sexta-feira, 26 de dezembro de 2008

Simplesmente Isto - (Mooji)


Simplesmente Isto
Questionador: Alguns professores dizem que não há nada que você possa fazer para se tornar iluminado ou despertar. Que não há escolha nem ninguém para escolher. Isso é verdade?

Mooji: Ao ouvir isso, qual foi a sua reação?

Q: Na verdade foi mista. Por um lado uma sensação profundamente libertadora, simples e natural, seguido de um sentimento de real frustração e raiva. Honestamente eu me senti bastante irritado e oprimido com a idéia de não ter o livre-arbítrio. Foi muito estranho.

M: E qual dessas duas reações ficaram mais fortes com você?

Q: Bem, como disse antes,inicialmente o sentimento de liberdade foi forte,belo e expansivo mas durou pouco, enquanto que a frustração, dúvida e confusão tém sido mais prolongados.

M: E estes sentimentos o trouxeram de novo ao Satsang, certo?

Q: Pode-se dizer que sim. Na verdade eu não sinto que tomei nenhuma decisão para vir aqui. Eu sinto que fui atraído por alguma força. Quando estou aqui contigo, tudo vai bem; suas palavras e sua presença me fazem sentir seguros nesta verdade. O problema começa quando estou lá fora no mundo. Daí eu duvido de mim mesmo. Me sinto fraco, sem foco e me falta essa convicção que estou sentindo agora. Eu necessito de ajuda.

M: Obrigado. 'Eu necessito de ajuda' é a frase chave aqui. É sábio buscar auxílio, até que você vá além da necessidade do auxílio. Não a arrogância que diz 'Não há' ningúem a ser ajudado, nenhum 'eu',nenhum 'você'. Ningúem existe, somente aquilo que É ', que embora verdadeiro quando exaltado da boca do sábio, é completamente falso quando expressado da mente egóica! O ego que se levanta através do intelecto bancando ser algum tipo de herói espiritual. Esta compreensão não pode ser enxertada numa mente ego-centrada porque a verdadeira compreensão dissolve o ego-buscador. Não há ninguém que sobre para reivindicar a liberdade como uma realização. A Unidade única apenas existe, manifestando-se através e como a própria consciência, Ela expressa-se como o jogo cósmico. É a consciência se expressando no papel do humilde buscador que finalmente, através da graça, alcança a compreensão final, assim realizando-se como a Consciência Impessoal/O Ser. A sua busca por ajuda abre uma enchente de Graça que se manifesta na forma do 'professor', que é um reflexo do seu verdadeiro Ser, cuja autoridade e presença o assiste empurrando a mente externalizada para dentro de sua fonte, o coração, resultando assim na compreensão final. Esta graça provém do seu próprio Ser e é o seu Ser. Você ouviu o provérbio que diz : ' Nós somos chamados por nosso próprio Ser ', e ainda tudo isto toma a forma como um mero teatro na consciência. O Absoluto, o Ser real de cada um, o Sat guru dentro de nós, nem se beneficia nem sofre nenhuma alteração de maneira alguma, mas mantém-se como o inalterado substrato ou pano de fundo. Esta é a verdade.

Q: Há uma alegria outra vez em ser lembrado disto, talvez isso seja a atração do Satsang. Mas eu devo dizer que ainda estou um pouco confundido sobre...

M: Não ! Pare aí mesmo. Na verdade, ' você ', o que você realmente é, não pode estar confuso. Confusão é um estado mental. Não seria mais preciso dizer que você sente ou nota a confusão surgindo em você ? E que ambos os sentimentos de confusão e conforto são percebidos por você, incluindo seus efeitos no corpo e os pensamentos e julgamentos subsequentes acompanhando tais sentimentos ? E que estes são estados que vem e vão na presença de algum ' pano de fundo ' de inteligência impessoal ou testemunha natural ?

Q: Sim. Parece haver mais distância nesta forma de olhar. Sente-se mais desapegado e espaçoso de alguma forma.

M: Vamos voltar à sua pergunta original ?

Q: Sim, mas eu gostaria que você falasse mais sobre esse ponto.

M: Ok.Ok, nós voltaremos se necessário. Na sentença: 'Não há nada que você ou ninguém possa fazer para ganhar a 'iluminação' ou o 'despertar'. Quem ou o que é que ouve isto? E quem ou o que é o 'você' na declaração ?

Q: Eu mesmo ! O que Eu sou.

M: E o que é isso ? (pausa...) Agora você está vestindo olhos pensativos ', Não pense ! Observe !

Q: Minha mente.. Minha individualidade. Meu sentido de ser, eu suponho. Meu intelecto ?

M: Não deve haver algo por detrás que vê a mente, a individualidade, o intelecto ? De onde estas mesmas frases estão surgindo, e o que se mantém inafetado, intocado pelo funcionamento da mente, intelecto. Não estão estes fenômenos sendo observados ? Você pode confirmar ?

Q: Sim, (assentindo lentamente) Eu posso confirmá-lo como tal.

M: Deixando de lado qualquer fenômeno notável que esteja surgindo, volte a sua atenção para a própria observação. O que exatamente é isso que observa ? É uma pessoa, uma coisa ? Tem uma forma, característica ou qualidade ? É pessoal ?

Q: Não. Ningúem está lá. Nada.

M: Você está lá ?

Q: Sim. Não. Eu devo estar. Eu estou nele.

M: O que vê ou sabe isso ?

Q: Eu não sei. Eu apenas sei mas não sei como eu sei. Eu não sou nada aqui exatamente. Eu quero dizer sem forma. Lá vem aquele sentimento denovo. Isto foi o que eu senti, o que experienciei a última vez.

M: Não se aferre a este sentimento agora, deixe-o ser. Não vá ao passado, permaneça por detrás. Não se identifique, não toque. Apenas observe, mas mantenha-se neutro, de forma que se e quando este sentimento de alegria desvanecer-se, restará apenas este observar. Você não pode ' ter ' ou se ' tornar ' isso. Nenhuma posse, nenhuma realização, apenas pensamentos e sensações surgindo espontaneamente na consciência e sendo percebidos. Você percebe ?

Q: Mas eu não quero que isso vá. Para que afast­á-lo ? Eu quero permanecer neste estado sempre. Não é esse o ponto ?

M: Isto é precisamente o que você deve fazer. Se isso não estava aqui antes, não é permanente, e pertence ao que é mutável. Passará. Deixe-o ir e vir, isto é natural e isso é a própria liberdade. Reconheça o ' Eu não quero afastar isso embora ' é também um sentimento-pensamento surgindo, sendo observado por algo que está além das idas e vindas. Seja Um com isso. Não persiga nada, permaneça como consciência neutra apenas. Isso é tudo. O que pode a consciência querer ? O que falta ? O que há para se manter ou perder ?

Q: Minha mente deu branco. Me desculpa, poderia repetir ?

M: O que está testemunhando o ' branco ' ?

Q: (pausa...) Eu estou. Aqui outra vez !

M: E denovo, quem ou o que é você aqui ?

Q: Apenas isso. Não há palavras que possam dar a entender ou descrever isso. Nada, Vazio.

M: Há alguma tristeza ?

Q: Não.

M: Feliz ?

Q: Não.

M: Livre ?

Q: Não. Eu nem usaria a palavra ' livre ' . (pausa). Sem palavras...

M: Aha ! Muito bom ! Parabéns ! Aquilo é isto ! isto é tudo, você terminou, Excelente ! O exercício terminou. Agora pise fora disto e retorne ao seu estado prévio para que nós possamos continuar com as suas perguntas importantes.

Q: Mmmm... Isto é impossivel ! Já não faz mais sentido nenhum. Pisar fora e ir aonde ?

M: Aqui !

Q: Não há nem sequer aqui !

M: Realmente ? E o Agora ?

Q: Não, nem Agora (longa pausa...) Eu agora vejo claramente que estes são apenas conceitos. Não há dúvida a respeito disso O Indescritível está por detrás.

M: Isto apenas é liberdade, além de qualquer conceito de liberdade. O natural e supremo estado do Ser verdadeiro de cada um.
( o questionador parece ter deslizado num estado meditativo, a sua face é imóvel mas tranquila...Mooji sorri...)

M: Eu queria falar a respeito do que acontece quando esta experiência de 'iluminação' se desvanece, mas agora é impossível discutir isso com ele enquanto ele estiver em samadhi. (Gargalhadas..)

Outro questionador: Eu também já experienciei este estado em que ele parece estar agora, um tipo de experiência da não-experiência, que durou mais ou menos três ou quatro semanas. Eu me senti totalmente vazio, limpo, presente, uno com tudo que É. Tudo apenas acontecendo por si só, era realmente indescritível e belo, mas depois de um tempo minha mente voltou, no meu caso eu penso que ainda mais forte que antes. Na verdade eu entrei num tipo de depressão pesada e me senti perdido por um tempo. Eu tive medo de repetir aquela experiência.

M: Que experiência ?

Q: A experiência louca.
( Gargalhada..).

M: O verdadeiro Ser é o imutável pano de fundo suportando o mundo transitório dos fenômenos. É somente Consciência impessoal; imutável e bem-aventurosa.No estado experiencial, brilha como o puro sentido da consciência subjetiva 'Eu sou'. Este 'Eu sou' é impessoal e sinônimo de consciência – o campo da percepção. É a expressão direta da pura subjetividade. Sri Nisargadatta Maharaj, o grande sábio, descreve como uma porta que se move de um lado para a manifestação e do outro ao infinito. Isto expressa-o belamente. Todos eventos ocorrem como movimentos na consciência e são percebidos dentro e através desta consciente presença 'Eu sou'; esta é a 'testemunha', o ou princípio que testemunha, que nós somos, enquanto o corpo está aqui.

Q: Então nós somos o corpo ou 'estamos' no corpo ou algo separado ? Porque...
( O questionador começou a se lembrar de algumas experiências e observações...)

M: Deixe isto tudo de lado por agora; apenas esteja aberto, permitindo tudo o que tem sido dito simplesmente ser ouvido na consciência sem se apegar à nenhum pensamento em particular ou idéia do tipo : o que fazer com isso que está sendo ouvido; permita que o 'escutar' apenas 'aconteça', assim como seria. Você está aí, por detrás da mente que escuta. Preste atenção ao pensamento 'Eu', não é o verdadeiro 'Eu sou'. Ele vem quando o 'Eu sou' impessoal se identifica com o corpo, que é meramente o instrumento através do qual Ele está se expressando, com o auxílio da força vital – o poder animador. Essa associação faz surgir o ego, ou a individualidade – o sentido de 'eu'. Então você percebe, o sentido de individualidade não pode existir sem a sustentação da consciência impessoal, e é a própria expressão transitória desta consciência criativa. Somente agora Ela opera como cosciência condicionada, acreditando ser o corpo-mente. Surge agora o conhecimento do 'Outro' e um impulso básico de proteger-Se; preferências e desgostos surgem, juntamente com julgamentos, medo, desejos, apegos e o jogo inteiro dos opostos inter-relacionados. Nós como seres individuais somos fascinados e viciados por experienciar, o que em si é natural e não há nada de errado em si mesmo quando visto como o jogo ou a expressão da consciência manifesta que somos. Mas quando visto da perspectiva da identidade individual, com sua agenda privada – Problemão ! ( gargalhada .. )
Agora escute, não há nada em particular para se 'fazer' aqui, nem ninguém para fazer ou desfazer também. Apenas uma mudança na compreensão deve acontecer e tudo se ajusta de maneira correta. Tudo é Um. Vamos pegar o exemplo da antena telescópica do carro, é uma unidade- isto representa o Absoluto. Estenda ou puxe uma vez – o 'Eu sou' impessoal aparece; ainda sim é uma unidade. Puxe de novo e o pensamento do 'Eu individual' brota, e simultâneamente a manifestação do mundo personalizado vem à tona. Como as bonecas russas, uma dentro da outra, sucessivamente, no entanto um Inteiro! Uma unidade expressando-Se como manifesta e imanifesta, dois aspectos da Realidade única. Tal é o jogo no teatro da consciência. Você é a testemunha final, Feliz, inafetado e inteiro. Você é Aquele ! Não é nada pessoal, isto não é um elogio que estou te fazendo.

Q: Porfavor, você poderia repetir o ponto sobre o 'teatro da consciência'?

M: Não ! Eu não posso repetir. Por agora esteja atento, aberto e presente, mas neutro aqui, sem permitir que sua atenção vagueie ou pouse em nenhuma coisa particular. Esta posição estou te convidando a tomar. Confie em sua audição intuitiva. É a sua mente,que aparecendo como um buscador vigilante se esforça por exatidão e então fica presa com o sentimento de ter perdido algo vital. Neste momento é uma sutil forma de resistência ou de evitar. Meu conselho é; se você perder (não compreender) algo, simplesmente deixe-o ir. Tudo está bem por agora. O verdadeiro você está aqui e por detrás de tudo, observando sem esforço; da onde o sentido de perder ou encontrar surge, é sentido, mas descartado como 'não real'- 'neti-neti' como os jnanis dizem. Você, como consciência, não é nenhum sentimento em particular. Pensamentos e sentimentos vem e vão como ondas brincando na superfície do oceano. Deixe tudo vir e ir por si só, isto é natural para as ondas. Oceano, água, ondas – tudo o mesmo. Permaneça como a testemunha apenas. Para a consciência, nada é perdido ou achado, ou é bom ou mal. É o imaculado substrato no qual a sombra mente/mundo de nomes e formas dançam sua aparente existência.

Q: Mas Mooji, seguramente é vigilância ter a certeza que compreendemos corretamente, para evitar mal-entendidos; especialmente porque tudo isso é novo para mim, e também muitas escrituras e professores apontam para a vigilância com uma qualidade ou virtude necessária para o crescimento espiritual.

M: Isto é verdade se realmente existe 'alguém' que fará uso desta compreensão. Mas se você realmente investigar, este 'alguém', a 'pessoa', o indivíduo, não será encontrado ! Tudo é apenas consciência – o 'você', o 'eu', o falar, o escutar, satsang, todos aqui, tudo - tudo consciência; esta é a maravilhosa descoberta ! A Consciência conversando com a consciência sobre consciência através da consciência. Quão simples ! No entanto quão inexplicável quando buscado através da mente-ego. Olhe, eu te mostro onde você está agora mesmo, então permaneça com Isso, nada mais, mas a sua mente pousou em algum ponto que lhe interessa. Enquanto você estiver engajado em prender-se a isso, você perde todo o resto – isto é chamado o jogo de 'maya' (A ilusão cósmica). É como ler um livro sobre frutas exóticas e reggae enquanto passeia pelo mercado de Brixton! ( risadas...). Um mestre Zen chamado Bankei certa vez disse: ' É como um homem que perde sua espada caída do navio no mar, e marca o ponto no caminho das águas onde caiu. (Gargalhadas...)

Q: Justamente agora que você disse isso, tudo parou. Eu não posso pensar. Não há pensamentos. (Levando sua mão a sua boca) Isso é maravilhoso !

M: O que está vendo tudo isso ?

Q: Nada... Eu.

M: 'Eu' - nada, testemunhando a mente parada. Quando a mente está parada, ainda pode ser chamada mente ?
( Pausa...)

M: E agora ?

Q: Silêncio e paz.

M: Para quem ?

Q: Aqui..Para mim.

M: Pra você ? Você tem certeza ? O que, onde e como está 'você' exatamente nisso ?

Q: Não eu; apenas silêncio e profunda paz e um sentimento real de gratidão. Está certo ?

M: Você me diz.

Q: Sim. Gratidão por escutar e ver isso tão claramente. Obrigado.

M: Seja Bem-Vindo. Ser agradecendo o Ser. Muito Bom !
( risadas...)

OM

quarta-feira, 24 de dezembro de 2008

Polaridade positiva-negativa - (Mooji)


"Medite sobre o aspecto positivo da vida e então sobre o negativo.
Depois coloque ambos de lado, pois você não é nenhum deles.
Olhe para isso desse jeito. Medite sobre o nascimento: uma criança
nasceu, você nasceu. Então você cresce, torna-se jovem. Medite sobre
todo esse crescimento. Daí você se torna velho e morre. Desde o próprio
começo... imagine o exato momento em que seu pai e sua mãe conceberam
você, no útero de sua mãe, desde a primeira célula. Olhe de lá até o
final quando o seu corpo está queimando numa pira funerária e todos os
seus parentes estão de pé ao seu redor. Então coloque ambos de lado,
aquele que nasceu e aquele que morreu. Simplesmente coloque ambos de
lado e olhe para dentro de si. Lá está você - aquele que nunca nasceu
e que nunca vai morrer.

Você pode fazer isso com qualquer polaridade positiva-negativa. Você
está sentado aqui. Eu olho para você, eu conheço você. Então, eu fecho
os olhos e você não está mais aí; eu não conheço você. Então coloco ambos
de lado: o conhecimento do que eu conheço e o conhecimento do que eu
não conheço. Você estará vazio, porque quando você põe de lado o
conhecimento e o não-conhecimento, você fica vazio.

Existem dois tipos de pessoas: algumas são preenchidas com conhecimento
e outras são preenchidas com ignorância. Existem pessoas que dizem,
'nós sabemos'. O ego delas subiu com o conhecimento. E existem pessoas
que dizem, 'nós somos ignorantes'. Elas estão preenchidas com a ignorância..
Elas dizem, 'nós somos ignorantes, nós não sabemos'. Um é identificado
com o conhecimento e o outro com a ignorância. Mas ambos possuem alguma
coisa, ambos valorizam alguma coisa. Empurre ambos para o lado, o conhecer
e o não-conhecer, assim você não é nem a ignorância, nem o conhecimento.
Coloque ambos de lado, o positivo e o negativo. Então quem é
você? De repente, o 'quem' será revelado a você. Você se tornará consciente
do além, daquilo que transcende. Colocando ambos de lado, o positivo e o
negativo, você estará vazio. Você será nenhum, nem sábio nem ignorante.
Coloque ambos de lado, o ódio e o amor; coloque ambos de lado, a amizade
e a inimizade. Quando ambas as polaridades forem colocadas de lado, você
estará vazio.

Mas esse é o truque da mente: ela pode colocar um de lado, mas nunca os
dois juntos. Ela pode colocar um de lado - você pode colocar a ignorância
de lado, então você se agarra ao conhecimento. Você pode colocar a dor
de lado, mas aí você se agarra ao prazer. Você pode colocar os inimigos
de lado, mas aí você se agarra aos amigos. E existem algumas poucas
pessoas que fazem justamente o contrário: elas colocam os amigos de lado
e se agarram aos inimigos; elas colocam o amor de lado e se agarram ao ódio,
elas colocam a riqueza de lado e se agarram à pobreza; elas colocam o
conhecimento e as escrituras de lado e se agarram à ignorância. Essas
pessoas são grandes renunciadores. Qualquer coisa que você se agarra,
elas colocam de lado e se agarram ao oposto - mas elas se agarram do mesmo
jeito.
Agarrar-se é o problema, porque se você se agarra, você não consegue
esvaziar-se. Não se agarre; esta é a mensagem dessa técnica. Simplesmente
não se agarre a nada, positivo ou negativo, porque com o não-agarrar-se
você encontrará a si mesmo. Você está aí, mas por causa desse agarrar,
você está escondido. Com o não-agarrar você estará exposto, você estará
descoberto. Você explodirá.


-

terça-feira, 9 de dezembro de 2008

Om Namo Bhagavate - (Deva Premal)



OM NAMO BHAGAVATE VASUDEVAYA (do sânscrito): é um dos mantras de evocação de Krishna. OM é a vibração interdimensional que interpenetra a tudo e a todos.
NAMO: Saudação ou reverência ao poder divino.
BHAGAVATE: Respeito ao Senhor.
VASUDEVAYA: Vasudeva é o nome da família carnal que criou Krishna. O Ya acrescentado no final significa a característica ativa (masculina) do mantra. Quando alguém faz esse mantra completo, evoca Krishna como homem que também viveu aqui na Terra e sabe das dificuldades enfrentadas por todos.

sexta-feira, 5 de dezembro de 2008

Permaneça em silêncio - (Ramana Maharshi)


A liberação, que é bem-aventurança, é natural a todos.
A ignorância é uma ilusão da mente, uma falsa sensação.
Apenas o ego é prisão, e a sua própria natureza,
livre do contágio do ego, é liberação.
Não há engano maior do que acreditar que a liberação,
Que está sempre presente como a sua verdadeira natureza,
será alcançado em um tempo futuro.
Até mesmo o desejo pela liberação é fruto da ilusão.
Portanto, permaneça em silêncio.

é realmente possível se tornar ou ganhar a iluminação ? - (Mooji)


Questionador: Mooji, é realmente possível se tornar ou ganhar a iluminação ? Alguém já se tornou iluminado ou despertou através de estar vindo a Satsang; e se sim, você poderia dizer quem ?


Mooji: Em verdade não é possível se tornar iluminado assim como você coloca, pois não há ninguém por assim dizer para se tornar iluminado em primeiro lugar. O firme reconhecimento, ou a realização de que não existe em realidade um 'alguém' para alcançar a iluminação, e que nunca em tempo nenhum poderá haver tal entidade, seja agora ou no futuro, para alcançar tal estado, é o que vem a ser a Iluminação.Esta é a verdade derradeira.Você pergunta: ' Se já alguém, por vir a Satsang, se tornou desperto.' Isto já foi respondido na minha resposta prévia mas vou ainda adicionar que o que tém havido e continua a se dar é um constante reconhecimento do fato que a identidade-ego é um mito, um personagem fictício. Esta, por assim dizer, individualidade, é uma expressão da pura Consciência/Ser e não o fato ou a definição do Ser. Este Ser permanence por detrás como a testemunha ou a observação dos fenômenos surgindo espontaneamente na consciência. Este Ser verdadeiro é somente a sem-forma e sem-nome presença que surge e brilha como paz, alegria e felicidade sentidos como contentamento amoroso. Quando este reconhecimento ocorre dentro de cada indivíduo, ou expressão da consciência conhecido como 'pessoa', este estado é chamado de 'despertar' ou 'iluminação'Você me pede para eu apontar se existe alguém assim aqui presente ? Na linguagem comum eu direi que um número de pessoas aqui chegaram neste ponto de ver/ser claramente além de apenas uma mera aceitação ou entendimento intelectual ou acadêmico. No entanto, as tendências mentais e identificações não são completamente destruídas, e o sentido de ego fazendo-se passar pelo assento da realidade continua a aparecer, embora já exposto através da inquirição como uma mera ilusão. Isto é natural. A tarefa e o desafio aqui é trazer repetidamente esta individualidade-Eu de volta ao coração/fonte quando ela surgir, e treinando a atenção a permanecer na fonte, que é o seu verdadeiro ser, gradualmente ela funde-se na fonte e se torna a própria fonte.Finalmente, quem poderia ser esse 'eu' quem clamaria: 'Eu o tenho', ou 'Eu sou uma pessoa realizada'. Quem ou o que pode possuir a Iluminação ? Não é o mesmo ego ? Percebe o meu ponto ?No entanto, alguns Mestres de fato declararam e se afirmaram como a pura realidade, sem qualidades, e falaram a partir desta direta convicção/sabedoria livre do ego. Isto também é correto na minha visão e é muito refrescante, natural e com autoridade, para que saibamos que não é possível enmoldurar ou limitar o ser puro por nenhum padrão ou lógica humana.

'Eu necessito de ajuda' é a frase chave aqui - (Mooji)


'Eu necessito de ajuda' é a frase chave aqui. É sábio buscar auxílio, até que você vá além da necessidade do auxílio. Não a arrogância que diz 'Não há' ningúem a ser ajudado, nenhum 'eu',nenhum 'você'. Ningúem existe, somente aquilo que É ', que embora verdadeiro quando exaltado da boca do sábio, é completamente falso quando expressado da mente egóica! O ego que se levanta através do intelecto bancando ser algum tipo de herói espiritual. Esta compreensão não pode ser enxertada numa mente ego-centrada porque a verdadeira compreensão dissolve o ego-buscador. Não há ninguém que sobre para reivindicar a liberdade como uma realização. A Unidade única apenas existe, manifestando-se através e como a própria consciência, Ela expressa-se como o jogo cósmico. É a consciência se expressando no papel do humilde buscador que finalmente, através da graça, alcança a compreensão final, assim realizando-se como a Consciência Impessoal/O Ser. A sua busca por ajuda abre uma enchente de Graça que se manifesta na forma do 'professor', que é um reflexo do seu verdadeiro Ser, cuja autoridade e presença o assiste empurrando a mente externalizada para dentro de sua fonte, o coração, resultando assim na compreensão final. Esta graça provém do seu próprio Ser e é o seu Ser. Você ouviu o provérbio que diz : ' Nós somos chamados por nosso próprio Ser ', e ainda tudo isto toma a forma como um mero teatro na consciência. O Absoluto, o Ser real de cada um, o Sat guru dentro de nós, nem se beneficia nem sofre nenhuma alteração de maneira alguma, mas mantém-se como o inalterado substrato ou pano de fundo. Esta é a verdade.

quinta-feira, 4 de dezembro de 2008

A inquirição silenciosa - (Trechos do Satsang com MOOJI, mar/08 em São Lourenço - Transcrição: Veetshish)


Pergunta – Mestre, essa não-mente que o senhor fala, seria o fluir da
intuição, justamente algo diferente; como o Eu Sou, o que estou perguntando.
Mooji - Isto que não é esta mente, não é um outro tipo de mente.
É como se fosse um espaço, mas eu não quero dar uma imagem a isso,
porque a mente em si, ela rapidamente dá uma imagem a algo que não tem uma
imagem. A única coisa que eu posso falar seria: tudo que você percebe é um
pensamento, sensação, emoção, sentimentos, objetos, o que você chama de mente,
memórias, qualquer coisa que é percebida, não pode existir sem você que os
percebe.
Isto é um ponto muito simples, um senso comum. Você não deve pensar
que é algo complexo, ou profundo. No momento em que você entende o que eu
falei, você vai ver o quão simples é.
Você está observando todas estas coisas. Então experimenta quem você
é, experimenta quem percebe todas as coisas. Pode você, que está observando todo
o resto, pode você ser observado? Tente ver. O que é você? Não pense sobre isso.
Olhe, encontre!
É tão fácil simplesmente perder esta oportunidade. Eu me pergunto se
você entende a profundidade desta oportunidade. Poucas pessoas percebem. Esta é
a descoberta mais alta que você pode fazer. Porque põe um fim à separação.
E talvez a gente esteja ainda investindo em separação. A sua mente
ainda está investindo em separações. E enquanto a sua mente ainda está investindo
em separações, você está na roda da existência. Enquanto sua mente está ainda
investindo em separação, e você está investindo na mente, você não vai conhecer a
liberdade completa.
Talvez você nem queira! Porque se você estiver tão profundamente
hipnotizada com a associação com a mente, o que estou falando não vai ter
interesse pra você.

Pergunta - E esse sem-esforço, de onde vem? Como se percebe este
sem-esforço?
Mooji - Parando de fazer esforço.
Você pergunta de onde a falta de esforço vem, mas você deve entender
que todo o esforço surge do não-esforço. A falta de esforço é estável, o esforço é
instável. O esforço é variável. A falta de esforço é constante.
E você é esta falta de esforço.
Mas se você usa sua mente para aceitar o que eu estou falando, a mente
diz: mas como eu posso achar esta falta de esforço? Qual é o esforço certo para ser
sem esforço? Quando você observa esta resposta que vem vindo da mente, mas
você não se identifica com a mente, não compra esta sugestão, se mantém quieta,
observe que isto é mais só um pensamente. Deixe o pensamento acontecer. Mas
não entre em nenhuma relação com isso. Então, qual será sua experiência?
Sua experiência é que nada te toca. Você não consegue se achar como
um objeto fenomenológico. Você não é um fenômeno. Você é a testemunha do
fenômeno.
Você entende isso, você vê isso? Isso é direto. Você não tem que ir a
uma universidade pra aprender isso. Você não tem que ir morar numa caverna pra
entender isso, você não tem que ser iniciado pra entender isso. Você não tem que
recitar nenhum mantra pra saber disso. Essa é a verdade indissolúvel e
transparente.
Quem é você? Você pode escrever algo sobre você que seja verdade, na
luz do que estou compartilhando com você? Você pode ser descrito? Ou você é
aquilo que percebe aquela descrição?

************

Mooji -
Dizem que a coisa mais simples é a mais difícil de ser
reconhecida. O que está longe é o mais fácil de ver. Aquilo que é o mais íntimo
não pode ser visto. E a verdade está mais próxima do que a intimidade. Como e
por quem pode ser vista? Algo diferente da verdade?
A maioria das pessoas quer um tipo de experiência porque quando você
tem uma experiência, você pensa: algo especial aconteceu. Mas aquele que é
verdadeiramente livre está além da experiência. Eles experimentam a experiência.
Vocês entendem o que estou falando?
Aquele que testemunha a experiência, pode aquele ser experimentado?
Você está absorvendo a pergunta, ou você está só ouvindo mentalmente? Existe
coragem para convidar esta pergunta pra dentro do coração?
Você tem que ter a coragem do Buda. E o que é esta coragem do Buda?
Esta pergunta é como uma granada. A coragem do Buda é aquele que vai para um
lugar quieto com esta pergunta, que é uma granada, e tira o pino. Quem entende
isso?
Se você se identificar com a mente, você vai deixar a mente escapar,
porque você tem medo da possibilidade deste descobrimento. Mas por que você
deveria ter medo de descobrir aquilo que você já é? É tão tolo assim.
Não escute somente mentalmente. Aceite dentro de você.
Eu fiz pergunta a vocês, mas eu não quero nenhuma resposta. Porque a
maioria das respostas vem da mente. Fiz a pergunta. Coloquei esta pergunta como
uma granada na sua mão. Você vai puxar o pino?
Pergunta - Pode repetir a pergunta?
Mooji - Você vê tudo. Tudo o que você vê e experimenta no mundo,
tudo o que está preso na sua mente, tudo o que você percebe ser importante neste
mundo, incluindo a idéia que você tem de você mesmo, tudo isso está sendo
guardado na sua memória, existe somente em você.
Você pode acreditar que existe dentro de cada um, mas em cada pessoas
isso existe de forma única como uma percepção subjetiva. Então, você é o centro
do seu universo.
Você é experiência do seu universo. Então, quem é você? Quem é você
que percebe todas essas coisas?
Se tem um sentimento dentro de você que o está perturbando, pode este
sentimento estar dentro de você sem você, pode existir sem você que o percebe?
Mesmo a mudança mais sutil que acontece dentro de você, você é o está
consciente desta mudança.
Quem ou o que é você?
Você pode ser visto?
Você pode se apresentar?
Qual sua forma?
Você tem desejos?
Você tem data de nascimento?
Você tem um signo?
Aquilo que vê todo o resto...
Olhe e veja! Você pode passar os próximos 10 anos fazendo isso, mas
você também pode achar em 10 segundos. Você escolhe.
O que acontece com você quando você olha através desta pergunta?
Eu não quero sua resposta mental. Ela não é fresca. Ela é velha.

VIDA VERDADEIRA - (Trechos do Satsang com MOOJI, 23/02/2008 em São José dos Campos - Transcrição : Veetshish)


Você acha que tem muito para saber
Você pode passar suas próximas dez vidas aprendendo o máximo que possa aprender e você
não será nem comparável a um sábio analfabeto!
Quando você está livre, livre da identificação da relação corpo-mente, livre de intenções,
expectativas, se agarrando ao passado, livre do vicio da memória, então você se torna vivo,
com uma existência espontânea.
Vida Real, Real.
Até esse momento você não está realmente vivo, você está sobrevivendo.
Vida real é estar livre do medo, livre da depressão, livre da dúvida, livre do apego, livre do
desejo, livre do orgulho, livre da dependência, livre da arrogância, livre da identificação.
Isso é liberdade.
E é o seu estado natural.
É quem você já é.
Você não tem nem a chance de escolher entre ser ou não ser isso! É uma opção ilusória.
Aqueles que sabem vão falar: “Ei você, acorda!”
Seu ser está espreguiçando, acordando.
E agora, todas as idéias que você acumulou, seu ser está arrotando elas. Não mais as quer.
Coisas que sua mãe te contou, teu avô. Mas elas não são suas.
Elas não são originais.
Qualquer um destes ensinamentos, eles são originais do seu ser?
Todos vieram depois de você. Primeiro veio você, depois eles.
Você é o conhecedor do conhecido.
Você sabe da sabedoria e da ignorância.
Então contemple: quem sou eu?
Tudo que eu aprendi, veio depois de mim.
Quem sou eu, antes de tudo isso?
Onde que tenho que ir para ser, antes disso?
É muito simples, na verdade.
Porque seu ser original nunca foi ferido, perdido.
Foi apenas eclipsado por essa coisa estranha que você chama de sua vida.
E agora você está acordando
E algumas coisas estão caindo para fora de você porque não pertencem a você.
Você pode sentir segurança até com o que é falso. Porque te dá a ilusão de que você
pertence a algo.
E claro que você pode curtir isso por um tempo, mas a essência natural vai querer te
separar disso, sair fora disso.
Onde existe a vontade de realmente saber quem sou eu, aí pode-se ter a sorte de encontrar
alguém como eu. Sabe por quê? Porque eu não quero conhecer ninguém que não esteja
interessado nesta pergunta. Eu não tenho tempo a perder. Quando você chegar nesta
pergunta, então você se torna interessante para mim. Porque eu sei quem você é. Eu
conheço você na sua Realidade.
Eu converso com você como Consciência falando para Consciência sobre Consciência.
Eu não converso como uma pessoa. Eu não sei o que uma pessoa é. Mas você acredita que
você é uma pessoa.
Quando você conta a sua história, e a sua história tem vida, porque tem o investimento
pessoal nela, neste momento você está se formando como uma pessoa.
Então, nesta conversação, quando uma pessoa encontra uma não-pessoa, apenas um deles
sobrevive.
Me pergunto: quem?