, esquecer...
Somos seres de luz e de sombra e, segundo a minha metade, o meu amor, quanto maior for a nossa luz, maior será a nossa sombra. E o grande segredo não é excluir nossa sobra, pois além de impossível, isso significaria abrir mão também de nossa luz, isto é, uma não pode existir sem a outra, simplesmente pelo fato de sermos humanos.
O grande segredo é conhecermos e acolhermos a nossa sombra. Somente assim, poderemos agir com sabedoria quando esta sombra vier à tona; somente assim, poderemos transformar a sombra em luz...
Muitas vezes, apontamos determinado comportamento em alguém como um defeito insuportável, mas não somos capazes de perceber que também somos assim... que também temos defeitos que, ao olhos de alguém, podem parecer insuportáveis.
Você pode até estar ao lado de sua Alma Gêmea, mas caso você não se dê conta disso, as chances de conseguir manter esse relacionamento podem estar seriamente comprometidas. É somente quando conseguimos compreender a nós mesmos e nos perdoarmos e nos amarmos que podemos realmente compreender, perdoar e amar o outro.
Ninguém poderá, de fato, amar e aceitar e conviver com uma alma gêmea se, bem lá no fundo, não suporta ficar a sós consigo mesmo, não consegue viver com harmonia e paz interior.
Acredito que uma das formas mais comuns que escolhemos para não entrarmos em contato com nossa alma e, consequentemente, com nossa sombra e nossas "podridões pessoais", seja falando. Algumas pessoas chegam a Ter uma espécie de compulsão para falar. Falam, falam e falam o tempo todo... Quem muito se explica e muito se justifica é porque não está conseguindo convencer nem a si mesmo.
A convivência entre um ser humano e o silêncio é, provavelmente, uma das mais difíceis. As palavras são mestras, mas o silêncio é luz, é poder, é sabedoria! Mas não estou falando do silêncio que leva a nossa mente a um turbilhão de pensamentos. Falo do silêncio que nos coloca em contato com nosso interior: aquele momento em que focamos nossa mente numa determinada atitude, num determinado diálogo que tivemos com alguém... aquele momento em que nos sentimos genuinamente felizes ou profundamente tristes ou arrependidos.
É este o caminho do autoconhecimento; é esta a essência da busca: quando somos capazes de sorrirmos para nós mesmos... ou quando choramos por dentro... mesmo que as lágrimas não surjam, sabemos que elas brotaram na alma... São momentos como esses que devem ser cultivados e valorizados. Precisamos dessa avaliação pessoal e tão valiosa para o crescimento e o conhecimento da alma.
Quem está realmente interessado em encontrar sua Alma Gêmea sabe que as almas gêmeas existem porqueforam, num determinado momento, divididas para que pudessem evoluir. Evolução! Você tem se empenhado em evoluir?!? Você sabe o que significa evoluir no sentido anímico?
É uma evolução que acontece independentemente do dinheiro que temos ou daquele que gastamos, da posição social na qual estamos inseridos, do cargo que ocupamos no emprego, enfim, independe de qualquer status. A evolução da alma pode acontecer no local mais pobre e sem recursos que você já tenha visto, porque o que mais temos visto nesse mundo de desigualdades sociais são almas miseráveis rodeadas de luxo e almas muitíssimo evoluídas vivendo na pobreza, sem grandes acúmulos materiais.
Os bens materiais podem (eu disse PODEM) ser facilitadores para a evolução, mas até para isso, é preciso que ante, haja nobreza na alma de quem ganha esse dinheiro. Caso contrário, ele só servirá para tornar essa pessoa materialista, fria, egoísta e perdida em si mesma. Porque o dinheiro pode destruir a alma daqueles que nunca foram capazes de olhar para dentro de si, para aqueles que não desenvolveram sua espiritualidade e terminaram acreditando que tudo o que realmente importa está fora, está nas coisas, nas posses e nos valores que acumularam ao longo de suas vidas.
Por outro lado, existem muitas almas que conseguem evoluir ainda mais rapidamente justamente porque enxergam a dor e a tristeza que há na pobreza e nas injustiças como um caminho para o enriquecimento interior.
Leo Buscaglia, em seu livro Vivendo, Amando e Aprendendo (o que eu mais gosto), escreveu: "Primeiro as pessoas. Depois as coisas."
Vemos tanta gente se importando antes com as coisas e depois com as pessoas, não é? Vemos tantos casais jurando que se amam e, depois de algum tempo, praticamente se engolindo por causa das coisas que juntaram, numa briga insana pela divisão de bens...
O caminho é pessoal. Cada um tem seu jeito próprio de enxergar as situações, interpretá-las e usá-las - ou não - em prol de si mesmo. O que pode comover você, talvez não comova a mim, e vice-versa. Mas a verdade é que evolução não se trata de magia ou sorte ou destino, nem sequer de opção religiosa ou conhecimentos teóricos. Talvez esses sejam detalhes que atuem a favor da evolução, mas não determinantes.
Jesus Cristo é um ótimo exemplo para esta verdade. Um Mestre que viveu toda a sua vida num vilarejo, rodeado de humildade e trabalho. Nunca cursou uma universidade, nunca se distanciou da cidade onde nasceu, nunca escreveu um livro e nunca se apossou de nada que não fosse a sua própria fé. E nunca, em nenhum tempo da história, um homem influenciou tão poderosamente a vida da humanidade. Depois de mais de 2 mil anos de sua passagem pela Terra, todo o planeta está, de uma forma ou de outra, tocado por esta vida singular...
Mas, enfim, a escolha é de cada um. Eu posso compreender que sou um ser humano exclusivo (diferente de todos os que já existiram, existem e irão existir) em busca de uma Alma Gêmea que, embora tenha muitas características parecidas com as minhas, também é um ser humano exclusivo e tem sua individualidade que merece absoluto respeito.
E, sendo assim, posso me concentrar em mim mesma e tentar crescer e conhecer mais sobre mim a cada dia. Ou eu posso - a escolha é minha, e só minha - passar a vida inteira me comparando com outras pessoas e reclamando das chances que perdi e das oportunidades que a vida não me deu e das vantagens que não me ofereceram...
É, talvez seja mais fácil culpar as pessoas e o mundo pelo que não somos capazes de conquistar, mas definitivamente essa escolha não nos levará à nada e nem à lugar nenhum, muito menos à nossa Alma Gêmea; a menos que essa nossa metade esteja tão estagnada quanto nós... e aí, as únicas "preciosidades" que teremos para compartilhar são sentimentos e sensações como frustração, derrota, falta de coragem, acomodação e covardia.
Mas o que acontece, geralmente, com pessoas desse tipo, que vivem constantemente criticando o que o mundo lhes tem oferecido, sempre julgando que mereciam mais do que têm, é que, caso tenham a "sorte" de encontrar uma Alma Gêmea que poderia lhes tirar dessa espécie de paralisia, julgam-na muito pouco, acreditam que as Almas Gêmeas dos outros são melhores e mais interessantes que a sua...
Viver e Ser não é uma questão melhor ou pior, de certo ou errado... É uma questão de equilíbrio, de sensibilidade e de respeito por si mesmo e, consequentemente, pelo outro.
Temos duas (somente duas) alternativas: OU assumimos o que somos, tomamos as rédeas de nossas vidas e fazemos alguma coisa para nos conhecermos muito bem e evoluirmos um pouquinho que seja a cada dia de nossa vulnerável e efêmera existência aqui na Terra, atuando de fato sobre nossa própria Alma OU permanecemos a deriva do tempo, lamentando o que não nos acontece e simplesmente deixando a vida passar, como se a felicidade fosse uma espécie de surpresa ou presente que, algum dia, talvez, alguém nos venha entregar, em nossa porta, sem que nada precisemos fazer para merecê-la...
Mas certamente, qualquer que seja a nossa escolha, o tempo não nos espera; ele não diminui o seu ritmo e muito menos pára, até que tenhamos condições de acompanhá-lo. Porque, na verdade, todos nós já nascemos com as condições necessárias para acompanhá-lo...
E, mais cedo ou mais tarde, todos nós perceberemos a constante atuação dele sobre nossas vidas! Da mesma forma que nossas rugas poderão significar boas lembranças, satisfação de realização e gratidão por essa maravilhosa oportunidade de ter estado aqui, poderá significar desespero, arrependimento e um amargo sabor de derrota...
Ninguém pode escolher pelo outro. A escolha é pessoal e intransferível. Depende exclusivamente de cada um. Eu sugiro que você faça a sua escolha imediatamente e que possa, sinceramente, estar consciente dela!"
Rosana Braga é Palestrante, Jornalista, Consultora em Relacionamentos e Autora dos livros "O PODER DA GENTILEZA" e "FAÇA O AMOR VALER A PENA", entre outros.
http://www.rosanabraga.com.br/
Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=1937
"Parece-me que a ânsia de encontrar a Alma Gêmea tem se tornado, cada vez mais, desenfreada. Homens procuram incessantemente uma mulher que os complete, que os tornem mais inteiros; no entanto, negam esse desejo e se perdem em meio aos seus próprios paradoxos, às suas próprias contradições. Da mesma forma, mulheres procuram, todo tempo, por um homem que lhes faça felizes, que as tornem mais plenas e que dê um sentido mais belo para suas vidas. Mas também aprenderam a mascarar esse desejo e a se conformarem com relações superficiais, passageiras, que não as levam a nada e também não acrescentam nada... E perdidos e confusos por suas contradições internas, homens e mulheres não percebem que o caminho é óbvio, mas que o óbvio é, geralmente, mais difícil de ser compreendido do que o complexo.
Nossas mentes se acostumaram às questões complexas, cheias de "senão" e "porquê". Quando precisamos lidar com o óbvio, o simples, não conseguimos chegar a uma conclusão. Sabe por que? Porque o simples não tem explicação; necessita apenas de sentimento. Não fomos treinados para sentir. Quem sente é considerado tolo, mole, sem juízo. Inteligente e perspicaz é quem tem habilidade para pensar!
Tolice, bobagem! Somos seres feitos para pensar e sentir, na mesma proporção; mas como temos vivido durante séculos voltados para o pensamento, neste momento precisamos urgentemente de homens e mulheres capazes de sentir. O planeta está carente de sentimento, de simplicidade, de amor!
E é exatamente essa ansiedade que criamos em torno da busca por nossa Alma
Gêmea que torna o caminho sempre mais desconhecido do que poderia e deveria ser.
O caminho me parece óbvio. Não fácil, mas óbvio! O próprio nome revela o segredo; preste atenção: alma gêmea...
Se aparecesse alguém em sua vida e lhe dissesse que você tem um irmão gêmeo e que vocês se formaram numa única placenta, o que você tomaria como base para encontrá-lo? Certamente, levaria em conta o fato de serem muito parecidos fisicamente e lançaria mão do conhecimento que você tem de seu próprio rosto, de seus próprios traços, de seu próprio corpo. Esses dados você já tem, pois passou a vida inteira se olhando no espelho, não é?! Se uma manchinha estranha aparece em sua coxa direita, imediatamente você percebe, pois está em constante contato com o seu corpo...
Somente a partir de então sairia à procura desse irmão, não estou certa? Isso é óbvio! A gente só procura algo do qual já se tem alguma informação. Suponhamos que você seja incumbido de encontrar uma pessoa desaparecida. A primeira coisa que você vai pedir é uma foto dessa pessoa. É claro! É óbvio!
Mas, no nosso caso, estamos em busca de nossa Alma Gêmea, ou seja, estamos em busca de uma alma e as almas, até onde eu sei, não têm forma definida, não têm cor de pele, enfim, não têm as mesmas características de um corpo físico.
Portanto, não podemos saber, antecipadamente, se nossa Alma Gêmea está num corpo branco ou moreno, alto ou baixo, gordo ou magro, de cabelos lisos ou cacheados, enfim, não temos informações sobre o corpo de nossa Alma Gêmea, mas ainda assim podemos ter informações preciosas sobre a alma dessa pessoa. Claro! Ela é gêmea da nossa!!! Bidu!
Sendo assim, creio que só existe um caminho que nos leva a esse encontro, ao encontro de nossa Alma Gêmea: o de dentro, o que nos leva ao profundo e verdadeiro conhecimento de nossa própria alma. E se você não acredita nisso, pense: o caminho é absolutamente lógico: como você poderá reconhecer uma alma que é gêmea da sua se você nem olha para a sua alma, se você não está interessado em conhecer os cantos mais preciosos e ricos de sua própria alma. O reconhecimento é impossível!
O mapa do tesouro está em cada um. Ao invés de sair por aí carregando ansiedade, leve informações seguras, leve dados claros e precisos. Ao invés de sair pela vida desembestado e inconsciente em busca de alguém que não se sabe nada a respeito, o melhor e mais inteligente é, antes, colher dados que permitam identificar esse alguém. E só há uma maneira de fazer isso: conhecendo a si mesmo!
O autoconhecimento é a única ferramenta eficaz para que o encontro seja certeiro. Estamos falando de nossa metade... de alguém cuja alma tem muita semelhança com a nossa...
Você pode estar pensando que já conheceu muitas pessoas parecidas com você no que se referia ao jeito de pensar, de agir e de ser, ou seja, pessoas que tinham a alma com características semelhantes à sua. No entanto, essas são características fáceis de se perceber. Com pouco tempo de convivência, podemos notar tais semelhanças ou diferenças; e eu disse, antes, que o caminho é óbvio, mas nem por isso, fácil.
Conhecer a própria alma não é tarefa para alguns dias ou meses. É tarefa, em princípio, para a vida toda. Estamos em constante transformação, evolução, aprendizagem e assimilação. Conhecer a própria alma exige muito mais do que uma percepção superficial.
Genericamente falando, muitas pessoas são semelhantes, mas quando conhecemos alguém e, principalmente, a nós mesmos profundamente, com interesse e amor, podemos descobrir a magia da exclusividade. Não existe ninguém igual a ninguém, nem mesmo os gêmeos, nem mesmo as almas gêmeas. Cada qual carrega em si algo de individual, de particular, de ímpar.
Na verdade, o que buscamos numa alma que seja gêmea da nossa é um nível superior de semelhanças, é alguém que, apesar de viver sua singularidade, olha na mesma direção que a gente, caminha com ritmo e intenções semelhantes às nossas.
Sendo assim, nessa busca serão necessários sensibilidade, doação de si mesmo e, acima de tudo, percepções livres de preconceitos e prejulgamentos. Talvez, a busca leve muito mais tempo do que gostaríamos. Conhecer a nossa própria alma já é trabalho que exige muita dedicação e empenho; um trabalho que, muitas vezes, nos causará angústias, decepções, dores e amadurecimento.
Quando nos comprometemos com o autoconhecimento, encaramos de frente todas as nossas características e isso inclui os defeitos, aquilo que faz parte de nós e que, na maioria das vezes, preferimos ignorar, esquecer...
Somos seres de luz e de sombra e, segundo a minha metade, o meu amor, quanto maior for a nossa luz, maior será a nossa sombra. E o grande segredo não é excluir nossa sobra, pois além de impossível, isso significaria abrir mão também de nossa luz, isto é, uma não pode existir sem a outra, simplesmente pelo fato de sermos humanos.
O grande segredo é conhecermos e acolhermos a nossa sombra. Somente assim, poderemos agir com sabedoria quando esta sombra vier à tona; somente assim, poderemos transformar a sombra em luz...
Muitas vezes, apontamos determinado comportamento em alguém como um defeito insuportável, mas não somos capazes de perceber que também somos assim... que também temos defeitos que, ao olhos de alguém, podem parecer insuportáveis.
Você pode até estar ao lado de sua Alma Gêmea, mas caso você não se dê conta disso, as chances de conseguir manter esse relacionamento podem estar seriamente comprometidas. É somente quando conseguimos compreender a nós mesmos e nos perdoarmos e nos amarmos que podemos realmente compreender, perdoar e amar o outro.
Ninguém poderá, de fato, amar e aceitar e conviver com uma alma gêmea se, bem lá no fundo, não suporta ficar a sós consigo mesmo, não consegue viver com harmonia e paz interior.
Acredito que uma das formas mais comuns que escolhemos para não entrarmos em contato com nossa alma e, consequentemente, com nossa sombra e nossas "podridões pessoais", seja falando. Algumas pessoas chegam a Ter uma espécie de compulsão para falar. Falam, falam e falam o tempo todo... Quem muito se explica e muito se justifica é porque não está conseguindo convencer nem a si mesmo.
A convivência entre um ser humano e o silêncio é, provavelmente, uma das mais difíceis. As palavras são mestras, mas o silêncio é luz, é poder, é sabedoria! Mas não estou falando do silêncio que leva a nossa mente a um turbilhão de pensamentos. Falo do silêncio que nos coloca em contato com nosso interior: aquele momento em que focamos nossa mente numa determinada atitude, num determinado diálogo que tivemos com alguém... aquele momento em que nos sentimos genuinamente felizes ou profundamente tristes ou arrependidos.
É este o caminho do autoconhecimento; é esta a essência da busca: quando somos capazes de sorrirmos para nós mesmos... ou quando choramos por dentro... mesmo que as lágrimas não surjam, sabemos que elas brotaram na alma... São momentos como esses que devem ser cultivados e valorizados. Precisamos dessa avaliação pessoal e tão valiosa para o crescimento e o conhecimento da alma.
Quem está realmente interessado em encontrar sua Alma Gêmea sabe que as almas gêmeas existem porqueforam, num determinado momento, divididas para que pudessem evoluir. Evolução! Você tem se empenhado em evoluir?!? Você sabe o que significa evoluir no sentido anímico?
É uma evolução que acontece independentemente do dinheiro que temos ou daquele que gastamos, da posição social na qual estamos inseridos, do cargo que ocupamos no emprego, enfim, independe de qualquer status. A evolução da alma pode acontecer no local mais pobre e sem recursos que você já tenha visto, porque o que mais temos visto nesse mundo de desigualdades sociais são almas miseráveis rodeadas de luxo e almas muitíssimo evoluídas vivendo na pobreza, sem grandes acúmulos materiais.
Os bens materiais podem (eu disse PODEM) ser facilitadores para a evolução, mas até para isso, é preciso que ante, haja nobreza na alma de quem ganha esse dinheiro. Caso contrário, ele só servirá para tornar essa pessoa materialista, fria, egoísta e perdida em si mesma. Porque o dinheiro pode destruir a alma daqueles que nunca foram capazes de olhar para dentro de si, para aqueles que não desenvolveram sua espiritualidade e terminaram acreditando que tudo o que realmente importa está fora, está nas coisas, nas posses e nos valores que acumularam ao longo de suas vidas.
Por outro lado, existem muitas almas que conseguem evoluir ainda mais rapidamente justamente porque enxergam a dor e a tristeza que há na pobreza e nas injustiças como um caminho para o enriquecimento interior.
Leo Buscaglia, em seu livro Vivendo, Amando e Aprendendo (o que eu mais gosto), escreveu: "Primeiro as pessoas. Depois as coisas."
Vemos tanta gente se importando antes com as coisas e depois com as pessoas, não é? Vemos tantos casais jurando que se amam e, depois de algum tempo, praticamente se engolindo por causa das coisas que juntaram, numa briga insana pela divisão de bens...
O caminho é pessoal. Cada um tem seu jeito próprio de enxergar as situações, interpretá-las e usá-las - ou não - em prol de si mesmo. O que pode comover você, talvez não comova a mim, e vice-versa. Mas a verdade é que evolução não se trata de magia ou sorte ou destino, nem sequer de opção religiosa ou conhecimentos teóricos. Talvez esses sejam detalhes que atuem a favor da evolução, mas não determinantes.
Jesus Cristo é um ótimo exemplo para esta verdade. Um Mestre que viveu toda a sua vida num vilarejo, rodeado de humildade e trabalho. Nunca cursou uma universidade, nunca se distanciou da cidade onde nasceu, nunca escreveu um livro e nunca se apossou de nada que não fosse a sua própria fé. E nunca, em nenhum tempo da história, um homem influenciou tão poderosamente a vida da humanidade. Depois de mais de 2 mil anos de sua passagem pela Terra, todo o planeta está, de uma forma ou de outra, tocado por esta vida singular...
Mas, enfim, a escolha é de cada um. Eu posso compreender que sou um ser humano exclusivo (diferente de todos os que já existiram, existem e irão existir) em busca de uma Alma Gêmea que, embora tenha muitas características parecidas com as minhas, também é um ser humano exclusivo e tem sua individualidade que merece absoluto respeito.
E, sendo assim, posso me concentrar em mim mesma e tentar crescer e conhecer mais sobre mim a cada dia. Ou eu posso - a escolha é minha, e só minha - passar a vida inteira me comparando com outras pessoas e reclamando das chances que perdi e das oportunidades que a vida não me deu e das vantagens que não me ofereceram...
É, talvez seja mais fácil culpar as pessoas e o mundo pelo que não somos capazes de conquistar, mas definitivamente essa escolha não nos levará à nada e nem à lugar nenhum, muito menos à nossa Alma Gêmea; a menos que essa nossa metade esteja tão estagnada quanto nós... e aí, as únicas "preciosidades" que teremos para compartilhar são sentimentos e sensações como frustração, derrota, falta de coragem, acomodação e covardia.
Mas o que acontece, geralmente, com pessoas desse tipo, que vivem constantemente criticando o que o mundo lhes tem oferecido, sempre julgando que mereciam mais do que têm, é que, caso tenham a "sorte" de encontrar uma Alma Gêmea que poderia lhes tirar dessa espécie de paralisia, julgam-na muito pouco, acreditam que as Almas Gêmeas dos outros são melhores e mais interessantes que a sua...
Viver e Ser não é uma questão melhor ou pior, de certo ou errado... É uma questão de equilíbrio, de sensibilidade e de respeito por si mesmo e, consequentemente, pelo outro.
Temos duas (somente duas) alternativas: OU assumimos o que somos, tomamos as rédeas de nossas vidas e fazemos alguma coisa para nos conhecermos muito bem e evoluirmos um pouquinho que seja a cada dia de nossa vulnerável e efêmera existência aqui na Terra, atuando de fato sobre nossa própria Alma OU permanecemos a deriva do tempo, lamentando o que não nos acontece e simplesmente deixando a vida passar, como se a felicidade fosse uma espécie de surpresa ou presente que, algum dia, talvez, alguém nos venha entregar, em nossa porta, sem que nada precisemos fazer para merecê-la...
Mas certamente, qualquer que seja a nossa escolha, o tempo não nos espera; ele não diminui o seu ritmo e muito menos pára, até que tenhamos condições de acompanhá-lo. Porque, na verdade, todos nós já nascemos com as condições necessárias para acompanhá-lo...
E, mais cedo ou mais tarde, todos nós perceberemos a constante atuação dele sobre nossas vidas! Da mesma forma que nossas rugas poderão significar boas lembranças, satisfação de realização e gratidão por essa maravilhosa oportunidade de ter estado aqui, poderá significar desespero, arrependimento e um amargo sabor de derrota...
Ninguém pode escolher pelo outro. A escolha é pessoal e intransferível. Depende exclusivamente de cada um. Eu sugiro que você faça a sua escolha imediatamente e que possa, sinceramente, estar consciente dela!"
Rosana Braga é Palestrante, Jornalista, Consultora em Relacionamentos e Autora dos livros "O PODER DA GENTILEZA" e "FAÇA O AMOR VALER A PENA", entre outros.
http://www.rosanabraga.com.br/
Fonte: http://somostodosum.ig.com.br/conteudo/conteudo.asp?id=1937
terça-feira, 15 de fevereiro de 2011
Auto-ajuda: Sentimentos em Ação - (Paulo Araujo)
"Seja sincero. Boa parte da vida você aprendeu que devemos dar mais valor à razão do que à emoção. O ideal é saber separar a vida pessoal da profissional. E também sempre lhe disseram que os sentimentos deviam ser controlados e expressados de forma cuidadosa. Assim como eu, você já deve ter sentido uma enorme alegria em um dia qualquer, mas sei lá, é meio chato ficar demonstrando isso no trabalho, especialmente se o ambiente for meio sisudo, concorda? Então, logo por meio dessa introdução você e eu já quase concordamos que o negócio é deixar as emoções e os sentimentos de lado e focar naquilo que realmente interessa, certo?
Errado, muito errado na visão dos autores David R. Caruso e Peter Salovey, ambos da Yale University. Na obra "Liderando com Inteligência Emocional", publicada pela editora M. Books, os professores afirmam que as emoções são fontes de dados e absolutamente necessárias para a tomada de boas decisões. Elas são também fatores determinantes de sucesso na condução da sua carreira.
O livro expõe um esquema emocional fácil de usar e dividido em quatro etapas:
1. Identificando as próprias emoções e as alheias;
2. Utilizando as emoções no dia-a-dia e na solução de problemas;
3. Compreendendo as emoções para descobrir suas causas e formas de melhorar sua atuação no futuro;
4. Administrando as emoções, ou seja, aprender a usar os sentimentos a nosso favor nas mais variadas situações e inclusive a modificá-las de acordo com a ocasião.
O livro traz embasamento científico e vários exercícios. Também está longe de ser confundido com um manual de auto-ajuda. Observe a seguir como aquelas emoções que consideramos negativas, podem ser na verdade benéficas, desde que bem utilizadas.
A ansiedade sempre foi vista como um grande causador de stress e até de doenças. Na verdade, ansiedade em demasia faz muito mal à saúde. Contudo, na dose certa ela nos obriga a buscar novas decisões, analisar outros rumos e nos mantém alertas. O problema maior com a ansiedade é que o seu excesso gera preocupação em demasia e a sensação de que as coisas nunca chegam a um ponto ideal, consumindo grande parte de energia. Porém, a sua falta torna a pessoa totalmente relapsa. A ansiedade é um sentimento que não deve ser relegado a um segundo plano, mas controlado.
A famosa raiva é outro sentimento que queremos evitar a todo custo. Mas você já percebeu que a raiva normalmente surge diante das situações em que a injustiça predomina? A raiva é fundamental para detectarmos ações que não estão certas, ou que ferem os valores de uma boa convivência. Não querer sentir raiva de algo ou de alguém é como ir contra a própria natureza humana. A raiva ajuda a combater uma ameaça percebida e nos dá energia para corrigir uma situação injusta. Agora, sentir raiva e usá-la para uma situação positiva é uma coisa totalmente diferente de tornar-se uma pessoa raivosa que explode por qualquer coisa. Ninguém gosta de trabalhar com pessoas raivosas e descontroladas e nesse caso, é necessária a ajuda de um profissional.
O bom humor e o otimismo, todo mundo sabe, ajudam a enxergar com novos olhos situações que a princípio apresentam-se negativas, a enfrentar diversidades e a superar problemas. Mas esses dois amiguinhos, quando em excesso, nos tornam dispersivos, deixam-nos fora da realidade, utópicos e até mesmo tiram nosso foco em determinadas situações. Não dá para ficar de bom humor quando um projeto está com o cronograma todo atrasado. O bom humor excessivo nos torna desatentos aos detalhes, fazendo-nos imaginar que tudo está bem, quando na verdade não está. Por outro lado, o bom humor e o otimismo são características fundamentais para a carreira de vendas, por exemplo.
Como vimos, podemos ficar o dia inteiro dissecando e conversando sobre os mais variados sentimentos como: medo, confiança, felicidade, tristeza, surpresa, depressão, entre tantos outros. O importante é aprender que todos eles podem ser maléficos ou benéficos de acordo como são utilizados. O segredo, segundo os autores, é "ajustar o seu estilo de pensamento à emoção". É preciso aprender a relacionar os sentimentos às circunstâncias que vivenciamos.
Ignorar os próprios sentimentos e as emoções alheias pode ser a fonte das más decisões, por isso analisar as circunstâncias em que surgem é fundamental. É claro que devemos aliar razão e emoção. A atitude analítica é fundamental na tomada de decisões, mas podemos começar a partir de agora a exterminar de vez o preconceito em relação aos sentimentos no trabalho. As emoções, na verdade, são grandes oportunidades para que se possa extrair o melhor de cada pessoa, aliando o sentimento ao momento e assim aumentar as chances de sucesso e a motivação de uma equipe. "
Paulo Araújo é palestrante e escritor. Autor de "Desperte seu Talento – dicas essenciais para a sua carreira" - Editora EKO, entre outros livros. Site: http://www.pauloaraujo.com.br/
Fonte: Somos todos Um - http://somostodosum.ig.com.br/blog/blog.asp?id=09406
Errado, muito errado na visão dos autores David R. Caruso e Peter Salovey, ambos da Yale University. Na obra "Liderando com Inteligência Emocional", publicada pela editora M. Books, os professores afirmam que as emoções são fontes de dados e absolutamente necessárias para a tomada de boas decisões. Elas são também fatores determinantes de sucesso na condução da sua carreira.
O livro expõe um esquema emocional fácil de usar e dividido em quatro etapas:
1. Identificando as próprias emoções e as alheias;
2. Utilizando as emoções no dia-a-dia e na solução de problemas;
3. Compreendendo as emoções para descobrir suas causas e formas de melhorar sua atuação no futuro;
4. Administrando as emoções, ou seja, aprender a usar os sentimentos a nosso favor nas mais variadas situações e inclusive a modificá-las de acordo com a ocasião.
O livro traz embasamento científico e vários exercícios. Também está longe de ser confundido com um manual de auto-ajuda. Observe a seguir como aquelas emoções que consideramos negativas, podem ser na verdade benéficas, desde que bem utilizadas.
A ansiedade sempre foi vista como um grande causador de stress e até de doenças. Na verdade, ansiedade em demasia faz muito mal à saúde. Contudo, na dose certa ela nos obriga a buscar novas decisões, analisar outros rumos e nos mantém alertas. O problema maior com a ansiedade é que o seu excesso gera preocupação em demasia e a sensação de que as coisas nunca chegam a um ponto ideal, consumindo grande parte de energia. Porém, a sua falta torna a pessoa totalmente relapsa. A ansiedade é um sentimento que não deve ser relegado a um segundo plano, mas controlado.
A famosa raiva é outro sentimento que queremos evitar a todo custo. Mas você já percebeu que a raiva normalmente surge diante das situações em que a injustiça predomina? A raiva é fundamental para detectarmos ações que não estão certas, ou que ferem os valores de uma boa convivência. Não querer sentir raiva de algo ou de alguém é como ir contra a própria natureza humana. A raiva ajuda a combater uma ameaça percebida e nos dá energia para corrigir uma situação injusta. Agora, sentir raiva e usá-la para uma situação positiva é uma coisa totalmente diferente de tornar-se uma pessoa raivosa que explode por qualquer coisa. Ninguém gosta de trabalhar com pessoas raivosas e descontroladas e nesse caso, é necessária a ajuda de um profissional.
O bom humor e o otimismo, todo mundo sabe, ajudam a enxergar com novos olhos situações que a princípio apresentam-se negativas, a enfrentar diversidades e a superar problemas. Mas esses dois amiguinhos, quando em excesso, nos tornam dispersivos, deixam-nos fora da realidade, utópicos e até mesmo tiram nosso foco em determinadas situações. Não dá para ficar de bom humor quando um projeto está com o cronograma todo atrasado. O bom humor excessivo nos torna desatentos aos detalhes, fazendo-nos imaginar que tudo está bem, quando na verdade não está. Por outro lado, o bom humor e o otimismo são características fundamentais para a carreira de vendas, por exemplo.
Como vimos, podemos ficar o dia inteiro dissecando e conversando sobre os mais variados sentimentos como: medo, confiança, felicidade, tristeza, surpresa, depressão, entre tantos outros. O importante é aprender que todos eles podem ser maléficos ou benéficos de acordo como são utilizados. O segredo, segundo os autores, é "ajustar o seu estilo de pensamento à emoção". É preciso aprender a relacionar os sentimentos às circunstâncias que vivenciamos.
Ignorar os próprios sentimentos e as emoções alheias pode ser a fonte das más decisões, por isso analisar as circunstâncias em que surgem é fundamental. É claro que devemos aliar razão e emoção. A atitude analítica é fundamental na tomada de decisões, mas podemos começar a partir de agora a exterminar de vez o preconceito em relação aos sentimentos no trabalho. As emoções, na verdade, são grandes oportunidades para que se possa extrair o melhor de cada pessoa, aliando o sentimento ao momento e assim aumentar as chances de sucesso e a motivação de uma equipe. "
Paulo Araújo é palestrante e escritor. Autor de "Desperte seu Talento – dicas essenciais para a sua carreira" - Editora EKO, entre outros livros. Site: http://www.pauloaraujo.com.br/
Fonte: Somos todos Um - http://somostodosum.ig.com.br/blog/blog.asp?id=09406
segunda-feira, 14 de fevereiro de 2011
o doce som da alegria perfeita, um louvor à deusa Sarasvati - (Jamyang Khyentse Chökyi Lodrö)
"Hrih! Filha da mente de Brahma
Surgida do grande lago da alegria,
Com sua face tão pura e branca como a lua —
Deusa Sarasvati, a você eu presto homenagem!
Tesouro infinito das palavras secretas dos Vedas
E vasta coleção do Dharma dos Buddhas,
Alcançando até o fim do caminho da imortalidade —
Gloriosa senhora das melodias, a você eu me curvo em devoção!
Segurando uma viola tambura em suas mãos
E a tocando gentilmente com as pontas de seus dedos —
A você que cativa as mentes de todos, tanto além
E ainda dentro deste reino mundano, eu me curvo!
Na realidade, você é a própria perfeição da sabedoria,
Porém aparece na forma de uma deusa,
Uma manifestação maravilhosa e inconcebível —
Grande senhora que tem maestria nos dez estágios, a você eu me curo!
A todos os buddhas que a estimam com seu amor
E a observam com seus olhos de sabedoria,
Você oferece grandes presentes de união extática, semelhantes a nuvens —
A você, a grande mãe de alegria, eu respeitosamente me curvo!
Conforme você entra nas gargantas e corações dos inteligentes,
Naquele mesmo instante, eles se tornam transformados
E são feitos em poderosos mestres da fala —
A você, que concede a inteligência suprema, eu ofereço homenagem!
Através das bênçãos de louvá-la deste modo,
Possa você entrar no oceano lácteo de minha mente devota
E me conceda a luz brilhante da sabedoria,
Completa com o conhecimento duplo — eu rogo!
Om Pitsu Pitsu Prajna Vargani Dzala Dzala Medhi Vargani Dhiri Dhiri Buddhi Vargani Svaha
Recite isto e a sua inteligência aumentará."
Em resposta aos pedidos de Samten Tulku Rinpoche, o sobrinho do nobre Palpung Situ Rinpoche, dados juntos uma echarpe de seda como presente, eu, Chökyi Lodrö, também conhecido como Jampal Gawe Gochar, escrevi isto na Caverna Alegre que Deleite a Deusa Sarasvati no monastério de Palpung. Siddhirastu!
Fonte: http://www.dharmanet.com.br/khyentse/doce.htm
Surgida do grande lago da alegria,
Com sua face tão pura e branca como a lua —
Deusa Sarasvati, a você eu presto homenagem!
Tesouro infinito das palavras secretas dos Vedas
E vasta coleção do Dharma dos Buddhas,
Alcançando até o fim do caminho da imortalidade —
Gloriosa senhora das melodias, a você eu me curvo em devoção!
Segurando uma viola tambura em suas mãos
E a tocando gentilmente com as pontas de seus dedos —
A você que cativa as mentes de todos, tanto além
E ainda dentro deste reino mundano, eu me curvo!
Na realidade, você é a própria perfeição da sabedoria,
Porém aparece na forma de uma deusa,
Uma manifestação maravilhosa e inconcebível —
Grande senhora que tem maestria nos dez estágios, a você eu me curo!
A todos os buddhas que a estimam com seu amor
E a observam com seus olhos de sabedoria,
Você oferece grandes presentes de união extática, semelhantes a nuvens —
A você, a grande mãe de alegria, eu respeitosamente me curvo!
Conforme você entra nas gargantas e corações dos inteligentes,
Naquele mesmo instante, eles se tornam transformados
E são feitos em poderosos mestres da fala —
A você, que concede a inteligência suprema, eu ofereço homenagem!
Através das bênçãos de louvá-la deste modo,
Possa você entrar no oceano lácteo de minha mente devota
E me conceda a luz brilhante da sabedoria,
Completa com o conhecimento duplo — eu rogo!
Om Pitsu Pitsu Prajna Vargani Dzala Dzala Medhi Vargani Dhiri Dhiri Buddhi Vargani Svaha
Recite isto e a sua inteligência aumentará."
Em resposta aos pedidos de Samten Tulku Rinpoche, o sobrinho do nobre Palpung Situ Rinpoche, dados juntos uma echarpe de seda como presente, eu, Chökyi Lodrö, também conhecido como Jampal Gawe Gochar, escrevi isto na Caverna Alegre que Deleite a Deusa Sarasvati no monastério de Palpung. Siddhirastu!
Fonte: http://www.dharmanet.com.br/khyentse/doce.htm
sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011
Compreensão - (Osho)
"As pessoas que se amam podem se separar, mas a compreensão que foi ganha na companhia do outro sempre permanecerá como uma dádiva. Se você amar uma pessoa, o único presente valioso que você pode dar a ela é alguma dose de compreensão.
Converse com o seu parceiro e entenda que algumas vezes ele precisa ficar sozinho. E este é o problema: essa necessidade pode não acontecer ao mesmo tempo para vocês. Às vezes você quer ficar com a pessoa, e ela quer ficar sozinha - nada pode ser feito com relação a isso. Você precisará compreender e deixá-la sozinha. Às vezes você quer ficar sozinho, mas ela quer vir a você - diga-lhe que você não pode fazer nada!
Crie cada vez mais compreensão. É isto que falta aos parceiros amorosos: eles têm suficiente amor, mas nenhuma compreensão, absolutamente nenhuma. Por isso, nas rochas da incompreensão o amor que sentiam, morre. O amor não pode viver sem a compreensão. Sozinho, o amor é muito tolo; com a compreensão, o amor pode viver uma longa vida, uma grande vida - de muitas alegrias compartilhadas, de muitos belos momentos compartilhados, de grandes experiências poéticas. Mas isso acontece somente através da compreensão.
O amor pode lhe dar uma pequena lua-de-mel, mas isso é tudo. Somente a compreensão pode lhe dar uma profunda intimidade. E cada lua-de-mel é seguida pela depressão, pela raiva, pela frustração. A menos que você cresça em compreensão, nenhuma lua-de-mel ajudará; ela será como uma droga.
Assim, tente criar mais compreensão. E mesmo que um dia vocês se separem, a compreensão estará com vocês. Essa será uma dádiva do amor de um para com o outro."
Fonte: Osho; For Madmen Only, # 26
Converse com o seu parceiro e entenda que algumas vezes ele precisa ficar sozinho. E este é o problema: essa necessidade pode não acontecer ao mesmo tempo para vocês. Às vezes você quer ficar com a pessoa, e ela quer ficar sozinha - nada pode ser feito com relação a isso. Você precisará compreender e deixá-la sozinha. Às vezes você quer ficar sozinho, mas ela quer vir a você - diga-lhe que você não pode fazer nada!
Crie cada vez mais compreensão. É isto que falta aos parceiros amorosos: eles têm suficiente amor, mas nenhuma compreensão, absolutamente nenhuma. Por isso, nas rochas da incompreensão o amor que sentiam, morre. O amor não pode viver sem a compreensão. Sozinho, o amor é muito tolo; com a compreensão, o amor pode viver uma longa vida, uma grande vida - de muitas alegrias compartilhadas, de muitos belos momentos compartilhados, de grandes experiências poéticas. Mas isso acontece somente através da compreensão.
O amor pode lhe dar uma pequena lua-de-mel, mas isso é tudo. Somente a compreensão pode lhe dar uma profunda intimidade. E cada lua-de-mel é seguida pela depressão, pela raiva, pela frustração. A menos que você cresça em compreensão, nenhuma lua-de-mel ajudará; ela será como uma droga.
Assim, tente criar mais compreensão. E mesmo que um dia vocês se separem, a compreensão estará com vocês. Essa será uma dádiva do amor de um para com o outro."
Fonte: Osho; For Madmen Only, # 26
quarta-feira, 9 de fevereiro de 2011
Relaxe naquilo que ocorre - (Pema Chödrön)
Pema Chödrön é uma monja buddhista norte-americana e uma das estudantes mais brilhantes de Chögyam Trungpa Rinpoche, famoso mestre de meditação. Ela é autora das obras The Wisdom of No Escape e Start Where You Are, e também professora em Gambo Abbey (Nova Scotia, Canadá), o primeiro monastério tibetano na América do Norte estabelecido para ocidentais.
Segundo Chödrön, a felicidade está ao nosso alcance, e no entanto tantas vezes a perdemos de vista, ironicamente na tentativa de evitar dor e sofrimento. O texto radical e compassivo de Pema Chödrön vem de encontro às nossas expectativas e hábitos de conduta Quando Tudo Se Desfaz (Editora Gryphus), e nos confronta com a sabedoria buddhista. Existe somente uma atitude em relação ao sofrimento, ensina Chödrön, e essa atitude é a que caminha na direção das situações difíceis com afabilidade e curiosidade, se deixando levar pela insegurança da situação. É ali, no meio do caos, que descobrimos a verdade e o amor indestrutíveis.
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A instrução de meditação que Chögyam Trungpa Rinpoche dava a seus alunos chama-se meditação shamatha-vipashyana. Quando Trungpa Rinpoche ensinou pela primeira vez no Ocidente, disse a seus alunos para apenas abrir a mente e relaxar. Quando se sentissem distraídos pelos pensamentos, poderiam simplesmente deixar que eles se dissolvessem e voltar para o estado mental aberto e relaxado.
Após alguns anos, Rinpoche percebeu que várias das pessoas que o haviam procurado achavam essa simples instrução, até certo ponto, impossível de ser praticada e precisavam de um pouco mais de técnica para poderem prosseguir. Nesse momento, sem realmente mudar a intenção básica da meditação, começou a dar instruções de forma um tanto diferente. Passou a dar mais ênfase à postura e ensinou as pessoas a voltar muito levemente sua atenção para a expiração. Mais tarde, disse que o momento da expiração era o mais próximo que se podia chegar de simplesmente repousar a mente em seu estado aberto natural e ainda assim ter um objeto ao qual retornar.
Enfatizou ainda que estava se referindo à simples expiração normal, sem qualquer manipulação, e que a atenção deveria ser suave, com um toque de leveza. Segundo ele, cerca de 25% da atenção estaria voltada para a respiração, de modo que ainda fosse possível ter consciência do ambiente, sem considerá-lo como uma interferência ou obstáculo à meditação. Anos mais tarde, usou uma analogia bem-humorada, ao comparar a meditação a uma pessoa fantasiada segurando uma colher cheia de água. É possível estar tranqüilamente sentado ali, vestindo uma roupagem rebuscada e, ainda assim, estar bastante atento à colher de água que se tem nas mãos. O objetivo não era tentar atingir algum estado especial ou transcender os sons e movimentos da vida normal. Em vez disso, éramos encorajados a relaxar mais integralmente em nosso ambiente, apreciar o mundo mais integralmente em nosso ambiente, a apreciar o mundo que nos cerca e a verdade simples que acontece a todos os momentos.
A maioria das técnicas de meditação utiliza um objeto — algo a que se retorna repetidamente, não importa o que esteja acontecendo na mente. Com chuva, granizo, neve, tempo bom ou ruim — simplesmente voltamos ao objeto da meditação. Neste acaso, a expiração é objeto da meditação — a impalpável e fluida expiração sempre em mutação, que não pode ser agarrada e que, mesmo assim, ocorre continuamente. Quando inspiramos, é como se estivéssemos em uma pausa ou hiato. Não há nada especial a fazer, a não ser esperar pela próxima expiração.
Certa vez expliquei esta técnica a uma amiga que há anos praticava uma concentração muito direcionada tanto para a inspiração quanto para a expiração e ainda para um outro objeto. Quando terminei, ela disse: "Mas isso é impossível! Ninguém pode fazer isso! Existe todo um espaço onde não há nada em que se concentrar!" Pela primeira vez, percebi que, inserida exatamente dentro da instrução, estava a oportunidade de deixar fluir completamente. Já havia ouvido mestres Zen dizerem que meditação é a disposição para morrer continuamente. E ali estava — à medida que cada expiração ocorria e se dissolvia, havia a oportunidade de morrer para tudo o que havia acontecido anteriormente e de relaxar, em vez de entrar em pânico.
Rinpoche nos pediu que, como instrutores de meditação, deixássemos de falar em "concentrar" na expiração mas que, em vez disso, usássemos uma linguagem mais fluida. Então, instruímos os alunos para "entrar em contato com a expiração e deixá-la ir", ou para "prestar uma atenção leve e suave à expiração", ou ainda "ser um com a respiração à medida que se relaxa na expiração". A diretriz básica era ainda estar aberto e relaxar, sem adicionar nada nem conceituar, voltando sempre à mente tal como ela simplesmente é — clara, lúcida e fresca.
Após um certo tempo, Rinpoche refinou ainda mais as instruções, pedindo que colocássemos em nossos pensamentos o rótulo "pensando". Ficávamos ali sentados com nossa expiração e, sem saber como havia acontecido, estávamos lá fora — planejando, tendo preocupações, fantasiando. Estávamos completamente em um outro mundo feito inteiramente de pensamentos. No momento em que percebíamos que isso havia ocorrido, deveríamos dizer a nós mesmos "pensando" e, sem fazer disso algo muito importante, simplesmente voltar à expiração.
Certa vez, vi uma dança inspirada nesse processo. O dançarino entrava no palco e sentava em posição de meditação. Em poucos segundos, pensamentos de paixão começavam a surgir. O dançarino movia-se dentro deles, tornando-se cada vez mais arrebatado, desde o momento em que um leve vestígio de paixão começava a se desenvolver, até uma completa fantasia sexual. Soava, então, um pequeno sino, uma voz tranqüila dizia "pensando" e o dançarino voltava a relaxar na postura de meditação. Cerca de cinco segundos depois, começava a dança da raiva, mais uma vez iniciando-se com uma pequena irritação e explodindo em movimentação frenética. Veio, então, a dança da solidão, do entorpecimento e, a cada uma delas, o sino soava, a voz dizia "pensando" e ele simplesmente relaxava, mais e mais, no que começou a ser a imensa paz e espaço de simplesmente estar sentado ali.
Dizer internamente "pensando" constitui um ponto muito interessante da meditação. Nesse momento, podemos treinar conscientemente a suavidade e o desenvolvimento de uma atitude de julgamento. A palavra sânscrita para bondade amorosa é maitri, também traduzida como amizade incondicional. Portanto, sempre que dizemos a nós mesmos "pensando", estamos cultivando essa amizade incondicional por tudo que surge na mente. Esse método simples e direto de despertar é extremamente precioso, já que esse tipo de compaixão incondicional não é fácil de alcançar.
Às vezes, sentimos culpa. Às vezes, somos arrogantes. Em outras, nossos pensamentos e lembranças os aterrorizam e nos tornam muito infelizes. Os pensamentos cruzam nossa mente o tempo todo e, quando sentamos, estamos dando a todos eles muito espaço para que surjam. Como nuvens em um céu amplo ou ondas em um vasto mar, estamos dando a todos os nossos pensamentos espaço para que apareçam. Quando um deles atrai nossa atenção e nos arrebata, quer seja agradável ou desagradável, devemos rotulá-lo "pensando", com toda a abertura e bondade que pudermos reunir, e deixar que ele se dissolva no amplo céu. Não há problema se as nuvens e ondas imediatamente retornam. Simplesmente reconhecemos sua existência mais uma vez, com amizade incondicional, rotulamos "pensando" e deixamos que elas se dissolvam continuamente.
Às vezes, as pessoas usam a meditação para tentar evitar mais sentimentos ou pensamentos perturbadores. Tentamos usar o rótulo como uma forma de afastar o que nos incomoda e, quando nos conectamos com algo prazeroso ou inspirador, podemos achar que finalmente conseguimos e tentamos ficar nesse ponto onde há paz, harmonia e onde não temos nada a temer.
Portanto, desde o início, é bom lembrar sempre que meditar relaciona-se com abrir e relaxar, surja o que surgir, sem selecionar ou escolher. Definitivamente, não significa reprimir nada e também não tem a finalidade de estimular o apego. Allen Ginsberg usa a expressão "mente surpresa". Você senta e — opa! — surge uma surpresa bem desagradável. Tudo bem. Quem seja assim. Não devemos rejeitar esse aspecto, mas compassivamente reconhece-lo como "pensando" e deixar que ele vá. Então — opa! — aparece uma surpresa muito agradável. Tudo bem. Que seja assim. Mais uma vez, não devemos nos apegar a esse aspecto, mas compassivamente reconhece-lo como "pensando" e deixar que ele vá. Percebemos que essas surpresas não têm fim. Milarepa, yogi tibetano do século XII, cantava maravilhosamente suas canções sobre a forma correta de meditar. Uma delas dizia que há mais projeções na mente que partículas de poeira em um raio de sol e que nem mesmo centenas de lanças podem pôr fim a isso. Portanto, como meditadores, também podem parar de lutar contra nossos pensamentos e perceber que honestidade e senso de humor são muito inspiradores e úteis contra ou a favor de algo.
De qualquer forma, o objetivo não é tentar livrar-se dos pensamentos, mas ver sua verdadeira natureza. Ficaremos dando voltas inúteis com nossos pensamentos se acreditarmos em sua solidez. Na verdade, eles são como imagens de sonho. São como uma ilusão — não são tão sólidos assim. Como dizemos, são apenas pensamentos.
Ao longo dos anos, Rinpoche continuou a aperfeiçoar as instruções sobre postura, afirmando que aplicar esforço durante a meditação nunca era uma boa idéia. Portanto, recebíamos instruções de que não havia problema em nos movimentarmos quando sentíamos dores nas pernas ou nas costas. Entretanto, logo se tornou claro que, trabalhando com a postura correta, era possível estar bem mais relaxado e acomodado no próprio corpo por meio de ajustes muito sutis. Os movimentos amplos traziam conforto por cerca de cinco ou dez minutos e, em seguida, precisávamos nos mover outra vez. Acabamos seguindo os seis pontos da boa postura para conseguir realmente nos acomodar. Esses seis pontos são: (1) onde sentar, (2) pernas, (3) tronco, (4) mãos, (5) olhos e (6) boca. As instruções são as seguintes:
Quer você esteja sentado em uma almofada colocada no chão ou em uma cadeira, o assento deve ser plano, sem nclinação para a esquerda ou para a direita, para frente ou para trás.
As pernas devem estar confortavelmente cruzadas à frente — ou, se estiver sentado em uma cadeira, os pés devem estar bem apoiados no chão e os joelhos afastados alguns centímetros.
O tronco (da cabeça até o assento) deve estar ereto, com a parte posterior firme e a parte anterior aberta. Se estiver em uma cadeira, é melhor não se encostar Se você começar a encurvar, simplesmente sente ereto outra vez.
As mãos ficam abertas, com as palmas para baixo, repousadas sobre as coxas.
Os olhos permanecem abertos, indicando uma atitude de estar desperto e relaxado em tudo que acontece. O olhar dirige-se ligeiramente para baixo, para um ponto localizado aproximadamente dois metros à frente.
A boca fica levemente entreaberta, de modo que o maxilar relaxe, permitindo que o ar circule livremente pela boca e pelo nariz. A ponta da língua pode estar apoiada no céu da boca.
Sempre que sentamos para meditar, podemos percorrer esses seis pontos e, quando nos sentirmos distraídos durante a meditação, podemos trazer nossa atenção de volta para o corpo e repassá-los. Então, com a sensação de estar recomeçando, voltamos mais uma vez à expiração. Não devemos nos preocupar quando percebermos que fomos levados pelos pensamentos. Apenas dizemos internamente "pensando", e voltamos à abertura e relaxamento da expiração. Mais uma vez e mais uma vez — voltamos sempre a estar exatamente onde estamos.
No início, as pessoas acham essa meditação empolgante. É como um novo projeto e achamos que a prática talvez nos livre de nossos aspectos indesejáveis e nos torne pessoas alertas, isentas de julgamento e incondicionalmente cordiais. Entretanto, após um certo tempo, essa sensação se esgota. Encontramos um tempo todos os dias e sentamos em nossa própria companhia. Voltamos à respiração continuamente, atravessamos o tédio, a irritação, o medo e o bem-estar. Essa perseverança e repetição — quando contêm honestidade, leveza, humor e bondade — são a própria recompensa.
Quando recebemos as instruções, podemos colocá-las em prática. O que vai acontecer em seguida depende de nós. Em última análise, com que intensidade estamos dispostos a ter mais leveza e a soltar as rédeas? Quanto de honestidade existe no propósito de estar consigo mesmo?
(Chödrön, Pema. Quando tudo se desfaz: instruções para tempos difíceis.
Traduzido por Helenice Gouvêa. Rio de Janeiro: Gryphus, 1999. Pág. 137-147.)
Fonte: http://www.dharmanet.com.br/vajrayana/chodron5.htm
Segundo Chödrön, a felicidade está ao nosso alcance, e no entanto tantas vezes a perdemos de vista, ironicamente na tentativa de evitar dor e sofrimento. O texto radical e compassivo de Pema Chödrön vem de encontro às nossas expectativas e hábitos de conduta Quando Tudo Se Desfaz (Editora Gryphus), e nos confronta com a sabedoria buddhista. Existe somente uma atitude em relação ao sofrimento, ensina Chödrön, e essa atitude é a que caminha na direção das situações difíceis com afabilidade e curiosidade, se deixando levar pela insegurança da situação. É ali, no meio do caos, que descobrimos a verdade e o amor indestrutíveis.
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A instrução de meditação que Chögyam Trungpa Rinpoche dava a seus alunos chama-se meditação shamatha-vipashyana. Quando Trungpa Rinpoche ensinou pela primeira vez no Ocidente, disse a seus alunos para apenas abrir a mente e relaxar. Quando se sentissem distraídos pelos pensamentos, poderiam simplesmente deixar que eles se dissolvessem e voltar para o estado mental aberto e relaxado.
Após alguns anos, Rinpoche percebeu que várias das pessoas que o haviam procurado achavam essa simples instrução, até certo ponto, impossível de ser praticada e precisavam de um pouco mais de técnica para poderem prosseguir. Nesse momento, sem realmente mudar a intenção básica da meditação, começou a dar instruções de forma um tanto diferente. Passou a dar mais ênfase à postura e ensinou as pessoas a voltar muito levemente sua atenção para a expiração. Mais tarde, disse que o momento da expiração era o mais próximo que se podia chegar de simplesmente repousar a mente em seu estado aberto natural e ainda assim ter um objeto ao qual retornar.
Enfatizou ainda que estava se referindo à simples expiração normal, sem qualquer manipulação, e que a atenção deveria ser suave, com um toque de leveza. Segundo ele, cerca de 25% da atenção estaria voltada para a respiração, de modo que ainda fosse possível ter consciência do ambiente, sem considerá-lo como uma interferência ou obstáculo à meditação. Anos mais tarde, usou uma analogia bem-humorada, ao comparar a meditação a uma pessoa fantasiada segurando uma colher cheia de água. É possível estar tranqüilamente sentado ali, vestindo uma roupagem rebuscada e, ainda assim, estar bastante atento à colher de água que se tem nas mãos. O objetivo não era tentar atingir algum estado especial ou transcender os sons e movimentos da vida normal. Em vez disso, éramos encorajados a relaxar mais integralmente em nosso ambiente, apreciar o mundo mais integralmente em nosso ambiente, a apreciar o mundo que nos cerca e a verdade simples que acontece a todos os momentos.
A maioria das técnicas de meditação utiliza um objeto — algo a que se retorna repetidamente, não importa o que esteja acontecendo na mente. Com chuva, granizo, neve, tempo bom ou ruim — simplesmente voltamos ao objeto da meditação. Neste acaso, a expiração é objeto da meditação — a impalpável e fluida expiração sempre em mutação, que não pode ser agarrada e que, mesmo assim, ocorre continuamente. Quando inspiramos, é como se estivéssemos em uma pausa ou hiato. Não há nada especial a fazer, a não ser esperar pela próxima expiração.
Certa vez expliquei esta técnica a uma amiga que há anos praticava uma concentração muito direcionada tanto para a inspiração quanto para a expiração e ainda para um outro objeto. Quando terminei, ela disse: "Mas isso é impossível! Ninguém pode fazer isso! Existe todo um espaço onde não há nada em que se concentrar!" Pela primeira vez, percebi que, inserida exatamente dentro da instrução, estava a oportunidade de deixar fluir completamente. Já havia ouvido mestres Zen dizerem que meditação é a disposição para morrer continuamente. E ali estava — à medida que cada expiração ocorria e se dissolvia, havia a oportunidade de morrer para tudo o que havia acontecido anteriormente e de relaxar, em vez de entrar em pânico.
Rinpoche nos pediu que, como instrutores de meditação, deixássemos de falar em "concentrar" na expiração mas que, em vez disso, usássemos uma linguagem mais fluida. Então, instruímos os alunos para "entrar em contato com a expiração e deixá-la ir", ou para "prestar uma atenção leve e suave à expiração", ou ainda "ser um com a respiração à medida que se relaxa na expiração". A diretriz básica era ainda estar aberto e relaxar, sem adicionar nada nem conceituar, voltando sempre à mente tal como ela simplesmente é — clara, lúcida e fresca.
Após um certo tempo, Rinpoche refinou ainda mais as instruções, pedindo que colocássemos em nossos pensamentos o rótulo "pensando". Ficávamos ali sentados com nossa expiração e, sem saber como havia acontecido, estávamos lá fora — planejando, tendo preocupações, fantasiando. Estávamos completamente em um outro mundo feito inteiramente de pensamentos. No momento em que percebíamos que isso havia ocorrido, deveríamos dizer a nós mesmos "pensando" e, sem fazer disso algo muito importante, simplesmente voltar à expiração.
Certa vez, vi uma dança inspirada nesse processo. O dançarino entrava no palco e sentava em posição de meditação. Em poucos segundos, pensamentos de paixão começavam a surgir. O dançarino movia-se dentro deles, tornando-se cada vez mais arrebatado, desde o momento em que um leve vestígio de paixão começava a se desenvolver, até uma completa fantasia sexual. Soava, então, um pequeno sino, uma voz tranqüila dizia "pensando" e o dançarino voltava a relaxar na postura de meditação. Cerca de cinco segundos depois, começava a dança da raiva, mais uma vez iniciando-se com uma pequena irritação e explodindo em movimentação frenética. Veio, então, a dança da solidão, do entorpecimento e, a cada uma delas, o sino soava, a voz dizia "pensando" e ele simplesmente relaxava, mais e mais, no que começou a ser a imensa paz e espaço de simplesmente estar sentado ali.
Dizer internamente "pensando" constitui um ponto muito interessante da meditação. Nesse momento, podemos treinar conscientemente a suavidade e o desenvolvimento de uma atitude de julgamento. A palavra sânscrita para bondade amorosa é maitri, também traduzida como amizade incondicional. Portanto, sempre que dizemos a nós mesmos "pensando", estamos cultivando essa amizade incondicional por tudo que surge na mente. Esse método simples e direto de despertar é extremamente precioso, já que esse tipo de compaixão incondicional não é fácil de alcançar.
Às vezes, sentimos culpa. Às vezes, somos arrogantes. Em outras, nossos pensamentos e lembranças os aterrorizam e nos tornam muito infelizes. Os pensamentos cruzam nossa mente o tempo todo e, quando sentamos, estamos dando a todos eles muito espaço para que surjam. Como nuvens em um céu amplo ou ondas em um vasto mar, estamos dando a todos os nossos pensamentos espaço para que apareçam. Quando um deles atrai nossa atenção e nos arrebata, quer seja agradável ou desagradável, devemos rotulá-lo "pensando", com toda a abertura e bondade que pudermos reunir, e deixar que ele se dissolva no amplo céu. Não há problema se as nuvens e ondas imediatamente retornam. Simplesmente reconhecemos sua existência mais uma vez, com amizade incondicional, rotulamos "pensando" e deixamos que elas se dissolvam continuamente.
Às vezes, as pessoas usam a meditação para tentar evitar mais sentimentos ou pensamentos perturbadores. Tentamos usar o rótulo como uma forma de afastar o que nos incomoda e, quando nos conectamos com algo prazeroso ou inspirador, podemos achar que finalmente conseguimos e tentamos ficar nesse ponto onde há paz, harmonia e onde não temos nada a temer.
Portanto, desde o início, é bom lembrar sempre que meditar relaciona-se com abrir e relaxar, surja o que surgir, sem selecionar ou escolher. Definitivamente, não significa reprimir nada e também não tem a finalidade de estimular o apego. Allen Ginsberg usa a expressão "mente surpresa". Você senta e — opa! — surge uma surpresa bem desagradável. Tudo bem. Quem seja assim. Não devemos rejeitar esse aspecto, mas compassivamente reconhece-lo como "pensando" e deixar que ele vá. Então — opa! — aparece uma surpresa muito agradável. Tudo bem. Que seja assim. Mais uma vez, não devemos nos apegar a esse aspecto, mas compassivamente reconhece-lo como "pensando" e deixar que ele vá. Percebemos que essas surpresas não têm fim. Milarepa, yogi tibetano do século XII, cantava maravilhosamente suas canções sobre a forma correta de meditar. Uma delas dizia que há mais projeções na mente que partículas de poeira em um raio de sol e que nem mesmo centenas de lanças podem pôr fim a isso. Portanto, como meditadores, também podem parar de lutar contra nossos pensamentos e perceber que honestidade e senso de humor são muito inspiradores e úteis contra ou a favor de algo.
De qualquer forma, o objetivo não é tentar livrar-se dos pensamentos, mas ver sua verdadeira natureza. Ficaremos dando voltas inúteis com nossos pensamentos se acreditarmos em sua solidez. Na verdade, eles são como imagens de sonho. São como uma ilusão — não são tão sólidos assim. Como dizemos, são apenas pensamentos.
Ao longo dos anos, Rinpoche continuou a aperfeiçoar as instruções sobre postura, afirmando que aplicar esforço durante a meditação nunca era uma boa idéia. Portanto, recebíamos instruções de que não havia problema em nos movimentarmos quando sentíamos dores nas pernas ou nas costas. Entretanto, logo se tornou claro que, trabalhando com a postura correta, era possível estar bem mais relaxado e acomodado no próprio corpo por meio de ajustes muito sutis. Os movimentos amplos traziam conforto por cerca de cinco ou dez minutos e, em seguida, precisávamos nos mover outra vez. Acabamos seguindo os seis pontos da boa postura para conseguir realmente nos acomodar. Esses seis pontos são: (1) onde sentar, (2) pernas, (3) tronco, (4) mãos, (5) olhos e (6) boca. As instruções são as seguintes:
Quer você esteja sentado em uma almofada colocada no chão ou em uma cadeira, o assento deve ser plano, sem nclinação para a esquerda ou para a direita, para frente ou para trás.
As pernas devem estar confortavelmente cruzadas à frente — ou, se estiver sentado em uma cadeira, os pés devem estar bem apoiados no chão e os joelhos afastados alguns centímetros.
O tronco (da cabeça até o assento) deve estar ereto, com a parte posterior firme e a parte anterior aberta. Se estiver em uma cadeira, é melhor não se encostar Se você começar a encurvar, simplesmente sente ereto outra vez.
As mãos ficam abertas, com as palmas para baixo, repousadas sobre as coxas.
Os olhos permanecem abertos, indicando uma atitude de estar desperto e relaxado em tudo que acontece. O olhar dirige-se ligeiramente para baixo, para um ponto localizado aproximadamente dois metros à frente.
A boca fica levemente entreaberta, de modo que o maxilar relaxe, permitindo que o ar circule livremente pela boca e pelo nariz. A ponta da língua pode estar apoiada no céu da boca.
Sempre que sentamos para meditar, podemos percorrer esses seis pontos e, quando nos sentirmos distraídos durante a meditação, podemos trazer nossa atenção de volta para o corpo e repassá-los. Então, com a sensação de estar recomeçando, voltamos mais uma vez à expiração. Não devemos nos preocupar quando percebermos que fomos levados pelos pensamentos. Apenas dizemos internamente "pensando", e voltamos à abertura e relaxamento da expiração. Mais uma vez e mais uma vez — voltamos sempre a estar exatamente onde estamos.
No início, as pessoas acham essa meditação empolgante. É como um novo projeto e achamos que a prática talvez nos livre de nossos aspectos indesejáveis e nos torne pessoas alertas, isentas de julgamento e incondicionalmente cordiais. Entretanto, após um certo tempo, essa sensação se esgota. Encontramos um tempo todos os dias e sentamos em nossa própria companhia. Voltamos à respiração continuamente, atravessamos o tédio, a irritação, o medo e o bem-estar. Essa perseverança e repetição — quando contêm honestidade, leveza, humor e bondade — são a própria recompensa.
Quando recebemos as instruções, podemos colocá-las em prática. O que vai acontecer em seguida depende de nós. Em última análise, com que intensidade estamos dispostos a ter mais leveza e a soltar as rédeas? Quanto de honestidade existe no propósito de estar consigo mesmo?
(Chödrön, Pema. Quando tudo se desfaz: instruções para tempos difíceis.
Traduzido por Helenice Gouvêa. Rio de Janeiro: Gryphus, 1999. Pág. 137-147.)
Fonte: http://www.dharmanet.com.br/vajrayana/chodron5.htm
terça-feira, 8 de fevereiro de 2011
Relaciones Románticas - (em espanhol; Gangaji)
"La gente siempre se pregunta, entonces, ¿cómo funciona esto en mis relaciones? En particular en mis relaciones amorosas.
Bueno, si puedes encontrarte con tu pareja de la misma forma que te encuentras contigo mismo, entonces verás el florecimiento del potencial de lo que llamamos una relación amorosa . Entonces las relaciones no son de hecho relaciones, sino uno mismo descubriéndose a uno mismo más profundamente en una forma diferente, en una manifestación diferente. Entonces, esas llamadas relaciones son vehículos para la más profunda verdad.
Normalmente las relaciones, desafortunadamente, no están basadas en descubrir la verdad. Normalmente están basadas en algún tipo de mantenimiento de la idea del “yo”, de forma que un amante puede estar con un amante porque éste le promete alguna seguridad, le promete una especie de alianza de forma que esa idea del “yo” quede protegida del resto del mundo. En otras palabras, normalmente las relaciones son bastante neuróticas. Pero el potencial, incluso para la neurosis es de descubrir, ¿quién está en relación? ¿quién ama?. Y en eso, descubres lo que es permanente mientras las manifestaciones de este amor son, de forma inherente, impermanentes. Los padres mueren, los hijos mueren, los amantes mueren. El amor no muere. El amor se encuentra consigo mismo, una y otra vez. La permanencia se encuentra consigo misma, una y otra vez.
En todas las relaciones, si uno está dispuesto a amar puramente, entonces uno está dispuesto a que haya nacimiento y muerte, porque uno está dispuesto a ser eso que ama, que es en realidad, amor. Ser amor es no ser nada en particular. Es no agarrarse a nada en particular. Por supuesto, lo que llamamos amor, es amor egoísta, es una imitación sentimental del amor. Y tiene que ver con mucho sufrimiento. Pero lo que es amor verdadero no desea deshacerse del sufrimiento, sino que abraza al sufrimiento hasta tal punto que el mismo sufrimiento se cae, postrado, reverenciando al misterio y magnificencia y la permanencia del amor, mientras todos los objetos del amor vienen y van. Este es el verdadero matrimonio. Cuando tú como corriente o río te encuentras con el océano del amor y te rindes frente a eso. Y te rindes para servir a eso. Eso es matrimonio verdadero. Y… ésa es una vida verdadera, que se vive en ese matrimonio, en ese servicio.
Me gustaría hablar un poquito más sobre las relaciones, ya que es ahí donde la mayoría de personas sienten sus apegos y su sufrimiento. Y sabes, el problema principal en las relaciones es que intentas conseguir algo de alguien , algo que ya está ya presente dentro de ti. Esto se refleja en la relación padre-hijo, donde el padre quizá espera que el hijo va finalmente a darle algo que le falta o el hijo espera que el padre le de algo que le falta. Y ese juego continua cuando nos hacemos adultos con nuestras parejas, con todas la actitudes que provocan sufrimiento como celos, miedos de abandono, ira, posesión, sufrimiento en general.
La oportunidad en la relación es, cuando esos sentimientos aparecen , una vez ha pasado la primera luna de miel del enamoramiento, cuando esos sentimientos aparecen, la oportunidad está en no focalizarnos fuera, en el otro, en la pareja, para ver como se puede arreglar, sino en mirar hacia dentro y estar dispuesto a experimentar lo que sea que quiere evitarse, de forma que si los celos son un problema, si los celos aparecen, incluso si la pareja está teniendo un rol haciendo que esos celos aparezcan , por un momento, en lugar de fijarnos en el rol que quizá la pareja está teniendo, podemos simplemente ir a nuestro interior y experimentar, totalmente, sin movernos, ese estado de celos. Bajo los celos hay algo más profundo para lo cual los celos son una especie de defensa contra ello. A mi me parece que los celos están compuestos de miedo e ira. Es decir, bajo los celos, hay una emoción más primaria que puede ser experimentada directamente . Y estando dispuesto a experimentarla, puede aparecer de todo, quizá cómo fuiste tratado de niño, cómo fue tu primera relación, y eso es interesante y puede incluso ser útil. Pero si el foco está en simplemente experimentar lo que se está evitando , verás entonces que los celos, el rol de los celos, son para distraer tu atención y no sentir el miedo o el dolor, o abandono, o abismo de vacío. Y tendrás la oportunidad de realmente experimentarlo. Cuando estás dispuesto a finalmente experimentar el vacío, la nada, entonces ya eres libre. Porque todas las estrategias son alguna especie de movimiento para escapar de esa experiencia.
De alguna forma, esta invitación es para que experimentes aquello que todas las estrategias intentan que no experimentes. Lo experimentas y la verdad es que en tu experiencia directa te encuentras con una libertad sin límites. Te das cuenta de que aquello que estás buscando en el otro está presente ahí mismo, donde estás, independientemente del otro. Y ciertamente, independientemente de la actividad del otro . Entonces, de una forma natural, llega la claridad. Y, bien decidas romper con el otro, o ser claro con el otro en lo que hace referencia a establecer límites, o lo que es o no es aceptable para ti, todo ello, llega de una forma natural desde ese reconocimiento de la verdad sobre quien eres.
O sea, lo que estoy diciendo es que ese amor que estás buscando por todas partes está ya presente dentro de ti. Puede ser evocado por un cierto número de eventos, o presencias, una montaña puede evocar ese amor, un amanecer puede evocar ese amor, tu amado puede evocar ese amor, tu gurú puede evocar ese amor, pero finalmente, para darte cuenta de que tú eres ese amor tienes que estar dispuesto a ver hacia donde apunta esa evocación y eso está dentro de ti, esa es la fuente de amor . Y en este sentido, incluso las peores relaciones son grandes maestros o grandes vehículos para el verdadero maestro, el maestro dentro de ti. No estoy justificando relaciones abusivas. A veces la gente malinterpreta esto y asumen que lo que digo es que hay simplemente que aceptar cualquier cosa que tu pareja te haga. No digo nada de esto en absoluto. Lo que digo es que la claridad en la relación es responsabilidad. Y responsabilidad, el significado de esa palabra , es la habilidad de responder, no basándonos en el pasado, no basándonos en el miedo, no basándonos en el control del otro . Así, si estás dispuesto a parar, solo por un momento y no seguir a la mente que se apega a la culpa, a un resultado, al análisis, tan sólo a quedarte quieto y experimentar plenamente lo que sea que aparezca . Cuando lo experimentas totalmente, sin reprimirlo, sin dramatizarlo, verás que no es nada. Los celos, o cualquier otra emoción que pueda ser evocada tan solo se sostienen a través del pensamiento , sea ese pensamiento consciente o inconsciente , eso es lo que sostiene esa no tan primitiva emoción como celos, ansiedad, preocupación, culpa… y cuando estás dispuesto a cortar la historia y experimentar lo que hay bajo la culpa, bajo los celos, bajo la ansiedad, bajo la preocupación , entonces tienes la oportunidad de experimentar directamente emoción pura y desde ahí, tienes la oportunidad de experimentar también pura ausencia de emoción .
Sabes, en nuestra cultura en particular, a la gente le gusta experimentar las emociones de alguna manera porque hay una sensación de profundidad y un sensación de libertad. Pero a menudo, el estar dispuesto a experimentar esas emociones encubre el miedo a no experimentar ninguna emoción . Nos hemos definido como seres emocionales y quizá esta definición es un poquito más profunda que la de definirnos como seres puramente mentales, pero no nos llevará a casa. Y lo que evitas, definiéndote como un ser emocional es esa ausencia de emoción , ese vacío, esa nada. Y esta es la invitación . Y cuando estás dispuesto a experimentar eso y cuando lo has experimentado, sabes directamente que quien eres no puede ser definido por ningún estado, haya o no haya emoción . Y eso es libertad. Y entonces hay libertad para que las emociones aparezcan . No dicen nada sobre quien eres. Y hay libertad para la ausencia de emoción . Porque tampoco dice nada sobre quien eres. Entonces sabes directamente que esos estados emocionales o los estados de ausencia de emoción simplemente pasan a través tuyo . Esto es auto indagación . Esto es auto indagación directa tratando con estados emocionales . Y está a tu alcance. Si tus relaciones van bien, está a tu alcance. Si tus relaciones no van bien, está a tu alcance. Está siempre a tu alcance. "
Fonte: "Who are you?" Disco 2. Pista nº 5
Bueno, si puedes encontrarte con tu pareja de la misma forma que te encuentras contigo mismo, entonces verás el florecimiento del potencial de lo que llamamos una relación amorosa . Entonces las relaciones no son de hecho relaciones, sino uno mismo descubriéndose a uno mismo más profundamente en una forma diferente, en una manifestación diferente. Entonces, esas llamadas relaciones son vehículos para la más profunda verdad.
Normalmente las relaciones, desafortunadamente, no están basadas en descubrir la verdad. Normalmente están basadas en algún tipo de mantenimiento de la idea del “yo”, de forma que un amante puede estar con un amante porque éste le promete alguna seguridad, le promete una especie de alianza de forma que esa idea del “yo” quede protegida del resto del mundo. En otras palabras, normalmente las relaciones son bastante neuróticas. Pero el potencial, incluso para la neurosis es de descubrir, ¿quién está en relación? ¿quién ama?. Y en eso, descubres lo que es permanente mientras las manifestaciones de este amor son, de forma inherente, impermanentes. Los padres mueren, los hijos mueren, los amantes mueren. El amor no muere. El amor se encuentra consigo mismo, una y otra vez. La permanencia se encuentra consigo misma, una y otra vez.
En todas las relaciones, si uno está dispuesto a amar puramente, entonces uno está dispuesto a que haya nacimiento y muerte, porque uno está dispuesto a ser eso que ama, que es en realidad, amor. Ser amor es no ser nada en particular. Es no agarrarse a nada en particular. Por supuesto, lo que llamamos amor, es amor egoísta, es una imitación sentimental del amor. Y tiene que ver con mucho sufrimiento. Pero lo que es amor verdadero no desea deshacerse del sufrimiento, sino que abraza al sufrimiento hasta tal punto que el mismo sufrimiento se cae, postrado, reverenciando al misterio y magnificencia y la permanencia del amor, mientras todos los objetos del amor vienen y van. Este es el verdadero matrimonio. Cuando tú como corriente o río te encuentras con el océano del amor y te rindes frente a eso. Y te rindes para servir a eso. Eso es matrimonio verdadero. Y… ésa es una vida verdadera, que se vive en ese matrimonio, en ese servicio.
Me gustaría hablar un poquito más sobre las relaciones, ya que es ahí donde la mayoría de personas sienten sus apegos y su sufrimiento. Y sabes, el problema principal en las relaciones es que intentas conseguir algo de alguien , algo que ya está ya presente dentro de ti. Esto se refleja en la relación padre-hijo, donde el padre quizá espera que el hijo va finalmente a darle algo que le falta o el hijo espera que el padre le de algo que le falta. Y ese juego continua cuando nos hacemos adultos con nuestras parejas, con todas la actitudes que provocan sufrimiento como celos, miedos de abandono, ira, posesión, sufrimiento en general.
La oportunidad en la relación es, cuando esos sentimientos aparecen , una vez ha pasado la primera luna de miel del enamoramiento, cuando esos sentimientos aparecen, la oportunidad está en no focalizarnos fuera, en el otro, en la pareja, para ver como se puede arreglar, sino en mirar hacia dentro y estar dispuesto a experimentar lo que sea que quiere evitarse, de forma que si los celos son un problema, si los celos aparecen, incluso si la pareja está teniendo un rol haciendo que esos celos aparezcan , por un momento, en lugar de fijarnos en el rol que quizá la pareja está teniendo, podemos simplemente ir a nuestro interior y experimentar, totalmente, sin movernos, ese estado de celos. Bajo los celos hay algo más profundo para lo cual los celos son una especie de defensa contra ello. A mi me parece que los celos están compuestos de miedo e ira. Es decir, bajo los celos, hay una emoción más primaria que puede ser experimentada directamente . Y estando dispuesto a experimentarla, puede aparecer de todo, quizá cómo fuiste tratado de niño, cómo fue tu primera relación, y eso es interesante y puede incluso ser útil. Pero si el foco está en simplemente experimentar lo que se está evitando , verás entonces que los celos, el rol de los celos, son para distraer tu atención y no sentir el miedo o el dolor, o abandono, o abismo de vacío. Y tendrás la oportunidad de realmente experimentarlo. Cuando estás dispuesto a finalmente experimentar el vacío, la nada, entonces ya eres libre. Porque todas las estrategias son alguna especie de movimiento para escapar de esa experiencia.
De alguna forma, esta invitación es para que experimentes aquello que todas las estrategias intentan que no experimentes. Lo experimentas y la verdad es que en tu experiencia directa te encuentras con una libertad sin límites. Te das cuenta de que aquello que estás buscando en el otro está presente ahí mismo, donde estás, independientemente del otro. Y ciertamente, independientemente de la actividad del otro . Entonces, de una forma natural, llega la claridad. Y, bien decidas romper con el otro, o ser claro con el otro en lo que hace referencia a establecer límites, o lo que es o no es aceptable para ti, todo ello, llega de una forma natural desde ese reconocimiento de la verdad sobre quien eres.
O sea, lo que estoy diciendo es que ese amor que estás buscando por todas partes está ya presente dentro de ti. Puede ser evocado por un cierto número de eventos, o presencias, una montaña puede evocar ese amor, un amanecer puede evocar ese amor, tu amado puede evocar ese amor, tu gurú puede evocar ese amor, pero finalmente, para darte cuenta de que tú eres ese amor tienes que estar dispuesto a ver hacia donde apunta esa evocación y eso está dentro de ti, esa es la fuente de amor . Y en este sentido, incluso las peores relaciones son grandes maestros o grandes vehículos para el verdadero maestro, el maestro dentro de ti. No estoy justificando relaciones abusivas. A veces la gente malinterpreta esto y asumen que lo que digo es que hay simplemente que aceptar cualquier cosa que tu pareja te haga. No digo nada de esto en absoluto. Lo que digo es que la claridad en la relación es responsabilidad. Y responsabilidad, el significado de esa palabra , es la habilidad de responder, no basándonos en el pasado, no basándonos en el miedo, no basándonos en el control del otro . Así, si estás dispuesto a parar, solo por un momento y no seguir a la mente que se apega a la culpa, a un resultado, al análisis, tan sólo a quedarte quieto y experimentar plenamente lo que sea que aparezca . Cuando lo experimentas totalmente, sin reprimirlo, sin dramatizarlo, verás que no es nada. Los celos, o cualquier otra emoción que pueda ser evocada tan solo se sostienen a través del pensamiento , sea ese pensamiento consciente o inconsciente , eso es lo que sostiene esa no tan primitiva emoción como celos, ansiedad, preocupación, culpa… y cuando estás dispuesto a cortar la historia y experimentar lo que hay bajo la culpa, bajo los celos, bajo la ansiedad, bajo la preocupación , entonces tienes la oportunidad de experimentar directamente emoción pura y desde ahí, tienes la oportunidad de experimentar también pura ausencia de emoción .
Sabes, en nuestra cultura en particular, a la gente le gusta experimentar las emociones de alguna manera porque hay una sensación de profundidad y un sensación de libertad. Pero a menudo, el estar dispuesto a experimentar esas emociones encubre el miedo a no experimentar ninguna emoción . Nos hemos definido como seres emocionales y quizá esta definición es un poquito más profunda que la de definirnos como seres puramente mentales, pero no nos llevará a casa. Y lo que evitas, definiéndote como un ser emocional es esa ausencia de emoción , ese vacío, esa nada. Y esta es la invitación . Y cuando estás dispuesto a experimentar eso y cuando lo has experimentado, sabes directamente que quien eres no puede ser definido por ningún estado, haya o no haya emoción . Y eso es libertad. Y entonces hay libertad para que las emociones aparezcan . No dicen nada sobre quien eres. Y hay libertad para la ausencia de emoción . Porque tampoco dice nada sobre quien eres. Entonces sabes directamente que esos estados emocionales o los estados de ausencia de emoción simplemente pasan a través tuyo . Esto es auto indagación . Esto es auto indagación directa tratando con estados emocionales . Y está a tu alcance. Si tus relaciones van bien, está a tu alcance. Si tus relaciones no van bien, está a tu alcance. Está siempre a tu alcance. "
Fonte: "Who are you?" Disco 2. Pista nº 5
Podemos transformar um relacionamento viciado em um relacionamento verdadeiro? - (Eckhart Tolle)
"Sim, se estivermos conscientes e aumentarmos a nossa presença, concentrando a atenção cada vez mais fundo no Agora. A chave do segredo será sempre essa, não importa se você está vivendo só ou com alguém. Para o amor incondicional florescer, a luz da nossa presença tem de ser forte o bastante, de modo a impedir que o pensador ou o sofrimento do corpo nos domine. Saber que cada um de nós é o Ser por baixo do pensador, a serenidade por baixo do barulho mental, o amor e a alegria por baixo da dor, significa liberdade, salvação e iluminação. Pôr fim à identificação com o sofrimento do corpo é trazer a presença para o sofrimento e, assim, transformá-lo. Pôr fim à identificação com o pensamento é ser o observador silencioso dos próprios pensamentos e atitudes, em especial dos padrões repetitivos gerados pela mente e dos papéis desempenhados pelo ego. Se paramos de injetar “auto-suficiência” na mente, ela perde sua qualidade compulsiva, que é o impulso para julgar e, desse modo, criar uma resistência ao que é, dando origem a conflitos, tragédias e novos sofrimentos. Na verdade, no momento em que paramos de julgar, no instante em que aceitamos aquilo que é, ficamos livres da mente e abrimos espaço para o amor incondicional, para a alegria e para a paz. Em primeiro lugar, paramos de nos julgar, depois paramos de julgar o outro. O grande elemento catalisador para mudarmos um relacionamento é a completa aceitação do outro do jeito que ele é, sem querermos julgar ou modificar nada. Isso nos leva imediatamente para além do ego. Nesse momento, todos os jogos mentais e toda a dependência viciada deixam de existir. Não existe mais vítima nem agressor, acusador nem acusado. Esse é também o fim da dependência, de uma atração pelo padrão inconsciente do outro. Você, então, ou vai se afastar – com amor – ou penetrar cada vez mais fundo no Agora junto com o outro. É simples assim. O amor é um estado do Ser. Não está do lado de fora, está bem lá dentro de nós. Não temos como perdê-lo e ele não consegue nos deixar. Não depende de um outro corpo, de nenhuma forma externa. Na serenidade do estado de presença, podemos sentir a nossa própria realidade sem forma e sem tempo, que é a vida não manifesta que dá vitalidade à nossa forma física. Conseguimos, então, sentir essa mesma vida lá no fundo de outro ser humano, de cada criatura. Conseguimos enxergar além do véu opaco da forma e da desunião. Essa é a realização da unidade. Isso é amor incondicional. Só assim tem-se uma relação iluminada entre um homem e uma mulher."
segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011
Amar não é ... - (Gaiarsa - Entrevista a Jéssica de Silva e Milly Lacombe, Revista TPM)
Há 50 anos ele nos estuda. Estuda, mais precisamente, nossas relações, nossa sexualidade, nossa dificuldade de amar e o que chama de mal da monogamia. Por suas idéias não convencionais já foi apelidado de terrorista social. José Angelo Gaiarsa não liga. Tudo o que quer aos 85 é continuar a nos investigar.
Você já gozou hoje? E, mais importante ainda, foi bom?
Não há nada de estranho, engraçado ou sujo com essas perguntas. Para o psicanalista paulista José Angelo Gaiarsa são indagações fundamentais. Seguidor das idéias do médico austríaco Wilhelm Reich (1897-1957), Gaiarsa acredita que viveríamos em um mundo mais justo e livre se fizéssemos mais amor. Ou, colocado de outra forma, se nossas relações sexuais fossem mais intensamente exploradas e menos reprimidas.
E ele diz isso bem antes dos Beatles entoarem “All We Need Is Love”. Ele diz isso, aliás, há exatos 50 anos, quando, aos 26 anos, concluiu a faculdade de medicina da USP e se deixou seduzir por Wilhelm Reich. Foi então que abandonou a formação altamente católica e começou a questionar e a investigar as relações humanas.
Agente das mudanças que gostaria de promover no mundo, teve cinco mulheres e, com duas delas, conseguiu aplicar sua teoria de amor livre. Funcionou. Mais para elas do que para ele.
Durante dez anos, de 1983 a 1993, suas idéias foram ao ar, diariamente, pela TV Bandeirantes. Eram seis minutos de papo com Gaiarsa, que respondia, ao vivo, a dúvidas de espectadores. Por sua franqueza, foi amado e odiado. Espécie de Alfred Kinsey (o biólogo e sociólogo que pesquisou tendências e práticas sexuais dos americanos na década de 40) brasileiro, autoditada quando o assunto é tudo o que tange a relações humanas e sexo, e defensor de formas mais livres de amor, já foi chamado de terrorista social.
Como tudo o que repele também intriga em igual proporção, é autor consagrado, já publicou 30 livros e passou mais de 60 mil horas em seu consultório ouvindo discursos inconformados sobre o que chama de lado podre da família. Com base nessas informações, foi reescrevendo seu código de ética e moral.
Invadimos o pequeno apartamento de Gaiarsa no fim da tarde de uma quarta-feira de setembro. Íamos atrás de seus conhecimentos no que toca o amor, a relação entre homens e mulheres, o gozo, a monogamia e a felicidade – questões que insistem em nos cutucar em doses diárias. E, sobre tudo isso, ele começou a falar no mesmo instante em que nos deixou entrar.
Ainda de pé, no meio da sala que dá vista para a Vila Madalena, bairro descolado de São Paulo, ficamos, por quase 15 minutos, sem conseguir fazer com que Gaiarsa interrompesse o raciocínio. Quando finalmente nos mudamos para o sofá, ali passamos mais três horas.
Aos 85, o psicanalista, quatro filhos, sete netos, está sozinho. Mas garante não se arrepender da vida que levou. Tudo porque, assim como Nietzsche, acreditou que a maior inimiga da verdade não é a mentira, mas a convicção. Com isso em mente, continua a nos estudar.
Depois de todos esses anos, o senhor conseguiu entender um pouco mais a mulher, e o que nos dá prazer?
Gaiarsa. Não [risos]. Olha, achar que homem e mulher têm sexos parecidos é a maior imbecilidade do planeta. “Ah, eu tenho orgasmo toda vez”, elas dizem na cara do garotão. A idéia geral de que devo ter orgasmos fica subtendida como o dele, e, como o dele é carnavalesco, ela acaba imitando o inconsciente involuntário. Pode até sentir alguma coisa boa, não é que não, mas ela está seguindo uma indicação de orgasmo que não é dela. É: “Não quero ser a inferior, posso me divertir tanto quanto ele”.
Mas para a mulher sexo ainda é mais tabu do que para o homem.
Se uma mulher segue seu destino, se desde pequena ela brinca, se aprende a se masturbar com arte, não. Não é assim: “Vou depressa para acabar”. É: “Deixe-me sentir tudo o que posso sentir”. No relatório Hite [estudo sobre a sexualidade feminina, publicado em 1976, e que causou impacto na época porque continha revelações como a que dizia que o clitóris é o ponto-chave do prazer feminino] tem relatos de mulheres que aprendem a se masturbar e tem estados orgásticos durante o tempo que quiserem, o que jamais aconteceria com o homem, a não ser que ele faça um curso de ioga tântrica na Índia de 5000 anos atrás [risos]. O homem vai e acaba. Fim. Chega uma explosão e depois brocha, fica a zero. Eles falam muito, mas a maioria dos homens dá uma e pára. E dorme [risos]. É clássico. E ela se irrita. Ela é muito mais difícil de acordar, mas se é bem acordada tem possibilidade de estados orgásmicos intermináveis.
“SEGUNDO A IOGA MILENAR, SEXO ERA UMA ARTE ELABORADÍSSIMA, EM QUE O HOMEM TENTAVA APRENDER COM A MULHER COMO É QUE ELA TINHA TANTO PRAZER”
Tecnicamente podemos sentir mais coisas do que eles?
Segundo a ioga milenar, sexo era uma arte elaboradíssima, em que o homem tentava aprender com a mulher como é que ela tinha tanto prazer. O homem tentava imitá-la. O homem pode ir treinando segurar, segurar, segurar e demorar muito tempo. Tudo isso é mais ou menos bem estabelecido, meio falado, mas muito pouco feito. Em primeiro lugar você precisa ter com quem. E admitir o que ninguém admite: “Olha, eu não sei como é, não sei nada, estou cheio de vícios e você também. Vamos tentar reaprender?”. Precisa ter alguém que tenha coragem para dizer: “Não sei nada, vamos começar do começo”.
O casamento é uma prisão?
Nem discuto isso porque para mim é a coisa mais evidente do mundo. Aliás, você jura diante de Deus, das testemunhas, que vai amar até o fim da vida. Não tem cabimento uma coisa dessas.
E isso é impossível?
Não acho impossível, mas acho impossível jurar isso. Como é que posso prometer uma coisa dessas? Tinha que ser: “Estou amando você, vamos fazer força para durar”. Agora, “Juro que vai durar a vida toda?”. É a repressão matrimonial. Ou seja, falamos da repressão sexual e agora da matrimonial, que é seguida pela repressão maternal.
“SOMOS TODOS POLICIAIS DO SISTEMA. TODOS VIGIAM TODOS PARA QUE NINGUÉM FAÇA O QUE TODOS GOSTARIAM DE FAZER. SOMOS CARCEREIROS E PRISIONEIROS”
Por trás disso existe um culpado?
Somos todos culpados. Porque você que se diz liberal está olhando para a sua amiga e se ela for meio galinha você é a primeira que dirá: “Olha aquela lá, que coisa”. Somos todos policiais do sistema. Todos vigiam todos para que ninguém faça o que todos gostariam de fazer. Somos todos carcereiros e prisioneiros.
Qual a solução?
Acho que sinceridade é a única solução que existe. Desde muito cedo: “Olha, gosto muito de você, mas enquanto nossa ligação nos proíbe de qualquer movimento amoroso você é meu inimigo. Então, se você não quiser ser meu inimigo, se eu tiver uma outra chance amorosa de boa qualidade, eu concilio”. Que o amor não seja uma prisão recíproca, porque ele se transforma imediatamente em exigências implícitas.
O senhor sempre foi inquieto com essas questões? Mesmo na infância?
Olha, muito moleque eu nunca fui. Nasci em Santo André, São Paulo, e era muito tagarela, lia muito, me interessava por coisas novas, em interagir com a família, que era enorme. Minha mãe tinha 12 irmãos, seis homens e seis mulheres, todos operários da fábrica do meu pai.
O senhor teve uma educação católica, tanto em casa como na escola?
Tive, minha mãe era muito católica.
E como fez para se libertar desses detritos morais e estudar as relações humanas e o sexo sem preconceitos?
Aconteceu muito cedo. A pior coisa que o cristianismo fez para mim foi condenar a masturbação. Uma histeria completa, porque eu acabava fazendo e me arrependia. Fazia e depois dizia que nunca mais ia fazer.
“A PIOR COISA QUE O CRISTIANISMO FEZ POR MIM FOI CONDENAR A MASTURBAÇÃO”
Com quantos anos o senhor se casou pela primeira vez?
Com 27. Meu primeiro casamento durou 25 anos e me deu três filhos. O casamento não foi bom. Aliás, todos os meus casamentos duraram de metade a dois terços a mais do que deveriam ter durado, até o mais curto deles, que durou três anos. Separar é muito difícil. Mas aconteceu o fato de que eu casei e seis meses depois não tinha mais nada de cristianismo na minha cabeça. Meu interesse então se limitava a Jesus Cristo.
E a ruptura com a religião se deu por quê?
Eu já estava começando o consultório, como psicoterapeuta, conhecendo a tristeza do mundo. Até então, a família para mim era linda. Mas no consultório percebi que não era nada disso. Comecei a entrar na vida das pessoas e conhecer a realidade delas, as dificuldades, os sofrimentos, as angústias, o outro lado da família. Na mesma época meu casamento começou a encrespar.
Por quê?
Por tudo.Tinha brigas homéricas com a minha mulher, mas só na minha cabeça. Nunca brigamos de verdade. A nossa briga era inglesa, só de caras. E eu passava o tempo todo da minha folga pensando no meu casamento, no porquê de não estar dando certo. Depois de anos percebi que não estava discutindo o meu casamento, mas o casamento. Eu saía de casa de bico por causa dela, chegava ao consultório e a primeira coisa que eu ouvia do paciente era que ele não agüentava mais a mulher dele. Então comecei a perceber que o casamento é isso, e não o meu que é uma tragédia. Infelizmente, ele era normal.
Sobre o que o senhor falava em seu programa [Gaiarsa tinha um programa diário na televisão, de seis minutos, em rede nacional]?
Era muito variado. Dava aulas, explicava o Reich, respiração, mostrava obras de arte interpretadas. Freqüentemente eles me empurravam para responder telefonemas e era por isso que as pessoas mais se interessavam. Acabei me cansando porque, de cada 100 ligações, 90 eram de mulheres. Trinta me perguntavam o que elas faziam com o casamento. Sessenta queriam saber o que fazer com o filho. Todas absolutamente iguais.
Era um programa de vanguarda?
Muito. Metade das mulheres da época me amava, e metade me odiava. Lembro que depois da estréia eu cheguei em casa e tocou o telefone. Atendi e ouvi: “Gaiarsa? Você é um filho-da-puta!”. Fiquei em choque. Tocou de novo. Era uma outra voz: “Gaiarsa, você é sensacional!”. E foi assim para o resto da vida: amado e odiado.
Em alguns dos cinco casamentos o senhor conseguiu pôr em prática a liberdade de amar que prega?
Nos dois últimos, mais elas do que eu. Eu ficava triste porque às vezes gostaria de estar com ela, e ela estava com outro. Mas não sentia raiva.
Mesmo assim continuava tendo certeza dessa liberdade?
Sim, acho que sim. Prefiro isso ao sistema tradicional. Experimentei os dois. No primeiro casamento senti na pele todas as restrições da velha família.
O senhor diria que se as pessoas gozassem mais, ou melhor, viveríamos em um mundo menos violento.
Eu gosto muito da noção “paz e amor” mas desde que a humanidade é humanidade sempre teve alguém dizendo que deveríamos nos amar e nunca conseguimos. Jesus Cristo morreu para ensinar isso e ninguém é tão responsável por mais torturas e mortes do que ele.
O que impede que nos amemos?
Primeiro: as diferenças sociais. Isso gera revolta, ressentimento, depressão. A nossa trama social é envenenada. Preciso ter certeza de que você não vai me machucar, somos extremamente defensivos, desconfiados, ansiosos e medrosos. A segunda fonte de separação nas pessoas vem da sua infância. Qual é a palavra que criança mais ouve? “Não”. Quase tudo que é espontâneo e livre não pode. Esses dois fatores tornam o homem desconfiado e incapaz de amar. Está esperando a hora que o outro vai machucá-lo. Esse é o contexto que torna o amor tão difícil.
E qual é a grande solução?
O Oriente explica mais ou menos: se tudo é péssimo, fique alerta, consciente. Não entre de cabeça dizendo que agora está amando porque vai dar com a cara. Não arme, mas também não desarme. Tudo isso é o normal. No final, a gente volta tudo: por que amar é tão difícil?
Leia na Tpm # 48: Gaiarsa fala sobre monogamia, o médico austríaco Wilhelm Reich, explica o que é repressão maternal e reflete sobre o tema central desta edição: consumo
Fonte: http://revistatpm.uol.com.br/48/vermelhas/05.htm
Você já gozou hoje? E, mais importante ainda, foi bom?
Não há nada de estranho, engraçado ou sujo com essas perguntas. Para o psicanalista paulista José Angelo Gaiarsa são indagações fundamentais. Seguidor das idéias do médico austríaco Wilhelm Reich (1897-1957), Gaiarsa acredita que viveríamos em um mundo mais justo e livre se fizéssemos mais amor. Ou, colocado de outra forma, se nossas relações sexuais fossem mais intensamente exploradas e menos reprimidas.
E ele diz isso bem antes dos Beatles entoarem “All We Need Is Love”. Ele diz isso, aliás, há exatos 50 anos, quando, aos 26 anos, concluiu a faculdade de medicina da USP e se deixou seduzir por Wilhelm Reich. Foi então que abandonou a formação altamente católica e começou a questionar e a investigar as relações humanas.
Agente das mudanças que gostaria de promover no mundo, teve cinco mulheres e, com duas delas, conseguiu aplicar sua teoria de amor livre. Funcionou. Mais para elas do que para ele.
Durante dez anos, de 1983 a 1993, suas idéias foram ao ar, diariamente, pela TV Bandeirantes. Eram seis minutos de papo com Gaiarsa, que respondia, ao vivo, a dúvidas de espectadores. Por sua franqueza, foi amado e odiado. Espécie de Alfred Kinsey (o biólogo e sociólogo que pesquisou tendências e práticas sexuais dos americanos na década de 40) brasileiro, autoditada quando o assunto é tudo o que tange a relações humanas e sexo, e defensor de formas mais livres de amor, já foi chamado de terrorista social.
Como tudo o que repele também intriga em igual proporção, é autor consagrado, já publicou 30 livros e passou mais de 60 mil horas em seu consultório ouvindo discursos inconformados sobre o que chama de lado podre da família. Com base nessas informações, foi reescrevendo seu código de ética e moral.
Invadimos o pequeno apartamento de Gaiarsa no fim da tarde de uma quarta-feira de setembro. Íamos atrás de seus conhecimentos no que toca o amor, a relação entre homens e mulheres, o gozo, a monogamia e a felicidade – questões que insistem em nos cutucar em doses diárias. E, sobre tudo isso, ele começou a falar no mesmo instante em que nos deixou entrar.
Ainda de pé, no meio da sala que dá vista para a Vila Madalena, bairro descolado de São Paulo, ficamos, por quase 15 minutos, sem conseguir fazer com que Gaiarsa interrompesse o raciocínio. Quando finalmente nos mudamos para o sofá, ali passamos mais três horas.
Aos 85, o psicanalista, quatro filhos, sete netos, está sozinho. Mas garante não se arrepender da vida que levou. Tudo porque, assim como Nietzsche, acreditou que a maior inimiga da verdade não é a mentira, mas a convicção. Com isso em mente, continua a nos estudar.
Depois de todos esses anos, o senhor conseguiu entender um pouco mais a mulher, e o que nos dá prazer?
Gaiarsa. Não [risos]. Olha, achar que homem e mulher têm sexos parecidos é a maior imbecilidade do planeta. “Ah, eu tenho orgasmo toda vez”, elas dizem na cara do garotão. A idéia geral de que devo ter orgasmos fica subtendida como o dele, e, como o dele é carnavalesco, ela acaba imitando o inconsciente involuntário. Pode até sentir alguma coisa boa, não é que não, mas ela está seguindo uma indicação de orgasmo que não é dela. É: “Não quero ser a inferior, posso me divertir tanto quanto ele”.
Mas para a mulher sexo ainda é mais tabu do que para o homem.
Se uma mulher segue seu destino, se desde pequena ela brinca, se aprende a se masturbar com arte, não. Não é assim: “Vou depressa para acabar”. É: “Deixe-me sentir tudo o que posso sentir”. No relatório Hite [estudo sobre a sexualidade feminina, publicado em 1976, e que causou impacto na época porque continha revelações como a que dizia que o clitóris é o ponto-chave do prazer feminino] tem relatos de mulheres que aprendem a se masturbar e tem estados orgásticos durante o tempo que quiserem, o que jamais aconteceria com o homem, a não ser que ele faça um curso de ioga tântrica na Índia de 5000 anos atrás [risos]. O homem vai e acaba. Fim. Chega uma explosão e depois brocha, fica a zero. Eles falam muito, mas a maioria dos homens dá uma e pára. E dorme [risos]. É clássico. E ela se irrita. Ela é muito mais difícil de acordar, mas se é bem acordada tem possibilidade de estados orgásmicos intermináveis.
“SEGUNDO A IOGA MILENAR, SEXO ERA UMA ARTE ELABORADÍSSIMA, EM QUE O HOMEM TENTAVA APRENDER COM A MULHER COMO É QUE ELA TINHA TANTO PRAZER”
Tecnicamente podemos sentir mais coisas do que eles?
Segundo a ioga milenar, sexo era uma arte elaboradíssima, em que o homem tentava aprender com a mulher como é que ela tinha tanto prazer. O homem tentava imitá-la. O homem pode ir treinando segurar, segurar, segurar e demorar muito tempo. Tudo isso é mais ou menos bem estabelecido, meio falado, mas muito pouco feito. Em primeiro lugar você precisa ter com quem. E admitir o que ninguém admite: “Olha, eu não sei como é, não sei nada, estou cheio de vícios e você também. Vamos tentar reaprender?”. Precisa ter alguém que tenha coragem para dizer: “Não sei nada, vamos começar do começo”.
O casamento é uma prisão?
Nem discuto isso porque para mim é a coisa mais evidente do mundo. Aliás, você jura diante de Deus, das testemunhas, que vai amar até o fim da vida. Não tem cabimento uma coisa dessas.
E isso é impossível?
Não acho impossível, mas acho impossível jurar isso. Como é que posso prometer uma coisa dessas? Tinha que ser: “Estou amando você, vamos fazer força para durar”. Agora, “Juro que vai durar a vida toda?”. É a repressão matrimonial. Ou seja, falamos da repressão sexual e agora da matrimonial, que é seguida pela repressão maternal.
“SOMOS TODOS POLICIAIS DO SISTEMA. TODOS VIGIAM TODOS PARA QUE NINGUÉM FAÇA O QUE TODOS GOSTARIAM DE FAZER. SOMOS CARCEREIROS E PRISIONEIROS”
Por trás disso existe um culpado?
Somos todos culpados. Porque você que se diz liberal está olhando para a sua amiga e se ela for meio galinha você é a primeira que dirá: “Olha aquela lá, que coisa”. Somos todos policiais do sistema. Todos vigiam todos para que ninguém faça o que todos gostariam de fazer. Somos todos carcereiros e prisioneiros.
Qual a solução?
Acho que sinceridade é a única solução que existe. Desde muito cedo: “Olha, gosto muito de você, mas enquanto nossa ligação nos proíbe de qualquer movimento amoroso você é meu inimigo. Então, se você não quiser ser meu inimigo, se eu tiver uma outra chance amorosa de boa qualidade, eu concilio”. Que o amor não seja uma prisão recíproca, porque ele se transforma imediatamente em exigências implícitas.
O senhor sempre foi inquieto com essas questões? Mesmo na infância?
Olha, muito moleque eu nunca fui. Nasci em Santo André, São Paulo, e era muito tagarela, lia muito, me interessava por coisas novas, em interagir com a família, que era enorme. Minha mãe tinha 12 irmãos, seis homens e seis mulheres, todos operários da fábrica do meu pai.
O senhor teve uma educação católica, tanto em casa como na escola?
Tive, minha mãe era muito católica.
E como fez para se libertar desses detritos morais e estudar as relações humanas e o sexo sem preconceitos?
Aconteceu muito cedo. A pior coisa que o cristianismo fez para mim foi condenar a masturbação. Uma histeria completa, porque eu acabava fazendo e me arrependia. Fazia e depois dizia que nunca mais ia fazer.
“A PIOR COISA QUE O CRISTIANISMO FEZ POR MIM FOI CONDENAR A MASTURBAÇÃO”
Com quantos anos o senhor se casou pela primeira vez?
Com 27. Meu primeiro casamento durou 25 anos e me deu três filhos. O casamento não foi bom. Aliás, todos os meus casamentos duraram de metade a dois terços a mais do que deveriam ter durado, até o mais curto deles, que durou três anos. Separar é muito difícil. Mas aconteceu o fato de que eu casei e seis meses depois não tinha mais nada de cristianismo na minha cabeça. Meu interesse então se limitava a Jesus Cristo.
E a ruptura com a religião se deu por quê?
Eu já estava começando o consultório, como psicoterapeuta, conhecendo a tristeza do mundo. Até então, a família para mim era linda. Mas no consultório percebi que não era nada disso. Comecei a entrar na vida das pessoas e conhecer a realidade delas, as dificuldades, os sofrimentos, as angústias, o outro lado da família. Na mesma época meu casamento começou a encrespar.
Por quê?
Por tudo.Tinha brigas homéricas com a minha mulher, mas só na minha cabeça. Nunca brigamos de verdade. A nossa briga era inglesa, só de caras. E eu passava o tempo todo da minha folga pensando no meu casamento, no porquê de não estar dando certo. Depois de anos percebi que não estava discutindo o meu casamento, mas o casamento. Eu saía de casa de bico por causa dela, chegava ao consultório e a primeira coisa que eu ouvia do paciente era que ele não agüentava mais a mulher dele. Então comecei a perceber que o casamento é isso, e não o meu que é uma tragédia. Infelizmente, ele era normal.
Sobre o que o senhor falava em seu programa [Gaiarsa tinha um programa diário na televisão, de seis minutos, em rede nacional]?
Era muito variado. Dava aulas, explicava o Reich, respiração, mostrava obras de arte interpretadas. Freqüentemente eles me empurravam para responder telefonemas e era por isso que as pessoas mais se interessavam. Acabei me cansando porque, de cada 100 ligações, 90 eram de mulheres. Trinta me perguntavam o que elas faziam com o casamento. Sessenta queriam saber o que fazer com o filho. Todas absolutamente iguais.
Era um programa de vanguarda?
Muito. Metade das mulheres da época me amava, e metade me odiava. Lembro que depois da estréia eu cheguei em casa e tocou o telefone. Atendi e ouvi: “Gaiarsa? Você é um filho-da-puta!”. Fiquei em choque. Tocou de novo. Era uma outra voz: “Gaiarsa, você é sensacional!”. E foi assim para o resto da vida: amado e odiado.
Em alguns dos cinco casamentos o senhor conseguiu pôr em prática a liberdade de amar que prega?
Nos dois últimos, mais elas do que eu. Eu ficava triste porque às vezes gostaria de estar com ela, e ela estava com outro. Mas não sentia raiva.
Mesmo assim continuava tendo certeza dessa liberdade?
Sim, acho que sim. Prefiro isso ao sistema tradicional. Experimentei os dois. No primeiro casamento senti na pele todas as restrições da velha família.
O senhor diria que se as pessoas gozassem mais, ou melhor, viveríamos em um mundo menos violento.
Eu gosto muito da noção “paz e amor” mas desde que a humanidade é humanidade sempre teve alguém dizendo que deveríamos nos amar e nunca conseguimos. Jesus Cristo morreu para ensinar isso e ninguém é tão responsável por mais torturas e mortes do que ele.
O que impede que nos amemos?
Primeiro: as diferenças sociais. Isso gera revolta, ressentimento, depressão. A nossa trama social é envenenada. Preciso ter certeza de que você não vai me machucar, somos extremamente defensivos, desconfiados, ansiosos e medrosos. A segunda fonte de separação nas pessoas vem da sua infância. Qual é a palavra que criança mais ouve? “Não”. Quase tudo que é espontâneo e livre não pode. Esses dois fatores tornam o homem desconfiado e incapaz de amar. Está esperando a hora que o outro vai machucá-lo. Esse é o contexto que torna o amor tão difícil.
E qual é a grande solução?
O Oriente explica mais ou menos: se tudo é péssimo, fique alerta, consciente. Não entre de cabeça dizendo que agora está amando porque vai dar com a cara. Não arme, mas também não desarme. Tudo isso é o normal. No final, a gente volta tudo: por que amar é tão difícil?
Leia na Tpm # 48: Gaiarsa fala sobre monogamia, o médico austríaco Wilhelm Reich, explica o que é repressão maternal e reflete sobre o tema central desta edição: consumo
Fonte: http://revistatpm.uol.com.br/48/vermelhas/05.htm
sábado, 5 de fevereiro de 2011
Os 10 mandamentos - (Osho)
"Em 1970 perguntaram a Osho pelos seus 10 mandamentos.
Esta foi sua resposta:
Você pergunta pelos meus dez mandamentos. Isso é muito difícil, porque eu sou contra qualquer tipo de mandamento. Todavia, só pela brincadeira, eu estabeleço o que se segue:
1. Não obedeça a ordens, exceto àquelas que venham de dentro.
2. O único Deus é a própria vida.
3. A verdade está dentro, não a procure em nenhum outro lugar.
4. O amor é a oração.
5. O vazio é a porta para a verdade, é o meio, o fim e a realização.
6. A vida é aqui e agora.
7. Viva completamente acordado.
8. Não nade, flutue.
9. Morra a cada momento para que você possa se renovar a cada momento.
10. Pare de buscar. O que é, é: pare e veja."
Autor: Osho
Fonte: A Cup of Tea, 123
Esta foi sua resposta:
Você pergunta pelos meus dez mandamentos. Isso é muito difícil, porque eu sou contra qualquer tipo de mandamento. Todavia, só pela brincadeira, eu estabeleço o que se segue:
1. Não obedeça a ordens, exceto àquelas que venham de dentro.
2. O único Deus é a própria vida.
3. A verdade está dentro, não a procure em nenhum outro lugar.
4. O amor é a oração.
5. O vazio é a porta para a verdade, é o meio, o fim e a realização.
6. A vida é aqui e agora.
7. Viva completamente acordado.
8. Não nade, flutue.
9. Morra a cada momento para que você possa se renovar a cada momento.
10. Pare de buscar. O que é, é: pare e veja."
Autor: Osho
Fonte: A Cup of Tea, 123
sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011
“A paz de Deus excede toda a inteligência” - (Eckhart Tolle)
"Existem muitos relatos de pessoas que vivenciaram essa nova dimensão emergente da consciência como resultado de uma perda trágica em determinado momento de sua vida.
Há quem tenha perdido todos os bens, os filhos ou o cônjuge, a posição social, a reputação ou a capacidades físicas. Em certos casos, em decorrência de desastres ou guerras, tudo isso se foi ao mesmo tempo e esses indivíduos se viram com “nada”. Podemos chamar um quadro como esse de situação-limite. Não importa com que elementos essas pessoas estavam identificadas, o que lhes dava a percepção do ser, isso se acabou. Então, de repente e inexplicavelmente, a angústia e o medo intenso que elas sentiam desapareceram, dando lugar ia sensação sagrada da presença, uma paz e uma serenidade profunda e uma completa libertação do medo.
Esse fenômeno deve ter sido familiar a São Paulo, que usou a expressão “a paz de Deus excede toda a inteligência”. Na verdade, é uma paz que não parece fazer sentido, e quem já passou por essa experiência se pergunta: diante disso, como é possível que eu sinta tanta paz?
Depois que compreendemos o que é o ego e como ele funciona, a resposta é simples. Quando as formas com as quais nos identificamos, que nos dão a presença do eu desmoronam ou são removidas, o ego entra em colapso, uma vez que ele é a identificação com a forma. No momento em que não há mais nada com que possamos nos identificar, quem somos nós? Assim que as formas ao nosso redor morrem ou quando a morte se aproxima, nossa percepção da Existência, do “eu sou”, fica livre das ligações com a forma: o espírito é liberado da sua prisão na matéria.
Passamos a compreender nossa identidade essencial como informe, como uma presença onipresente do Ser antes de todas as formas, de todas as identificações. Entendemos nossa verdadeira identidade como a consciência propriamente dita em vez de algo ao qual a consciência se vinculara. Essa é a paz de Deus. A verdade suprema de quem nós somos não é “eu sou isso ou eu sou aquilo”, mas “eu sou”.
Nem todo mundo que vivencia uma grande perda passa por esse despertar, isto é, pelo processo de se desassociar da forma. Algumas pessoas criam de imediato uma forte imagem mental ou uma forma de pensamento em que se vêem como vitimas – das circunstâncias, de alguém, de um destino injusto ou de Deus. Assim, vinculam-se com intensidade a essa forma de pensamento e às emoções que ela origina, como raiva, ressentimento e auto-piedade, que assumem de modo instantâneo o lugar de todas as outras identificações que entraram em colapso por causa da perda.
Em outras palavras, o ego logo encontra uma nova forma. E o fato de que ela seja algo profundamente infeliz não o preocupa muito, desde que ele tenha uma nova identidade, boa ou má. Na verdade, esse novo ego será mais retraído, mais rígido e impenetrável do que o antigo.
Quando a perda trágica ocorre, nós ou resistimos a ela ou nos resignamos. Há pessoas que se tornam amargas ou muito ressentidas, enquanto outras se mostram mais solitárias, sábias e afetuosas. A resignação significa a aceitação interior do que aconteceu. Ficamos abertos à vida. A resistência é uma contração interior, um endurecimento da concha do ego. Permanecemos fechados. Seja qual for a ação que adotemos num estado de resistência interior (que podemos também chamar de negativismo), ela criará mais resistência externa, e o universo não estará do nosso lado. A vida não nos beneficiará. Se as persianas estiverem fechadas, o sol não conseguirá entrar.
Quando nos submetemos internamente, ou seja, no momento em que nos entregamos, uma nova dimensão da consciência se abre. Caso uma ação seja possível ou necessária, essa atitude será alinhada com o todo e apoiada pela inteligência criativa, a consciência incondicional com a qual nos unificamos num estado de receptividade interior. As circunstâncias e as pessoas então se tornam favoráveis, cooperativas. Coincidências acontecem. Se nenhuma ação for possível, repousaremos na paz e no silêncio interior que acompanham a resignação. Descansaremos em DEUS."
Fonte: livro O DESPERTAR DE UMA NOVA CONSCIÊNCIA, de autoria de Eckhart Tolle.
Há quem tenha perdido todos os bens, os filhos ou o cônjuge, a posição social, a reputação ou a capacidades físicas. Em certos casos, em decorrência de desastres ou guerras, tudo isso se foi ao mesmo tempo e esses indivíduos se viram com “nada”. Podemos chamar um quadro como esse de situação-limite. Não importa com que elementos essas pessoas estavam identificadas, o que lhes dava a percepção do ser, isso se acabou. Então, de repente e inexplicavelmente, a angústia e o medo intenso que elas sentiam desapareceram, dando lugar ia sensação sagrada da presença, uma paz e uma serenidade profunda e uma completa libertação do medo.
Esse fenômeno deve ter sido familiar a São Paulo, que usou a expressão “a paz de Deus excede toda a inteligência”. Na verdade, é uma paz que não parece fazer sentido, e quem já passou por essa experiência se pergunta: diante disso, como é possível que eu sinta tanta paz?
Depois que compreendemos o que é o ego e como ele funciona, a resposta é simples. Quando as formas com as quais nos identificamos, que nos dão a presença do eu desmoronam ou são removidas, o ego entra em colapso, uma vez que ele é a identificação com a forma. No momento em que não há mais nada com que possamos nos identificar, quem somos nós? Assim que as formas ao nosso redor morrem ou quando a morte se aproxima, nossa percepção da Existência, do “eu sou”, fica livre das ligações com a forma: o espírito é liberado da sua prisão na matéria.
Passamos a compreender nossa identidade essencial como informe, como uma presença onipresente do Ser antes de todas as formas, de todas as identificações. Entendemos nossa verdadeira identidade como a consciência propriamente dita em vez de algo ao qual a consciência se vinculara. Essa é a paz de Deus. A verdade suprema de quem nós somos não é “eu sou isso ou eu sou aquilo”, mas “eu sou”.
Nem todo mundo que vivencia uma grande perda passa por esse despertar, isto é, pelo processo de se desassociar da forma. Algumas pessoas criam de imediato uma forte imagem mental ou uma forma de pensamento em que se vêem como vitimas – das circunstâncias, de alguém, de um destino injusto ou de Deus. Assim, vinculam-se com intensidade a essa forma de pensamento e às emoções que ela origina, como raiva, ressentimento e auto-piedade, que assumem de modo instantâneo o lugar de todas as outras identificações que entraram em colapso por causa da perda.
Em outras palavras, o ego logo encontra uma nova forma. E o fato de que ela seja algo profundamente infeliz não o preocupa muito, desde que ele tenha uma nova identidade, boa ou má. Na verdade, esse novo ego será mais retraído, mais rígido e impenetrável do que o antigo.
Quando a perda trágica ocorre, nós ou resistimos a ela ou nos resignamos. Há pessoas que se tornam amargas ou muito ressentidas, enquanto outras se mostram mais solitárias, sábias e afetuosas. A resignação significa a aceitação interior do que aconteceu. Ficamos abertos à vida. A resistência é uma contração interior, um endurecimento da concha do ego. Permanecemos fechados. Seja qual for a ação que adotemos num estado de resistência interior (que podemos também chamar de negativismo), ela criará mais resistência externa, e o universo não estará do nosso lado. A vida não nos beneficiará. Se as persianas estiverem fechadas, o sol não conseguirá entrar.
Quando nos submetemos internamente, ou seja, no momento em que nos entregamos, uma nova dimensão da consciência se abre. Caso uma ação seja possível ou necessária, essa atitude será alinhada com o todo e apoiada pela inteligência criativa, a consciência incondicional com a qual nos unificamos num estado de receptividade interior. As circunstâncias e as pessoas então se tornam favoráveis, cooperativas. Coincidências acontecem. Se nenhuma ação for possível, repousaremos na paz e no silêncio interior que acompanham a resignação. Descansaremos em DEUS."
Fonte: livro O DESPERTAR DE UMA NOVA CONSCIÊNCIA, de autoria de Eckhart Tolle.
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